Monday, November 25, 2019

O Lótus Branco da Verdadeira Lei


O Lótus Branco da Verdadeira Lei

SADDHARMA-PUNDARIKA-SUTRAM 
O Lótus Branco da Verdadeira Lei
Homenagem a Todos os Budas e Bodhisatvas
    Saddharma-Pundarika-Sutram / Introdutório 
    SADDHARMA-PUNDARIKA-SUTRAM 
    O Lótus Branco da Verdadeira Lei
    Homenagem a Todos os Budas e Bodhisatvas
 
     CAPÍTULO 1
    UMA PARÁBOLA
    Assim ouvi dizer. Uma vez quedava-se o Senhor em Ragagriha, na montanha de Gridhrakuta (1) , com uma numerosa assembléia de monges, mil e duzentos monges. Todos eles Arhats, sem defeitos, livres de mundanidade, dotados de autodomínio, completamente emancipados em pensamento e conhecimento, de casta nobre, parecidos a grandes elefantes, tendo completado o que vieram fazer, cumprido com seu dever, completado suas tarefas, atingido seus objetivos; em quem os elos que os ligavam à existência haviam se rompido por completo, cujas mentes se encontravam perfeitamente emancipadas pelo conhecimento, que possuíam total perfeição no domínio de seus pensamentos; que tinham as faculdades transcendentes; grandes discípulos, tais como o venerável Agnata-Kaundinya, o venerável Asvagit, o venerável Vashpa, o venerável Mahanamam, o venerável Bhadrika (2), o venerável Mahakasyapa, o venerável Kasyapa de Urunvilva, o venerável Kasyapa de Nadi, o venerável Kayapa de Gaya (3), o venerável Sariputra, o venerável Maha- Maudgalyayana (4), o venerável Maha-Katyayana (5), o venerável Aniruddha (6), o venerável Revata, o venerável Kapphina, o venerável Gavampati, o venerável Pilindavatsa, o venerável Vakula, o venerável Bharadvaga, o venerável Maha-Kaushthila, o venerável Nanda (aliás Mahananda), o venerável Upananda, o venerável Sundara-Nanda, o venerável Purna Maitrayanitputra, o venerável Subhuti, o venerável Rahula; com eles ainda outros grandes discípulos, como o venerável Ananda, ainda em treinamento e dois mil outros monges, alguns deles ainda em treinamento, e outros mestres; com suas mil monjas, tendo à frente Mahapragapati (6) e a monja Yasodhara, a mãe de Rahula, junto com seu séquito; (além disto) com oitenta mil Bodhisatvas, todos incapazes de retrogradar em seu treinamento, dotados das maravilhas da iluminação suprema e perfeita, estabelecidos na sabedoria; que movem adiante a roda da lei que nunca se desvia; que haviam feito doações a milhares de Budas; que com muitas centenas de milhares de Budas haviam plantado as raízes da bondade, tendo sido íntimos com muitas centenas de milhares de Budas, e estando completamente penetrados em corpo e mente do sentimento da compaixão; capazes de transmitir a sabedoria dos Tathagatas; muito sábios, tendo alcançado a perfeição da sabedoria; famosos em muitas centenas de milhares de mundos; tendo salvo muitas centenas de milhares de kotis de seres; tais como o bodhisatva Mahasatva Manjusri, como príncipe real; os Bodhisatvas Mahastavas Avalokitesvara, Mahasthamaprapta, Sarvarthanaman, Nityodyukta, Anikshiptadhura, Ratnapani, Baishagyaraga, Pradanasura, Ratnakandra, Ratnaprabha, Purnakandra, Mahavikramin, Trailokavikramin, Anantavikramin, Mahapratibhana, Satatasamitabhiyukta, Dharanidara, Akshayamati, Padmasri, Nakshatraraga, o Bodisatva Mahasatva Maitreya, o Bodisatva Mahasatva Simha.
    Com eles se encontravam igualmente os dezesseis homens virtuosos, a começar com Bhadrapala, ou seja, Bhadrapala, Ratnakara, Susarthavaha, Naradatta, Guhagupta, Varunadatta, Indradatta, Uttaramati, Viseshamati, Vardharmanamati, Amoghadarsin, Susamsthita, Suvikrantavikramin, Anupamamati, Sutyagarbha e Dharanidhara; além de oitenta mil Bodhisatvas, dentre os quais os acima citados sendo os líderes; além destes, Sakra, o regente dos seres celestes, com vinte mil deuses, seus seguidores, como o Deus Kandra (a Lua), o Deus Surya (o Sol), o Deus Samantagandha (o Vento), o Deus Ratnaprabha, o Deus Avabhasaprabha, e outros; além destes, os quatro grandes regentes dos pontos cardeais com outros trinta mil deuses em seus séquitos, a saber, o grande regente Virudhaka, o grande regente Virupaksha, o grande regente Dhritarashtra, e o grande regente Vaisravana; o Deus Isvara e o Deus Mahesvara, cada qual seguido de trinta mil deuses; além disto Brahma Sahampati e seus doze mil discípulos, os deuses Brahmakayika, entre eles Brahma Sikhin e Brahma Gyotishprabha, com os outros doze mil deuses Brahamakayika; junto com os oito reis Naga e muitas centenas de milhares de kotis de Nagas em seus séquitos, a saber, o rei Naga Nanda, o rei Naga Upananda, Sagara, Vasuki, Takshaka, Manasvin, Anavatapta, e Utpalaka; além destes, estavam também os quatro reis Kinnara com muitas centenas de milhares de kotis de discípulos, a saber, o rei Kinnara Druma, o rei Kinnara Mahadharma, o rei Kinnara Sudharma, e o rei Kinnara Dharmadhara.; além disto os quatro seres divinos (conhecidos como) Gandharvakayikas com muitas centenas de milhares de Ganhdarvas em seus séquitos, a saber o Gandharva Manogna, o Gandharva Manognasvara, o Gandharva Madhura, e o Gandharva Madhurasvara; além disto, os quatro chefes dos demônios seguidos de muitas centenas de milhares de kotis de demônios, a saber, o chefe dos demônios Bali, Kharaskandha, Vemakitri e Rahu; junto com os quatro chefes Garuda seguidos de muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Garudas, a saber os chefes Garudas Mahategas, Mahakaya, Mahapurna, e Maharddhiprapta, e com Agatasatru, rei de Magadha e filho de Vaidehi. Naquele tempo o Senhor foi cercado, assistido, honrado, reverenciado, venerado, louvado pelos quatro tipos de ouvintes, depois de expor o Dharmaparyaya chamado ‘a Grande Exposição,’ um texto muito importante, servindo para instruir os Bodhisatvas e dirigido a todos os Budas, e, tendo sentado de pernas cruzadas no assento da lei, entrou na meditação denominada ‘a estação da exposição do Infinito’; seu corpo ficou imóvel e sua mente havia alcançado a perfeita tranqüilidade. Tão logo o Senhor deu entrada em sua meditação, uma grande chuva de flores divinas foi vertida, Mandaravas e grandes Mandaravas, Mangushakas e grandes Mangushakas, cobrindo o Senhor e as quatro classes de ouvintes, enquanto que todo o campo de Buda tremia de seis maneiras: movendo-se, remexendo-se, tremendo, tremendo de um fim a outro, sacudindo-se e sacudindo junto. Então aqueles que estavam reunidos e sentados naquela congregação, monges, monjas, leigos devotos, homens e mulheres, deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres não humanos, assim como governadores de uma região, líderes de exércitos e regentes dos quatro continentes, todos eles com seus séquitos, fitaram o Senhor com assombro, com admiração, em êxtase. E naquele momento projetou-se um raio de dentro do círculo de cabelo entre as sobrancelhas do Senhor. Estendeu-se por dezoito centenas de milhares de campos-de-Buda na região do leste, de forma que todos aqueles campos de Buda apareceram totalmente iluminados por sua radiância, até o grande inferno de Aviki e até os limites da existência. E os seres em quaisquer dos seis estados de existência tornaram-se visíveis, todos sem exceção. De forma idêntica os Senhores Budas quedando-se, vivendo e existindo naqueles campos de Buda tornaram-se todos visíveis e a lei pregada por eles foi capaz de ser ouvida completamente por todos os seres. E os monges, monjas, devotos leigos, homens e mulheres, Yogins e alunos de Yoga, aqueles que haviam obtido a fruição (dos Caminhos de Santidade) e aqueles que ainda não o haviam feito, eles, também tornaram-se visíveis. E os Bodhisatvas, Mahasatvas naqueles campos de Buda que trilhavam o curso do Bodhisatva com habilidade, devido às suas sinceras crenças em numerosas e variadas lições e nas idéias fundamentais, eles também, tornaram-se todos visíveis. E as Stupas, feitas de jóias e contendo as relíquias dos Budas extintos tornaram-se todas visíveis naqueles campos de Buda. Então surgiu na mente do Bodhisatva Mahasatva Maitreya este pensamento: Ó, que grande maravilha nos mostra o Tathagata! Qual poderia ser a causa disto, qual a razão para que o Senhor produza uma tão grande maravilha com essa? E tais milagres surpreendentes, prodigiosos, inconcebíveis, poderosos agora aparecem, apesar do Senhor estar absorvido em meditação! Por que, deixai-me inquirir mais sobre esse assunto; quem aqui poderia me explicar isto? Ele então pensou: Aqui está Manjusri, o príncipe real, que exerceu seu ofício sob Ginas anteriores e plantou as raízes da bondade, enquanto reverenciava muitos Budas. Manjusri, o príncipe real, deve ter testemunhado antes tais sinais de Tathagatas anteriores, aqueles Arhats, aqueles Budas perfeitamente iluminados; desde então deve ele ter desfrutado dos grandes diálogos sobre a lei. Heis pois que eu lhe perguntarei sobre isto, a Manjusri, o príncipe real. E as quatro classes de audiência, monges, monjas, leigos devotos homens e mulheres, deuses numerosos, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens, e seres não humanos, ao constatarem a magnificência deste grande milagre do Senhor, foram tomados de assombro, surpresa e curiosidade, e pensaram: Inquiramos porque este milagre magnífico foi produzido pelo grande poder do Senhor. Ao mesmo tempo, naquele mesmo instante, o Bodhisatva Mahasatva Maitreya soube o que eles pensavam, os pensamentos que surgiram nas mentes dos quatro tipos de ouvintes e ele disse a Manjusri, o príncipe real: Qual, Ó Manjusri, é a causa, qual a razão deste maravilhoso, prodigioso, miraculoso brilho que foi produzido pelo Senhor? Vede, como estes dezoito mil campos de Buda aparecem variegados, extremamente bonitos, dirigidos por Tathagatas e controlados por Tathagatas. Então Maitreya, o Bodhisatva Mahasatva, dirigiu-se a Manjusri, o príncipe real, nas seguintes estrofes: 1. Por que, Manjusri, brilha este facho dirigido pelo que guia os homens, dentre suas sobrancelhas? Este raio único partindo do círculo de cabelo? E por que esta chuva abundante de Mandaravas? 2. Os deuses, exultantes, verteram Mangushakas e pó de sândalo, divinos, fragrantes e deliciosos. 3. Esta terra está, em todos os lados, repleta de esplendor e todas as quatro classes da assembléia estão cheias de deleite, enquanto que o campo inteiro treme em seis diferentes direções, ameaçadoramente. 4. E aquele facho na região leste ilumina todos os dezoito mil campos de Buda, simultaneamente, de tal forma que aqueles campos aparecem como tingidos de ouro. 5. (O universo) tão longínquo quanto (o inferno) de Aviki (e) o extremo limite da existência, com todos os seres naqueles campos vivendo em quaisquer dos seis estados de existência, aqueles que estão deixando um estado para nascerem em outro. 6. As suas variadas e diferentes ações naqueles estados tornaram-se todas visíveis; quer estejam eles em uma posição feliz, infeliz, baixa, eminente ou intermediária, tudo isto eu posso ver deste lugar. 7. Vejo também os Budas, aqueles leões de reis, revelando e mostrando a essência da lei, confortando a muitos kotis de criaturas e emitindo doces vozes. 8. Eles emitem, cada qual em seu próprio campo, uma voz profunda, sublime, maravilhosa, enquanto que proclamam as leis de Buda por intermédio de miríades de kotis de ilustrações e provas. 9. E às criaturas ignorantes que estão oprimidas com trabalhos e aflitas em mente pelo nascimento e velhice, eles anunciam a fruição do Descanso, dizendo: Este é o fim das dificuldades, Ó monges. 10. E àqueles que estão em suas forças e plenitudes e que adquiriram mérito em virtude da crença sincera nos Budas, eles mostram o veículo dos Pratyekabudas, observando esta regra da lei. 11. E os outros filhos do Sugata, que, procurando o conhecimento superior, constantemente realizando suas várias tarefas, a eles também os incita à iluminação. 12. Deste lugar, Ó Mangughosha, eu vejo e ouço tais coisas e milhares de kotis de outros particulares além disto; eu apenas descreverei alguns deles. 13. Eu vejo em muitos campos Bodlhisatvas por muitos milhares de kotis, como as areias do Ganges, que estão produzindo a iluminação de acordo com os diferentes graus de seu poderes. 14. Há alguns que caridosamente dão riquezas, ouro, prata, dinheiro em ouro, pérolas, jóias, conchas de moluscos, pedras, coral, escravos homens e mulheres, cavalos e ovelhas; 15. Assim como liteiras adornadas de jóias. Eles estão dando oferendas de coração alegre, desenvolvendo-se para a iluminação superior, na esperança de obterem o veículo. 16. (Assim pensam eles): ‘O melhor e mais excelente veículo em todo mundo tríplice é o veículo de Buda elogiado pelos Sugatas. Possa eu, com efeito, obtê-lo logo depois de ter dado tais oferendas.” 17. Alguns dão carruagens puxadas por quatro cavalos e equipadas com assentos, flores, bandeirolas, e bandeiras; outros dão objetos feitos de substâncias preciosas. 18. Outros, ainda, dão suas crianças e mulheres; outros suas próprias carnes; (ou) oferecem, quando pedidos, suas mãos e pés, almejando atingir a iluminação suprema. 19. Alguns dão suas cabeças, outros suas vistas, outros seus próprios corpos queridos, e depois de oferecerem alegremente os seus presentes eles aspiram ao conhecimento dos Tathagatas. 20. Aqui e ali, Ó Manjusri, eu percebo seres que abandonaram seus reinos florescentes, haréns e continentes, deixaram todos os seus conselheiros e parentes, 21. E dirigindo-se aos guias do mundo para perguntar sobre a lei muito excelente, para o deleite, envergam mantos amarelos-alaranjados e raspam suas cabeças e barbas. 22. Eu vejo também muitos Bodhisatvas como os monges, vivendo na floresta, e outros habitando os desertos vazios, aplicando-se a recitar e a ler. 23. E alguns Bodhisatvas eu vejo que, cheios de sabedoria (ou constância), dirigem-se às cavernas nas montanhas, onde pelo cultivo e meditação no conhecimento-de-Buda, chegam à sua percepção. 24. Outros que renunciaram a todos os desejos sensuais, purificando-se, limparam a sua esfera e obtiveram as cinco faculdades transcendentes, vivendo no deserto, como (verdadeiros) filhos do Sugata. 25. Alguns quedam-se firmes, os pés juntos e as mãos reunidas como mostra de respeito aos líderes, e estão alegremente a louvar o rei dos maiores Ginas em milhares de estrofes. 26. Alguns pensativos, humildes, e tranqüilos, que dominaram as sutilezas do caminho do dever, perguntam ao mais elevado dos homens pela lei, e retêm em sua memória o que aprenderam. 27. E eu vejo aqui e ali alguns filhos do Gina principal que, depois de se desenvolverem, pregam a lei a muitos kotis de seres vivos com muitas miríades de ilustrações e razões. 28. Alegremente proclamam a lei, despertando muitos Bodhisatvas; depois de conquistarem ao Maligno com seus séquitos e veículos, eles ressoam o tambor da lei. 29. Eu vejo alguns filhos do Sugata, humildes, calmos e quietos em conduta, vivendo sob o comando dos Sugatas e honrados por homens, deuses, duendes e Titãs. 30. Outros novamente, que se retiraram às florestas espessas, estão a salvar as criaturas nos infernos emitindo uma radiância de seus corpos, e os despertando para a iluminação. 31. Há alguns filhos do Gina que moram na floresta, vigorosos, renunciando completamente ao desleixe, e ativamente engajados em caminhar; é pela energia que eles lutam pela iluminação suprema. 32. Outros completam o seu curso mantendo uma constante pureza e uma moralidade não quebrada como pedras preciosas e jóias; pela moralidade lutam estes pela iluminação suprema. 33. Alguns filhos do Gina, cuja força consiste na abstenção, pacientemente agüentam o abuso, a censura, e as ameaças de monges orgulhosos. Eles tentam atingir a iluminação por virtude da abstenção. 34. Além disto, eu vejo Bodhisatvas, que abdicaram a todos os prazeres casuais, evitam companhias não-sábias e deleitam-se em ter intercurso com homens gentis (aryas); 35. Que, evitando quaisquer distrações de pensamentos, e com uma mente atenta, durante milhares de kotis de anos meditaram em cavernas do deserto; estes lutam pela iluminação por força da meditação. 36. Alguns, por outro lado, oferecem na presença dos Ginas e na assembléia de discípulos presentes (consistindo) de comida dura e macia, carne e bebida, medicamentos para os doentes, em quantidade e abundância. 37. Outros oferecem na presença dos Ginas e na assembléia dos discípulos centenas de kotis de roupas, valendo milhares de kotis, e roupas de valor incalculável. 38. Eles ofertam em presença dos Sugatas centenas de kotis de mosteiros que fizeram construir de substâncias preciosas e madeira de sândalo, e que estão equipados com numerosos alojamentos (ou camas).
    39. Alguns presenteiam os líderes dos homens e seus discípulos com jardins bem tratados e belos, cheios de árvores frutíferas e flores lindas, para servir como lugares de recreação diária. 40. Quando fizeram, com sentimentos alegres, tais donativos vários e esplêndidos, despertaram sua energia para alcançar a iluminação; estes são aqueles que lutam por alcançar a suprema iluminação por intermédio da ação altruísta. 41. Outros sustentam a lei da quietude, por muitas miríades de ilustrações e provas; eles a pregam a milhares de kotis de seres vivos; esses tendem à iluminação suprema pela ciência. 42. (Existem) filhos do Sugata que tentam alcançar a iluminação pela sabedoria; eles compreendem a lei da equanimidade e evitam agir pela antinomia (das coisas), desapegados como pássaros no céu. 43. Além disso, eu vejo, Ó Mangughosha, muitos Bodhisatvas que demonstraram firmeza sob o comando de Sugatas que já se foram e agora estão venerando as relíquias dos Ginas. 44. Eu vejo milhares de kotis de Stupas, numerosas como as areias do Ganges, que foram erigidas por esses filhos do Gina e agora adornam a kotis de terrenos. 45. Aquelas magníficas Stupas, feitas das sete substâncias preciosas, com seus milhares de kotis de pára-sóis, e bandeirolas, medem em altura não menos que 5000 yoganas e 2000 yoganas de circunferência. 46. Elas estão sempre decoradas com bandeiras; uma multidão de sinos é constantemente ouvida a badalar; homens, deuses, duendes e Titãs prestam sua veneração com flores, perfumes e música. 47. Tal honra prestam os filhos do Sugata às relíquias dos Ginas, de forma que todas direções do espaço estão refulgindo como se fossem árvores de coral celeste em plena floração. 48. Desta localização eu vejo tudo isso; aqueles numerosos kotis de criaturas; tanto esse mundo como o céu cobertos de flores, devido a um só raio de luz partindo do Gina. 49. Ó quão poderoso é o Líder dos homens! Com é extenso e brilhante o seu conhecimento! Que um só raio emitido por ele pelo mundo afora, torne visível tantos milhares de campos! 50. Estamos atônitos de constatar esse sinal e essa maravilha tão grande, tão incompreensível. Explicai-me essa questão, Ó Mangusvara! Os filhos do Buda estão ansiosos para disto se inteirar. 51. As quatro classes da congregação com alegre expectativa vos fitam, Ó heróis, e a mim; alegrai (os seus corações); removei as suas dúvidas; concedei uma revelação, Ó filho do Sugata! 52. Por que o Sugata emitiu agora uma tal luz? Ó, quão grande é o poder do líder dos homens! Ó quão extenso e sagrado é o seu conhecimento! 53. Aquele raio estendendo-se a partir dele por todo o mundo torna visível muitos milhares de campos. Deve ser por algum motivo que esse grande raio foi emitido. 54. Será revelado pelo Senhor dos homens as leis primordiais que ele, o mais Elevado dos homens, descobriu no terreno da iluminação? Ou profetizará ele aos Bodhisatvas os seus destinos futuros? 55. Deve haver uma sólida razão porque foram feitos visíveis tantos milhares de campos, variegados, esplêndidos, e brilhando com jóias, enquanto Budas de visão infinita estão aparecendo. 56. Maitreya pergunta ao filho do Gina; homens, deuses, duendes, e Titãs, as quatro classes da congregação ansiosamente aguardam que resposta Mangusvara dará explicando isto. Com isso, Manjusri, o príncipe real, se dirigiu a Maitreya, o Bodhisatva Mahasatva, e a toda a assembléia dos Bodhisatvas (nestas palavras): é a intenção do Tathagata, moços de boa família, começar um grande discurso para o ensinamento da lei, fazer ressoar o grande tambor da lei, levantar a grande bandeira da lei, acender a grande tocha da lei, soprar a grande trombeta em concha da lei, e bater o grande címbalo da lei. Novamente, é a intenção do Tathagata, moços de boa família, fazer uma grande exposição da lei neste mesmo dia. Assim me parece, moços de boa família, como já testemunhei um sinal parecido dos Tathagatas passados, os Arhats, os perfeitamente iluminados. Aqueles Tathagatas passados, etc., eles também emitiram um raio brilhante e eu estou convencido que o Tathagata está por pregar um grande discurso para o ensinamento da lei e tornar o seu grande discurso da lei por toda parte conhecido, tendo mostrado um tal sinal prévio. E porque o Tathagata, etc., deseja que este Dharmaparyaya, que encontra oposição por todo mundo seja ouvido por todos, por isso ele mostra um tão grande milagre, e este sinal prévio, esse lustro ocasionado pela emissão de um raio. Eu me recordo, moços de boa família, que nos dias de antanho, muitos Aeons imensuráveis, inconcebíveis, imensos, infinitos, incontáveis, mais do que incontáveis Aeons atrás, não, muito, mas muito antes no tempo, nasceu um Tathagata chamado Kandrasuryapradipa, um Arhat, etc. agraciado com a ciência e a conduta, um Sugata, conhecedor do mundo, um incomparável instrutor de homens, um mestre (e regente) de deuses e homens, um Buda e Senhor. Ele demonstrou a lei; ele revelou o curso devido que é sagrado no começo, que é sagrado no meio e que é sagrado no fim, bom na substância e na forma, completo e perfeito, correto e puro. Isso eqüivale a dizer, aos discípulos ele pregou a lei contendo as quatro Nobres Verdades, e começando da corrente de causas e efeitos, tendendo a ir além do nascimento, decrepitude, doença, morte, tristeza, lamentação, dor, pesar, desânimo, e finalmente conduzindo ao Nirvana; e aos Bodhisatvas ele pregou a lei relacionada com as seis Perfeições, e terminando com o conhecimento do Onisciente, depois de alcançar a iluminação suprema e perfeita. (Agora, moços de boa família, longo tempo antes do Tathagata Kandrasuryapradipa, o Arhat, etc., apareceu um Tathagata, etc., de forma idêntica chamado Kandrasyryapradipa, depois do qual, Ó Agita, houveram vinte mil Tathagatas, etc., todos eles tendo o nome de Kandrasuryapradipa, da mesma linhagem e nome de família, isto é, de Bharadvaga. Todos aqueles vinte mil Tathagatas, Ó Agita, do primeiro ao último, revelaram a lei, mostraram o caminho que é sagrado no começo, sagrado no meio e sagrado no fim, etc. etc.) O acima mencionado Senhor Kandrasuryapradipa, o Tathagta, etc., quando um jovem príncipe e não ainda tendo deixado a sua casa (para entrar na vida ascética), teve oito filhos, a saber, os jovens príncipes Sumati, Anantamati, Ratnamati, Viseshamati, Vimatisamudghatin, Goshamati, e Dharmamati. Esses oito jovens príncipes, Agita, filhos do Senhor Kandrasuryapradipa, o Tathagata, tinham uma imensa fortuna. Cada qual deles estava em possessão de quatro grandes continentes onde exerciam a prerrogativa real. Quando viram que o Senhor havia deixado a sua casa para se tornar um asceta, e ouviram que ele havia alcançado a iluminação suprema e perfeita, eles abandonaram, todos eles, os prazeres da realeza e seguiram o exemplo do senhor renunciando ao mundo; todos eles lutaram por alcançar a iluminação superior e se tornar pregadores da lei. Enquanto que constantemente levando uma vida sagrada, aqueles jovens príncipes plantaram as raízes da bondade sob muitos milhares de Budas. Foi naquele tempo, Agita, que o Senhor Kandrasuryapradipa, o Tathagata, etc., depois de expor o Dharmaparyaya chamado ‘a Grande Exposição,’ um texto de grande extensão, servindo para instruir os Bodhisatvas e apropriado a todos os Budas, no mesmo momento e instante, no mesmo agrupamento de classes de ouvintes, sentou-se de pernas cruzadas no mesmo assento da lei, e entrou na meditação chamada ‘A Estação da exposição do Infinito’; seu corpo estava imóvel e sua mente havia alcançado a tranqüilidade perfeita. Tão logo o Senhor entrou em meditação, foi vertida uma grande chuva de flores divinas, Mandaravas e grandes Mandaravas, Mangushakas e grandes Mangushakas, cobrindo o Senhor e as quatro classes de ouvintes, enquanto todo o campo de Buda tremeu de seis maneiras; moveu-se, remexeu-se, tremeu, tremeu de uma extremidade à outra, sacudiu e sacudiu de frente. Então fitaram, aqueles que estavam reunidos e sentados juntos na congregação, monges, monjas, leigos devotos homens e mulheres, deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres não humanos, assim como governadores de uma região, líderes de exércitos e regentes dos quatro continentes, todos eles com seus séquitos, ao Senhor com assombro, com espanto, em êxtase. E naquele momento emitiu-se um facho dentre o círculo de cabelo entre as sobrancelhas do Senhor. Estendeu-se por dezoito centenas de milhares de campos de Buda na região leste, de forma que todos aqueles campos de Buda apareceram totalmente iluminados pela sua radiação, assim como o fazem os campos de Buda agora, Ó Agita. (Naquela conjuntura, Agita, havia vinte kotis de Bodhisatvas seguindo o Senhor. Todos os ouvintes da lei naquela assembléia, vendo como o mundo estava iluminado pelo lustro daquele raio, sentiu assombro, espanto, êxtase, e curiosidade.) Agora aconteceu, Agita, que sob o reino do Senhor acima mencionado, havia um Bodhisatva chamado Varaprabha, que tinha oitocentos discípulos. Foi a esse Bodhisatva Varaparabha que o Senhor, levantando-se de sua meditação, revelou o Dharmaparyaya chamado ‘O Lótus Branco da Verdadeira Lei’. Ele falou plenamente durante sessenta kalpas intermediários, sempre sentando-se no mesmo assento, com o corpo imóvel e mente serena. E toda a assembléia continuou a sentar nos mesmo assentos, ouvindo a pregação do Senhor durante sessenta kalpas intermediários, não havendo uma só criatura naquela assembléia que tenha sentido fadiga de corpo ou mente. Assim como anunciava o Senhor Kandrasuryapradipa, o Tathagata, etc., durante sessenta kalpas intermediários, o Dharmaparyaya chamado ‘o Lótus da Verdadeira Lei,’ um texto de grande amplidão, servindo para instruir aos Bodhisatvas e adequado a todos os Budas, ele instantaneamente anunciou o seu Nirvana completo ao mundo, inclusive aos deuses, Maras e Brahmas, a todas as criaturas, inclusive ascetas, Brahmans, deuses, homens, e demônios, dizendo: Hoje, Ó monges, nesta mesma noite, na vigília do meio, irá o Tathagata, entrando no elemento do Nirvana absoluto, tornar-se completamente extinto. Nisso, Agita, o Senhor Kandrasuryapradipa, o Tathagata, etc., predestinou o Bodhisatva chamado Srigarbha à iluminação suprema e perfeita e então falou assim à toda assembléia: Ó monges, este Bodhisatva Srigarbha aqui presente alcançará, imediatamente depois de mim, a iluminação suprema e perfeita, e se tornará Vimalanetra, o Tathagata, etc. Daí para frente, Agita, naquela mesma noite, naquela mesma vigília, o Senhor Kandrasuryapradipa, o Tathagata, etc. extinguiu-se pela entrada no elemento do Nirvana absoluto. E o Dharmaparyaya acima mencionado, chamado ‘o Lótus da Verdadeira Lei,’ foi guardado de memória pelo Bodhisatva Mahasatva Varaprabha; durante oitenta kalpas intermediários manteve e revelou o comando do Senhor que havia entrado no Nirvana. Agora, aconteceu, Agita, que os oito filhos do Senhor Kandrasuryapradipa, Mati e o resto, eram discípulos daquele mesmo Bodhisatva Varaprabha. Eles foram por ele amadurecidos para a iluminação suprema e perfeita, e em tempos posteriores eles viram e reverenciaram a muitas centenas de milhares de kotis de Budas, todos os quais haviam atingido a iluminação suprema e perfeita, o último deles sendo Dipankara, o Tathagata, etc. Dentre aqueles oito discípulos havia um Bodhisatva que dava muito valor ao ganho mundano, a honrarias e a ser bem considerado, e gostava da glória, mas todas as palavras e letras que se lhes ensinavam, desapareciam (de sua memória), não aderindo. Então ele foi apelidado de Yasaskama. Ele havia propiciado a muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas por aquela raiz de bondade, e mais tarde os estimado, honrado, respeitado, reverenciado, venerado, e adorado. Talvez, Agita, sintas alguma dúvida, perplexidade ou arrependimento que naqueles dias, naquele momento, havia um outro Bodhisatva Mahasatva Varaprabha, que pregava a lei. Mas não penses assim. Por que? Porque sou eu mesmo que naqueles dias, naquele tempo, era o Bodhisatva Mahasatva Varaprabha, que pregava a lei; e aquele Bodhisatva chamado Yasaskama, o preguiçoso, eras tu mesmo, Agita, que naqueles dias, naquele tempo, eras o Bodhisatva chamado Yasaskama, o preguiçoso. E assim, Agita, tendo uma vez visto um aviso prévio semelhante do Senhor, eu deduzo de um faixo parecido sendo emitido justo agora, que o Senhor está por expor o Dharmaparyaya chamado ‘O Lótus Branco da Verdadeira Lei.’ E naquela ocasião, para tratar do assunto mais copiosamente, Manjusri, o príncipe real, pronunciou as seguintes estrofes: 57. Eu me lembro de um período passado, a inconcebíveis, ilimitados kalpas atrás, quando o mais elevado dos seres, o Gina de nome Kandrasuryapradipa, existia. 58. Ele pregava a verdadeira lei, ele, o líder das criaturas; ele educava um número infinito de kotis de seres, e despertava inconcebivelmente numerosos Bodhisatvas para adquirir o supremo conhecimento de Buda. 59. E os oito filhos nascidos dele, o líder, quando era príncipe real, tão logo viram que o grande sábio havia abraçado a vida ascética, renunciaram aos prazeres mundanos e se tornaram monges. 60. E o Senhor do mundo proclamou a lei, e revelou a milhares de kotis de seres vivos o Sutra, o desenvolvimento, que por isso é conhecido como ‘a Excelente Exposição do Infinito.’
    61. Imediatamente após pronunciar o seu discurso, o líder cruzou suas pernas e entrou na meditação chamada de ‘a Excelente Exposição do Infinito.’ Lá no seu assento da lei o vidente continuou absorvido na meditação. 62. E tombou uma chuva celeste de Mandaravas, enquanto que os tambores (celestes) ressoaram sem serem tocados; os deuses e serafins no céu prestaram homenagem ao mais elevado dos homens. 63. E simultaneamente todos os campos (de Buda) começaram a tremer. Uma maravilha foi, um grande prodígio. Então o chefe emitiu, dentre as suas sobrancelhas um raio extremamente bonito. 64. Que, movendo-se desde a região leste brilhou, iluminando o mundo todo pela extensão de dezoito mil campos. Manifestou o aparecer e o fenecer dos seres. 65. Alguns dos campos então se pareciam a jóias, outros mostravam a tonalidade de lapislazúli, todos esplêndidos, extremamente bonitos, devido à radiância do raio do líder. 66. Deuses e homens, bem como Nagas, duendes, Gandharvas, ninfas, Kinnaras, e aqueles ocupados em servir ao Sugata tornaram-se visíveis nas esferas e prestaram as suas devoções. 67. Os Budas também, aqueles seres auto-gerados, apareceram por suas próprias vontades, parecendo-se a colunas de ouro; como um disco dourado (dentro do lápis-lazúli), eles revelaram a lei no meio da assembléia. 68. Os discípulos, verdadeiramente, não podiam ser contados: os discípulos do Sugata são sem número. E contudo o lustro do raio os torna a todos visíveis em todo o campo. 69. Enérgicos, sem quebra ou falha em seus cursos, parecidos com gemas e jóias, os filhos dos líderes dos homens são visíveis nas cavernas das montanhas onde estão morando. 70. Numerosos Bodhisatvas, como as areias do Ganges, que estão gastando toda a sua riqueza fazendo doações, que têm a força da paciência, são dedicados à contemplação e sábios, tornam-se todos visíveis com aquele raio. 71. Imóveis, inabaláveis, firmes na paciência, dedicados à contemplação e absortos em meditação são vistos os verdadeiros filhos dos Sugatas enquanto estão lutando pela iluminação suprema por força da meditação. 72. Eles expõe a lei em muitas esferas, e indicam o estado verdadeiro, quieto, sem máculas, que conhecem. Tal é o efeito produzido pelo poder do Sugata. 73. E todas as quatro classes de ouvintes vendo a força do poderoso Kandrarkadipa encheram-se de alegria e perguntaram-se uns aos outros: Como é que isso acontece? 74. E logo mais tarde, quando o líder do mundo, venerado por homens, deuses e duendes, levantou-se de seu assento de meditação, se dirigiu a seu filho Varaprabha, o sábio Bodhisatva, e expositor da lei: 75. “Sois sábio, o olho e o refúgio do mundo; sois o fiel guardião de minha lei, e podes dar testemunho ao tesouro de leis que eu exporei para alívio de todos os seres vivos.” 76. Então depois de despertar, estimular, elogiar e louvar a muitos Bodhisatvas, proclamou o Gina as leis supremas durante sessenta kalpas intermediários. 77. E qualquer lei suprema excelente que tenha sido exposta pelo Senhor do mundo enquanto se quedava continuamente no mesmíssimo assento, foi memorizada por Varaprabha, o filho do Gina, o expositor da Lei. 78. E depois que o Gina e Líder havia manifestado a Lei suprema e estimulado à multidão variegada, ele falou, naquele dia, para a multidão, incluindo-se os deuses (como se segue): 79. “Eu manifestei a regra da Lei; eu mostrei a natureza da Lei; agora, Ó monges, é o tempo do meu Nirvana; nesta noite mesma, na vigília do meio. 80. “Sede zelosos e fortes em persuasão; aplicai-vos às minhas lições; pois os Ginas, os grandes videntes, são apenas raramente encontrados no lapso de miríades de kotis de Aeons.” 81. Os muitos filhos do Buda foram tomados de pesar e se encheram de tristeza extrema quando ouviram a voz do mais elevado dos homens anunciar que o seu Nirvana estava próximo. 82. Para consolar a tantos inconcebivelmente numerosos kotis de seres vivos, o rei dos reis disse: “Não temei, Ó monges; depois de meu Nirvana haverá um outro Buda. 83. “O sábio Bodhisatva Srigarbha, depois de terminar o seu curso em conhecimento impecável, alcançará a mais elevada iluminação suprema e se tornará um Gina sob o nome de Vimalagranetra.”
    84. Naquele mesma noite, na vigília do meio, ele teve a sua completa extinção, como uma lâmpada quando a causa (do seu queimar) se acaba. Suas relíquias foram distribuídas, e de suas Stupas havia um número infinito de miríades de kotis. 85. Os monges e monjas naquele momento, que buscavam a iluminação suprema mais elevada, sendo numerosos como as areias do Ganges, se aplicaram ao comando do Sugata. 86. E monge que então era o expositor e guardião da Lei, Varaprabha, expôs as leis mais elevadas durante oitenta kalpas intermediários plenamente, de acordo com o comando do Sugata. 87. Ele tinha oitocentos discípulos, que por ele foram trazidos ao desenvolvimento pleno. Eles viram muitos kotis de Budas, grandes sábios, a quem reverenciaram. 88. Seguindo o percurso normal, eles se tornaram Budas em várias esferas, e como se seguiram um ao outro em sucessão imediata, se predisseram sucessivamente o futuro destino de Buda de cada um que se seguia. 89. O último desses Budas que se sucederam foi Dipankara. Ele, o supremo deus dos deuses, honrado por multidões de sábios, educou milhares de kotis de seres vivos. 90. Dentre os alunos de Varaprabha, o filho do Gina, no tempo de sua pregação da Lei, estava um preguiçoso, ambicioso, desejoso de ganhos e status mundano, e espertezas. 91. Ele era também excessivamente desejoso de glórias, mas muito caprichoso, de tal forma que as lições que se lhes dava, desapareciam rápido de sua memória, logo depois de terem sido ali inculcadas. 92. Seu nome era Yasaskama, pelo qual era conhecido por toda parte. Pelo mérito acumulado daquela boa ação, manchada como estava. 93. Ele propiciou a muitos milhares de kotis de Budas, a quem prestou muitas honrarias. Ele transitou pelo curso comum de deveres e conheceu o presente Buda Sakyasimha. 94. Ele deverá ser o último a alcançar a iluminação suprema e tornar-se um Senhor conhecido pelo nome de família de Maitreya, que deverá educar a milhares de kotis de criaturas. 95. Aquele que pois, sob o reino do Sugata extinto, era tão preguiçoso, eras tu mesmo, e era eu que então expunha a lei. 96. Como vendo um aviso prévio desse tipo eu reconheço um sinal tal como o que vi manifesto antes, portanto, devido a isso, eu sei. 97. Que decididamente o chefe dos Ginas, o rei supremo dos Sakyas, o que tudo vê, que conhece a verdade mais elevada, está por pronunciar o sutra excelente que eu antes ouvi. 98. Esse mesmo sinal mostrado presentemente é uma prova da habilidade dos líderes; o Leão dos Sakyas está por fazer uma exortação, por declarar a natureza fixa da lei. 99. Permanecei bem preparados e bem atentos; ajuntai vossas mãos: aquele que é afetivo para com o mundo e compassivo vai falar, vai derramar a chuva sem fim da lei e refrescar aqueles que estão esperando pela iluminação. 100. E se alguns sentirem dúvidas, incertezas, ou arrependimentos por quaisquer motivos, então o Sábio os removerá para suas crianças, os Bodhisatvas aqui lutando pela iluminação. 
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    Saddharma-Pundarika / Meios Habilidosos / Capítulo 2
    CAPÍTULO 2
    MEIOS HABILIDOSOS
    O Senhor então levantou-se consciente e concentrado de sua meditação e, imediatamente, dirigiuse ao venerável Sariputra; O conhecimento do Buda, Sariputra, é profundo, difícil de compreender, difícil de perceber. É muito difícil para os discípulos e para os Pratyekabudas sondar o conhecimento ao qual chegaram os Tathagatas etc., e isto, Sariputra, porque os Tathagatas veneraram muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas; porque eles realizaram seus cursos para a iluminação suprema e completa, durante muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons; porque eles viajaram longe, mostrando energia e possuídos de propriedades maravilhosas e especiais; possuídos de propriedades difíceis de compreender; porque eles descobriram coisas que são difíceis de compreender. O mistério dos Tathagatas etc. é difícil de ser compreendido, Sariputra, porque quando eles explicam as leis (ou os fenômenos, as coisas) que têm causa em si mesmas, eles o fazem por intermédio de meios habilidosos, mostrando o conhecimento, com argumentos, razões, idéias fundamentais, interpretações e sugestões. Com uma variedade de meios habilidosos são capazes de libertar os seres que ficam apegados a um ponto de vista ou outro. Os Tathagatas etc., Sariputra, todos adquiriram a mais alta perfeição da habilidade e a mostra do conhecimento; eles estão agraciados com propriedades maravilhosas, tais como a mostra do conhecimento livre e desimpedido; os poderes; a ausência da hesitação; as condições independentes; a força dos órgãos; os princípios de Bodhi; as contemplações; emancipações; meditações; graus de concentração mental. Os Tathagatas etc., Sariputra, são capazes de expor coisas variadas e têm algo de maravilhoso e especial. Basta, Sariputra, que seja suficiente dizer que os Tathagatas etc., têm algo de extremamente maravilhoso, Sariputra. Ninguém senão um Tathagata, Sariputra, pode transmitir a um Tathagata aquelas leis que o Tathagata conhece. Todas as leis, Sariputra, são ensinadas pelo Tathagata, e somente por ele; ninguém senão ele conhece todas as leis, o que são, como são, como o que são, quais são suas características e de que natureza são. E naquela ocasião, para apresentar estas coisas mais amplamente, o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 1. Inumeráveis são os grandes heróis no mundo que abarca deuses e homens; a totalidade das criaturas é incapaz de conhecer completamente os líderes. 2. Ninguém pode conhecer seus poderes e estados de emancipação, suas ausências de hesitação e suas propriedades de Buda, tais como são. 3. Desde muito tempo eu segui, na presença de kotis de Budas, o bom caminho, que é profundo, sutil, difícil de compreensão, e mais ainda de ser encontrado. 4. Depois de seguir esta carreira durante um número inconcebível de kotis de Aeons, eu descobri no terreno da iluminação o fruto disto. 5. E com isto eu reconheço, como os demais chefes do mundo, como é, com o que se parecem e quais são suas características. 6. É impossível explicar isto; é inefável; nem existe qualquer ser neste mundo 7. A quem esta lei pudesse ser explicada ou que pudesse compreender ao ser explicada, com a exceção dos Bodhisatvas, aqueles que estão firmemente estabelecidos em resolução. 8. Quanto aos discípulos do Conhecedor do mundo, aqueles que fizeram seus deveres e receberam elogio dos Sugatas, que estão livres de erros e que chegaram ao último estágio da existência terrena, o conhecimento do Gina fica além de suas esferas. 9. Se toda esta esfera estivesse cheia de seres como Sarisuta, e se eles investigassem com seus esforços combinados, eles seriam incapazes de compreender o conhecimento do Sugata. 
    10. Mesmo que os dez pontos do espaço estivessem cheios de sábios com você, sim, se estivessem cheios de tais como o restante de meus discípulos, 11. E se todos estes seres combinados fossem investigar o conhecimento do Sugata, todos eles juntos, não seriam capazes de compreender o conhecimento do Buda em toda sua imensidão. 12. Se os dez pontos do espaço estivessem cheios de Pratyekabudas, livres de erros, abençoados com inteligência arguta, e se quedando em seus últimos estágios de existência, tão numerosos como bambus ou caniços na floresta; 13. E se juntos durante um infindável número de miríades de kotis de Aeons, eles fossem investigar uma parte de minhas leis superiores, eles nunca descobririam seu significado verdadeiro. 14. Se os dez pontos do espaço estivessem cheios de Bodhisatvas que depois de terem completado seus deveres sob muitos kotis de Budas, investigado todas as coisas e pregado muitos sermões, depois de terem entrado num novo veículo; 15. Se o mundo todo estivesse cheio deles, como um bosque espesso de caniços ou de bambus, sem espaço entre eles, e se todos juntos fossem investigar a lei que o Sugata realizou; 16. Se a investigassem durante muitos kotis de Aeons, tão incalculáveis quanto as areias do Ganges, com atenção indivisa e intenções sutis, até mesmo então aquele (conhecimento) estaria além de suas compreensões. 17. Se tais Bodhisatvas incapazes de deslizar para trás, numerosos como as areias do Ganges, a investigassem com atenção indivisa, estaria além de suas capacidades. 18. Profundas são as leis dos Budas, e sutis; todas inescrutáveis e sem erro. Eu as conheço, bem como fazem os Ginas nas dez direções do mundo. 19. Você, Sariputra, esteja cheio de confiança naquilo que o Sugata declara. O Gina nada diz de falso, o grande Vidente que por tão longo tempo pregou a verdade mais elevada. 20. Eu me dirijo a todos os discípulos aqui, aqueles que buscam a iluminação de um Pratyekabuda, aqueles que são despertos para a atividade pelo meu Nirvana, e aqueles que foram libertos da série de males. 21. É por minha habilidade superior que eu explico a lei extensivamente para o mundo em geral. Eu liberto todos aqueles que ficam apegados a um ponto ou outro, e mostro os três veículos. Os eminentes discípulos na assembléia encabeçada por Agnata-Kaundinya, os mil e duzentos Arhats sem erros e com autocontrole, os outros monges, monjas, leigos devotos homens e mulheres usando o veículo dos discípulos, e todos aqueles que entraram no veículo dos Pratyekabudas, todos eles fizeram esta reflexão: Qual será a razão, porque o Senhor está elogiando tanto a habilidade dos Tathagatas? Porque a elogia dizendo, ‘Profunda é a lei por mim descoberta;’ elogiando-a dizendo, ‘É difícil para todos os discípulos e Pratyekabudas de compreendê-la.’ Mas o Senhor ainda não declarou mais que um tipo de emancipação, e portanto nós também deveríamos adquirir as leis de Buda ao chegarmos ao Nirvana. Não compreendemos o significado disto que o Senhor disse. E o Venerável Sariputra, que apreendeu a dúvida e a incerteza das quatro classes da audiência e adivinhou seus pensamentos daquilo que se passava em sua própria mente, ele mesmo estando em dúvida sobre a lei, disse então ao Senhor: Qual é, Ó Senhor, a causa, qual razão que o Senhor tão repetidamente e continuamente elogia a habilidade, conhecimento e pregação do Tathagata? Por que ele, repetidamente, a elogia dizendo, ‘Profunda é a lei por mim descoberta; é difícil de compreender o mistério dos Tathagatas.’’ Nunca dantes eu ouvi do Senhor um tal discurso da lei. Estas quatro classes de audiência, Ó Senhor , estão cheias de dúvida e perplexidade. Portanto possa o Senhor, por favor, explicar a que está o Tathagata aludindo, ao repetidamente elogiar a profunda lei dos Tathagatas. Naquela ocasião o venerável Sariputra pronunciou as seguintes estrofes: 22. Pela primeira vez agora o Sol dos homens pronuncia um tal discurso: ‘Eu adquiri os poderes, emancipações e meditações sem conta.’ 23. E mencionastes o terreno da iluminação sem que ninguém te perguntasse; mencionastes o mistério, apesar de ninguém ter te perguntado. 24. Falastes sem ser perguntado e elogiastes teu próprio caminho; mencionastes ter obtido o conhecimento e pronunciastes palavras profundas. 25. Hoje surge uma pergunta em minha mente e naquela daqueles seres autocontrolados, sem erros, que buscam o Nirvana: Por que fala o Gina desta forma?
    26. Aqueles que aspiram a iluminação dos Pratyekabudas, as monjas e monges, deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, e grandes serpentes, estão todos conversando juntos, enquanto que observam o mais elevado dos homens, 27.E imaginam em perplexidade. Dê uma elucidação, grande Sábio, a todos os discípulos do Sugata que estão aqui reunidos. 28. Eu mesmo atingi a perfeição (da virtude), e fui ensinado pelo Sábio supremo; mesmo assim, Ó mais elevado dos homens! Mesmo em minha posição, eu tenho dúvidas se o curso (do dever) que me é mostrado, receberá sua aprovação final pelo Nirvana. 29. Que tua voz seja ouvida, Ó vós cuja voz ressoa como um tambor eminente! Proclame sua lei tal que é. Os filhos legítimos do Gina aqui de pé e fitando o Gina, de mãos postas; 30. Bem como os deuses, Nagas, duendes, Titãs, em número de milhares de kotis, como as areias do Ganges; e aqueles que aspiram à iluminação suprema, que estão aqui, em número de oitenta mil; 31. Além disto, os reis, regentes de províncias, monarcas proeminentes, que para aqui se dirigiram desde milhares de kotis de países, que agora se quedam com mãos postas, e respeitosos, pensando: Como podemos preencher o curso do dever? O venerável Sariputra tendo falado, o Senhor lhe disse: Basta, Sariputra; de nada adiantaria explicar esta questão. Por que? Porque, Sariptura, o mundo, inclusive os deuses, ficariam assustados se esta questão fosse exposta. Mas o venerável Sariputra pediu ao Senhor uma segunda vez, dizendo: Que o Senhor exponha, que o Sugata exponha esta questão, pois que nesta assembléia, Ó Senhor, existem muitas centenas, muitos milhares, muitas centenas de milhares, muitas centenas de milhares de miríades de kotis de seres vivos que já viram Budas anteriores, que são inteligentes, e que acreditarão, darão valor, e aceitarão as palavras do Senhor. O venerável Sariputra se dirigiu ao Senhor com esta estrofe: 32. Fale claramente, Ó mais eminente dos Ginas! Nesta assembléia estão milhares de seres vivos que são cheios de confiança, afetivos, e respeitosos para com o Sugata; eles compreenderão a lei por vós exposta. E o Senhor disse uma segunda vez ao venerável Sariputra: Basta, Sariputra; não adianta explicar esta questão, pois que o mundo, inclusive aquele dos deuses, ficaria assustado, Sariputra, se esta questão fosse exposta, e alguns monges poderiam ficar orgulhosos e virem a ter uma queda súbita. E naquela ocasião o Senhor pronunciou a seguinte estrofe: 33. Não digas mais que eu devo declarar esta lei! Este conhecimento é por demais sutil, inescrutável, e existem tantos homens não sábios, que em seus orgulho e tolice zombariam em relação à lei assim revelada. Uma terceira vez o venerável Sariputra pediu ao Senhor, dizendo: Que o Senhor exponha, que o Sugata exponha esta questão. Nesta assembléia, Ó Senhor, existem muitas centenas de seres vivos que são meus iguais, e muitas centenas, muitos milhares, muitas centenas de milhares, muitas centenas de milhares de miríades de kotis de outros seres vivos a mais, que em nascimentos prévios foram trazidos pelo Senhor ao amadurecimento pleno. Eles crerão, darão valor, aceitarão aquilo que o Senhor declara, que reverterá para seus benefícios, bem e felicidade no decorrer do tempo. Naquela ocasião o venerável Sariputra pronunciou as seguintes estrofes: 34. Explique a lei, Ó Vós, o mais elevado dos homens! Eu, vosso filho mais velho, te peço. Aqui estão milhares de kotis de seres que crerão na lei por vós revelada. 35. E aqueles seres que, em nascimentos prévios, por tão longo tempo e constantemente foram por vós trazidos à maturidade plena e estão agora se quedando aqui de mãos postas, eles também, crerão nesta lei. 36. Que o Sugata, observando os mil e duzentos, meus iguais, e aqueles que estão lutando pela iluminação superior, fale a eles e produza neles uma alegria extrema. Quando o Senhor pela terceira vez ouviu o pedido do venerável Sariputra, ele lhe falou assim: Agora que você pediu ao Tathagata pela terceira vez, Sariputra, eu te responderei. Ouça então, Sariputra, ouça bem e aprenda ou que agora vou dizer; pois eu vou falar. Aconteceu então que cinco mil monges orgulhosos, monjas, e devotos leigos de ambos os sexos, na congregação se levantaram de seus assentos e, depois de saudarem com suas cabeças os pés do Senhor, se retiraram da assembléia. Devido ao princípio do bem que reside no orgulho, eles imaginaram terem atingido o que não haviam, e terem compreendido o que não haviam. Portanto, sentindo-se diminuídos, eles se retiraram da assembléia, ao que o Senhor concordou com seu silêncio. Naquele momento o Senhor se dirigiu ao venerável Sariputra: Minha congregação, Sariputra, foi livrada do excesso, do lixo; está firmemente estabelecida na força da fé. É uma coisa muito boa, Sariputra, que aqueles orgulhosos tenham ido embora. Agora eu vou expor a questão, Sariputra. ‘Muito bem, Senhor,’ replicou o venerável Sariptura. O Senhor então começou e disse: É somente de vez em quando, Sariputra, que o Tathagata prega um tal discurso sobre a lei como este. Da mesma forma que é raramente que vemos a flor da figueira desabrochar, Sariputra, da mesma forma o Tathagata, apenas raramente, prega um tal discurso sobre a lei. Creia-me, Sariputra; Eu falo o que é verdadeiro, o que é real, eu digo o que é certo. É difícil compreender a exposição do mistério do Tathagata, Sariputra; pois que, elucidando a lei, Sariputra, eu uso centenas de milhares de vários meios habilidosos, tais como diferentes interpretações, indicações, explicações, ilustrações. Não é pelo raciocínio, Sariputra, que a lei seria encontrada: isto está além do campo do raciocínio e deve ser aprendida do Tathagata. Pois, Sariputra, é por um só objetivo, um só propósito, na verdade um objetivo elevado, um propósito elevado que o Buda, o Tathagata etc., aparece no mundo. E qual é este objetivo único, este propósito único, este elevado objetivo, este elevado propósito que o Buda, o Tathagata etc., aparece no mundo? Para mostrar a todos os seres a visão do conhecimento do Tathagata é que o Buda, o Tathagata etc., aparece no mundo; para abrir os olhos dos seres para a visão do conhecimento do Tathagata é que o Buda, o Tathagata etc., aparece no mundo. Este, Ó Sariputra, é o objetivo único, o propósito único de sua aparição no mundo. Tal é, então, Sariputra, o objetivo único, o propósito único, o elevado objetivo, o elevado propósito do Tathagata. E é atingido pelo Tathagata. Pois, Sariputra, eu mostro a todos os seres a visão do conhecimento do Tathagata; eu abro os olhos de todos os seres para a visão do conhecimento do Tathagata, Sariputra; eu estabeleço firmemente o ensinamento do conhecimento do Tathagata, Sariputra; eu conduzo o ensinamento do conhecimento do Tathagata no caminho correto, Sariputra. Por intermédio do veículo único, a saber, o veículo do Buda, Sariputra, eu ensino a todos os seres a lei; não existe um segundo veículo, nem um terceiro. Esta é a natureza da lei, Sariputra, universalmente no mundo, em todas as direções. Pois, Sariputra, todos os Tathagatas etc., que em tempos passados existiram em esferas incontáveis, inumeráveis, em todas as direções, para o bem de muitos, a felicidade de muitos, por piedade do mundo, para o benefício, bem e felicidade do grande corpo de seres, e que pregavam a lei a deuses e homens com meios capazes, tais como variadas direções e indicações, variados argumentos, razões, ilustrações, idéias fundamentais, interpretações, prestando atenção à disposição dos seres cujas inclinações e temperamentos são tão diversos, todos aqueles Budas e Senhores, Sariputra, que pregaram a lei aos seres por intermédio de apenas um veículo, o veículo do Buda que, finalmente, conduz à onisciência; é idêntico a mostrar a todos os seres a visão do conhecimento do Tathagata; com abrir os olhos dos seres para a visão do conhecimento do Tathagata; com despertar (ou avisar) pela mostra do conhecimento do Tathagata; com conduzir o ensinamento do conhecimento do Tathagata pelo caminho correto. Tal é a lei que eles pregaram aos seres. E aqueles seres, Sariputra, que ouviram a lei de Tathagatas passados etc., todos eles alcançaram a iluminação suprema e perfeita. E os Tathagatas etc., que existirão no futuro, Sariputra, nas esferas incontáveis, inumeráveis em todas as direções, para o bem de muitos, a felicidade de muitos, por piedade do mundo, para o benefício, bem, e felicidade do grande corpo de seres, e que devem pregar a lei a deuses e homens (etc., como acima até) o caminho correto. Tal é a lei que eles devem pregar às criaturas. E aquelas criaturas, Sariputra, que ouvirem a lei dos Tathagatas futuros etc., todas elas deverão alcançar a iluminação suprema e perfeita. E os Tathagatas etc., que agora no presente estão vivendo, se quedando existindo, Sariputra, em incontáveis, inumeráveis esferas, em todas as direções etc., e que estão pregando a lei aos deuses homens (etc., como acima até) o caminho correto. Tal é a lei que eles estão pregando às criaturas. E aquelas criaturas, Sariputra, que estão ouvindo a lei dos Tathagatas presentes etc., todas elas deverão atingir a iluminação suprema e perfeita. Eu também, Sariputra, sou no período presente um Tathagata etc., para o bem de muitos (etc., até) muitos; Eu também, Sariputra, estou pregando a lei às criaturas (etc., até) o caminho correto. Tal é a lei que eu prego aos seres. E aqueles seres, Sariputra, que ora estão ouvindo a lei de mim, todos eles atingirão iluminação suprema e perfeita. Neste sentido, Sariputra, é que deve ser compreendido que, em parte alguma do mundo, um segundo veículo seja ensinado, muito menos ainda um terceiro. E contudo, Sariputra, quando os Tathagatas etc., aparecem no fim da época, na decadência das criaturas, na decadência de pecados aflitivos, a decadência dos pontos de vista, ou a decadência de uma vida; quando eles aparecem entre tais sinais de decadência, na perturbação da época; quando os seres estão muito sujos, cheios de cobiça e fracos em raízes de bondade; então, Sariputra, os Tathagatas etc., costumam, habilmente, designar aquele único veículo do Buda pelo nome de veículo tríplice. Agora, Sariputra, tais discípulos, Arhats, ou Pratyekabudas, que não ouvem a sua chamada para o veículo do Buda pelo Tathagata, que não percebem, nem prestam atenção a isto, aqueles, Sariputra, não devem ser reconhecidos como discípulos dos Tathagatas, nem como Arhats, nem como Pratyekabudas. Novamente, Sariputra, se houver algum monge ou monja que pretenda atingir o Arhatado sem uma promessa sincera de atingir a iluminação suprema e perfeita, e que diga, ‘Eu agora me quedo elevado demais para o veículo do Buda, eu estou em minha última aparição no corpo antes do Nirvana completo,’ então, Sariptura, considere esta pessoa como sendo convencida. Pois, Sariputra, não é adequado, é feio que, um monge, um Arhat, sem erros, não deva crer na lei que ele ouve do Tathagata em sua presença. Eu deixo fora de questão quando o Tathagata tenha atingido o Nirvana completo; pois naquele período, naquele momento, Sariputra, quando o Tathagata deva estar completamente extinto, não haverá ninguém que saiba de cor, ou pregue tais Sutras como este. Será sob outros Tathagatas etc., que eles serão libertados de dúvidas. Quanto a isto creia em minhas palavras, Sariputra, dê valor a elas, tome-as ao coração; pois que não existe falsidade nos Tathagatas, Sariputra. Existe somente um veículo, Sariputra, e este é o veículo do Buda. E naquela ocasião, para explicar mais extensamente esta questão, o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 37. Não menos que cinco mil monges, monjas e leigos de ambos os sexos, cheios de descrença e orgulho, 38. Achando que isto era pouco, foram, ainda defeituosos no treinamento e tolos como eram, embora para tornarem-se cientes do dano. 39. O Senhor, que os sabia serem os piores da congregação, exclamou: Eles não possuem méritos suficientes para ouvirem esta lei. 40. Minha congregação está agora pura, liberta do lixo; o excesso foi removido e sobra apenas o âmago. 41. Ouça de mim, Sariputra, como esta lei foi descoberta pelo mais elevado dos homens, e como os poderosos Budas estão ainda pregando-a com muitas centenas de provas de habilidade. 42. Eu conheço as disposições e condutas, as variadas inclinações de seres vivos neste mundo; eu conheço suas variadas ações e o bem que eles fizeram antes. 43. Aqueles seres vivos eu inicio nesta (lei) com a ajuda de muitas interpretações e razões; e com centenas de argumentos e ilustrações, eu, de uma forma ou de outra, alegrei a todos os seres. 44. E pronuncio tanto Sutras quanto estrofes; lendas, Gatakas, e prodígios, além de centenas de introduções e parábolas curiosas. 45. Eu mostro o Nirvana para o ignorante com disposições baixas, que nunca seguiu nenhum caminho sob muitos kotis de Budas, que estão ligados à existência contínua e miseráveis. 46. O auto-nascido usa tais meios para manifestar o conhecimento do Buda, mas ele nunca lhes dirá, vocês todos vão se tornar Budas. 47. Por que não deveria aquele que é poderoso, depois de esperar pelo momento oportuno, falar, agora que ele percebeu que o momento oportuno chegou? Esta é a oportunidade adequada, chegada, de começar a exposição do que realmente é. 48. Agora, a palavra do meu mandamento, como contido nas nove divisões, foi publicada de acordo com os variados graus de força das criaturas. Tal é o meio que mostrei para apresentar (os seres) ao conhecimento do doador de dons. 49. E àqueles no mundo, que sempre foram puros, sábios, de boa mentalidade, filhos compassivos do Buda e que fizeram seus deveres sob muitos kotis de Budas, eu tornarei conhecidos Sutras mais amplos.
    50. Pois que eles estão agraciados com tais bênçãos de disposição mental, e tais vantagens de forma externa sem mácula, que eu posso anunciar para estes: no futuro vocês todos se tornarão Budas benevolentes e compassivos. 51. Ouvindo isto, todos eles serão penetrados de deleite (no pensamento): Tornaremos-nos Budas proeminentes no mundo. E eu, percebendo suas condutas, novamente revelarei Sutras mais amplos. 52. E aqueles são discípulos do Líder, que ouviram minha palavra de comando. Uma só estrofe aprendida ou mantida na memória basta, sem dúvida, para conduzir todos eles à iluminação. 53. Não existe, verdadeiramente, senão um veículo; não existe um segundo, nem terceiro em qualquer parte do mundo, exceto no caso dos Purushottamas usando um expediente para mostrar que existe uma diversidade de veículos. 54. O Chefe do mundo aparece no mundo para revelar o conhecimento do Buda. Ele não tem senão um objetivo, de fato, não um segundo; os Budas não fazem os seres atravessarem através de um veículo inferior. 55. Ali onde o auto-nascido se estabeleceu, e onde está o objeto do conhecimento, não importa de que forma ou tipo; (onde) os poderes, os estágios de meditação, as emancipações, as faculdades aperfeiçoadas (estão); ali todos os seres se estabelecerão. 56. Eu seria culpado de inveja, se eu, depois de atingir o eminente e puro estado de iluminação, estabelecesse quem quer que fosse no veículo inferior. Isto não seria típico de mim. 57. Em mim não existe inveja qualquer; nem ciúme, nem desejo, nem paixão. Por isto eu sou o Buda, porque o mundo segue meu ensinamento. 58. Quando, esplendidamente distinguido com (as trinta e duas) marcas características, eu estou iluminando todo este mundo, e venerado por muitas centenas de seres, eu mostro o selo (inconfundível) da natureza da lei; 59. Quando Sariputra, eu penso assim: Como irão todos os seres, pelas trinta e duas características perceberem o Vidente auto-nascido que, de sua própria vontade, verte sua luz por todo o mundo? 60. E enquanto eu estou pensando e considerando, quando meu desejo se realizou e minha promessa se realizou, eu não mais revelo conhecimento do Buda. 61. Se, Ó filho de Sari, eu falasse às criaturas, ‘Vivifiquem em suas mentes o desejo pela iluminação,’ eles em suas ignorâncias, todos se perderiam e nunca perceberiam o significado de minhas boas palavras. 62. E considerando-os desta forma, e que eles não realizaram seus cursos do dever em existências prévias, (eu vejo como) eles estão apegados e dedicados a prazeres sensuais, enfatuados pelo desejo e cegos com a ilusão. 63. Do desejo eles incorrem em desgraça; eles estão atormentados nos seis estados de existência e povoam o cemitério repetidamente; eles estão angustiados com o infortúnio, e têm pouca virtude. 64. Ficam constantemente emaranhados nas moitas de teorias (sectárias), tais como , ‘É ou não é; é assim e não é assim.’ Tentando obter uma opinião decidida no que é encontrado nas sessenta e duas teorias (heréticas) eles abraçam a falsidade e prosseguem em seus erros. 65. São difíceis de corrigir, orgulhosos, hipócritas, desviados, malignos, ignorantes, chatos; por isto eles não ouvem ao bom chamado do Buda, nem uma só vez em kotis de nascimentos. 66. A estes, filho de Sari, eu mostro um meio habilidoso e digo: Ponham fim às suas dificuldades. Quando percebo criaturas sofrendo com males, eu as faço ver o Nirvana. 67. E assim eu revelo todas aquelas leis que são para sempre sagradas e corretas desde o começo. E o filho do Buda, que completou seu curso uma vez, será um Gina. 68. É só um meio habilidoso que me faz manifestar três veículos; pois que existe um só veículo e um caminho; existe também uma só instrução pelos líderes. 69. Remova toda dúvida e incerteza; e caso existam aqueles que sintam dúvidas, ( que eles saibam que ) os Senhores do mundo falam a verdade; este é o veículo único, não existe um segundo. 70. Os Tathagatas também, vivendo no passado durante Aeons inumeráveis, os muitos milhares de Budas que estão no descanso final, cujo número não pode jamais ser contado,
    71. Aqueles mais elevados dos homens, todos eles revelaram as mais sagradas das leis por intermédio de ilustrações, razões, e argumentos, com muitas centenas de provas de habilidade. 72. E todos eles manifestaram apenas um veículo e apenas apresentaram um na terra; através deste veículo, eles conduziram à maturidade total uma quantidade inconcebível de milhares de kotis de seres. 73. E contudo, os Ginas possuem vários e múltiplos meios através dos quais o Tathagata revela ao mundo inclusive aos deuses, a iluminação superior, levando em conta as tendências e disposições (dos diferentes seres). 74. E todos aqueles no mundo que estão ouvindo, ou que ouviram a lei da boca dos Tathagatas, feito doações, seguido preceitos morais, e, pacientemente, realizaram seus deveres religiosos; 75. Que se quitaram quanto ao zelo e meditação, com sabedoria refletiram sobre aquelas leis, e fizeram várias ações meritórias, todos eles atingiram a iluminação. 76. E tais seres que vivem pacientes, controlados, e disciplinados, sob o reino dos Ginas daqueles tempos, todos eles atingiram a iluminação. 77. Outros também, que prestaram veneração às relíquias dos Ginas que se foram, erigiram muitos milhares de Stupas feitas de jóias, ouro prata ou cristal, 78. Ou que construíram Stupas de esmeralda, pérolas, lápis-lazúli, ou safira; todos eles atingiram a iluminação. 79. E aqueles que erigiram Stupas feitas de mármore, sândalo ou jacarandá; construíram Stupas de madeiras de lei ou de uma combinação de diferentes tipos de madeira; 80. E que, em felicidade de coração, construíram para os Ginas Stupas de tijolos ou de cimento; ou que fizeram com que se levantassem montes na terra, em florestas ou em lugares silvestres dedicadas aos Ginas; 81. Os garotinhos, que mesmo brincando, erigiram aqui e ali montes de areia com a intenção de as dedicar como Stupas para os Ginas, todos eles ganharam a iluminação. 82. De forma semelhante, todos aqueles que fizeram com que imagens feitas de jóias fossem feitas e dedicadas, adornadas com os trinta e dois sinais característicos, atingiram a iluminação. 83. Outros, que fizeram imagens dos Sugatas feitas das sete substâncias preciosas, de cobre ou de zinco, todos eles ganharam a iluminação. 84. Aqueles que fizeram com que se construísse belas estátuas dos Sugatas de chumbo, ferro, barro, ou gesso, todos eles ganharam a iluminação. 85. Aqueles que fizeram imagens (dos Sugatas) em paredes pintadas, com membros completos e os cem sinais sagrados, quer tenham desenhado eles mesmos , ou que tenham feito outros desenharem, todos eles atingiram a iluminação. 86. Mesmo aqueles, quer sejam homens ou crianças, que durante suas aulas, ou por brincadeira, para se divertirem, desenharam nas paredes (tais) imagens com a unha ou com um pedaço de madeira, 87. Todos eles ganharam a iluminação; tornaram-se compassivos, e despertando muitos Bodhisatvas, salvaram kotis de seres. 88. Aqueles que ofereceram flores e perfumes às relíquias dos Tathagatas, para Stupas, um morrinho na terra, imagens de gesso ou desenharam em uma parede; 89. Que fizeram com que instrumentos musicais, tambores, trombetas e grandes tambores barulhentos fossem tocados, e levantaram o ruído do címbalo em tais lugares para celebrarem a iluminação mais elevada; 90. Que fizeram com que doces alaúdes, címbalos, tambores, pequenos tambores, flautas de bambu, flautas de metal, fossem construídos, todos eles atingiram a iluminação. 91. Aqueles que para celebrarem o Sugatas, fizeram com que címbalos de ferro soassem, ou pequenos tambores; que cantaram uma canção doce e encantadora; 92. Todos eles atingiram a iluminação. Prestando vários tipos de reverência às relíquias dos Sugatas, fazendo somente um pouco por estas relíquias, fazendo com que nem que seja um só instrumento musical fosse soado; 93. Ou que venerasse nem que fosse com uma só flor, desenhando em uma parede as imagens dos Sugatas, prestando reverência, nem que fosse com pensamentos distraídos, no decurso do tempo esta pessoa se encontrará com kotis de Budas.
    94. Aqueles que, quando em presença de uma Stupa, ofereceram suas saudações reverentes, seja de uma forma completa ou meramente juntando as mãos; que, seja por um só momento, inclinaram suas cabeças ou corpos; 95. E que nas Stupas contendo relíquias, disseram nem que fosse uma só vez: Homenagem ao Buda! Mesmo que o tenham feito com pensamentos distraídos, todos ganharam a iluminação superior. 96. Aqueles seres que nos dias daqueles Sugatas, quer estejam extintos ou ainda em existência, ouviram nem que seja apenas o nome da lei, todos eles ganharam a iluminação. 97. Muitos kotis de Budas futuros, além da imaginação e medida, de forma semelhante revelarão este meio habilidoso como Ginas e Senhores supremos. 98. Sem fim será a habilidade daqueles líderes do mundo, através das quais eles educarão kotis de seres para aquele conhecimento do Buda, que está livre de toda a imperfeição. 99. Nunca houve um tal ser que, depois de ouvir a lei daqueles líderes, não tenha se tornado Buda; pois que esta é a promessa fixa dos Tathagatas: Que eu, realizando meu curso do dever, possa conduzir os demais à iluminação. 100. Eles exporão, em dias futuros, muitos milhares de kotis de cabeças da lei; em suas condições de Tathagata eles ensinarão a lei, mostrando este veículo único mencionado acima. 101. A linha da lei forma uma continuidade inquebrantável e a natureza de suas propriedades se manifesta sempre. Sabendo isso, os Budas, os mais elevados dos homens, revelarão este único veículo. 102. Eles revelarão a estabilidade da lei, como ela é sujeita a regras fixas, a sua perpetuidade inamovível no mundo, o despertar dos Budas no elevado terraço da terra, suas habilidades. 103. Em todas as direções do espaço quedam-se Budas, como areias do Ganges, honrados por deuses e homens; estes também, para o bem de todos os seres no mundo, expõem a iluminação superior. 104. Estes Budas, enquanto manifestam suas habilidades, mostram variados veículos, apesar de, ao mesmo tempo, indicarem somente o veículo único: o lugar supremo do descanso sagrado. 105. Familiarizados como estão com a conduta de todos os mortais, com suas disposições peculiares e ações prévias; observando seus esforços e vigores, bem como suas disposições, os Budas conferem sua luz a eles. 106. Com o conhecimento, os líderes produzem muitas ilustrações, argumentos e razões; e considerando como os seres têm tendências várias, eles indicam direções várias. 107. E eu também, o líder dos principais Ginas, estou agora manifestando, para o bem dos seres ora vivos, esta iluminação do Buda por milhares de kotis de direções várias. 108. Eu revelo a lei em sua multiplicidade observando as tendências e disposições dos seres. Eu uso diferentes métodos para despertá-los, de acordo com seus caracteres. Tal é o poder do meu conhecimento. 109. De forma semelhante eu vejo os pobre coitados, deficientes em sabedoria e conduta, que caíram no torvelinho mundano, retidos em lugares horríveis, mergulhados em aflições incessantemente renovadas. 110. Atados como estão pelo desejo como o boi por sua corda, continuamente cegos pelo prazer sensual, eles não buscam o Buda, o poderoso; eles não buscam a lei que conduz ao fim da dor. 111. Se quedam nos seis estados da existência, eles ficam amortecidos por seus sentidos, se apegam imóveis a seus baixos pontos de vista, e sofrem dor depois de dor. Por estes eu sinto uma grande compaixão. 112. No terraço da iluminação eu permaneci três semanas ao todo, procurando e considerando esta questão, observando as árvores que ali estavam. 113. Observando aquele rei de todas as árvores com uma fitada firme, eu andei ao seu pé (pensando): Esta lei é maravilhosa e elevada, enquanto que os seres estão cegos com chatice e ignorância. 114. Foi então que Brahma me pediu, bem como Indra, e os quatro regentes dos pontos cardeais, Mahesvara, Isvara e as hordas de Maruts em centenas de kotis. 115. Todos se quedaram com mãos postas e respeitosos, enquanto que eu mesmo revolvia esta questão em minha mente (e pensei): O que deverei fazer? Naquele instante mesmo em que eu estava dizendo isto, os seres estavam sendo oprimidos pelos males.
    116. Em sua ignorância eles não prestarão atenção à lei que eu anuncio, em conseqüência do que eles incorrerão em alguma falta. O melhor seria que eu nunca falasse. Que minha extinção calma pudesse tomar lugar hoje mesmo! 117. Mas ao me lembrar de Budas prévios e de suas habilidades, (eu pensei): Não, eu também manifestarei esta iluminação tripartite do Buda . 118. Enquanto eu meditava assim sobre a lei, os outros Budas, em todas as direções do espaço, apareceram ante a mim em seus próprios corpos e levantaram suas vozes, dizendo ‘Amem. 119. ‘Amem, Solitário, primeiro Líder do mundo! Agora que você chegou a este conhecimento insuperável, e estás meditando sobre a habilidade dos líderes do mundo, você repete seus ensinamentos. 120. ‘Nós também, sendo Budas, esclareceremos a palavra mais elevada, dividida em três partes; pois os homens (ocasionalmente) têm tendências baixas, e por ignorância talvez não nos creiam, (quando dizemos), vocês se tornarão Budas. 121. ‘Por isto nós despertaremos muitos Bodhisatvas pela mostra de habilidade e encorajando o desejo de obter frutos.’ 122. E eu fiquei encantado de ouvir as doces vozes dos líderes dos homens; na felicidade do meu coração eu disse aos abençoados santos, ‘As palavras dos sábios eminentes não foram ditas em vão. 123. ‘Eu, também, agirei de acordo com a indicação dos sábios líderes do mundo; tendo eu mesmo nascido em meio à degradação das criaturas, eu conheci a agitação neste mundo terrível.’ 124. Quando cheguei a esta convicção, Ó filho de Sari, imediatamente fui a Benares, onde habilmente preguei a lei aos cinco solitários, aquela lei que é a base da beatitude final. 125. Desde este momento a roda de minha lei tem se movido, e o nome do Nirvana fez a sua aparição no mundo, bem como o nome de Arhat, Dharma e Sangha. 126. Durante muitos anos eu preguei e indiquei o estágio do Nirvana, o fim da miséria e da existência mundana. Assim falava eu sempre. 127. E quando vi, Sariputra, os filhos do mais elevado dos homens em muitos milhares de kotis, sem fim, lutando pela a iluminação suprema e mais elevada; 128. E quando aqueles que ouviram a lei dos Ginas, devido às suas habilidades multifacetadas, se aproximaram de mim e diante de mim se quedaram, todos eles com mãos postas, e respeitosos; 129. Então eu concebi a idéia de que o momento havia chegado para que eu anunciasse a lei excelente e para revelar a iluminação suprema, para este trabalho tendo eu nascido no mundo. 130. Este (evento) hoje será de difícil compreensão para os ignorantes que imaginam ver aqui um sinal, porque são orgulhosos e chatos. Mas os Bodhisatvas, estes me ouvirão. 131. E eu me senti livre de hesitação e muito animado; deixando de lado toda a timidez, eu comecei a falar na assembléia dos filhos do Sugata e os despertei para a iluminação. 132. Ao perceber tais valorosos filhos do Buda (eu disse): Suas dúvidas também serão tiradas, e estes mil e duzentos (discípulos) meus, livres de imperfeições, todos eles se tornarão Budas. 133. Assim mesmo como a natureza da lei dos antigos poderosos santos e Ginas futuros é, assim também é minha lei livre de qualquer dúvida, tal como hoje eu a conto a vocês. 134. Em certos lugares, em certos momentos, de alguma forma os líderes aparecem no mundo, e depois de suas aparições eles, cuja visão é sem limites, em algum tempo ou outro pregam uma lei semelhante. 135. É muito difícil de se encontrar com esta lei superior, mesmo que seja em miríades de kotis de Aeons; muito raros são os seres que se juntarão à lei superior que acabaram de ouvir de mim. 136. Assim como a flor da figueira é rara, apesar de, em alguns lugares e, de alguma forma, possa ser encontrada, como algo agradável de se ver para todos que a vêem, como uma maravilha para o mundo inclusive para os deuses; 137. (Tão maravilhosa) e muito mais ainda é a lei que eu proclamo. Qualquer um que, ao ouvir a boa exposição dela, aceitá-la alegremente e recitar nem que seja uma só palavra dela, terá honrado a todos os Budas. 138. Desista de toda dúvida e incerteza quanto a isto; Eu digo que sou o rei da lei (Dharmaraga); e eu estou encorajando outros para a iluminação, mas eu estou aqui sem qualquer discípulo que seja.
    139. Que este mistério seja pra você, Sariputra, para todos os meus discípulos, e para os eminentes Bodhisatvas, que manterão este mistério. 140. Pois os seres, no período das cinco depravações, são vis e maus; são cegos pelos desejos sensuais, os tolos, e nunca se viram suas mentes para a iluminação. 141. (Alguns) seres, tendo ouvido este uno é único veículo manifestado pelo Gina, irá em dias vindouros se desviar dele, rejeitar o Sutra, e descer aos infernos. 142. Mas aqueles seres que são modestos e puros, lutando pela iluminação suprema e mais elevada, a estes eu, sem hesitar, mostro as formas sem fim deste veículo uno e único. 143. Tal é o domínio dos líderes; tal suas habilidades. Eles falaram em muitos mistérios; por isto é difícil de os compreender. 145. Portanto tente compreender o mistério dos Budas, os santos mestres do mundo; abandone toda a dúvida e incerteza: todos vocês se tornarão Budas; alegrem-se!
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    Saddharma-Pundarika / Uma Parábola / Capítulo 3
    CAPÍTULO 3
    UMA PARÁBOLA
    Então o venerável Sariputra, alegre, agradecido, jubiloso, encantado, vibrando de felicidade e alegria, alçou suas mãos postas em direção ao Senhor, e fitando o Senhor com um olhar firme, dirigiu-se-lhe desta maneira: eu estou espantado, atônito, Ó Senhor! Eu estou em êxtase por ouvir um tal chamado do Senhor. Pois (quando) antes de ter ouvido essa lei do Senhor, eu vi outros Bodhisatvas, e ouvi dizer que os Bodhisatvas do futuro teriam o nome de Budas, eu me senti então muito triste, extremamente vexado de ser privado de uma tão grande visão como o conhecimento do Tathagata. E sempre que, Ó Senhor, para minha recreação diária eu visitava as cavernas de pedra nas montanhas, bosques, belos jardins, rios e raízes de árvores, eu sempre me ocupava com o mesmo pensamento a que sempre recorria: ‘Enquanto a entrada nos pontos fixos da lei é nominalmente igual, fomos dispensados pelo Senhor com o veículo inferior.’ Instantaneamente senti, contudo, Ó Senhor, que era nosso próprio engano, não do Senhor. Pois que se tivéssemos prestado atenção ao Senhor quando Ele deu a insuperável demonstração da lei, isto é, a exposição da iluminação suprema e perfeita, então, Ó Senhor, deveríamos ter-nos tornado adeptos daquelas leis. Mas porque, sem compreender o mistério do Senhor, nós, no momento em que os Bodhisatvas não estavam reunidos, ouvimos apenas às pressas, pregamos, meditamos, pensamos e digerimos as primeiras lições pronunciadas sobre a lei, portanto, Ó Senhor, eu acabava por passar noite e dia em auto-censura. Mas hoje, Ó Senhor, eu alcancei a extinção completa; hoje, Ó Senhor, eu me tornei calmo; hoje, Ó Senhor, eu cheguei plenamente ao descanso; hoje, Ó Senhor, eu alcancei o Arhatado; hoje, Ó Senhor, eu sou o filho mais velho do Senhor, nascido de sua lei, concebido pela lei, feito pela lei, herdando da lei, realizado pela lei. Meu queimar me deixou, Ó Senhor agora que ouvi essa lei maravilhosa, que não havia aprendido, anunciada pela voz procedente da boca do Senhor. E naquela ocasião o venerável Sariputra dirigiu-se ao Senhor nas seguintes estrofes: 1. Estou espantado, grande líder, estou encantado em ouvir essa voz; eu não mais sinto dúvidas; agora estou plenamente amadurecido para o veículo superior. 2. Maravilhosa é a voz dos Sugatas; elimina a dúvida e a dor dos seres vivos; minha dor também se foi toda agora que, livre de imperfeições, ouvi aquela voz ou chamado. 3. Quando estava em minha recreação diária ou andando pelos bosques, quando indo às raízes das árvores ou às cavernas nas montanhas, eu não incorri em outro pensamento além desse: 4. ‘Ó como sou levado por pensamentos vãos; enquanto que as leis sem erros são nominalmente iguais, deverei eu no futuro não pregar a lei superior ao mundo? 5. ‘As trinta e duas marcas características me escaparam, e a cor dourada da pele desapareceu; todos os dez poderes e emancipações de forma semelhante perdidos. ‘O como me perdi nas leis iguais! 6. ‘As marcas secundárias também dos grandes Videntes, os oitenta excelentes sinais específicos, e as dezoito propriedades incomuns me faltaram. Ó como sou iludido!’ 7. E quando eu percebi a vós, tão benigno e compassivo com o mundo, e estava solitário andando na minha recreação diária, eu pensei: ‘Estou excluído do conhecimento inconcebível, ilimitado!’ 8. Dias e noites, Ó Senhor, eu passei pensando sempre no mesmo assunto; eu perguntaria ao Senhor se havia perdido a minha hierarquia ou não. 9. Em tais reflexões, Ó Chefe dos Ginas, eu, constantemente, passava meus dias e minhas noites; e vendo muitos outros Bodhisatvas louvados pelo líder do mundo. 10 . E ouvindo esta lei de Buda, eu considerava: ‘Por certo, isto é exposto misteriosamente; é uma ciência inescrutável, sutil e sem erros, que é anunciada pelos Ginas no terreno da iluminação.’    
    11. Antigamente eu estava apegado a teorias (heréticas), sendo um monge peregrino e em altas honrarias (ou, da mesma opinião) que os heréticos; mais tarde o Senhor, observando a minha disposição, mostrou-me o Nirvana para livrar-me de pontos de vista invertidos. 12. Depois de ter me libertado completamente de todos os pontos de vista (heréticos) e atingido as leis do vazio, (eu concebo) que me tornei extinto; contudo isso não é considerado como sendo extinção. 13. Mas quando a pessoa se torna Buda, um ser superior, honrado por homens, deuses, duendes, Titãs, e agraciado com as trinta e duas marcas características, então torna-se completamente extinto. 14. Todos esses cuidados (antigos) foram agora dispersos, agora que ouvi a voz. Agora estou eu extinto, assim como anunciais o meu destino (de Nirvana) ante o mundo, inclusive dos deuses. 15. Quando primeiro ouvi a voz do Senhor, eu tive um grande terror, a menos que fosse Mara, o maligno, que nessa ocasião tivesse adotado o disfarce de Buda. 16. Mas quando a insuperável sabedoria de Buda foi apresentada e estabelecida com argumentos, razões e ilustrações, por miríades de kotis, então eu perdi toda a dúvida sobre a lei que ouvi. 17. E quando me mencionaste os milhares de kotis de Budas, os Ginas do passado que chegaram ao descanso final, e como pregaram essa lei, estabelecendo-a firmemente através de meios habilidosos; 18. Como os muitos Budas do futuro e aqueles que ora existem, como conhecedores da verdade real, exporão ou estão expondo essa lei com centenas de meios habilidosos; 19. E quando mencioneis vosso próprio curso após deixar o lar, como a idéia da roda da lei se vos apresentou e como decidistes por pregar a lei. 20. Então eu me convenci: Este não se trata de Mara; é o Senhor do mundo, que mostrou o verdadeiro caminho; nenhum Mara poderia permanecer aqui. Então minha mente (por um momento) Ó ficou cheia de perplexidade; 21. Mas quando a doce, profunda e maviosa voz do Buda me alegrou, todas as dúvidas foram dissipadas, minha perplexidade desapareceu, e eu me quedei firme no conhecimento. 22. Eu devo me tornar um Tathagata, sem dúvidas, venerado no mundo inclusive pelos deuses; eu manifestarei a sabedoria de Buda, misteriosamente despertando a muitos Bodhisatvas. Depois desse discurso do venerável Sariputra, o Senhor lhe disse: Eu te declaro, Sariputra, eu te anuncio, em presença deste mundo inclusive dos deuses, Maras e Brahmas, em presença deste povo, incluindo ascetas e Brâmanes, que tu, Sariputra, foste amadurecido por mim para a iluminação suprema perfeita, em presença de vinte centenas de milhares de kotis de Buda, e que tu, Sariputra, seguiste há muito tempo a minha vontade. Tu, Sariputra, és, pelo conselho do Bodhisatva, pelo decreto do Bodhisatva, aqui renascido sob meu reinado. Devido à poderosa vontade do Bodhisatva tu, Sariputra, não tens lembrança de tua promessa passada de observar o curso (religioso); do conselho do Bodhisatva, do decreto do Bodhisatva. Pensas que alcançaste o descanso final. Eu, querendo reviver e renovar em ti o conhecimento de tua promessa passada para observar o curso (religioso), revelarei aos discípulos o Dharmaparyaya chamado ‘o Lótus Branco da Verdadeira Lei’, este Sutranta etc. Novamente, Sariputra, em um período futuro, depois de Aeons inumeráveis, inconcebíveis, imensuráveis, quando tiveres aprendido a verdadeira lei de centenas de milhares de kotis de Tathagatas, demonstrado a devoção de várias formas, e alcançado o presente curso do Bodhisatva, tornar-vos-ei no mundo um Tathagata etc. chamado Padmaprabha, agraciado com ciência e conduta, um Sugata, um conhecedor do mundo, um insuperável orientador de homens, um mestre de deuses e homens, um Senhor Buda. Naquele tempo então, Sariputra, o campo de Buda daquele Senhor, o Tathagata Padmaprabha, a ser chamado Viraga, será plano, agradável, deleitoso, extremamente bonito de se ver, puro próspero, rico, quieto, abundante em comida, repleto de muitas raças de homens; consistirá de lápis-lazuli e conterá um tabuleiro enxadrezado com oito compartimentos distinguidos por fios de ouro, cada compartimento tendo a sua árvore de jóia sempre e perpetuamente cheia de flores e frutos das sete substâncias preciosas.
    Agora, aquele Tathagata Padmaprabha etc., Sariputra, pregará a lei por intermédio dos três veículos. Alem disso, Sariputra, aquele Tathagata não aparecerá na decadência do Aeon, mas pregará a lei por virtude de uma promessa. Aquele Aeon, Sariputra, será chamado Maharatnapratimandita (i.e. ornamentado de magníficas jóias). Sabes tu, Sariputra, por que aquele Aeon será chamado Maharatnapratimandita? Os Bodhisatvas de um campo de Buda, Sariputra, são chamados ratnas (jóias), e naquele tempo haverão muitos Bodhisatvas naquela esfera (chamada) Viraga, inúmeros, incalculáveis, além do cômputo, abstração feita deles por serem computados pelos Tathagatas. Por isso é aquele Aeon chamado Maharatnapratimandita. Agora, para prosseguir, Sariputra, naquele período os Bodhisatvas daquele campo irão ao andar, pisar os lótus de jóia. E aqueles Bodhisatvas não estarão executando seus trabalhos pela primeira vez, tendo eles acumulado raízes de bondade e observado o curso do dever sob muitas centenas de milhares de Budas; eles são louvados pelos Tathagatas por suas zelosas aplicações do conhecimento de Buda; são aperfeiçoados nos ritos preparatórios ao conhecimento transcendental; peritos na direção de todas as leis verdadeiras; gentis, considerados. Geralmente, Sariputra, aquela região de Buda estará pululando de tais Bodhisatvas. Quando à duração devida, Sariputra, daquele Tathagata Padmaprabha, esse durará doze kalpas intermediários, se deixarmos fora de questão o tempo seu de ter sido um jovem príncipe. E a duração de vida das criaturas então viventes medirá oito kalpas intermediários. Ao fim de doze kalpas intermediários, Sariputra, o Tathagata Padmaprabha, após anunciar o destino futuro do Bodhisatva chamado Dhritiparipurna à iluminação perfeita superior, entrará no Nirvana completo. ‘Esse Bodhisatva Mahasatva Dhritiparipurna, Ó monges, deverá imediatamente, seguindo-se a mim, alcançar a iluminação suprema e perfeita. Ele se tornará no mundo um Tathagata chamado Padmavrishabhavikramin, um Arhat etc., agraciado com ciência e conduta etc. etc.’ Agora o Tathagata Padmavrishabhavikramin, Sariputra, terá um corpo de Buda exatamente da mesma descrição. A verdadeira lei, Sariputra, daquele Tathagata Padmavrishabhavikramin durará, após sua extinção, trinta e dois kalpas intermediários, e a imitação de sua verdadeira lei durará iguais kalpas intermediários. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 23. Tu também, filho de Sari, deverás no futuro te tornar um Gina, um Tathagata chamado Padmaprabha, de visão ilimitada; deverás educar milhares de kotis de seres vivos. 24. Depois de honrar muitos kotis de Budas, fazendo um esforço extremo no curso do dever, e depois de teres produzido em ti os dez poderes, alcançarás a iluminação suprema perfeita. 25. Dentro de um período inconcebível e imenso haverá um Aeon rico em jóias (ou o Aeon rico-jóia), e uma esfera chamada Viraga, o campo puro dos homens mais elevados; 26. E o seu chão consistirá de lápis-lazuli, e será arrematado por fios de ouro; terá centenas de árvores de jóias, muito bonitas, e cobertas de flores e frutos. 27. Bodhisatvas com boa memória, capazes de mostrar o curso do dever que foram ensinados sob centenas de Budas, nascerão naquele campo. 28. E o Gina acima mencionado, então em sua última existência corpórea, deverá, após passar o estado de príncipe real, renunciar aos prazeres sensuais, deixar a casa (para tornar-se um asceta peregrino), e mais tarde alcançar a mais elevada e suprema iluminação. 29. A duração de vida daquele Gina será precisamente de doze kalpas intermediários, e a vida dos homens durará então oito kalpas intermediários. 30. Depois da extinção do Tathagata a verdadeira lei continuará por trinta e dois Aeons ao todo, para o beneficio do mundo, inclusive dos deuses. 31. Quando a verdadeira lei terminar, a sua imitação durará trinta e dois kalpas intermediários. As relíquias dispersas do sagrado serão sempre honradas por homens e deuses. 32. Tal será o destino daquele Senhor. Alegra-te, Ó filho de Sari, pois és tu quem será então aquele mais excelente dos homens, assim insuperável As quatro classes de audiência, monges, monjas, devotos leigos, homens e mulheres deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres não humanos, ouvindo o destino do venerável Sariputra para a iluminação suprema e perfeita, ficaram tão contentes, alegres, encantados, vibrando de alegria e deleite, que cobriram o Senhor separadamente com seus próprios mantos, enquanto que Indra, o rei dos Deuses, Brahma Sahampati além de centenas de milhares de kotis de outros seres divinos, cobriam-no com vestimentas celestes e o envolveram de flores do céu, Mandaravas e grandes Mandaravas. Giraram alto roupas celestes, e tocaram centenas de milhares de címbalos e instrumentos musicais celestes, alto nos céus; e depois de verterem uma grande chuva de flores pronunciaram essas palavras: A roda da lei foi posta em movimento pelo Senhor, a primeira vez em Benares, em Rishipatana, no parque dos Veados; hoje novamente o Senhor colocou em movimento a suprema roda da lei. E naquela ocasião aqueles seres divinos pronunciaram as seguintes estrofes: 33. A roda da lei foi colocada em movimento por vós, Ó vós que sois sem rival no mundo, em Benares, Ó grande herói! (aquela roda que é a rotação do ) surgimento e decadência de todos os agregados. 34. Lá foi colocada em movimento pela primeira vez; agora, uma segunda vez, é girada aqui, Ó Senhor. Hoje, Ó Mestre, pregaste esta lei, que é difícil de se receber com fé. 35. Muitas leis ouvimos nós perto ao Senhor do mundo, mas nunca antes ouvimos uma lei como essa. 36. Recebemos com gratidão, Ó Grande herói, o discurso misterioso dos grandes Sábios, tal com esta predição que diz respeito ao auto-controlado Arya Sariputra. 37. Possamos nós também nos tornar tais Budas incomparáveis no mundo, que pelo discurso misterioso anunciemos a suprema iluminação de Buda. 38. Possamos nós também, pelo bem que fizemos nesse mundo e no próximo, e por termos propiciado ao Buda, sermos permitidos a fazer a promessa pelo Budado. Então, o venerável Sariputra falou assim ao Senhor: Minha dúvida de esvaiu, Ó Senhor, minha incerteza chegou a um fim, ouvindo da boca do Senhor meu destino para a iluminação suprema. Mas estes mil e duzentos (discípulos) autocontrolados, Ó Senhor, que foram por vós colocados no estágio de Saikshas, foram assim advertidos e instruídos: ‘Minha pregação da lei, Ó monges, refere-se a isso, que a libertação do nascimento, envelhecimento, doença, e morte está inseparavelmente conectada com o Nirvana; e esses dois mil monges, Ó Senhor, vossos discípulos, tanto aqueles que ora estão sob treinamento e adeptos, todos eles estando livres de pontos de vista falsos sobre a alma, pontos de vista falsos sobre a existência, pontos de vista falsos sobre a cessação da existência, livres, em resumo, de todos os pontos de vista falsos, que se imaginam ter alcançado o estágio do Nirvana, esses cairiam na incerteza ao ouvirem da boca do Senhor essa lei que não haviam ouvido antes. Portanto Senhor, por favor fale a esses monges, para dispersar as suas intranqüilidades, para que as quatro classes de audiência, Ó Senhor, possam ficar livres de suas dúvidas e perplexidades. Com esse discurso do venerável Sariputra o Senhor lhe disse o seguinte: Não vos disse eu antes, Sariputra, que o Tathagata etc., prega a lei com meios habilidosos, direções várias e indicações, idéias fundamentais, interpretações adequadas, com a devida consideração às diferentes disposições e inclinações das criaturas cujos temperamentos são tão diversos? Todas as suas pregações da lei não têm outro fim senão a iluminação suprema e perfeita, para a qual ele está despertando os seres ao rumo do Bodhisatva. mas Sariputra, para esclarecer essa questão em mais detalhes, eu te contarei uma parábola, pois homens de boa compreensão, geralmente perceberão mais rápido e profundamente o significado do que é transmitido sob a forma de uma parábola. Suponhamos o seguinte caso, Sariputra. Em uma certa aldeia, cidade, província, prefeitura, reino ou capital, existe um certo senhor, velho, idoso, decrépito, muito avançado em anos, rico , influente, opulento; ele tinha uma grande casa, alta, espaçosa, construída há muito tempo atrás e já antiga, habitada por uns duzentos, trezentos, quatrocentos ou quinhentos seres vivos. A casa tinha apenas uma porta, e um telhado; os seus terraços estavam bambos, as bases de seus pilares podres, as coberturas e revestimentos das paredes soltas. De repente a casa inteira foi de todos os lados incendiada por um grande fogaréu. Suponhamos que o homem tivesse filhos pequenos, digamos cinco, ou dez, ou mesmo vinte, e que ele mesmo havia saído da casa. Agora, Sariputra, aquele homem, vendo que a casa de todos os lados encontra-se em chamas por um grande fogaréu, ficou temeroso, aflito, apavorado, e fez a seguinte reflexão: eu mesmo sou capaz de sair da casa em chamas pela porta, rápido e desembaraçadamente, sem ser atingido ou queimado por aquele fogaréu; mas meus filhos, aquelas pequenas crianças, ficaram na casa incendiada, brincando, se divertindo, e se distraindo com todo tipo de jogos. Eles não percebem nem sabem, nem compreendem, nem ligam que a casa esteja em chamas, e não têm medo. Apesar de queimados por aquele fogaréu, não ligam para a dor, sequer concebem a idéia de escapar. O homem, Sariputra, é forte, tem poderosos braços, e (assim) faz essa reflexão: eu sou forte, e tenho braços poderosos; ora, deixe-me reunir todas as minhas crianças e pegá-las contra meu peito para fazê-las escapar da casa. Uma segunda reflexão então se lhe apresenta à mente: Essa casa não tem senão uma abertura; a porta está fechada; e esses meninos, sem firmeza, avoados, dispersivos e infantis como são, irão, isto é para se temer, correr daqui para ali, e vai acontecer um desastre nesse fogaréu. Portanto eu os advertirei . Assim resoluto, ele chama os meninos: Venham, meus filhos; a casa está pegando fogo; venham a menos que vos queimei nesse fogaréu e um desastre aconteça. mas as crianças caprichosas não ligam para suas palavras, que é de quem lhes quer bem; não estão com medo, não estão alarmadas, e não sentem falta de nada; não ligam, não fogem, nem mesmo sabem ou compreendem o que quer dizer a palavra ‘queimar’, muito pelo contrário, correm daqui para ali, perambulam e repetidamente fitam seu pai; tudo porque são ignorantes assim. Então o homem reflete da seguinte forma: a casa está se consumindo em chamas, está ardendo em um fogaréu. É para se temer que eu, bem como meus filhos, chegaremos à tristeza, ao desastre. Deixe-me então, através de algum meio habilidoso tirar os meninos da casa. O homem conhece as disposições dos meninos, e tem uma percepção clara de suas inclinações. Agora, acontece que esses meninos têm muitos e variados brinquedos para se distraírem, bonitos, atraentes, agradáveis, caros, divertidos e preciosos. O homem, conhecendo suas disposições, lhes diz: Meus filhos, teus brinquedos, que são tão bonitos, caros, divertidos e admiráveis, que relutais tanto em perder, que são tão variados e diversos, (tais como) carrinhos puxados a boi, carrinhos puxados a bodes, carrinhos puxados a veados, que são tão bonitos, bons, agradáveis, queridos e valiosos, para vocês, foram todos postos por fim do lado de fora da porta casa para que possam brincar lá. Venham, pois, corram para fora, deixem a casa; e a cada um de vocês eu darei o que quiserem. Venham logo; venham por esses brinquedos. E os meninos, ouvindo menção de tais brinquedos que eles apreciam e querem tanto, tão atraentes ( aos seus gostos), tão formosos, preciosos, encantadores e queridos, rapidamente correm porta afora da casa em chamas, com grande alarde, alegria, entusiasmo, empenho e ansiedade, um não tendo tempo de esperar o outro, correm se empurrando, aos gritos de “Quem chegará lá primeiro, quem será o vencedor?’ O homem, vendo (que) seus filhos, desenvolta e felizmente escaparam, e sabendo que estão livres do perigo, vai e senta-se ao ar livre na praça da aldeia, seu coração cheio de alegria e deleite, livre de preocupação e impedimento, bem à vontade. Os filhos vão onde seu pai se encontra e dizem: “Pai, dê-nos aqueles brinquedos que nos prometeste para brincarmos, aqueles carros de boi, carros de cabra e carros de veados.” Então, Sariputra, o homem lhes dá a seus filhos, que correm ligeiro como o vento, carrinhos de bois apenas, feitos com as sete substancias preciosas, aparelhados com assentos, pendurados com uma porção de sininhos, alto, adornado com jóias raras e maravilhosas, embelezadas com fios de jóias, decorada com guirlandas de flores, atapetadas com colchões de algodão e cobertores de lá, cobertas de tecidos e seda branca, tendo em ambos os lados colchões rosados, atrelados com belos e rápidos bois brandos, conduzidos por uma multidão de homens. Para cada um de seus filhos ele dá variados carros de boi de aparências diferentes e de tipos diversos, equipados de bandeiras e rápidos como o vento. Aquele homem assim o faz, Sariputra, por que sendo rico, influente, e detendo muitos tesouros e silos de grãos, ele corretamente acha: por que deveria eu dar carros inferiores a meus filhos, já que são filhos meus, caros e preciosos? Eu tenho carros mil, e deveria tratar a todos os filhos igualmente e sem parcialidade. Como possuo muitos celeiros e tesouros, poderia dar tais grandes carros a todos os seres, quanto mais a meus próprios filhos. Enquanto isso o meninos estão subindo nos carros., se sentindo deslumbrados e maravilhados. Agora, Sariputra, qual a tua opinião:? Tronou-se o homem culpado de falsidade por ter primeiro apresentado a seus filhos as promessas dos três carros e mais tarde dado a cada qual apenas os melhores veículos, os mais caros e bem aparelhados? Sariputra respondeu: De jeito algum, Senhor; de jeito algum, Sugata. Isso não basta, Ó Senhor, para qualificar o homem com um mentiroso, já que foi apenas um meio habilidoso de persuadir seus filhos a sair da casa em chamas e salvar suas vidas. Não, além de recobrar seus próprios corpos, Ó Senhor, eles receberam todos aqueles brinquedos. Se aquele homem, Ó Senhor, não tivesse dado um só carro, mesmo assim ele não teria sido um mentiroso, pois havia previamente cogitado de salvar as pequenas crianças de uma grande (massa de) dor através de algum meio habilidoso. Mesmo nesse caso, Ó Senhor, o homem não teria sido culpado de falsidade, e muito menos agora que, considerando-se ter ele muitos tesouros e motivado por nada além que seu amor para com seus filhos, dá a todos, para lhes agradar, carros de um só tipo, e aqueles dos de melhor qualidade, para todos. Esse homem, Senhor, não é culpado de falsidade. O venerável Sariputra tendo assim falado, o Senhor lhe disse: Muito bem, muito bem, Sariputra, é assim mesmo; é tal com dizes. Assim também, Sariputra, o Tathagata etc. ,está livre de todos os perigos, completamente livre de todo infortúnio, cansaço, calamidade, dor, tristeza, dos espessos véus circundantes da ignorância. Ele, o Tathagata, agraciado com o conhecimento de Buda, força, ausência de hesitação, propriedades incomuns, e (poderoso com) faculdades sobrenaturais, é o pai do mundo, que alcançou a sua perfeição mais alta no conhecimento dos meios habilidosos, que é muito compassivo, paciente, benevolente, tolerante. Ele aparece nesse mundo triplo, que é como uma casa cujo telhado e abrigo estão corroídos, (uma casa) queimando com uma massa de miséria, para libertar da afeição, ódio e ilusão os seres sujeitos ao nascimento, velhice, doença, morte, tristeza, ódio, choro, dor, melancolia, cansaço, os obscuros véus circundantes da ignorância, para levá-los à iluminação suprema e perfeita. Uma vez tendo nascido, ele vê como as criaturas são queimadas, atormentadas, sujeitas a vexames, perturbadas pelo nascimento, velhice, doença, morte, tristeza, choro, dor, melancolia, cansaço; como, por causa de distrações e atiçadas pelos desejos sensuais, sofrem variadamente dores múltiplas. Em conseqüência do que buscam nesse mundo e do que adquiriram, ainda sofrerão em um estado futuro dores variadas, no inferno, na criação bruta, no reino de Yama; sofrerão tais dores como pobreza no mundo dos deuses ou homens, união como pessoas ou coisas odiosas, e separação dos entes queridos. E enquanto, incessantemente, se envolvem nessa massa de males, estão a brincar, em folguedos, se divertindo; não temem, nem abominam, nem se tomam de pânico; não sabem, nem ligam; não estão assustados, não tentam escapar, mas se distraem, naquele mundo tríplice que é como uma casa em chamas, e correm daqui para ali. Apesar de afogados por essa massa de males, não concebem a idéia de que deveriam disso se precaver. Nessas circunstâncias, Sariputra, o Tathagata reflete assim: Verdadeiramente eu sou o pai desses seres; eu os deveria salvar dessa massa de males e dar-lhes alegria imensa, inconcebível do conhecimento de Buda, com a qual deveriam se divertir, brincar e deleitar, onde achariam seus descansos. Então, Sariputra, o Tathagata reflete assim: Se, na convicção de possuir o poder do conhecimento e faculdades miraculosas, eu manifestar a esses seres o conhecimento, força e ausência de hesitação do Tathagata, sem me servir de algum meio habilidoso, esses seres não escaparão. Pois estão apegados aos prazeres dos cinco sentidos, aos prazeres mundanos; não se libertarão do nascimento, velhice, doença, morte, tristeza, choro, lamentação, dor, melancolia, cansaço, pelos quais são queimados, atormentados, submetidos a vexames, aflitos. A menos que sejam forçados a deixar o mundo triplo que é como uma casa cujo abrigo e teto estão em chamas, com se familiarizariam com o conhecimento de Buda? Agora, Sariputra, assim mesmo como aquele homem de braços poderosos, sem se utilizar da força de seus braços, atrai seus filhos para fora da casa em chamas através de um meio habilidoso, e mais tarde lhes dá carros grandes, magníficos, assim, Sariputra, o Tathagata, o Arhat etc., penetrado do conhecimento e da liberdade de toda hesitação, sem os utilizar, para atrair as criaturas para fora do mundo triplo que é como uma casa em chamas com abrigo e telhado corroídos, mostra, com seu conhecimento de meios habilidosos, três veículos, a saber, o veículo dos discípulos, o veículo dos Pratyekabudas, e o veículo dos Bodhisatvas. Por intermédio desses três veículos ele atrai as criaturas e assim fala a elas: Não se fiem nesse mundo triplo, que é como uma casa em chamas, nessas formas miseráveis, sons, odores, sabores, contatos. Pois, pelo deleite nesse mundo tríplice, somos queimados, aquecidos, inflamados com a sede inseparável dos prazeres dos cinco sentidos. Fugi desse mundo tríplice; refugiai-vos nos três veículos: o veículo dos discípulos, o veículo dos Pratyekabudas, o veiculo dos Bodhisatvas. Eu vos dou minha palavra, que eu vos darei estes três veículos; façam um esforço para fugir desse mundo triplo. E para atrai-los eu digo: Esses veículos são grandes, elogiados pelos Aryas e equipados com as coisas mais agradáveis. com tais ides folgar, brincar e se divertir de uma nobre maneira. Sentireis grande alegria das faculdades, poderes, constituintes de Bodhi, meditações, os (oito) graus de emancipação, autoconcentração, e os resultados da auto-concentração, e vos tornareis grandemente felizes e animados.
    Agora, Sariputra, os seres que se tornaram sábios tem fé no Tathagata, o pai do mundo, e conseqüentemente aplicam-se às suas (orientações). Dentre eles existem alguns que, desejando seguir o mandato de uma voz autoritária, se aplicam ao comando do Tathagata para adquirir o conhecimento das quatro nobres verdades, para o seu próprio Nirvana completo. Esses se pode dizer serem aqueles que, desejando o veículo dos discípulos, fogem do mundo triplo, da mesma foram que alguns dos meninos fogem de casa em chamas querendo um carro atrelado com veados. Outros seres desejosos de ciência sem um mestre, de autocontrole e tranqüilidade, se aplicam ao comando do Tathagata para aprender a compreender as causas e efeitos, por causa de seu próprio Nirvana completo. Esses se pode dizer serem aqueles que, almejando o veículo dos Pratyekabudas, fogem do mundo tríplice, da mesma forma que alguns meninos fogem de casa em chamas e desejando um carro atrelado com cabras. Outros, novamente desejosos do conhecimento onisciente, do conhecimento de Buda, do conhecimento do auto-gerado, a ciência sem um mestre, se aplicam ao comando do Tathagata para aprender a compreender conhecimento, poderes e liberdade de hesitação do Tathagata, por causa do bem e felicidades gerais, por compaixão ao mundo, para o benefício, bem e felicidade do mundo como um todo, ambos, divino e humano, para o Nirvana completo de todos os seres. Esses poderíamos dizer serem aqueles que desejando o grande veículo, escapam do mundo triplo. Portanto são chamados Bodhisatvas Mahasatvas. Podem ser comparados àqueles dentre os meninos que fugiram da casa em chamas pelo desejo de obter uma carroça atrelada com bois. Da mesma forma, Sariputra, como aquele homem, ao ver seus filhos fugindo da casa em chamas e sabendo que estavam felizmente a salvo e fora de perigo, com a consciência de sua grande riqueza, dá às crianças um só grande carro; assim, também, Sariputra, o Tathagata, o Arhat etc., ao ver muito kotis de seres recobrados do mundo triplo, libertos da tristeza, medo, terror, e calamidade, tendo escapado graças ao comando do Tathagata, livres de todo medo, calamidades e dificuldades, e tendo alcançado a felicidade do Nirvana, assim, também, Sariputra, o Tathagata, o Arhat etc., considerando que possui uma grande riqueza de conhecimento, poder, e ausência de hesitação, e que todos os seres são suas crianças, os conduz por nenhum outro veículo alem do veículo do Buda ao desenvolvimento pleno. Mas ele não ensina um Nirvana particular para cada ser; ele faz com que todos os seres alcancem o Nirvana completo por intermédio do Nirvana completo do Tathagata. E aqueles seres, Sariputra, que ficam livres do mundo tríplice, a eles o Tathagata dá como brinquedos para que se divirtam com os elevados prazeres do Aryas, os prazeres da meditação, emancipação, autoconcentração, e os seus resultados; (brinquedos) todos do mesmo tipo. Assim mesmo com aquele homem, Sariputra, não pode ser dito ter contado uma falsidade por ter prometido aos filhos os três veículos e lhes dado a todos apenas um grande veículo, um magnífico veículo feito das sete substâncias preciosas, decorado com todo tipo de ornamento, um veículo de um tipo, o mais insigne de todos, assim, também, Sariputra, o Tathagata, o Arhat etc., não diz uma falsidade quando, por intermédio de um meio habilidoso, ele primeiro apresenta três veículos e mais tarde os conduz a todos ao Nirvana completo pelo grande veículo único. Pois que o Tathagata, Sariputra, que é rico em tesouros e celeiros de abundante conhecimento, poderes, e ausência de hesitação, é capaz de ensinar a todos os seres a lei que está relacionada com o conhecimento do onisciente. Dessa forma, Sariputra, deve-se compreender como o Tathagata, por um meio habilidoso e direção mostra apenas um veículo, o grande veículo. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 39. Um homem tem uma velha casa, grande, mas muito decadente; os seus terraços estão se decompondo e as colunas podres na base. 40. As janelas e balcões estão parcialmente arruinados, a parede bem como o revestimento e a argamassa se desfazendo; a cobertura mostra furos de idade; o teto está todo cheio de buracos. 41. Está ocupada por não menos de quinhentos seres; contendo muitos quartos e armários cheios de excremento e coisas repugnantes. 42. As vigas do teto estão completamente arruinadas; as paredes e divisória desmoronando; kotis de abutres aninham-se nela, bem como pombas, corujas e outros pássaros. 43. Há em cada canto terríveis serpentes, venenosíssimas e horríveis; escorpiões, ratos de aparência terrível; é o domicilio de criaturas extremamente malignas de todo o tipo. 44. Alem disso, poder-se-ia encontrar ali seres que sequer pertenciam à raça humana. Está; conspurcada com excremento e urina, e apinhada de vermes, insetos e mosquitos; ressoa com uivos de cães e hienas.
    45. Nela estão horríveis hienas que devoram carcassas humanas; muitos cães e chacais afoitamente procurando por matéria decomposta de cadáveres. 46. Aqueles animais enfraquecidos com perpétua fome entram e saem de vários lugares para se alimentarem de suas vítimas e discutindo enchem o lugar com seus uivos. Assim é essa a mais horrenda das casas. 47. Há também duendes extremamente malignos, que violam carcassas humanas; em vários lugares centopéias, enormes aranhas e víboras. 48. Esses animais arrastam-se em todos os cantos, onde constróem ninhos para depositarem as suas crias, que são por sua vez, com frequência, devoradas pelos duendes. 49. E quando aqueles duendes cruéis ficam saciados se alimentando da carne de outras criaturas, de forma que seus corpos ficaram crescidos e dilatados, então eles mesmos começam a brigar furiosamente ali. 50. Nos lugares ermos estão horríveis demônios malignos, alguns medindo um metro, outros dois ou três metros, todos ágeis em seus movimentos. 51. Têm o hábito de pegarem cachorros pelo pés, jogá-los de cabeça para baixo no chão, fisgar-lhes o pescoço e causá-los padecimentos. 52. Vivem também fantasmas uivantes nus, pretos, evanescentes, altos e compridos, que, esfomeados e a cata de comida estão aqui e ali emitindo gritos de desespero. 53. Alguns têm uma boca como um arco, outro têm uma cabeça como uma vaca; são do tamanho de homens ou cães, com cabelos emaranhados e emitem gritos de reclamação por falta de comida. 54. Esses duendes, descorados, como abutres, ficam espreitando pelas janelas (afora) e através de buracos ou frestas à cata de comida. 55. Tal é aquela casa horrorosa, espaçosa e alta, mas muito deteriorada, cheia de buracos, frágil e horripilante. (Suponhamos) que seja de propriedade de um certo homem, 56. E que, enquanto ele está fora de casa, esta é envolvida por labaredas, repentinamente é arrebatada por um fogaréu de todos os lados. 57. As vigas e pilares consumidos pelo fogo, as colunas e divisórias em chamas estão estalando assustadoramente, enquanto que fantasmas e duendes estão gritando. 58. Abutres são arrojados fora às centenas; demônios retiram-se com os rostos chamuscados; centenas de horríveis feras correm, queimadas de todos os lados, gritando e uivando. 59. Muitos pobres diabos perambulam, torrados pelo fogo; (enquanto que em fogo) dilaceram-se com os dentes mutuamente, e cospem os seus sangues uns nos outros. 60. Hienas também perecem ali, ao se consumirem umas às outras. Os excrementos queimam, e uma fedentina repugnante espalha-se por todos os cantos. 61. As centopéias, tentando fugir, são devoradas pelos demônios. Os fantasmas, com os cabelos em labaredas, param pelo lugar, aflitos tanto pela fome quanto pelo calor. 62. Em tal estado está aquela horrenda casa, onde milhares de línguas de chamas se lançam por toda parte. Mas o homem que é o dono da casa observa de fora. 63. E ele ouve seus próprios filhos, cujas mentes estão ocupadas em brincar com joguetes em seus apegos por aquilo que os diverte, como todos fazem em suas ignorâncias. 64. E assim, logo que os ouve, rapidamente entra para salvá-los, para que as crianças ignorantes não pereçam nas chamas. 65. Ele lhes mostra os problemas da casa e diz: Esta, moços de boa família, é uma casa miserável, horrenda; as várias criaturas que ali habitam e esse fogo para completar, fazem um enorme acúmulo de males. 66. Nela se acham cobras, duendes malignos, demônios, e fantasmas em grandes quantidades, hienas, matilhas de cães e chacais, bem com abutres, procurando por presas. 67. Tais seres vivem nessa casa, que, além do incêndio, é extremamente perniciosa, e miserável o bastante; e agora acontece ali o incêndio, crepitando de todos os lados. 68. As tolas crianças, contudo, apesar de advertidas, não ligam para as palavras de seu pai, iludidas como estão com seus brinquedos; nem sequer o compreendem. 69. Então o homem pensa: Eu estou (agora) angustiado por causa dos meus filhos. De que adianta ter filhos se os perdemos? Não, não perecerão neste fogo.
    70. De pronto um artifício lhe ocorre à mente. Essas crianças jovens (e ignorantes) gostam de brinquedos, e justo agora não têm nenhum com o qual se divertir. Ó, como são tolos! 71. Ele então lhes diz: Ouvi, meus filhos, eu possuo carros de diferentes tipos, atrelados com veados, cabras e excelentes bois, grandes, elevados e completamente equipados. 72. Estão fora da casa; corram para fora, façam com eles o que quiserem; por vossa causa eu os fiz construir. Corram para fora todos juntos, e alegrai-vos de tê-los. 73. Todas as crianças, ao ouvirem falar de tais carros, excitam-se, e rapidamente vão em galopada para fora e alcançam o ar livre, finalmente livres do perigo. 74. Vendo que as crianças saíram, o homem, encaminha-se para a praça do centro da aldeia, e dali, no trono em que se assenta, diz: Boas pessoas, agora me sinto aliviado. 75. Esses pobres filhos meus, que (eu) recuperei com dificuldades, meus (próprias ) caros vinte filhos (moços), estavam em uma casa horrível, miserável, cheia de (muitos) animais horripilantes. 76. Enquanto queimava e estava envolta em milhares de labaredas, nela se divertiam brincando, mas (agora eu os ) salvei (a) todos. Portanto (eu me) sinto ora muito feliz. 77. As crianças, vendo seu pai feliz, se lhe aproximaram, dizendo: Caro pai, dê-nos, como prometeste, aqueles belos veículos dos três tipos; 78. E realize o que prometeste na casa, quando nos disseste, ‘Eu vos darei três tipos de veículos.’ Dá-nos; heis o momento certo. 79. Então o homem (como supúnhamos) tinha um enorme tesouro de ouro, prata, pedras preciosas, e pérolas; ele possuía gado, numerosos escravos, domésticos, e veículos de vários tipos; 80. Carros feitos de materiais preciosos, atrelados com bois excelentes, com bancos e uma fila de sinos tocando, decorados com guarda sóis e bandeirolas, e adornados com uma rede de gemas e pérolas. 81. Eles estão embelezados com ouro e guirlandas artificiais dependuradas aqui e ali, recobertos de tecido branco de excelente qualidade . 82. Esses carros estão equipados além disso com almofadas escolhidas de seda branca servindo para encosto, e cobertos de esmerados tapetes representando as imagens de cisnes e garças, e valendo milhares de kotis. 83. Os carros são puxados por bois brancos, bem alimentados, fortes, de grande porte, muito bois, que são atendidos por numerosas pessoas. 84. Tais carros primorosos aquele homem dá a todos seus filhos, que, alegres e excitados, vão brincar com eles por toda parte. 85. Da mesma forma, eu, Sariputra, o grande Vidente, sou o protetor e pai de todos os seres, e todas as criaturas, que, como crianças são cativas pelos prazeres do mundo triplo, são meus filhos. 86. Este mundo triplo é tão medonho quanto aquela casa, cheia de inúmeros males, completamente incendiado de todos os lados por centenas de diferentes tipos de nascimento, velhice e doença. 87. Mas eu, que estou desapegado do mundo triplo e sereno, vivo em retiro absoluto em um bosque. Esse mundo triplo é o meu domínio, aqueles que ali estão sofrendo do calor sufocante são meus filhos. 88. E eu lhes falei de seus males porque havia resolvido salvá-los, mas eles não me ouviram, porque todos eles eram ignorantes e seus corações estavam apegados aos prazeres dos sentidos. 89. Então eu empreguei um meio habilidoso, e lhes falei dos três veículos, lhes mostrando assim os meios de se evadirem dos numerosos males do mundo tríplice dos quais estou inteirado. 90. E aqueles de meus filhos que a mim aderirem, que são poderosos nas seis faculdades transcendentais (Abhignas) e na ciência tríplice, os Pratyekabudas, bem como os Bodhisatvas incapazes de deslizar em retrocesso; 91. E aqueles (outros) que são igualmente meus filhos, a eles estou ora mostrando, por intermédio desta excelente alegoria, o veículo de Buda único. Recebe-o; todos vós vos tornareis Ginas. 92. É muito excelente e doce, o que há de mais exaltado no mundo, aquele conhecimento dos Budas, os mais elevados dentre os homens; é algo sublime e adorável. 93. Os poderes, meditações, graus de emancipação e auto-concentração por muitas centenas de kotis, que é o veículo exaltado no qual os filhos de Buda deleitam-se infindavelmente.
    94. Brincando com ele, passam dias e noites, semanas, meses, estações, anos, kalpas intermediários, não, milhares de kotis de kalpas. 95. Esse é o elevado veículo de jóias que os Bodhisatvas diversos e os discípulos ouvindo o Sugata, empregam para ir brincar no terreno da iluminação. 96. Saiba então, Tishya, que não existe um segundo veículo nesse mundo em parte alguma a ser encontrado, em qualquer direção em que procurares, alem do engenho (mostrado) pelo mais elevado dentre os homens. 97. Vós sois meus filhos, eu vosso pai, que vos removeu da dor, do mundo tríplice, do medo e do perigo, quando estáveis queimando por muitos kotis de Aeons. 98. E eu estou ensinando o descanso abençoado (Nirvana), tanto que apesar de não haverdes ainda alcançado o descanso (final), estais livres das dificuldades, do torvelinho mundano, contanto que sigais o veículo dos Budas. 99. Quaisquer Bodhisatvas aqui presente obedecem minhas regras de Buda. Tal é a habilidade do Gina que disciplina inúmeros Bodhisatvas. 100. Quando as criaturas desse mundo se deleitam em prazeres baixos e desprezíveis, então o Chefe do mundo que sempre diz a verdade, indica a dor como a (primeira) grande verdade. 101. E aqueles que são ignorantes e primários demais para descobrir a raiz daquela dor eu abro o caminho: ‘Despertar para a plena consciência, o desejo forte é a origem da dor.’ 102. Tentai sempre, desapegados, suprimir o desejo. Essa é minha terceira verdade, aquela da supressão. É um meio infalível de libertação; pois que praticando esse método, dever-se-á tornar emancipado. 103. E do que são eles emancipados, Sariputra? Eles são emancipados de quimeras. Contudo, não estão completamente livres; o Chefe declara que ainda não alcançaram o descanso (final e completo) nesse mundo. 104. Por que é que eu não anuncio que a pessoa está livre antes de ter alcançado a iluminação suprema mais elevada? (porque) tal é a minha vontade; eu sou o regente da lei, que nasci nesse mundo para levá-lo à felicidade. 105. Essa, Sariputra, é a palavra final de minha lei que agora pela última vez eu pronuncio pelo bem do mundo, inclusive dos deuses. Pregai-a por todas as direções. 106. E se alguém vos disser essas palavras, ‘Eu alegremente aceito,’ e com os sinais reverência mais completa recebe esse Sutra, podes considerar aquele como sendo incapaz de escorregar para trás. 107. Para acreditar-se nesse Sutra, se deve ter visto a Tathagatas anteriores ter-lhes prestado honras, e ouvido uma lei similar a essa. 108. Para acreditar em minha palavra suprema deve-se ter-me visto; tu e a assembléia de monges viram todos esses Bodhisatvas. 109. Esse Sutra pode surpreender ao ignorante e eu não o pronuncio antes de ter penetrado o conhecimento superior. Verdadeiramente não está ao alcance de discípulos, nem chega a ele os Pratyekabudas. 110. Mas tu, Sariputra, tens boa vontade, sem falar de meus outros discípulos aqui. Eles caminharão em minha fé, apesar de cada qual não poder ter o seu conhecimento individual. 111. Mas não divulgue esse assunto a pessoas arrogantes, nem presunçosas, nem a Yogins, que não sejam autocontrolados; pois os tolos, sempre ligados a prazeres sensuais, podem em suas cegueiras, zombar da lei manifesta. 112. Agora, ouvi os resultados tenebrosos quando se zomba de minha habilidade e das regras de Buda para sempre fixas no mundo; quando a pessoa, com a testa franzida, zomba do veículo. 113. Ouvi o destino daqueles que zombaram de um tal Sutra como esse, quer seja durante o percurso de minha vida ou depois de meu Nirvana, ou que lidaram torpemente com os monges. 114. Depois de terem desaparecido dentre os homens, morarão no inferno mais inferior (Avtki) durante um kalpa inteiro, e daí em diante descerão mais e mais, os tolos, passando através de repetidos nascimentos por muitos kalpas intermediários. 115. E quando desaparecerem dentre os habitantes do inferno, descerão mais à condição de brutos, a serem mesmo como cães e chacais, e tornam-se o brinquedo de outros.
    116. Nessas circunstâncias, ficarão de cor negra, manchados, cobertos de pústulas, se coçando; além disso ficarão sem cabelo e fracos, (todos) aqueles que têm aversão à minha iluminação suprema. 117. São para sempre desprezados entre os animais; atingidos por torrões de lama, ou armas eles gritam; por toda parte são ameaçados com bastões, e seus corpos estão emaciados de fome e de sede. 118. Às vezes tornam-se camelos ou burros, levando fardos, e são atiçados com chicotes e varas; constantemente se ocupam com pensamentos de satisfazer o estômago, os tolos que zombaram da regra de Buda. 119. Outras vezes tornam-se feios chacais, morcegos e aleijados; as criaturas indefesas são humilhadas pelos garotos da aldeia, que lhes atiram paus e pedras. 120. Novamente, fugindo daquele lugar aqueles tolos se tornam animais com corpos de quinhentos yoganas, girando em volta, broncos e preguiçosos. 121. Não têm pé, e arrastam-se em suas barrigas; para serem devorados por muitos kotis de animais é a punição que têm que sofrer por terem zombado de um Sutra como este. 122. E, sempre que assumam uma forma humana, nascem aleijados, disformes, tortos, com uma só vista, cegos, broncos, e baixos, não tendo fé nesse Sutra. 123. Ninguém quer ficar perto deles; um cheiro pútrido constantemente exala-se de suas bocas; um espirito mau entra no corpo daqueles que não dão fé nessa iluminação suprema. 124. Necessitados, obrigados a fazerem trabalho servil, sempre a serviço de outros, débeis, e sujeitos a muitas doenças vão pelo mundo desprotegidos. 125. O homem a quem aconteça estarem servindo, não tem vontade de lhes dar muito, e o que dado, logo é perdido. Tal é o fruto do pecado. 126. Mesmo os medicamentos mais bem preparados, administrados a si por médicos hábeis, não fazem mais que, nessas circunstâncias, aumentar suas doenças, e a doença não tem mais fim. 127. Alguns cometem crimes, assaltos, ou atos de hostilidade, enquanto que outros cometem furtos de bens; (tudo isso) recai o pecador. 128. Nunca ele percebe o Senhor do mundo, o Rei dos reis, reinando sobre a terra, pois está condenado a viver em uma época errada, aquele que zomba de minha regra de Buda. 129. Nem ouve, aquele tolo, a lei; ele é surdo e sem tato; nunca acha o descanso, porque zombou dessa iluminação. 130. Durante muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons, iguais às areias do Ganges, ele será parvo e defeituoso, esse é o mal resultado de zombar desse Sutra. 131. O inferno é seu jardim (ou mosteiro), um lugar de infortúnio a sua moradia; está continuamente vivendo entre burros, porcos, chacais e cães. 132. E quando assumir uma forma humana será cego, surdo e estúpido, o servo de um outro, e sempre pobre. 133. Doenças, miríades de kotis de feridas no corpo, escamas, lepra, pústulas, um cheiro ruim são, naquela condição, a sua cobertura e aparência. 134. A sua vista é fraca para distinguir o real. A cólera manifesta-se fortemente nele, e suas paixões são extremamente violentas; ele sempre se deleita em ventres animais. 135. Fosse eu, Sariputra, durante um Aeon inteiro, prosseguir enumerando os males daqueles que zombam do meu Sutra, não chegaria a um termo. 136. E já que estou plenamente consciente disso, eu vos ordeno, Sariputra, que não exponhas um tal Sutra (ante) tolos. 137. Mas aqueles que são sensíveis, instruídos, pensadores, argutos, e bem lidos, que lutam pela iluminação suprema mais elevada, a eles exponha o seu real significado. 138. Aqueles que viram muitos kotis de Budas, plantaram imensuravelmente muitas raízes de bondade, e cumpriram uma promessa forte, a eles exponha o seu verdadeiro significado. 139. Aqueles que, cheios de energia e sempre bondosos, durante um longo tempo desenvolveram o sentimento de bondade, deixaram cair corpo e vida, em suas presenças podes pregar esse Sutra.
    140. Aqueles que demonstram amor e respeito mútuo, não mantém intercurso com pessoas ignorantes e estão contentes por viverem em cavernas nas montanhas, a eles exponha esse Sutra consagrado. 141. Se vires filhos de Buda que se ligam a amigos virtuosos e evitam maus amigos, então revele a eles esse Sutra. 142. Aqueles filhos do Buda que não quebraram os votos morais, são puros como gemas e jóias, e devotados ao estudo dos grandes Sutras, diante destes podes apresentar este Sutra. 143. Aqueles que não são irritáveis, sempre serenos, cheios de compaixão por todos os seres vivos, e respeitosos frente ao Sugata, diante destes podes apresentar este Sutra. 144. Para aquele que na congregação, sem qualquer hesitação e distração da mente, fala para expor a lei, com muitas miríades de kotis de ilustrações, podes manifestar este Sutra. 145. E aquele que, desejoso por obter todo-o-conhecimento, respeitosamente ergue suas mãos postas até sua cabeça, ou que procura em todas as direções encontrar algum monge de eloqüência sagrada; 146. E aqueles que mantém (na memória) os grandes Sutras, enquanto que nunca mostram qualquer gosto por demais livros, nem sequer sabem uma só estrofe de outro trabalho que seja; para esses todos podes expor esse Sutra sublime. 147. Aquele que procura um tão excelente Sutra como esse, e depois de o obter, devotadamente o reverencia, é como o homem que usa a relíquia do Tathagata que procurava ansiosamente. 148. Não ligues para outros Sutras nem outros livros, onde uma filosofia profana é divulgada; tais livros são para os tolos; evite-os e pregue esse Sutra. 149. Durante um Aeon inteiro, Sariputra, eu poderia discorrer acerca dos milhares de kotis de pontos (relacionados), (mas isso basta); podes revelar esse Sutra a todos aqueles que lutam pela iluminação suprema mais elevada.
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    Saddharma-Pundarika / Disposição / Capítulo 4
    CAPÍTULO 4
    DISPOSIÇÃO
    Quando o venerável Subhuti, o venerável Mahakatyayana, o venerável Maha-Kasyapa, e o venerável Maha-Maudgalyayana ouviram essa lei que nunca antes havia sido revelada, e da própria boca do Senhor, eles ouviram o destino futuro de Sariputra para iluminação suprema e perfeita, foram tomados de espanto, deslumbramento e êxtase. Imediatamente levantaram-se de seus assentos e foram ao lugar onde sentava-se o Senhor; depois de atirarem seus mantos sobre um dos ombros, fixarem o joelho direito no chão e levantarem suas mãos postas ante o Senhor, fitando-lhe, seus corpos curvados, dobrados para baixo e inclinados, (eles) se dirigiram ao Senhor desta forma: Senhor, somos velhos, idosos, avançados em anos; honrados como veteranos nessa assembléia de monges. Corroídos pela idade, imaginávamos ter alcançado o Nirvana; não fazemos nenhum esforço, Ó Senhor, pela perfeita iluminação suprema; nossa força e prática são inadequadas para tanto. Apesar do Senhor ter pregado a lei e continuado sentado por tanto tempo, e apesar de termos assistido a esse pregar da lei, ainda, Ó Senhor, como estivemos por tanto tempo meditando e por tanto tempo atendendo ao serviço do Senhor, nossos membros maiores e menores, bem como juntas e articulações começam a doer. Daí, Ó Senhor, somos incapazes, apesar da pregação do Senhor, de perceber o fato que tudo é vaidade (ou vazio), sem propósitos (ou sem causa, ou incondicionado) e não-fixo; não concebemos desejo pelas leis de Buda, as divisões dos campos de Buda, os jogos dos Bodhisatvas ou Tathagatas. Pois que tendo fugido do mundo tríplice, Ó Senhor, imaginávamos ter alcançado o Nirvana e estamos envelhecidos. Segue-se, Ó Senhor, apesar de termos exortado os outros Bodhisatvas e instruído-os na iluminação suprema perfeita, ao assim fazermos, nunca concebemos um só pensamento de desejo. E justo agora, Ó Senhor, ouvimos (do Senhor) que os discípulos podem estar predestinados para a iluminação suprema e perfeita. Estamos espantados e atônitos, e consideramos como um grande ganho, Ó Senhor, que hoje, de repente, ouvimos do Senhor uma voz tal como nunca dantes havíamos ouvido. Adquirimos uma jóia magnífica, Ó Senhor, uma jóia incomparável. Não procuramos, nem investigamos, nem esperamos, nem requeremos uma tal magnífica jóia. Tornou-se claro para nós, Ó Senhor; tornou-se claro para nós, Ó Sugata. É o caso, Ó Senhor, como se um certo homem deixasse o seu pai e fosse a alguma outra parte. Ele vive lá, em lugares estrangeiros, durante muitos anos, vinte ou trinta, ou quarenta ou cinqüenta. No decorrer do tempo, um (o pai) se torna um grande homem; o outro (o filho) permanece pobre; à cata de um ganha-pão para comer e vestir, ele erra em todas as direções e (vai) a algum lugar, enquanto que seu pai se muda para outro país. O último possui agora muita riqueza, ouro, prata, tesouros e celeiros; possui muitas peças de ourivesaria, prataria, muitas jóias, pérolas, lápis-lazuli, corais, conchas e pedras preciosas; muitos escravos homens e mulheres, serviçais para o trabalho subalterno, e caixeiros viajantes; é rico em elefantes, cavalos, carruagens, gado e ovelhas. Mantém uma grande comitiva; tem o seu dinheiro investido em grandes áreas, e realiza grandes negócios, empréstimo de dinheiro, agricultura e comercio. No decurso do tempo, Senhor, aquele homem depauperado, à cata de comida, bem como de roupa, vagando pelas aldeias, cidades, vilas, províncias, reinos, e capitais, acaba chegando ao lugar onde seu pai, o proprietário de excessiva riqueza e ouro, tesouros e celeiros, está residindo. Agora, o pai do homem pobre, Senhor, o proprietário de excessiva riqueza e ouro, tesouros e celeiros, que residia naquela cidade, nunca tinha esquecido completamente o filho que havia perdido cinqüenta anos atrás, mas não menciona isso aos outros, e apenas pensava consigo mesmo: eu sou velho, avançado em anos, e possuo abundância de ouro, prata, dinheiro, e milho, tesouros e celeiros, mas não tenho herdeiros. É para ser temido que a morte me alcance e que tudo isso pereça sem uso. Repetidamente pensava ele naquele filho: Ó como ficaria feliz, se meu filho entrasse na posse desta riqueza toda!
    Nesse meio tempo, Senhor, o homem pobre à cata de comida e roupa, aos poucos chegava perto da casa do homem rico, o proprietário, de pratarias, ouro, dinheiro e milho, tesouros e celeiros abundantes. E aconteceu que o pai do homem pobre estava sentado à porta de sua casa, cercado e atendido por uma grande multidão de Brahmans, Kshatriyas, Vaisyas e Sudras; sentava-se em um trono magnifico com o pé de apoio coroado em ouro e prata, enquanto negociava com centenas de milhares de peças de ouro, e abanado por um grande leque , debaixo de um toldo estendido, incrustado com pérolas e flores, e adornado com guirlandas suspensas de jóias; sentando-se (em resumo) em grande pompa. O homem pobre, Senhor, viu seu próprio pai revestido de tal pompa, sentando-se à porta da casa, cercado por uma grande multidão de pessoas e fazendo negócios de um senhor de uma casa. O homem pobre, apavorado, terrificado, alarmado, tomado de um sentimento de horror por todo corpo, e agitado espiritualmente, refletiu assim: inesperadamente me deparei aqui, aparentemente com um rei ou uma pessoa importante. Gente como eu nada tem a fazer aqui; deixe-me ir embora; na rua dos pobres é possível que eu ache comida e roupa sem muita dificuldade. Deixe-me ir logo embora daqui, a menos que eu seja pego para fazer trabalho forçado ou venha a incorrer em alguma outra infelicidade. Com isso, Senhor, o homem pobre parte precipitadamente, corre dali, não se deixa ficar, com medo de uma série de perigos imaginados. Mas o homem rico, sentado no trono na porta de sua mansão , reconhece seu filho à primeira vista, em conseqüência (do que) ele fica feliz, cheio de espírito, encantado, deleitado, cheio de alegria e entusiasmo. Ele pensa: Maravilhoso! aquele que gozará dessa quantidade de prata, ouro, dinheiro e milho, tesouros e celeiros, foi finalmente achado! Aquele em quem tenho estado, repetidamente, pensando, aqui se encontra agora que (eu) estou velho, idoso, avançado em anos. No mesmo momento, instante e tempo, Senhor, ele despacha mensageiros, a quem ele diz: Ide, senhores, e rapidamente trazei-me aquele homem. Os mensageiros logo correm a toda velocidade apanham o homem pobre, que, assustado, amedrontado, alarmado, tomado de um sentimento de horror por todo (seu) corpo, agitado espiritualmente, solta um lamentável grito de desespero, grita e exclama: eu não vos fiz qualquer ofensa! Mas os camaradas, ainda assim, arrastam o homem pobre, embora esse reclamasse, violentamente com eles. Ele, assim alarmado, assustado, amedrontado, tomado de um sentimento de horror por todo seu corpo, agitado espiritualmente, imagina o seguinte: eu temo que isto vá implicar em pena capital; estou perdido. Ele desmaia e cai por terra. Seu pai, desapontado e quase desanimado diz aos empregados. Não transportem esta pessoa desse forma. Com essas palavras ele o borrifa com água fria, mas sem mais se dirigir a ele. Pois o dono da casa conhece a disposição humilde do pobre e sua própria posição elevada; e contudo ele sente que o homem é seu filho. O dono da casa, Senhor, habilmente esconde de todos que aquele é seu filho. Ele chama um de seus serviçais e lhe diz: Vais, tu, em direção àquele pobre e lhe diga: Vais, tu, onde quiseres; sois livre. O serviçal obedece, se aproxima do pobre e lhe diz: Vais, tu, onde quiseres; sois livre. O pobre homem fica espantado e atônito ao ouvir essas palavras; ele deixa aquele lugar e vagueia pelas ruas dos pobres à cata de comida e roupa. Para atraí-lo, o dono da casa emprega um hábil artificio. Ele encarrega para tanto, dois homens de má reputação e parca personalidade. Ide, diz ele, ide ao homem que vistes neste lugar; emprega-o sob vosso próprio nome por uma diária dupla, e ordena-lhe que faça o trabalho aqui em minha casa. E se ele perguntar: Que trabalho terei que fazer? dizei-lhe: Ajude-nos a limpar o monturo de esterco . Os dois camaradas vão, e procuram o pobre, e o empregam para o tal trabalho como combinado. Assim os dois (camaradas) juntamente com o pobre, passam a limpar o monturo de esterco pela paga diária que recebem do homem rico, enquanto (que) dorme em um monte de feno na vizinhança da moradia do homem rico. E aquele homem rico vê por uma janela seu próprio filho, limpando o monturo de esterco, e esta visão lhe enche novamente de admiração e espanto. Então o dono da casa desce de sua mansão, despe sua guirlanda e ornamentos, retira o seu vestuário macio, limpo e suntuoso, coloca roupas sujas, toma de uma cesta em sua mão direita, esfrega o seu corpo com poeira, e dirige-se a seu filho, a quem cumprimenta de longe, e diz: por favor, tome as cestas e sem demora remova a poeira. Com isto, ele consegue dialogar com seu filho, ter uma conversa com ele e diz: Fiques, tu, aqui a meu serviço; não vás novamente a outro lugar; eu te darei pagamento extra, e o que quiseres, podes confidentemente me pedir, seja o preço de um pote, um pote menor, uma panela, ou madeira, ou seja o preço de sal, comida ou roupa. Eu tenho um velho casaco, homem; se o quiseres, pedis por ele, eu o darei a ti. Fique à vontade, camarada; tenha-me em conta de teu pai, pois eu sou mais velho e tu és mais jovem, e tu prestastes bom trabalho, limpando este monturo de esterco, e enquanto estivestes a meu serviço, nunca mostrastes maldade, ou esperteza, arrogância ou hipocrisia; eu não descobri em vós vicio algum tais como são vistos em outros serviçais homens. De agora em diante, és como meu próprio filho. Desde então, Senhor, o dono da casa se dirige ao homem pobre pelo nome de filho e esse último sente-se em presença do dono da casa como um filho em relação a seu pai. Dessa maneira, Senhor, o dono da casa aflito por saudades de seu filho, emprega-o para limpar o monturo de esterco durante vinte anos, ao cabo dos quais o pobre sente-se completamente à vontade na mansão para entrar e para sair, apesar de continuar a morar no monte de feno. Depois de um certo tempo, Senhor, o dono da casa fica doente e sente que a hora da morte se aproxima. Ele diz ao pobre: Vem cá, homem, eu tenho prata, ouro, dinheiro, e milho, tesouros e celeiros abundantes. Eu estou muito doente e desejo ter alguém a quem entregar (minha riqueza); por quem será de tal forma recebida e com quem ficará depositada: Aceite-a. Pois da mesma forma que (eu) sou o dono dela, assim és tu, mas não admitirás que nada dela seja desperdiçada. E assim, Senhor, o homem pobre aceita a prata, ouro, dinheiro e milho, tesouros e celeiros abundantes do homem rico, mas, para si mesmo, é completamente indiferente a ela, e nada requer dela, nem mesmo tanto quanto o preço de uma prastha de farinha; ele continua morando no mesmo monte de feno e se considera da mesma forma tão pobre como anteriormente. Depois de algum tempo, Senhor, o dono de casa percebe que seu filho é capaz de economizar, maduro e mentalmente desenvolvido; que na consciência de sua nobreza ele se sente envergonhado, diminuído, enojado de pensar em sua pobreza anterior. A hora de sua morte se aproxima e ele manda chamar o pobre, apresentando-o ante uma reunião de seus conhecidos e, ante o rei, ou pares do rei e em presença dos cidadãos e pessoas do campo, faz o seguinte discurso: Ouvi, senhores! este é meu próprio filho, por mim gerado. Faz agora cinqüenta anos que ele desapareceu de tal cidade. ele se chama tal e tal, e eu mesmo me chamo assim e assado. Procurando-o, eu vim daquela cidade até esta. Ele é o meu filho, eu, o seu pai. A ele eu deixo todas as minhas rendas, e toda minha riqueza pessoal (ou particular), deva ele reconhecer-se ( a si mesmo). O homem pobre, Senhor, ouvindo esse discurso, ficou embasbacado e atônito; ele pensou de si para si: Inesperadamente adquiri eu essas barras de ouro, prata, dinheiro e milho; tesouros e celeiros. Assim mesmo, Ó Senhor, representamos nós os filhos do Tathagata, e o Tathagata nos diz; Sois os meus filhos, como o fez o dono da casa. Estávamos oprimidos, Ó Senhor, com as três dificuldades, a saber, a dificuldade da dor, a dificuldade das reflexões, a dificuldade da transição (ou evolução); e no torvelinho mundano, dispunhamos-nos ao que era baixo. Então fomos instados pelo Senhor a ponderar sobre as numerosas leis inferiores (ou condições) que são semelhantes a um monturo de esterco. Uma vez dirigidos a ele, temos praticado, nos esforçado, e procurado por nada exceto o Nirvana como nosso pagamento. Estávamos satisfeitos, Ó Senhor, com o Nirvana obtido, e pensamos ter ganho muito das mãos do Tathagata, por termos nos aplicado a essas leis, praticado e feito esforços. Mas o Senhor não nos dá tento, não se mistura a nós, nem nos diz que esse tesouro do conhecimento do Tathagata pertencerá a nós, apesar do Senhor, habilidosamente, nos indicar como herdeiros desse tesouro do conhecimento do Tathagata. E nós, Ó Senhor, não estamos desejando impacientemente ganhá-lo, porque estimamos como um grande ganho, já ter recebido do Senhor o Nirvana como nosso pagamento. Pregamos aos Bodhisatvas Mahasatvas um sublime sermão sobre o conhecimento do Tathagata; explicamos, mostramos, demonstramos o conhecimento do Tathagata, Ó Senhor, sem desejos. Pois que o Tathagata, com sua habilidade, conhece nossa disposição, enquanto que nós mesmos não a conhecemos, nem a compreendemos. É por essa razão mesma que o Senhor, justo agora, nos diz que somos para ele como seus filhos, e que ele nos lembra que somos herdeiros do Tathagata. Portanto o caso fica assim: somos como filhos para o Tathagata, mas baixos (ou humildes ) de disposição; o Senhor percebe a força de nossa disposição e nos aplica a denominação de Bodhisatvas; somos, contudo, encarregados de um duplo emprego, já que, em presença dos Bodhisatvas, somos chamados de pessoas com disposição baixa e, ao mesmo tempo, temos de levá-los à iluminação do Buda. Conhecendo a força de nossa disposição, o Senhor nos disse assim, e dessa forma, Ó Senhor, dizemos que obtivemos inesperadamente e sem esperar por isso, a jóia da onisciência, que não desejamos, nem procuramos, nem almejamos, nem esperamos, nem requeremos, e isto tanto quanto somos os filhos do Tathagata.
    Naquela ocasião o venerável Maha-Kasyapa pronunciou as seguintes estrofes; 1. Estamos tomados de espanto, atônitos, e em êxtase ao ouvir uma voz; é a voz adorável, a voz do líder, que tão inesperadamente ouvimos hoje. 2. Em um breve momento adquirimos uma grande quantidade de jóias preciosas tais como não pensávamos ou requeríamos. Todos nós estamos surpresos em ouvi-lo. 3. É como a história de um jovem que seduzido por tolos, foi embora de perto de seu pai e vagueou por outro país distante. 4. O pai ficou triste ao perceber que seu filho havia fugido e, em sua tristeza, caminhou pelo país em todas as direções por não menos que cinqüenta anos. 5. À procura de seu filho ele chegou a uma grande cidade, onde construiu uma casa e ali viveu, abençoado com tudo o que pode gratificar os cinco sentidos 6. Ele tinha muito ouro, prata, dinheiro e milho, conchas, pedras e coral; elefantes, cavalos, e empregados; vacas, gado e ovelhas. 7. Juros, rendas, propriedades rurais; escravos e escravas, e um grande número de serviçais; era altamente reverenciado por milhares de kotis e um constante favorito do rei. 8. Os cidadãos inclinam-se a ele com as mãos postas, bom como os aldeões dos distritos rurais; muitos mercadores vêm a ele, (e) pessoas encarregadas de numerosos assuntos. 9. De tal forma o homem se torna rico, mas fica velho, idoso, avançado em anos, e passa dias e noites sempre triste, mentalmente, devido a seu filho. 10. ‘Já fazem cinqüenta nos desde que aquele tolo filho meu fugiu. Eu tenho muita riqueza e a hora de minha morte se aproxima’. 11. Enquanto isso, aquele tolo filho está vagueando de aldeia em aldeia, pobre miserável, procurando comida e roupa. 12. Quando mendigando, ele às vezes obtém algo, outras vezes não. Fica magro em suas viagens, o menino tolo, enquanto o seu corpo fica contaminado com feridas e alergias. 13. No decurso do tempo ele, em suas andanças, alcança a cidade onde mora seu pai, e vai à mansão de seu pai para mendigar comida e roupa. 14. E o homem rico, poderoso, acontece estar sentado na porta, em um trono, sob um toldo estendido no céu e cercado por muitas centenas de seres vivos. 15. Seus empregados sentam-se à sua volta, alguns deles contando dinheiro e barras de ouro, alguns escrevendo contas e notas, alguns emprestando dinheiro a juros. 16. O pobre fica vendo a mansão esplêndida daquele dono de casa, pensa consigo mesmo: Onde estou eu? Este homem deve ser um rei ou uma pessoa de muita influência. 17. Que eu não incorra em alguma injúria e venha a ser pego para fazer trabalho forçado. Com essas reflexões ele vai embora, perguntando pela estrada para a rua dos pobres. 18. O homem rico, no trono, está feliz por ver seu próprio filho e despacha mensageiros com a ordem de trazê-lo de volta. 19. Os mensageiros imediatamente o agarram, mas tão logo ele foi pego, desmaia (pois pensa); o que será que ele quer comigo? 20. Vendo isso, o rico e sagaz homem (pensa): Essa pessoa estúpida e ignorante é de baixa disposição e não terá confiança em minha magnanimidade, nem crerá que sou seu próprio pai. 21. Nessas circunstâncias ele ordena a pessoas de caráter servil, tortuosos, caolhos, aleijados, mal apresentados e obscuros, para irem e procurarem aquele homem que fará trabalho manual. 22. ‘Entra a meu serviço e limpe o monturo pútrido de esterco, repleto de fezes e urina; eu te darei um salário duplo’(são as palavras da mensagem). 23. Ouvindo essa chamada, o homem pobre vem e limpa o dito lugar; ele então passa a habitar sob um alpendre próximo à mansão. 24. O homem rico, continuamente, observa-o pela janela (e pensa): Lá está o meu filho, engajado em uma ocupação baixa, limpando o monturo de esterco. 25. Então ele desce, pega uma cesta, coloca roupas sujas e se aproxima do homem. Ele o repreende, dizendo; Não fazes o teu trabalho. 26. Eu te darei salário duplo e duas vezes mais óleo para os pés; eu te darei comida com sal, ervas para cozinhar e, além disso, um manto.
    27. Assim, ele repreende-o nessa oportunidade, porém, mais adiante (ele) sabiamente reconciliase com ele (dizendo): Fazes o teu trabalho muito bem realmente; és o meu filho certamente; não há qualquer dúvida sobre esse assunto . 28. Pouco a pouco ele faz o homem entrar na casa, e emprega-o, a seu serviço, durante vinte anos ao todo, no decurso do qual ele consegue inspirar-lhe (com) confiança. 29. Ao mesmo tempo, ele empilha na casa ouro, pérolas e cristal, faz as somas do total e está sempre ocupado, mentalmente, com toda aquela propriedade. 30. O homem ignorante, que está vivendo fora da mansão, sozinho sob um alpendre, não acalenta outras idéias senão as de pobreza, e pensa de si para si: Minhas não são tais possessões! 31. O homem rico, apercebendo-se disto (pensa); Meu filho chegou à consciência da sua nobreza. Ele conclama então uma reunião de seus amigos e parentes (e diz): Eu darei todas as minhas propriedades a esse homem. 32. No meio da assembléia onde o rei, (os) burgueses, cidadãos e muitos mercadores estavam presentes, ele falou assim: Este é o meu filho, que eu perdi há tanto tempo atrás. 33. Faz agora cinqüenta anos — e mais vinte, durante os quais eu o vi – que ele desapareceu de tal e tal lugar e que, à sua procura, eu cheguei a este lugar onde moro. 34. Ele é o dono de todas as minhas propriedades; a ele eu as deixo todas e completamente; que ele faça delas o que bem entender; eu lhe dou todos meus bens de família. 35. E o homem (pobre) fica surpreso, lembrando-se de sua anterior pobreza, sua disposição baixa e, enquanto recebe aquelas boas coisas de seu pai e os bens de família, ele pensa: Agora sou eu um homem feliz. 36. De forma semelhante não nos declarou o líder, que conhece nossa disposição inferior: Vós vos tornareis Budas, ’ mas ‘Vós sois, certamente, meus discípulos e filhos.’ 37. E o Senhor do mundo nos exorta: Ensine, Kasyapa, o caminho superior para aqueles que lutam por alcançar o pico mais elevado da iluminação, o caminho segundo o qual eles se tornarão Budas. 38. Sendo assim ordenados pelo Sugata, nós mostramos o caminho a muitos Bodhisatvas de grande poder, por intermédio de miríades de kotis de ilustrações e provas. 39. E ouvindo-nos, os filhos do Gina realizam aquele caminho elevado para alcançar a iluminação, e nesse caso recebem a predição de que se tornarão Budas neste mundo. 40. Tal é o trabalho que fazemos exaustivamente, preservando este tesouro da lei e revelando-o aos filhos do Gina, da maneira daquele homem que mereceu a confiança daquele (outro homem). 421. Contudo, apesar de difundirmos o tesouro de Buda, nos sentimos pobres; não requeremos o conhecimento do Gina, e contudo, ao mesmo tempo, o revelamos. 42. Imaginamos um Nirvana individual; até aí, não mais, alcança o nosso conhecimento; nem jamais nos alegramos em ouvir as divisões dos campos de Buda. 43. Todas essas leis são sem erro, inamovíveis, isentas de fim e começo; mas não há leis nelas. Ao ouvirmos isso, contudo, não o podemos crer. 44. Deixamos de lado toda a aspiração ao conhecimento superior do Buda há muito tempo atrás; nunca nos devotamos a ele. Essa é a última e decisiva palavra dita pelo Gina. 45. Nessa existência corpórea, finalizada com o Nirvana, acostumamos, continuamente, os nossos pensamentos ao vazio; fomos libertos dos males do mundo tríplice dos quais sofríamos, e realizamos o comando do Gina. 46. Para aqueles, dentre os filhos do Gina, que neste mundo estão no caminho da iluminação superior, nós revelamos (a lei), e quaisquer leis que tenhamos ensinado, não tivemos nunca nenhuma predileção por ela. 47. E o Mestre do mundo, o Auto-gerado, não toma conhecimento de nós, esperando a sua hora; ele não explica a conexão real entre as coisas, como se testasse nossa disposição. 48. Hábil em aplicar engenhos na hora certa, como aquele homem rico (ele diz): ‘Sede constante em subjugar vossa disposição inferior, e àqueles que estão subjugados, ele confere a sua riqueza. 49. É uma tarefa muito difícil que o Senhor do mundo está perfazendo, (uma tarefa) na qual ele demonstra sua habilidade, quando ele treina seus filhos de disposição baixa e, com isso, transmite a eles seu conhecimento.
    50. De repente, fomos nós hoje colhidos por uma surpresa, assim como o homem pobre que adquiriu riquezas; agora, pela primeira vez, obtivemos o fruto do reino do Buda, (um fruto) tão excelente quanto impecável. 51. Como observamos sempre os preceitos morais sob o reino do Conhecedor do mundo, recebemos agora o fruto daquela moralidade que praticamos anteriormente. 52. Agora obtivemos o insigne, consagrado, exaltado e perfeito fruto, gerado de termos observado uma perfeita e pura vida espiritual sob o reino do Líder. 53. Agora, Ó Senhor, somos nós discípulos, e proclamamos a iluminação suprema por toda parte, revelamos a palavra da iluminação, pela qual somos discípulos formidáveis. 54. Agora tornamo-nos Arhats, Ó Senhor; e merecedores da veneração do mundo, inclusive dos deuses, Maras e Brahmas, em resumo, de todos os seres. 55. Quem haverá que, mesmo exercendo durante kotis de Aeons, seja capaz de vos enganar, a vós que realizais neste mundo dos mortais coisa estão difíceis como essas, e outras mais difíceis ainda? 56. Seria difícil oferecer resistência com mãos, pés, ombro ou peito (mesmo que se tentasse) durante tantos Aeons completos quanto há areias no Ganges. 57. Poderia-se dar comida caridosamente, líquida e sólida, roupa, bebida, um lugar para dormir e sentar, com cobertas limpas, poderia-se construir mosteiros de madeira de sândalo, e depois de mobiliá-los com peças (duplas) de bom tecido branco, presenteá-los; 58. Poderia-se ser constante em dar remédios de vários tipos aos doentes, em honra ao Sugata; poderia-se gastar em donativos tanto quanto as areias do Ganges — mesmo então não se poderia oferecer resistência. 59. De natureza sublime, poder sem igual, poder miraculoso, firme na estabilidade e paciência é o Buda; um grande regente é o Gina, livre de imperfeições. O ignorante não poderia sustentar ( ou compreender) tais coisas como essas expostas. 60. Sempre retornando, ele prega a lei àqueles cujo curso (de vida) é condicionado, ele, o Senhor da lei, o Senhor de todo o mundo, o Grande Senhor, o Chefe dentre os líderes do mundo. 61. Plenamente consciente das circunstâncias (ou lugares ) de (todos) os seres, ele indica os seus deveres, tão múltiplos e, considerando a variedade de suas disposições, incute a lei com milhares de argumentos. 62. Ele, o Tathagata, que está plenamente consciente do cursos de todos os seres e indivíduos, prega uma lei múltipla, enquanto que aponta para esta iluminação superior.
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    Saddharma-Pundarika / De Plantas / Capítulo 5
    CAPÍTULO 5
    DE PLANTAS
    Com isso, o Senhor se dirigiu ao Venerável Maha-Kasyapa e aos outros grandes discípulos veteranos, dizendo: Muito bem, muito bem, Kasyapa; fizeste muito bem em proclamar as verdadeiras qualidades do Tathagata. São estas as qualidades verdadeiras do Tathagata, Kasyapa, mas ele tem muitas outras e inumeráveis, incalculáveis, o fim das quais seria difícil de alcançar, mesmo que se continuasse a, indefinidamente, enumerá-las por Aeons imensuráveis. O Tathagata, Kasyapa, é o mestre da lei, o rei, o senhor, o mestre de todas as leis. E qualquer lei, para qualquer caso, que tenha sido constituída pelo Tathagata, permanece inalterada. Todas as leis, Kasyapa, foram apropriadamente instituídas pelo Tathagata. Em sua sabedoria de Tathagata, ele as instituiu de tal forma que, todas essas leis, finalmente, conduzem ao estágio daqueles que a tudo conhecem. O Tathagata também conhece distintamente o significado de todas as leis. O Tathagata, o Arhat etc., está possuído da faculdade de penetrar todas as leis, possuído da mais alta perfeição do conhecimento, de tal forma que é capaz de decidir sobre todas as leis, capaz de mostrar o conhecimento do que a tudo conhece, transmitir o conhecimento do que a tudo conhece e estabelecer (as regras do) conhecimento do onisciente. É o caso, Kasyapa, parecido àquele de uma grande nuvem, cheia de chuva, advinda a esse grande universo sobre todos os matos, capins, ervas, árvores de vários tamanhos e espécies, famílias de plantas de diferentes nomes crescendo na terra, em planícies, ou em cavernas de montanhas, uma nuvem cobrindo o universo inteiro para despejar a sua chuva por toda parte e ao mesmo tempo. Então, Kasyapa, os matos, capins, ervas e árvores silvestres neste universo, tais que tenham brotos tenros e pequenos, galhos, folhas e folhagem, tais que tenham brotos de tamanho médio, galhos, folhas e folhagem, e tais que os tenham plenamente desenvolvido, todos estes matos, capins, ervas e árvores silvestres, menores e maiores (outras) árvores irão todas, de acordo com sua faculdade e poder, sugar o elemento úmido da água emitido por aquela grande nuvem, e por aquela água que, toda de uma mesma essência, foi abundantemente vertida pela nuvem, irá, cada uma, de acordo com suas características, adquirir um desenvolvimento regular, crescer, expandir-se, e ficar grandes; e assim produzirão flores e frutos, e receberão cada uma, variadamente, seus nomes. Enraizadas no mesmo solo, todas aquelas famílias de plantas e sementes são encharcadas e vivificadas através daquela água de essência una. Da mesma forma, Kasyapa, aparece o Tathagata, o Arhat etc., no mundo. Como uma grande nuvem se aproximando, o Tathagata aprece e manda o seu chamado por todo mundo, incluindo deuses, homens e demônios. E assim mesmo como uma grande nuvem, Kasyapa, movendo-se pelo universo inteiro, de forma semelhante, Kasyapa, o Tathagata, o Arhat etc., ante todo o mundo, incluindo aqui deuses, homens e demônios, levanta sua voz e fala estas palavras: Eu sou o Tathagata, Ó vós, deuses e homens! O Arhat, o perfeitamente iluminado; tendo, eu mesmo, alcançado a margem, levo outros para a margem; sendo livre, faço livre; estando confortado, conforto; estando perfeitamente em descanso, conduzo os demais ao descanso. Por minha sabedoria perfeita eu conheço ambos, esse mundo e o próximo, tais como realmente são. Eu sou o todo-cognoscitivo, o todo vidente. Vinde a mim , vós, deuses e homens! Ouvi a lei. Eu sou aquele que indica o caminho; que mostra o caminho, como cognitivo do mesmo, estando familiarizado com ele. Então, Kasyapa, muitas centenas de milhares de miríades de kotis de seres vêm ouvir a lei do Tathagata; e o Tathagata, que conhece as diferenças quanto às faculdades e energia daqueles seres, produz vários Dharmaparyayas, conta muitas histórias, divertidas, agradáveis, histórias tanto instrutivas quanto deleitosas, por intermédio das quais todos os seres, não apenas ficam contentes com a lei nessa vida presente, mas também, depois da morte, alcançarão estágios felizes, onde gozarão de muitos prazeres e ouvirão a lei. Pelo ouvir da lei, eles se livrarão de obstáculos no devido tempo, se aplicarão à lei do todo cognitivo, de acordo com suas faculdades, poderes e possibilidades.
    Assim mesmo como a grande nuvem, Kasyapa, depois de se espalhar por todo universo, verte a mesma água e recria com isso todos os matos, arbustos, relvas e árvores, assim mesmo como todas essas relvas, arbustos, ervas e árvores, de acordo com sua faculdade, poder e possibilidade, sugam a água, e com isso alcançam o pleno desenvolvimento, designado a seu tipo; de forma semelhante, Kasyapa, é a lei pregada pelo Tathagata, o Arhat etc., de uma e mesma essência, isto é, a sua essência é a libertação, o objetivo final sendo a ausência de paixão, aniquilação, conhecimento do todo cognitivo. Quanto a isso, Kasyapa, (deve ser compreendido) que todos os seres que ouvirem a lei, quando pregada pelo Tathagata, que guardam-na de memória e aplicam-se a ela, não conhecem, nem percebem, nem compreendem a si mesmos. Pois que, Kasyapa, apenas o Tathagata, sabe realmente quem, como e de que tipo são esses seres; o que, como e de que forma estão meditando; o que, como e de que forma estão contemplando; o que, porque e de que forma estão alcançando. Ninguém, exceto o Tathagata, Kasyapa, existe, vendo a tudo intuitivamente, e vendo o estado daqueles seres em diferentes estados, como os mais baixos, os mais elevados e os médios, como relvas, arbustos, ervas e árvores. Eu sou Ele, Kasyapa, que, conhecendo a lei, que é de uma só essência, a saber, a essência da libertação, (a lei) sempre serena, finalizando no Nirvana, (a lei) do descanso eterno, tendo apenas um estágio e colocada no Nirvana, (que sabendo disso) não revelo de repente, a todos, o conhecimento do todo cognitivo, já que presto consideração à disposição de cada um dos seres. Estais espantado, Kasyapa, que não possais sondar o mistério exposto pelo Tathagata. É porque, Kasyapa, o mistério exposto pelos Tathagatas, os Arhats etc., é difícil de ser compreendido. E naquela ocasião, para mais plenamente explicar o assunto, o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 1. Eu sou o Dharmaraga, nascido no mundo como destruidor da existência. Eu declaro a lei a todos os seres depois de desvendar suas disposições. 2. Homens superiores, de compreensão sábia guardam a palavra, guardam o mistério, e não o revelam aos seres vivos. 3. Essa ciência, é difícil de ser compreendida, os simplórios ouvindo-a, de repente, ficariam atônitos; em sua ignorância, sairiam do caminho e se perderiam. 4. Eu falo de acordo com seus alcances e faculdades; por intermédio de vários meios, eu adapto a minha visão (ou a teoria). 5. É, Kasyapa, com uma nuvem que se ergue acima do horizonte, cobrindo todo o espaço (e tudo escurecendo) e envolvendo a terra. 6. Essa grande nuvem de chuva, cheia de água, está envolta no trovejar dos raios e desperta, com seu chamado de trovão, a todos os seres. 7. Bloqueando raios de sol, refresca a região e, gradualmente descendo, até estar ao alcance das mãos, começa a verter sua água por toda parte. 8. E assim, relampejando por toda parte, despeja (uma) abundante massa de água por igual, refrescando toda a terra. 9. E todas as plantas que brotam na face da terra, todas as relvas, arbustos, plantas silvestres e outras árvores, grandes ou pequenas; 10. Os vários campos frutíferos e tudo que é verde; todas as plantas nas encostas, em cavernas, ou bosques; 11. Todas essas relvas, arbustos e árvores são vivificados pela nuvem, que tanto refresca a terra sedenta como rega as ervas. 12. Relvas e arbustos absorvem a água de uma essência, que cai da nuvem de acordo com suas faculdades e alcances. 13. E todas as árvores, grandes, pequenas e médias, sorvem daquela água de acordo com suas condições e faculdades, e crescem vigorosamente. 14. As grandes plantas, cujos tronco, caule, casca, galhos, âmago e folhas são umedecidas pela água da nuvem, dão suas flores e frutos. 15. Dão seus frutos, cada qual de acordo com sua qualidade, alcance e a natureza particular da semente; ainda assim, a água emitida (pela nuvem) é de uma só essência. 16. Da mesma forma, Kasyapa, o Buda vem ao mundo como uma nuvem de chuva e, uma vez tendo nascido, ele, o Senhor do mundo, fala e mostra o verdadeiro curso da vida.
    17. E o grande Vidente, Honrado no mundo, inclusive dos deuses, diz assim: Eu sou o Tathagata, o mais elevado dos homens, o Gina; eu apareci neste mundo como uma nuvem. 18. Eu refrescarei todos os seres cujos corpos estão murchados, que estão atarraxados ao mundo tríplice. Eu trarei felicidade àqueles que penam com trabalhos, lhes darei prazeres e o descanso (final). 19. Ouvi-me, ó multidões de deuses e homens, aproximai-vos para me ver: eu sou o Tathagata, o Senhor, que não tem superior, que aparece nesse mundo para salvar. 20. A milhares de kotis de seres vivos, eu prego uma pura e muito brilhante lei que tem apenas uma perspectiva, ou seja, a libertação e descanso. 21. Eu prego sempre com a mesma voz, constantemente tomando a iluminação como meu tema. Pois isso é igual para todos; não há parcialidade nela, nem ódio ou afeição. 22. Eu sou inexorável, não tenho amor ou ódio por ninguém, e proclamo a lei a todos os seres sem distinção, tanto a um quanto ao outro. 23. Quer andando, em pé, ou sentado, eu estou exclusivamente preocupado com essa tarefa de proclamar a lei. eu jamais me canso de sentar no trono ao qual ascendi. 24. Eu recrio o mundo todo como uma nuvem que manda sua água sem distinção; eu tenho o mesmo sentimento para com pessoas respeitáveis, bem como para os inferiores, para com os virtuosos, bom como para os não virtuosos; 25. Para com os depravados, como para aqueles que observam as regras de boa conduta; tanto para aqueles que têm visão sectária e postulados falsos, quanto para aqueles cujas visões são boas e corretas. 26. Eu prego a lei aos mentalmente inferiores (em cultura) bem como às pessoas de compreensão superior e faculdades extraordinárias; inatingível pelo cansaço, eu esparjo na estação a chuva da lei. 27. Depois de me ouvir, cada qual de acordo com sua faculdade, os vários seres encontram seus lugares adequados em situações várias, dentre deuses, homens, seres bonitos, dentre Indras, Brahmas, ou os monarcas regentes do universo. 28. Ouça agora, eu vou explicar o que é simbolizado por aquelas plantas de diferentes tamanhos, algumas delas sendo baixas no mundo, outras de tamanho médio ou grandes. 29. Pequenas plantas são chamadas os homens que caminham no conhecimento da lei, que estão livres do mal, depois de alcançado o Nirvana, que possuem as seis faculdades transcendentes e a ciência tríplice. 30. Plantas médias são chamadas os homens que, morando em cavernas nas montanhas, cobiçam o estado de um Pratyekabuda e cuja inteligência está moderadamente purificada. 31. Aqueles que aspiram a se tornarem-se líderes (pensando), eu me tornarei um Buda, um chefe de deuses e homens, e que exercem a prática e meditação, são chamados as plantas mais elevadas. 32. Mas os filhos do Sugata, que praticam firmemente a benevolência e uma conduta pacífica, que chegaram à certeza sobre a sua liderança, esses são chamados árvores. 33. Aqueles que rolam em frente, a roda que nunca gira para trás, e com hombridade quedam-se firmes no exercício de poderes miraculosos, libertando a muitos kotis de seres, aqueles são chamados grandes árvores. 34. É, contudo, uma e a mesma lei, que é pregada pelo Gina, como a água que cai de uma nuvem é uma e a mesma; diferentes apenas são as faculdades, com descritas, assim como as plantas na face da terra. 35. Com essa parábola podeis compreender a habilidade do Tathagata, como ele prega uma lei, cujos vários desenvolvimentos podem ser comparados a gotas de chuva. 36. Eu também verto chuva: a chuva da lei pela qual esse mundo inteiro é refrescado; e cada qual de acordo com sua faculdade toma a si esta bem exposta lei, que é una em sua essência. 37. Assim mesmo, como todas as relvas e arbustos, bem como as plantas de tamanho médio, árvores e grandes árvores na época da chuva ficam brilhantes em todas as direções. 38. Assim é a natureza mesma da lei promover o bem eterno do mundo; pela lei o mundo inteiro é recriado, e como as plantas (quando refrescadas) fazem florescer suas flores, o mundo também faz o mesmo quando refrescado.
    39. As plantas, que em seu crescimento ficam de tamanho médio, são Arhats (santos) detendo-se quando superam as fraquezas, (e) os Pratyekabudas, que vivendo em bosques fechados, realizam essa bem exposta lei. 40. (Mas) os muitos Bodhisatvas, que, pensadores e sábios, vão em seus caminhos pelo mundo tríplice, lutando pela iluminação suprema, continuam a aumentar de tamanho como as árvores. 41. Aqueles que, agraciados com poderes mágicos e sendo versados nos quatro estágios de meditação, sentem felicidade ao ouvir do vazio completo e emitem milhares de raios de luz, esses são chamados as grandes árvores na terra. 42. Assim então, Kasyapa, é a pregação da lei, como a água vertida pela nuvem, por toda parte a mesma; pela qual plantas e homens vivificam, flores são produzidas eterna e infinitamente. 43. Eu revelo a lei que tem a sua causa em si; no devido tempo eu mostro a iluminação do Buda; essa é minha habilidade suprema, e aquela de todos os líderes do mundo. 44. O que eu aqui disse é verdadeiro, no sentido mais lato da palavra; todos os meus discípulos alcançam o Nirvana; seguindo o caminho sublime da iluminação, todos os meus discípulos se tornarão Budas. E além disso, Kasyapa, o Tathagata em seu educar das criaturas, é igual (i.e. imparcial) e não desigual (i.e., parcial). Como a luz do sol e da lua, Kasyapa, que brilha sobre todo mundo, sobre os virtuosos e sobre os insolentes, sobre os altos e os baixos, sobre o fragrante e o pútrido; como seus raios recaem sobre tudo igualmente, sem qualquer parcialidade; assim também, Kasyapa, a luz intelectual do conhecimento do onisciente, os Tathagatas, os Arhats etc., o pregar da verdadeira lei procede, igualmente, em respeito a todos os seres nos cinco estados de existência, a todos que, de acordo com sua disposição particular, estão dedicados ao grande veículo, ou ao veículo dos Pratyekabudas, ou ao veículo dos discípulos. Nem há qualquer redução ou excesso no brilho do conhecimento do Tathagata até a pessoa se familiarizar completamente com a lei. Não existem três veículos, Kasyapa, existe apenas seres que agem diferentemente; por isso é declarado que existem três veículos. Quando o Senhor assim disse, o venerável Maha-Kasyapa lhe perguntou: Senhor, se não existem três veículos, porque razão então é a designação de discípulos (Sravakas), Budas e Bodhisatvas mantida até o dia de hoje? Assim, o Senhor respondeu ao venerável Maha-Kasyapa: É, Kasyapa, como se um oleiro fizesse diferentes vasos do mesmo barro. Alguns desses potes conterão açúcar, outros manteiga, outros coalhada e leite, outros, de qualidade inferior, serão vasos de impurezas. Não existe diversidade no barro que foi utilizado; não, a diversidade dos potes é devida apenas às substâncias que neles foram vertidas. De forma semelhante, Kasyapa, existe apenas um veículo, ou seja, o veículo do Buda; não existe um segundo veículo, ou terceiro. Tendo o Senhor falado dessa forma, o venerável Maha-Kasyapa disse: Senhor, se os seres são de diferentes disposições, haverá, para aqueles que deixaram o mundo tríplice, um Nirvana, ou dois, ou três? O Senhor replicou: Nirvana, Kasyapa, é uma conseqüência de compreender que todas as leis são iguais. Segue-se que existe apenas um Nirvana, não dois, ou três. Portanto, Kasyapa, eu te contarei uma parábola, pois que, homens de boa compreensão, geralmente, percebem bastante rápido o significado do que é ensinado sob a forma de (uma) parábola. É o caso, Kasyapa, parecido com o de um homem que nasceu cego, e que diz: Não existem formas que sejam bonitas ou feias; não existem homens capazes de enxergar formas bonitas ou feias; não existe nem o sol nem a lua; não existem estrelas ou planetas; não existe ninguém que seja capaz de enxergar planetas. Mas outros dizem ao cego: Existem formas bonitas e também feias; existe um sol e uma lua; também planetas e estrelas; existem pessoas capazes de vê-los. Mas o cego de nascença não crê nisso, nem pode aceitar isso. Mas, existe um médico que consegue curar tudo. Ele vê o cego de nascença e reflete assim: A doença deste homem se origina de suas ações perniciosas em tempos passados. Todas as doenças possíveis de acontecer são de quatro espécies: reumáticas, coléricas, fleumáticas e causadas por uma complicação dos humores (deturpados). O médico, depois de pensar repetidamente numa forma de recuperar a doença, faz a seguinte reflexão: Certamente com as drogas descobertas, seria impossível curar este caso, mas existe no Himalaia, o rei da montanhas, quatro ervas, a saber: primeiro, uma chamada Possuída-de-todos-tipos-de-cores-e-sabores; segundo, Que-livra-detodas- as-doenças; terceiro, Que-livra-de-todos-os-venenos; quarto, Provedora-de-felicidade-àqueles- que-ficam-no-lugar-certo. Como o médico, que sente pena do cego de nascença, encontra um meio de ir até o Himalaia, o rei das montanhas. Lá, ele percorre toda a montanha e acaba por encontrar as quatro ervas. Uma, ele dá depois de mascá-la com os dentes, outra depois de moída; outra depois de misturada com outra droga e fervida; outra depois de misturada com uma droga crua; outra depois de lancetar uma veia em alguma parte e injetá-la; outra depois de chamuscá-la no fogo; outra depois de combiná-la com várias outras substâncias, de forma que pudesse ser ingerida etc. Devido a esses meios aplicados, o cego de nascença recobra sua visão, em conseqüência do que, vê fora e dentro, longe e perto, o brilho do sol e da lua, as estrelas, planetas e todos os fenômenos. Então ele comenta: Ó quão tolo fui de não ter dado crédito ao que me diziam, nem aceito o que me explicavam. Agora tudo vejo; estou livre de minha cegueira e recuperei minha visão; não existe ninguém no mundo que me possa superar. E, no mesmo momento, Videntes de cinco faculdades transcendentes, fortes na visão e audição divinas, com o conhecimento do pensar alheio, com sua memória de residências passadas, com ciência mágica e intuição, dizem o seguinte ao homem: “Bom homem, apenas recuperastes tua visão, nada mais, e o fato permanece que ainda não conheces nada. De onde vem tal presunção? Não tens sabedoria, nem és um homem inteligente. Além disso lhe dizem: Bom homem, quando estais sentado dentro de teu quarto, não podes ver nem distinguir formas externas, nem discernir os seres que estão animados de sentimentos bondosos dos que estão com sentimentos hostis; não podes distinguir nem ouvir à distância de cinco yoganas a voz de um homem ou o som de um bambu, trombeta de concha, e assim por diante; não podes sequer caminhar a distância de um kos sem levantares teus pés do chão; fostes produzido e desenvolvido no ventre de tua mãe e sequer te lembras desse fato; como então serias sagaz, e como poderias dizer: tudo vejo? Bom homem, tomas a escuridão pela luz, e tomas a luz pela escuridão. Então o homem indaga aos Videntes:; Por que meios e por que bom trabalho, adquiriria eu tal sabedoria e, com vosso favor, adquiriria essas boas qualidades (ou virtudes)? E os Videntes dizem ao homem: Se esse é o teu desejo, estabeleces morada no deserto ou nas cavernas da montanha, para meditar na lei e remover a ignorância. Assim te tornarás familiarizado com as virtudes de um asceta e adquirirás as faculdades transcendentes. O homem apreende (seus) significados e vira um asceta. Vivendo no deserto, a mente fixa em um só objeto, ele se livra dos desejos mundanos e adquire as cinco faculdades transcendentes. Depois de tê-lo feito, ele pensa (assim): Anteriormente, eu não fazia a coisa correta; daí, nenhum bem vinha a mim. Agora, contudo, eu posso ir onde minha mente me impele; anteriormente eu era ignorante, de compreensão parca, de fato, um verdadeiro cego. Tal é, Kasyapa, a parábola que eu criei para que percebas o que eu queria dizer. A moral a ser derivada disso é a seguinte: A palavra ‘cego de nascença’, Kasyapa, é uma designação para as criaturas que deixam-se quedar no torvelinho do mundo, com os seus seis estados; as criaturas que não conhecem a verdadeira lei e estão empilhando a grossa escuridão das más paixões. Estes estão cegos pela ignorância e, em conseqüência disso, formam conceitos a partir de nome e forma, e assim por diante, até a gênesis dessa imensa massa de males. Assim, as criaturas cegas pela ignorância permanecem no torvelinho da vida, mas o Tathagata, que está fora do mundo tríplice, sente compaixão e, desta forma impelido ( por tal), como um pai por seu (filho) querido e único, (ele) aparece no mundo tríplice e vê, com seu olho de sabedoria, que as criaturas estão revolvendo no círculo do torvelinho mundano e estão labutando, sem achar o meio apropriado de escapar daquela rotação. E ao ver isso, ele chega à conclusão: Aqueles seres, de acordo com os bons trabalhos que fizeram em estágios anteriores, têm aversões fracas e apegos fortes; (ou) apegos fracos e aversões fortes; alguns têm pouca sabedoria, outros são espertos; alguns têm pontos de vista bem desenvolvidos, outros têm pontos de vista incorretos. A eles todos, o Tathagata, habilmente, mostra três veículos. Os Videntes na parábola, são aqueles que possuem as cinco faculdades transcendentes e visão clara, são os Bodhisatvas, que produzem o pensamento iluminado e, pela aquisição de aquiescência nas leis eternas, nos despertam para a iluminação suprema e perfeita. O grande médico na parábola é o Tathagata. Ao cego, pode-se comparar as criaturas cegas de enfatuamento. O apego, a aversão e a presunção são comparadas ao reumatismo, bile e fleuma. As sessenta e duas falsas teorias também podem ser vistas como tal (i.e. doshas, ‘humores e humores corrompidos do corpo,’ ‘falhas e corrupções’). As quatro ervas são como a impermanência (ou vazio), a não-causalidade, ou falta de causalidade ( ou sem propósito), o não-fixo, e o alcance do Nirvana.
    Assim como usando diferentes drogas, diferentes doenças são curadas, assim, desenvolvendo a idéia da impermanência (ou vazio), o sem-propósito, e o não-fixo, (que são) os princípios da emancipação, é a ignorância suprimida; a supressão da ignorância é sucedida pela supressão de concepções (ou imaginações); e assim por diante, até a supressão de uma enorme massa de males. E assim, a mente da pessoa não mais se quedará, nem no bem nem no mal. Ao homem que recupera sua visão, assemelha-se aos devotos do veículo dos discípulos e Pratyekabudas. Ele corta os laços das más paixões no torvelinho do mundo; livre desses laços, ele é liberto do mundo tríplice, com seus seis estados de existência. Portanto, o devoto do veículo dos discípulos pode pensar e falar assim: Não há mais leis a serem penetradas; eu alcancei o Nirvana. Então o Tathagata prega a ele: Como poderia aquele que não penetrou todas as leis, ter alcançado o Nirvana? O Senhor o desperta para a iluminação, e o discípulo, quando a consciência da iluminação foi desperta nele, não mais permanece no torvelinho mundano, mas, ao mesmo tempo, ainda não alcançou o Nirvana. Assim como chegou à verdadeira penetração, ele vê esse mundo triplo em toda direção como vazio, parecendo-se ao produto de mágica, semelhante a um sonho, uma miragem, um eco. Ele vê que todas as leis (e fenômenos) são não nascidos e não destruídos, não ligados e não desligados, não obscuros e não brilhantes. Aquele que vê as leis profundas de tal forma, vê como se não visse, todo mundo triplo, cheio de seres de disposições e fantasias contrárias de todo gênero. E naquela ocasião, para mais amplamente explicar o mesmo assunto, o Senhor ainda pronunciou as seguintes estrofes: 45. Como os raios do sol e da lua descem igualmente sobre todos os homens, bons ou maus, sem deficiência (em um caso) ou demasia (no outro); 46. Assim, a sabedoria do Tathagata brilha como o sol e a lua, conduzindo todos os seres sem parcialidade. 47. Como um oleiro, fazendo vasos de barro, produz daquele barro potes para o açúcar, leite, manteiga ou água; 48. Alguns para impurezas, outros para a coalhada, assim como o barro usado pelo ceramista, os vasos são todos de um só tipo; 49. Como um vaso é feito para receber quaisquer coisas, de acordo com o que venha ser vertido nele, assim os Tathagatas, por causa da diversidade de gostos, 50. Mencionam uma diversidade de veículos, apesar do veículo de Buda ser o único incontestável. Aquele que ignora a rotação da existência mundana, não tem percepção do descanso abençoado; 51. Mas aquele que compreende que todas as leis são vazias e sem realidade (e sem caráter individual) penetra a iluminação dos Senhores perfeitamente iluminados em sua própria essência. 52. Aquele que ocupa uma posição média de sabedoria é chamado um Pratyekagina (i.e. Pratyekabuda); aquele a quem falta a penetração do vazio, é chamado um discípulo. 53. Mas, depois de compreender todas as leis se é chamado um perfeitamente iluminado; uma tal pessoa é constante ao pregar a lei aos seres vivos, por intermédio de centenas de meios habilidosos. 54. É como se um cego de nascença, porque ele não vê o sol, a lua, planetas e estrelas, em sua cega ignorância (devesse então dizer): Não existem coisa visíveis, absolutamente. 55. Mas um grande médico, tendo compaixão do cego, vai ao Himalaia, onde, procurando profundamente, para cima e para baixo, 56. Ele pega da montanha quatro plantas; a erva de todos os sabores e cores e casos, e outras. Estas ele pretende aplicar. 57. Ele as aplica dessa forma: uma, ele dá ao cego depois de mascá-la, outra depois de sová-la, outra introduzindo-a com a ponta de uma agulha no corpo do homem. 58. O homem, tendo obtido sua visão, vê o sol, lua, planetas e estrelas, e chega à conclusão que foi por sua própria ignorância que ele falou assim, como havia feito anteriormente. 59. Da mesma forma, as pessoas de grande ignorância, cegas desde o nascimento, se locomovem no tumulto do mundo, porque não conhecem a roda de causas e efeitos, o caminho dos trabalhos. 60. No mundo, tão cego pela ignorância, aparecem os mais elevados daqueles que conhecem tudo, o Tathagata, o grande médico, de natureza compassiva. 61. Como um mestre capaz, ele mostra a verdadeira lei; ele revela a suprema iluminação do Buda àquele que está mais avançado.
    62. Àqueles de sabedoria média, o Líder prega uma iluminação média; e uma outra iluminação prega ele àquele que teme o torvelinho mundano. 63. O discípulo que, por sua discriminação, escapou do mundo tríplice, pensa que alcançou o puro e abençoado Nirvana, mas é apenas conhecendo todas as leis (e as leis universais) que o Nirvana imortal é alcançado. 64. Nesse caso, é como se os grandes Videntes, movidos pela compaixão, lhe dissessem: Estais enganado; não sejas orgulhoso de teu conhecimento. 65. Quando estás no teu quarto, não podes perceber o que se passa fora dele, tolo como és. 66. Tu que, quando detendo-se internamente, não percebes mesmo agora o que as pessoas estão fazendo fora, ou deixando de fazer, como podes ser sábio, tolo como és? 67. Não és capaz de ouvir um som à distância de apenas cinco yoganas, muito menos a uma distância maior. 68. Não podes distinguir quem é malévolo ou benévolo para contigo. De onde então, vem este teu orgulho? 69. Se tens de andar tanto quanto um kos, não o podes sequer fazer sem que exista já uma trilha batida; e o que aconteceu a ti no ventre de tua mãe, esquecestes totalmente. 70. Nesse mundo, ele é chamado todo sapiente, que possui as cinco faculdades transcendentes, mas quando tu, que nada sabes, pretendes ser todo sapiente, é um efeito de enfatuação. 71. Se desejas a onisciência, dirige tua atenção à sabedoria transcendental; então, vais ao deserto e meditas na lei pura; por ela adquirirás as faculdades transcendentes. 72. O homem alcança o significado, vai ao deserto, medita com a atenção mais extremada, e, como ele é dotado de boas qualidades, antes de longo tempo, ele adquire as cinco faculdades transcendentes. 73. Semelhantemente, todos os discípulos imaginam ter alcançado o Nirvana, mas o Gina os instrui (dizendo): Essa é uma pousada temporária, não o descanso final. 74. É um artifício dos Budas anunciar esse dogma. Não existe nenhum Nirvana (verdadeiro) sem onisciência; tenta alcançar isso. 75. O conhecimento sem fim dos três caminhos (do tempo), as seis perfeições máximas (Paramitas), o vazio, a ausência de propósitos, (ou objeto), a ausência de finitude. 76. A idéia de iluminação e as outras leis que conduzem ao Nirvana, ambas, tais que estejam misturadas com imperfeições e tais que estejam isentas delas, tais que sejam tranqüilas e comparáveis ao espaço etéreo: 77. As quatro Brahmaviharas e as quatro Sangrahas, assim com as leis estabelecidas pelos sábios eminentes para a educação das criaturas; 78. (Aquele que conhece essas coisas) e que todos os fenômenos têm a natureza de ilusão e sonhos, que são sem cerne, como o caule da bananeira, e parecidas com um eco. 79. E que sabe que o mundo tríplice, inteiramente, é dessa natureza, não rápido e não solto, ele conhece o descanso. 80. Aquele que considera todas as leis como sendo as mesmas, vazias, despidas de particularidade e individualidade, não derivadas de causa inteligente ou racional,; que discerne que o nada é a lei. 81. Uma tal pessoa tem grande sabedoria e percebe o todo da lei, inteiramente. Não existem três veículos, absolutamente; existe apenas um só veículo nesse mundo. 82. Todas as leis (ou a lei de todos) são parecidas, iguais, para todos e, para sempre, parecidas. Sabendo disso, depreende-se o Nirvana imortal, abençoado.
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    Saddharma-Pundarika / Predição de Budado / Capítulo 6
    CAPÍTULO 6
    PREDIÇÃO DE BUDADO
    Depois de ter pronunciado essas estrofes, o Senhor se dirigiu à assembléia repleta de monges: Eu vos anuncio, monges, eu torno conhecido de vós, que o monge Kasyapa, meu discípulo, aqui presente, venerará a trinta mil kotis de Budas; os respeitará, honrará e homenageará; e manterá a verdadeira lei daqueles senhores e Budas. Em sua última existência corpórea no mundo Avabhasa (i.e. lustro) na era (Aeon) Mahavyuha (i.e. grande divisão) deverá ser um Tathagata, um Arhat etc. etc., com o nome de Rasmiprabhasa (i.e. brilhando com raios). A duração de sua vida será de doze kalpas intermediários; a imitação de sua verdadeira lei durará também tantos kalpas intermediários. O seu campo de Buda será puro, limpo, livre de pedras, de areia grossa, cascalho; de abismos e precipícios; livre de esgotos e poços imundos; plano, interessante, bonito e agradável de se ver; consistindo de lápis-lazuli, adornado com árvores de jóias, e parecendo um enxadrezado, com oito compartimentos separados por fios de ouro. Será enfeitado com flores, e muitas centenas de milhares de Bodhisatvas aparecerão nele. Quanto aos discípulos, haverá inumeráveis centenas de milhares de miríades de kotis deles. Nem Mara o maligno, nem o seu séquito, serão acháveis ali, apesar de que Mara e seus seguidores, mais tarde, estarão lá; pois aplicar-se-ão a receber a verdadeira lei sob o comando daquele mesmo Senhor Rasmiprabhasa. E naquela ocasião, o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 1. Com a minha visão de Buda, monges, eu vejo que o senhor Kasyapa aqui se tornará um Buda em uma época futura, em um Aeon incalculável, depois de ter prestado homenagem ao mais elevado dentre os homens. 2. Esse Kasyapa verá, ao todo, trinta mil kotis de Ginas, sob quem levará ele uma vida espiritual para o conhecimento do Buda. 3. Depois de ter prestado homenagem àqueles mais elevados dentre os homens e adquirido aquele conhecimento supremo, ele deverá, em sua última existência corpórea, ser um Senhor do mundo, um incomparável, grande Vidente. 4. E o seu campo será magnífico, excelente, puro, bom, bonito, interessante, sempre belo, deleitoso, e separado por fios de ouro. 5. Aquele campo, monges (parecendo-se como) uma tábua divida em oito compartimentos, terá várias árvores de jóias, uma em cada compartimento, da qual exala um delicioso perfume. 6. Será adornado com abundantes flores e embelezada com desabrochares variados; nele não existirão poços ou precipícios; é plano, bom, bonito. 7. Serão achados centenas kotis de Bodhisatvas, de mente controlada e de grande poder mágico, poderosos mantenedores de Sutrantas de grande extensão. 8. Quanto aos discípulos, sem erros, príncipes da lei, quedando-se em seu último período de vida, o seu número não será nunca conhecido, mesmo que se os contasse durante Aeons, e isso, com a ajuda do conhecimento divino. 9. Ele mesmo durará doze kalpas intermediários, e sua verdadeira lei vinte Aeons completos; a imitação durará também tantos Aeons, no domínio de Rasmiprabhasa. Nisso, o venerável sênior Maha-Maudgalyayana, o venerável Subhuti, e o venerável Maha- Katyayana, com seus corpos tremendo, fitaram o Senhor com olhos límpidos, e ao mesmo tempo pronunciaram variadamente, em concerto mental, as seguintes estrofes: 10. Ó consagrado (Arhat), grande herói, Shakyamuni, mais elevado dentre os homens! Por compaixão por nós, dizei a palavra do Buda. 11. O mais elevado dos homens, o Gina, aquele que conhece o termo fatal, nos espargirá, por assim dizer, com néctar, ao predizer o nosso destino também.
    12. (É como se) um certo homem, em tempo de fome, vem e obtém boa comida, mas a quem, quando a comida está já em sua mãos, dizem que seria preferível esperar. 13. De forma semelhante ocorre conosco, que após nos ligarmos com o veículo inferior, na conjuntura calamitosa e numa época ruim, queremos agora o conhecimento do Buda. 14. Mas o perfeitamente iluminado grande Vidente, ainda não nos favoreceu com uma predição (de nosso destino), como se dissesse: Não comais a comida que vos foi colocada em mãos. 15. Da mesma forma, Ó herói, esperávamos, quando ouvimos a voz exaltada ( e pensávamos): Então estaremos em descanso, quando tivermos recebido uma predição. 16. Pronunciai uma predição, Ó grande herói, tão benevolente e compassivo! Que haja um fim ao nosso sentimento de pobreza! E o Senhor, que em sua mente compreendeu os pensamentos surgidos nas mentes daqueles grandes discípulos veteranos, novamente dirigiu-se à assembléia repleta de monges: Esse meu grande discípulo, monges, o veterano Subhuti, deverá de forma idêntica prestar homenagem a trinta centenas de milhares de miríades de kotis de Budas; os demonstrará respeito, honra, reverência, veneração e culto. Sob eles, deverá levar vida espiritual e atingirá a iluminação. Depois de completar tais deveres deverá ele, em sua última existência corpórea, tornar-se um Tathagata no mundo, um Arhat etc. etc., como o nome de Sasiketu. O seu campo de Buda se chamará Ratnasambhava e sua época, Ratnaprabhasa. E aquele campo de Buda será plano, bonito, cristalino, diversificado, como árvores de jóias, livre de poços e precipícios, livre de esgotos, bom, coberto de flores. E lá, terão os homens a sua moradia, em palácios (ou torres) dados a eles para (o seu) uso. Nele estarão muitos discípulos, inumeráveis, tantos que seria impossível calcular tudo. Muitas centenas de milhares de kotis de Bodhisatvas também estarão lá. A duração da vida daquele Senhor deverá ser de doze kalpas intermediários; a sua lei verdadeira deverá continuar por vinte kalpas intermediários, a sua imitação outros tantos. Aquele Senhor pregará, enquanto de pé, engastado no firmamento, a lei aos monges e educará muitos milhares de Bodhisatvas discípulos. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 17. Eu tenho algo a anunciar, monges, algo a tornar conhecido; ouvi-me então: o veterano Subhuti, meu discípulo, deverá em dias vindouros tonar-se um Buda. 18. Depois de ter visto trinta miríades de kotis de poderosos Budas ao todo, ele deverá entrar no curso reto para obter esse conhecimento. 19. Em sua última existência corpórea ele deverá ser um herói, possuindo as trinta e duas marcas características, tornando-se um grande Vidente, parecido a um pilar de ouro, benéfico e bondoso com o mundo. 20. O campo onde aquele amigo do mundo deverá salvar a miríades de kotis de seres vivos, será muito bonito, interessante, e deleitoso para as pessoas em geral. 21. Nele, haverão muitos Bodhisatvas para girar a roda que nunca gira para trás (ou nunca se desvia); agraciado com faculdades aguçadas irão, sob aquele Gina, ser os ornamentos daquele campo de Buda. 22. Os seus discípulos são tão numerosos que passam de cálculo ou medição; agraciado com as seis faculdades transcendentes, a ciência tríplice e poder mágico; firme nas oito emancipações. 23. O seu poder mágico, enquanto que revela a iluminação suprema, é inconcebível. Deuses e homens, tão numerosos quanto as areias do Ganges, sempre o saudarão, reverentemente, de mãos postas. 24. Ele deverá ficar doze kalpas intermediários; a verdadeira lei daquele mais elevado dos homens durará vinte kalpas intermediários e a imitação outros tantos. Novamente o Senhor se dirigiu à assembléia total de monges: eu vos anuncio, monges, eu torno conhecido que o veterano Maha-Katyayana aqui presente, meu discípulo, prestará homenagem a oito mil kotis de Budas; os demonstrará respeito, honra, reverência, veneração e culto; com a expiração daqueles Tathagatas ele construirá Stupas, de mil yoganas de altura, cinqüenta yoganas de circunferência e consistindo das sete substâncias preciosas, a saber; ouro, lápis-lazuli, cristal, pérolas vermelhas, esmeraldas, e em sétimo lugar, coral. Aquelas Stupas, ele deverá venerar com flores, incenso, coroas, guirlandas perfumadas, óleos, pós, mantos, pára-sóis, flâmulas, bandeiras, galhardetes triunfais. Mais tarde, ele, novamente, deverá prestar homenagem a vinte kotis de Budas; mostrar-lhes respeito, honra, reverência, veneração e culto. Então em sua última existência corpórea, sua última aparição física, ele será um Tathagata no mundo, um Arhat etc. etc., chamado Gambunada-prabhasa (i.e. brilho de ouro), agraciado com ciência e conduta etc. Seu campo de Buda será completamente puro, plano, bonito, interessante, belo, cristalino, enriquecido com árvores de jóias, intercalado por fios de ouro, salpicada de flores, livres de seres da criação bruta, do inferno e dos séquitos de demônios, repleto com numerosos homens e deuses, adornado com muitas centenas de milhares de discípulos e muitas centenas de milhares de Bodhisatvas. A sua longevidade será de doze kalpas intermediários, sua verdadeira lei continuará por doze kalpas intermediários, e sua imitação outros tantos. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 25. Ouvi-me vós todos, monges, já que vou proclamar uma palavra infalível. Katyayana aqui, o veterano, meu discípulo, prestará veneração aos Líderes. 26. Ele deverá mostrar veneração de vários tipos e de muitas formas aos Líderes, depois de cuja expiração ele construirá Stupas, venerando-as com flores e perfumes. 27. Em sua última existência corpórea ele deverá ser um Gina, em um campo completamente puro e, após adquirir o conhecimento pleno, deverá pregar a milhares de kotis de seres vivos. 28. Ele deverá ser um poderoso Buda e iluminador, altamente honrado nesse mundo, inclusive pelos deuses, com o nome de Gambunada-prabahasa, e salvar a kotis de deuses e homens. 29. Muitos Bodhisatvas, bem como discípulos, além da medida e cálculo, adornarão naquele campo o reino daquele Buda, todos eles libertos da existência e isentos da existência. Novamente, o Senhor se dirigiu à assembléia completa de monges; Eu vos anuncio, monges, eu torno conhecido, que o veterano Maha-Maudgalyayana aqui presente, meu discípulo, propiciará a vinte e oito mil Budas e prestará a esses Senhores homenagens de vários tipos; ele os demonstrará respeito etc., e depois de sua expirações, construirá Stupas consistindo de sete substâncias preciosas, a saber, ouro, prata, lápis-lazuli, cristal, pérolas vermelhas, esmeraldas, e em sétimo lugar, coral; (Stupas) de mil yoganas de altura e quinhentos yoganas de circunferência, cujas Stupas ele deverá reverenciar de diferentes formas, com flores, incenso, guirlandas perfumadas, óleos, pós, mantos, pára-sóis, flâmulas, bandeiras e galhardetes triunfais. Mais tarde, ele, novamente, prestará veneração similar a vinte centenas de milhares de kotis de Budas; ele lhes demonstrará respeito etc. e em sua última existência corpórea se tornará um Tathagata no mundo etc., chamado Tamalapatrakandanagandha, agraciado com ciência e conduta etc. O campo daquele Buda será chamado Manobhirama; seu período, Ratipratipurna. E aquele campo de Buda será plano, agradável., bonito, interessante, cristalino, enriquecido com árvores de jóias, salpicado com flores diversas, repleto de deuses e homens, freqüentado por centenas de milhares de Videntes, isto é, discípulos e Bodhisatvas. A sua longevidade será de vinte e quatro kalpas intermediários; sua verdadeira lei durará quarenta kalpas intermediários e sua imitação outros tantos. E, naquela ocasião, o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 30., O descendente da raça Mudgala, meu discípulo aqui, depois de deixar a existência humana, verá vinte mil poderosos Ginas e oito (mil) mais destes seres sem erros. 31. Sob eles, deverá seguir um curso de dever, tentando alcançar o conhecimento do Buda; ele prestará homenagem de várias forma àqueles Líderes e ao mais elevado dos homens. 32. Depois de manter sua verdadeira lei, de alcance amplo e sublime, durante milhares de kotis de Aeons, ele deverá com a expiração daqueles Sugatas, venerar suas Stupas. 33. Em hora àqueles muito elevados Ginas, aqueles poderosos seres, tão benéficos ao mundo, ele deverá erigir Stupas constituídas de substâncias preciosas, e as decorará com flores, perfumes e sons musicais. 34. No período de sua última existência corpórea, ele deverá, em um campo bom e bonito, ser um Buda bondoso e compassivo para o mundo, sob o nome de Tamalapatrakandanagandha. 35. A longevidade daquele Sugata será, ao todo, vinte e quatro kalpas intermediários, durante os quais ele será assíduo em declarar a regra do Buda a homens e deuses. 36. Aquele Gina deverá ter muitos milhares de kotis de discípulos, inumeráveis como as areias do Ganges, agraciados com as seis faculdades transcendentes e a ciência tríplice, e possuindo poder mágico, sob o comando daquele Sugata. 37. Sob o reino daquele Sugata aparecerão também numerosos Bodhisatvas, muitos milhares deles, incapazes de deslizar para trás (de se desviar), desenvolvendo o zelo, de conhecimento extensivo e hábitos estudiosos.
    38. Depois do desaparecimento daquele Gina, sua verdadeira lei deverá medir, no tempo, vinte e quatro kalpas intermediários ao todo; a sua imitação deverá ter a mesma extensão de tempo. 39. Esses são os meus cinco poderosos discípulos, a quem eu destinei à Iluminação Suprema e a se tornarem no futuro Ginas auto-gerados; agora ouvi de mim o seu percurso.
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    Saddharma-Pundarika / Devoção Antiga / Capítulo 7
    CAPÍTULO 7
    DEVOÇÃO ANTIGA
    Antes, monges, no passado, incalculável, mais que incalculável, inconcebível, imenso, Aeons sem medida, apareceu no mundo um Tathagata etc., chamado Mahabhignagnanabhibhu, agraciado com ciência e conduta, um Sugata etc. etc., na esfera de Sambhava (i.e. origem, gênese), no período Maharupa. (Indagais), monges, há quanto tempo atrás foi que esse Tathagata nasceu? Bem, suponham que algum homem fosse reduzir a pó toda a massa do elemento terra, tanto quanto possa ser encontrada em todo esse universo; que depois de pegar um átomo de pó desse mundo ele ande mil mundos além para depositar aquele átomo único; que depois de pegar um segundo átomo de pó e andar mil mundos além, ele deposita aquele segundo átomo, e procedendo dessa forma, afinal ele deposita todo o elemento terra na direção leste. Agora monges, o que pensam,: é possível pelo cálculo achar o fim ou limite desses mundos: Eles responderam: Certamente que não, Sugata. O Senhor disse: Ao contrário, monges, algum aritmético ou mestre de aritmética poderia, verdadeiramente, ser capaz de calcular o fim ou limite dos mundos, tanto aqueles onde os átomos foram depositados, e aqueles onde não o foram, mas é impossível, aplicando as leis da aritmética, achar o limite daquelas centenas de milhares de miríades de Aeons; tão longas, tão inconcebíveis, tão imenso o número de Aeons que se passaram desde o desaparecimento daquele Senhor, o Tathagata Mahabhignagnanabhibhu. contudo, monges, eu me recordo perfeitamente daquele Tathagata que se extinguiu há tanto tempo atrás, como se tivesse sido hoje ou ontem, porque possuo eu, o poderoso conhecimento e a visão do Tathagata. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estâncias: 1. Eu me recordo do grande Vidente Abhignagnanabhibhu, o mais elevado dos homens, que existiu há muitos kotis de Aeons atrás como o Gina superior daquele período. 2. Se, por exemplo, alguns homens depois de reduzir esse universo a átomos de pó, pegasse um átomo para depositá-lo a mil regiões de distância além; 3. Se depositasse um segundo, um terceiro átomo, e assim procedesse até que tivesse acabado com toda a matéria da terra, de tal forma que esse mundo se tornasse vazio e a massa de matéria exaurida; 4. A imensa massa de matéria desses mundos, completamente reduzidos a átomos, eu comparo o número de Aeons passados. 5. Tão imenso é o número de kotis de Aeons expirados desde aquele Sugata extinto; o todo dos átomos (existentes) não o expressa (adequadamente); tantos são os Aeons que se passaram desde então. 6. Aquele líder que expirou há tanto tempo atrás, aqueles discípulos e Bodhisatvas, eu me lembro de todos eles como se fosse hoje ou ontem. Tal é o conhecimento dos Tathagatas. 7. Tão infindável, monges, é o conhecimento do Tathagata; eu sei o que se passou a muitas centenas de Aeons atrás, com minha memória precisa e sem erros. Para prosseguir, monges, a longevidade do Tathagata Mahabhignagnanabhibhu, o Arhat etc., foi de cinqüenta e quatro milhares de miríades de kotis de Aeons. No começo quando o Senhor não havia ainda alcançado a iluminação suprema e perfeita e havia apenas ocupado o cume do terreno da iluminação, ele desconcertou e derrotou a toda a hoste de Mara, após o que ele pensou: eu vou atingir a iluminação perfeita. Mas aquelas leis (da iluminação perfeita) ainda não haviam surgido para ele. Ele permaneceu no terreno da iluminação ao pé da árvore da iluminação durante um kalpa intermediário. Ele se quedou lá um segundo, um terceiro kalpa intermediário, mas não havia ainda alcançado a iluminação suprema e perfeita. Ele permaneceu um quarto, um quinto, um sexto, um sétimo, um oitavo, um nono, um décimo kalpa intermediário no terreno da iluminação, ao pé da árvore da iluminação, continuando a sentar-se de pernas cruzadas sem se levantar ele se quedou, a mente sem movimentos, o corpo imóvel e sem ruídos, mas aquelas leis não haviam ainda raiado para ele. Agora, monges, quando o Senhor estava justo no cume do terreno da iluminação, os deuses do Paraíso (Trayastrimsas) prepararam para ele um magnífico trono real, de cem yoganas de altura, ocupando o qual, o Senhor atingiu a iluminação suprema e perfeita; e tão logo o Senhor ocupou o assento da iluminação então os deuses Brahmakayika espalharam uma chuva de flores ao redor do assento da iluminação a uma distância de cem yoganas, no céu eles soltaram tempestades através das quais as flores murchas eram varridas para longe. Desde o começo da chuva de flores, enquanto o Senhor se sentava no assento da iluminação, transbordou sem interrupção essa chuva de flores durante, ao todo, dez kalpas intermediários cobrindo o Senhor. Aquela chuva de flores, tendo uma vez começado, continuou a cair até o momento do completo Nirvana do Senhor. Os anjos pertencentes à divisão dos quatro guardiões dos pontos cardeais fizeram os tambores celestes dos deuses ressoar; fizeram-nos ressoar sem interrupção em honra ao Senhor, que havia alcançado o cume do terreno da iluminação. Dali em diante, durante dez kalpas intermediários ao todo, eles fizeram ressoar ininterruptamente aqueles instrumentos celestes até o momento da extinção completa do Senhor. Novamente, monges, depois do lapso de dez kalpas intermediários, o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., alcançou a iluminação suprema e perfeita. Imediatamente após terem sabido de sua iluminação, os dezesseis filhos nascidos daquele Senhor, quando ainda era um príncipe real, o mais velho dos filhos se chamando Gnanakara, cujos dezesseis jovens príncipes, monges, tinham vários brinquedos com que brincar, variados e bonitos— aqueles dezesseis príncipes, eu repito, monges, deixaram seus brinquedos, seus divertimentos e, já que sabiam que o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., havia alcançado o conhecimento supremo e perfeito, foram cercados e atendidos por suas babás e mães chorosas, junto com o nobre e rico rei Kakravartin, muitos ministros, e centenas de milhares de kotis de seres vivos, ao lugar onde o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., estava sentado no cume do terreno da iluminação. Se lhe aproximaram para honrá-lo, respeitá-lo, reverenciá-lo, e venerá-lo, saudaram seus pés com suas cabeças, fizeram três circunvoluções ao redor dele no sentido da direita para a esquerda, levantaram as duas mãos postas, e elogiaram o Senhor, face a face, com a as seguintes estâncias: 8. Sois o grande médico, não tendo superior, feito perfeito em Aeons infindáveis. O vosso desejo benigno de salvar a todos os mortais (da escuridão) foi hoje realizado. 9. Coisas muito difíceis realizastes durante os dez kalpas intermediários que se passaram; estivestes sentado aquele tempo todo sem mover uma só vez vosso corpo, mão, pés, ou qualquer outra parte. 10., Vossa mente estava também tranqüila e firme, sem movimentos, nunca se mexeu; não conhecestes nenhuma distração; estás completamente em descanso e sem erros. 11. A alegria esteja convosco, que tão alegremente e desembaraçadamente, sem qualquer arranhão alcançastes a iluminação suprema. Que grande felicidade é a nossa! congratulamo-nos a nós mesmos, Ó Leão dentre os reis! 12. Essas criaturas infelizes, humilhadas por todas as formas, privadas de visão, por assim dizer, e sem alegria, não encontram o caminho que conduz ao fim do trabalho, nem desenvolvem a energia para a libertação. 13. Os perigos têm estado, durante muito tempo, aumentando e as leis (ou fenômenos, coisas) estão privados da (possessão de um ) corpo celeste; a palavra do Gina não sendo ouvida; o mundo inteiro está mergulhado em uma profunda escuridão. 14. Mas hoje (ou agora) alcançastes, Majestade do mundo, esse lugar consagrado, elevado e sem máculas; nós, bem como o mundo, estamos agradecidos a vós, e aproximamo-nos para procurar nosso refúgio convosco, Ó Protetor! Quando, Ó monges, aqueles dezesseis príncipes na condição de crianças, jovens, e tenros, tinham com tais estâncias celebrado o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., eles insistiam com o Senhor para movimentar a roda da lei: Pregai a lei, Ó Senhor; pregai a lei, ó Sugata, para o bem de todos, a felicidade do povo, por compaixão ao mundo; para o benefício, bem, e felicidade de todos em geral, ambos deuses e humanos. E naquela ocasião pronunciaram as seguintes estâncias:
    15. Pregai a lei, Ó vós que estais marcado com cem sinais auspiciosos, Ó Líder, Ó incomparável Grande Vidente! Alcançastes o conhecimento exaltado e sublime, que brilha no mundo, inclusive dos deuses. 16. Libertai-nos, bem como a essas criaturas; mostrai o conhecimento do Tathagatas para que nós também, e ainda além, todos esses seres possam obter esta iluminação suprema. 17. Conheceis todo o curso do dever e conhecimento; conheceis a disposição (metal e moral) e os bons trabalhos feitos em existências passadas; o pendor (natural) de todos os seres vivos. Movei a mais exaltada, sublime roda! Então, monges, assim como o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., alcançou a iluminação suprema e perfeita, cinqüenta centenas de milhares de kotis de esferas em cada uma das dez direções do espaço, foram saudadas por seis maneiras diferentes e se tornaram iluminadas com um grande lustro. E nos intervalos entre todas essas esferas, nos lugares assustadores de escuridão, onde mesmo o sol e a lua tão poderosos, fortes e esplêndidos não iluminam, não conseguem levar ali seus brilhos, mesmo naqueles lugares inacessíveis ao sol e à lua, um grande lustro levantou-se instantaneamente. E os seres que apareceram naqueles intervalos perceberam-se uns aos outros, reconheceram-se uns aos outros, (e exclamam): Vede, existem outros seres também aparecendo aqui! vede, existem outros seres também aqui aparecendo! Os palácios e veículos aéreos dos deuses em todas aquelas esferas até o mundo de Brahma sacudiram em seis diferentes modos, e se tornaram iluminados com um grande lustro, superando a majestade divina dos deuses. Então aí, monges, um grande terremoto e um grande sublime lustro apareceram simultaneamente. E os veículos aéreos dos anjos de Brahma no leste, nestas cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de esferas, começaram a brilhar excessivamente, resplandecer e refulgir em esplendor e glória. E aqueles anjos de Brahma fizeram essa reflexão: O que pode estar anunciado com esses veículos aéreos tão excessivamente brilhantes, resplandecentes, refulgentes em esplendor e gloria? Então, monges, os anjos de Brahma nos cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de esferas foram todos, cada um ao lar do outro e se comunicaram essa questão. Depois disso, monges, o grande anjo de Brahma chamado Sarvasattvatratri (i.e. Salvador de todos os seres), se dirigiu à numerosa hoste de anjos de Brahma nas seguintes estâncias: 18. Nossos veículos aéreos hoje (ou agora) estão todos brilhando com raios em um grau extraordinário, e refulgindo em um lindo brilho e esplendor. Qual a causa provável disso? 19. Vinde, vamos investigar a questão, que ser divino hoje entrou em existência, cujo poder, tal como nunca dantes tinha sido visto, aparece aqui nesse momento? 20. Ou será que é um dos Budas, o rei dos reis, que hoje nasceu em alguma parte do mundo, e cujo nascimento está anunciado por um tal sinal que todos os pontos no horizonte estão ora refulgindo esplendorosamente? Então nisso, Monges, os grandes anjos de Brahma nas cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de esferas montaram todos juntos seus próprios divinos veículos aéreos, levando consigo sacos divinos, grandes como o Monte Sumeru, com flores celestes, e foram através das quatro direções, sucessivamente, até chegarem ao lado oeste, onde aqueles grandes anjos de Brahma, Ó monges, quedando-se na região do oeste, viram o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., no cume do exaltado terreno da iluminação, sentado no trono real ao pé da árvore da iluminação, cercado e atendido por deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens, e seres não humanos, enquanto que os seus filhos, os dezesseis jovens príncipes instavam com ele para fazer girar a roda da lei. Vendo que o anjos de Brahma vieram ao Senhor, saudaram os seus pés com suas cabeças, andaram ao redor dele da esquerda para a direita muitas centenas de milhares de vezes, espargindo (flores) e (o) cobrindo e à árvore da iluminação por uma distância de dez yoganas, com aqueles sacos repletos de flores grandes como Monte Sumeru. Depois disso apresentaram ao Senhor os seus veículos aéreos (com as palavras): Aceitai, Ó Senhor, esses veículos aéreos por compaixão a nós; usai, Ó Sugata, aqueles veículos por compaixão a nós. Naquela ocasião, monges, depois de apresentar seus próprios veículos ao Senhor, os anjos de Brahma celebraram o Senhor, face a face, com as seguintes adequadas estâncias: 21. Um (ou o) maravilhoso, incomparável Gina, tão benéfico e compassivo, apareceu no mundo. Sois nascido um protetor, um regente ( e professor) um mestre; hoje todas as regiões são abençoadas.
    22. Viemos desde cinqüenta mil kotis de mundos de distância ao todo daqui para, humildemente, saudar o Gina dando nossos veículos aéreos conjuntamente. 23. Possuímos estes veículos variegados e brilhantes, devido a obras prévias ; aceitai-los para nos agradar, e usai-os como o aprouveres, Ó Conhecedor do mundo! Depois que os grandes anjos de Brahma, monges , celebraram o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., face a face, com essas adequadas estâncias, eles (o) imploraram dizendo: Possa o Senhor girar adiante a roda da lei! Possa o Senhor pregar o descanso final. Possa o Senhor libertar todos os seres! Sede favorável, Ó Senhor a esse mundo! Pregai a lei, Ó Senhor, a esse mundo, inclusive a deuses, Maras e anjos de Brahma; a todas as pessoas , inclusive ascetas e brâmanes,, deuses, homens e demônios! Será para o benefício do povo, para felicidade do povo em geral, ambos, deuses e homens. Com isso, monges, aquelas cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de anjos de Brahma se dirigiram ao Senhor, em uníssono, em coro, com as seguintes estâncias: 24. Mostrai a lei, Ó Senhor: mostrai-a, Ó mais elevado dentre os homens: mostrai-a, Ó mais elevado dentre os homens; Mostrai o poder de vossa bondade; salvai os seres atormentados. 25. Rara é a luz do mundo como a flor da figueira aglomerada. Levantai-vos, Ó grande herói; vos rogamos, Ó Tathagata! E o Senhor, Ó monges, silenciosamente mostrou o seu consentimento aos anjos de Brahma. Um pouco mais tarde, monges, os veículos aéreos dos anjos de Brahma na região sudeste nas cinqüenta centenas de milhares de miríades de esferas começaram a brilhar excessivamente, resplandecer e refulgir em esplendor e glória. E aqueles anjos de Brahma fizeram essa reflexão: o que pode ser anunciado por esses veículos aéreos tão excessivamente brilhantes, resplandecentes e refulgentes em esplendor e glória? Nisso então, monges, os anjos de Brahma em cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de esferas foram-se todos ao lar de cada qual e trocaram informações sobre a questão. Depois disso, monges, o grande anjo de Brahma, chamado Adhimatrakarunika (i.e., excessivamente compassivo), dirigiu-se à numerosa hoste de anjos de Brahma com as seguintes estâncias: 26. Que sinal é este que vemos aqui hoje (ou agora), amigos? Quem, ou o que é anunciado pelos veículos celestes brilhando com uma glória tão incomum? 27. Poderá, talvez, algum abençoado ser divino vir aqui, por cujo poder, todos esses carros aéreos estão iluminados? 28. Ou poderia ser o Buda, o mais elevado dos homens, que tenha surgido nesse mudo, que por seu poder esse carros celestes estão em tal condição como os vemos? 29l. Vamos todos juntos e procuremos; nenhuma bobagem poderia ser a causa disso; um tal sinal, verdadeiramente, nunca dantes foi visto. 3k0. Vinde, vamos visitar a kotis de campos, nas quatro direções; um Buda terá certamente feito agora a sua aparição nesse mundo. Com isso, monges, os grandes anjos de Brahma nas cinqüenta centenas de milhares de kotis de esferas montaram todos juntos em seus divinos veículos aéreos, levaram consigo sacos divinos, grandes como o Monte Sumeru, com flores celestes, e foram sucessivamente pelas quatro direções até chegarem à direção nordeste, onde aqueles grandes anjos de Brahma, postados (na região nordeste), viram o Senhor Mahabhignagnanabhibhu (etc. como acima até compaixão a nós). Naquela ocasião, monges, depois de apresentarem os seus próprios carros ao Senhor, os anjos de Brahma celebraram o Senhor, face a face, com as seguintes adequadas estâncias: 31. Homenagem a vós, incomparável Vidente, deus chefe dos deuses, cuja voz é tão doce quanto a cotovia. Líder no mundo, inclusive dos deuses, eu vos saúdo, que sois tão benigno e doador ao mundo. 32. Quão maravilhoso, Ó Senhor, (é) que após tanto tempo aparecestes no mundo. Durante oitenta centenas de Aeons completos viveu esse mundo sem um Buda. 33. Estava privado do mais elevado dos homens; o inferno prevalecia e corpos celestes desvaneceram-se constantemente durante oitenta centenas de Aeons completos. 34. Mas agora ele apareceu, devido aos nossos bons trabalhos, que é o (nosso)_ olho, refúgio, lugar de descanso, proteção, pai e parente, ele, o benigno e doador, o Rei da lei.
    Depois que os grandes anjos de Brahma, monges, celebraram o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., face a face, com essas estâncias adequadas, eles rogaram: Possa o Senhor fazer girar adiante a roda da lei!(como acima até ambos deuses e homens.) Com isso, monges, aquelas cinqüenta centenas de milhares de mirardes de kotis de anjos de Brahma dirigiram-se ao Senhor, em uníssono, em coro comum, com as seguintes estâncias: 35. Girai adiante a roda exaltada, Ó grande asceta! revelai a lei em todas as direções; livrai todos os seres oprimidos pelo sofrimento; produzi entre os mortais a alegria e o contentamento. 36. Que eles, ouvindo a lei, tomem parte na iluminação e alcancem lugares divinos. Que todos sacudam fora seus corpos de demônio, e sejam pacíficos, humildes e fiquem à vontade. E o Senhor, Ó monges, silenciosamente mostrou o seu assentimento àqueles anjos de Brahma também. Um pouco mais tarde monges, os veículos aéreos dos anjos de Brahma na região sul (etc., como acima até uns aos outros). Depois disso, monges, o grande anjo de Brahma chamado Sudharma, dirigiu-se à numeroso hoste de anjos de Brahma em estâncias. 37. Não poderia ser sem motivo ou causa, amigos, que hoje (ou agora) todos esses veículos celestes estejam tão brilhantes; isso quer dizer algum portento em algum lugar do mundo. Vinde, vamos e investiguemos a questão. 38. Nenhum tal portento apareceu em centenas de Aeons passados. Ou um deus nasceu, ou um Buda apareceu nesse mundo. Nisso então, monges, os grandes anjos de Brahma, nas cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de esferas montaram (etc.,., como acima até compaixão a nós). Naquela ocasião, monges, depois de apresentar os seus próprios carros ao Senhor, os anjos de Brahma celebraram o Senhor, face a face, com as seguintes estâncias adequadas: 39. Muito rara (e preciosa) é a visão dos Líderes. Sede bem vindo, vós que dispensais a conspurcação do mundo. É depois de longo tempo que agora apareceis no mundo; depois de centenas de Aeons completos, (agora) percebe-se a vós. 40. Refrescai as criaturas sedentas, Ó Senhor do mundo! Agora és primeiramente visto; não é fácil de ver-vos. Tão rara (ou preciosa) quanto as flores da figueira aglomerada é o vosso surgimento, Ó Senhor. 41. Por vosso poder esses carros aéreos nossos estão tão incomumente iluminados agora, Ó Líder. Para nos mostrar o vosso favor, aceitai-os, Ó vós cuja visão penetra por toda parte. Depois que os grandes anjos de Brahma, monges, celebraram o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., face a face com essas estâncias adequadas, eles (lhe) pediram: Possa o Senhor fazer girar adiante a roda da lei! (como acima até deuses e homens.) Com isso, monges, aquelas cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de anjos de Brahma dirigiram-se ao Senhor, em uníssono, em coro comum , com as seguintes estâncias: 42. Pregai a lei, Ó Senhor e Líder! girai adiante a roda da lei, fazei ressoar o grande tambor da lei, e soprai a trombeta de concha da lei. 43. Vertei a chuva da verdadeira lei sobre esse mundo e proclamais a boa palavra que soa doce; manifestai a lei requerida, salvai a miríades de kotis de seres. E o Senhor, monges, silenciosamente mostrou o seu assentimento aos anjos de Brahma. Repetição; o mesmo ocorreu no sudoeste, no oeste, no noroeste, no norte, no nordeste, no nadir. Então, monges., os veículos aéreos dos anjos de Brahma no nadir, naquelas cinqüenta centenas de milhares de miriades de kotis de esferas (etc. como acima até uns aos outros). Depois disso, monges, o grande anjo de Brahma, chamado Sikhin dirigiu-se à numerosa hoste de anjos de Brahma com as seguintes estâncias: 44. Qual poderá ser a causa , Ó amigos, que nossos carros estejam tão brilhantes de esplendor, cor e luz? Qual poderia ser a razão de estarem tão excessivamente gloriosos? 45. Nunca dantes vimos nada como isto ou de outros ouvimos. Esses (carros) estão ora brilhantes de esplendor e inexcedivelmente gloriosos; qual poderia ser a causa (disso)?. 46. Deve ser algum deus que foi dado ao mundo em recompensa pelos bons trabalhos, e cuja grandeza apareça assim como luz? Ou será talvez um Buda que nasceu no mundo?
    (Nisso) então, monges, os grandes anjos de Brahma nas cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de esferas montaram todos juntos em seus próprios divinos carros aéreos, levaram consigo sacos divinos, grandes como o Monte Sumeru, com flores celestes, e foram através das quatro direções, sucessivamente, até que chegaram ao zênite, onde aqueles grandes anjos de Brahma, postados no zênite, viram o Senhor Mahabhignagnanabhibhu (etc., como acima até compaixão a nós). Naquela ocasião, monges, depois de apresentar os seus próprios veículos ao Senhor, os anjos de Brahma celebraram o Senhor, face a face, com as seguintes adequadas estâncias: 47. Que boa é a visão dos Budas, os poderosos Senhores do mundo; aqueles Budas que irão libertar a todos os seres nesse mundo triplo. 48. Os Mestres onividentes do mundo mandam os seus olhares em todas as direções do horizonte, e abrindo o portão da imortalidade fazem as pessoas alcançarem a margem (segura). 49. Um número inconcebível de Aeons que ora se passaram estiveram vazios, e todas as direções envoltas em escuridão, como o chefe dos Ginas não aparecia. 50. Os infernos temerosos, a criação bruta e os demônios estavam aumentando; milhares de kotis de seres vivos caíram no estado de fantasmas. 51. Os corpos celestes estavam se desvanecendo; depois de sua desaparição, eles entraram em caminhos equivocados; o seu curso se tornou errôneo por não ouvirem a lei dos Budas. 52. Todo os seres se ressentiam de comportamento devido, pureza, boa alegria e compreensão; a sua felicidade se perdeu, e a consciência da felicidade se esvaneceu. 53. Não observavam as regras da moralidade; estavam firmemente enraizados na falsa lei; não sendo conduzidos pelo Senhor do mundo, se precipitaram em desviados rumos. 54. Salve! viestes afinal, Ó luz do mundo! vós, nascido para serdes doador a todos os seres. 55. Salve! chegastes com segurança ao conhecimento supremo de Buda; sentimo-nos gratos a vós, a assim também o mundo, inclusive os deuses. 56. Por vosso poder, Ó poderoso Senhor, nossos carros aéreos estão brilhando; a vós os presenteamos, grande Herói; querei aceitá-los, grande Solitário. 57. Por misericórdia de nós, Ó Líder , fazei uso deles, para que nós, bem como todos os (outros) seres, possam alcançar a iluminação suprema. Depois que os grandes anjos de Brahma, Ó monges, celebraram o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., face a face, com as estâncias adequadas, eles (lhe) pediram: Possa o Senhor girar adiante a roda da lei! (etc. com acima até ambos homens e deuses). Com isso, monges, aquelas cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de anjos de Brahma se dirigiram ao Senhor, em uníssono, em coro comum, com as seguintes duas estâncias: 58. Movei adiante a roda insuperável, exaltada! soai o tambor da imortalidade! livrai a todos os seres de centenas de males, e mostrai o caminho do Nirvana. 59. Exponde os princípios da lei que rogamos; mostrai (o) vosso favor a nós e a esse mundo. Que ouçamos vossa voz doce e inconfundível que exercitastes durante milhares de kotis de Aeons. Agora, monges, o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., estando ciente (da aspiração) das centenas de milhares de kotis de anjos de Brahma e dos dezesseis príncipes, seus filhos, iniciou naquela conjuntura a girar a roda que tem três viradas e doze partes, a roda nunca dantes movida por nenhum asceta, Brahma, deus, demônio, nem por ninguém mais. (O seu pregar) consistia nisso: Isto é a dor; esta é a origem da dor; esta é a supressão da dor; este o caminho que leva à supressão da dor. Ele além disso expôs extensivamente como a série de causas e efeitos se desenvolve, (e disse): É assim, monges. Da ignorância provém as concepções (ou imaginações); das concepções (ou idéias) provém o julgamento; do julgamento o nome e a forma; do nome e da forma os seis sentidos; dos seis sentidos provém o contato; do contato a sensação; da sensação provem o desejo; do desejo provém o querer; do querer, como causa, vem a existência; da existência o nascimento; do nascimento, a velhice, a morte, a lamentação, a tristeza, o desapontamento, e o desânimo. Assim se origina essa massa de misérias. Da supressão da ignorância resulta a supressão das concepções; da supressão das concepções resulta a supressão do julgamento; da supressão do julgamento resulta a supressão do nome e da forma; da supressão do nome e da foram resulta a supressão dos seis sentidos; da supressão dos seis sentidos resulta a supressão do contato; da supressão do contato resulta a supressão da sensação; da supressão da sensação resulta a supressão do desejo; da supressão do desejo resulta aquela do querer; da supressão do querer resulta aquela da existência; da supressão da existência resulta aquela do nascimento; da supressão do nascimento resulta aquela da velhice, morte, lamentação, prantos, tristeza, desapontamento e desânimo. Dessa forma toda a massa de miséria é suprimida. E enquanto essa roda da lei, monges, estava sendo colocada em andamento pelo Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., em presença do mundo, inclusive de deuses, demônios e anjos de Brahma; da assembléia, inclusive ascetas e Brâmanes; então, naquele momento, naquela ocasião, as mentes de sessenta centenas de milhares de miríades de kotis de seres vivos foram, sem esforço, libertadas de imperfeições e se tornaram todos possuidores da ciência tríplice, da sabedoria transcendental de seis aspectos, de emancipações e meditações. No devido curso, monges, o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., novamente fez uma segunda exposição da lei; igualmente uma terceira e uma quarta exposição. E a cada exposição, monges, as mentes de centenas de milhares de miríades de kotis de seres, como as areias do rio Ganges, foram, sem esforço, libertadas de imperfeições. Mais tarde, monges, a congregação de discípulos daquele Senhor era tão numerosa que passava dos cálculos. Nesse meio tempo, monges, os dezesseis príncipes, os jovens, tinham, cheios de fé, deixado seus lares para empreender uma vida nômade de mendicantes, e tinham todos eles se tornado noviços, espertos, inteligentes, devotos, seguidores do curso (do dever) sob muitas centenas de milhares de Budas, e tudo dando pela iluminação suprema e perfeita. Esses dezesseis noviços, monges, disseram ao Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., o seguinte: Ó Senhor, essas muitas centenas de milhares de miríades de kotis de discípulos do Tathagata se tornaram muito poderosos, muito fortes, muito potentes, devido ao ensinamento do Senhor da lei. Querei, Ó Senhor, ensinar-nos também, por compaixão, a lei com uma visão à iluminação suprema e perfeita, para que possamos também seguir o ensinamento do Tathagata. Queremos, Ó Senhor, ver o conhecimento do Tathagata; o Senhor mesmo pode testemunhar (quanto a) isso, pois vós, Ó Senhor, que conheceis a disposição de todos os seres conheceis também a nossa. Então, monges, ao ver que aqueles príncipes, os jovens, haviam escolhido a vida nômade de mendicantes e haviam se tornado noviços, metade de todo o séquito do rei Kakravartin, ao número de oito centenas de milhares de miríades de kotis de seres vidos, optaram pela vida nômade de mendicantes. Subseqüentemente, monges, o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., vendo os desejos daqueles noviços no lapso de vinte mil Aeons, ampla e, completamente, revelou o Dharmaparyaya chamado ‘o Lótus Branco da Verdadeira Lei,” um texto de grande extensão, servindo para instruir a Bodhisatvas adequado a todos os Budas, em presença de todas as quatro classes de ouvintes. No decurso do tempo, monges, aqueles dezesseis noviços atingiram, mantiveram e, completamente, penetraram o ensinamento do Senhor. Subseqüentemente, monges, o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., predisse àqueles dezesseis noviços (os) seus futuros destinos à iluminação suprema e perfeita. E enquanto o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., estava expondo o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, os discípulos, bem como os dezesseis noviços, estavam plenos de fé, e muitas centenas de milhares e miríades de kotis de seres adquiriram a convicção perfeita. Nisso, monges, após expor o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei durante oito mil Aeons sem interrupção, o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., entrou no mosteiro, retirando-se com o propósito de meditação, e naquele retiro, monges, o Tathagata permaneceu no mosteiro durante oitenta e quatro mil kotis de Aeons. Agora, monges, quando os dezesseis noviços perceberam que o Senhor estava absorto, sentaram-se em seus assentos, os tronos reais que haviam sido preparados para cada um deles, e amplamente expuseram, durante oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis, o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei às quatro classes. Fazendo isso, monges, cada um daqueles noviços, como Bodhisatvas, desenvolveram plenamente, instruíram, animaram estimularam, edificaram e confirmaram, com respeito à iluminação suprema e perfeita, 60 x 60 centenas de milhares de miríades de kotis de seres vivos, iguais às areias do rio Ganges. Agora, monges, ao fim do lapso de oitenta e quatro mil Aeons, o Senhor Mahabhignagnanabhibhu, o Tathagata etc., levantou-se de sua meditação, em possessão de memória e consciência, de onde ele foi ao assento da lei, preparado para ele, para ocupá-lo.
    Tão logo o Senhor ocupou o assento da lei, monges, (ele) relanceou o olhar por todo o círculo da assembléia e se dirigiu à congregação de monges: Eles são maravilhosamente dotados, são prodigiosamente dotados, esses dezesseis noviços, sábios, servidores de muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas, observadores do curso (de dever), que receberam o conhecimento do Buda, transmitiram o conhecimento do Buda, expuseram o conhecimento do Buda. Honrai a esses dezesseis noviços, monges, de novo e repetidamente; e todos, sejam eles dedicados ao veículo dos discípulos, o veículo dos Pratyekabudas, ou o veículo dos Bodhisatvas, que não repudiarem ou rejeitaram a pregação desses moços de boa família, Ó monges, deverão rapidamente ganhar a iluminação suprema perfeita, e obter o conhecimento do Tathagata. Em seqüência também, monges, esses jovens de boa família repetidamente revelaram esse Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei sob a tutela daquele Senhor. E os 60 X 60 centenas de milhares de miríades de kotis de seres vivos, iguais às areias do rio Ganges, que por cada um desses dezesseis noviços, os Bodhisatvas Mahasatvas, na qualidade de Bodhisatva, tinham sido despertos para a iluminação, todos aqueles seres seguiram o exemplo dos dezesseis noviços escolhendo, como eles, a errante vida de mendicantes, em suas várias existências; aqueles, aproveitaram a visão deles e ouviram a lei de suas bocas. Eles propiciaram a quarenta kotis de Budas, e alguns estão fazendo isso até o dia presente. Eu vos anuncio, monges, eu vos declaro: Aqueles dezesseis príncipes, os jovens, que como noviços sob a tutela do Senhor eram intérpretes da lei, todos eles alcançaram a iluminação suprema e perfeita, e todos eles estão se quedando, existindo, vivendo agora mesmo, nas várias direções do espaço, em diferentes campos de Buda, pregando a lei a muitas centenas de milhares de miríades de kotis de discípulos e Bodhisatvas, a saber: No leste, monges, no mundo Abhirati o Tathagata chamado Akshobhya, o Arhat etc., e o Tathagata Merukuta, o Arhat etc. No sudeste, monges, está o Tathagata Simhaghosha etc., e o Tathagata Simhadhvaga etc. No sul, monges, está o Tathagata chamado Akasapratishthita etc., e o Tathagata chamado Nityaparinirvrita etc. No sudoeste, monges, está o Tathagata chamado Indradhvaga etc., e o Tathagata chamado Brahmadhvaga etc., No oeste, monges, está o Tathagata chamado Amitayus etc., e o Tathagata chamado Sarvalokadhatupadravodvegapratyuttirna etc. No noroeste, monges, está o Tathagata chamado Tamalapatrakandanagandhabhigna etc., e o Tathagata Merukalpa etc. No norte, monges está o Tathagata chamado Meghasvarapradipa etc., e o Tathagata chamado Meghasvararaga etc., e o Tathagata chamado Meghasvararaga etc. No nordeste, monges, está o Tathagata chamado Savralokabayagitakkhambhitatvavidhvamsanakara, o Arhat etc., e o décimo sexto sou eu mesmo, Sakyamuni, o Tathagata, o Arhat etc., que alcancei a iluminação suprema e perfeita no centro desse mundo Saha. Além disso, monges, aqueles seres que ouviram a lei de nós, quando éramos noviços, aquelas muitas centenas de milhares de miríades de kotis de seres, numerosos como as areias do rio Ganges, que variadamente iniciamos na iluminação suprema e perfeita, permanecem até o dia presente no estágio de discípulos e maduros para a iluminação suprema e perfeita. Por turnos regulares irão atingindo a iluminação suprema e perfeita, pois é difícil, monges, penetrar o conhecimento dos Tathagatas. E quais são aqueles seres, monges, que inumeráveis, incalculáveis como as areias do Ganges, aquelas centenas de milhares de miríades de kotis de seres vivos, a quem eu, quando era um Bodhisatva, sob a tutela daquele Senhor, ensinei a lei da onisciência? Sois vós, monges, que eram naquele tempo aqueles seres. E aqueles que serão no futuro meus discípulos, quando eu houver atingido o Nirvana completo, deverão aprender o curso (da lei) dos Bodhisatvas, sem conceber a idéia de serem Bodhisatvas. E, monges, todos que têm a idéia do Nirvana completo o atingirão. Deveria ser acrescentado aqui, monges, assim como eu permaneço sob diferentes nomes em outros mundos, eles deverão nascer de novo procurando o conhecimento dos Tathagatas, e deverão novamente ouvir esse princípio: O Nirvana completo dos Tathagatas é apenas um ; não existe outro, não existe um segundo Nirvana dos Tathagatas. Aqui, monges, deve-se ver um meio habilidoso dos Tathagatas e uma orientação para pregar a lei. Quando o Tathagata, monges, sabe que o momento de sua extinção completa tiver chegado, e vir que a assembléia é pura, forte na fé, penetrada da lei do vazio, dedicada à meditação, dedicada à grande meditação, então , monges, o Tathagata, por ter a hora chegado, convoca (juntos) os Bodhisatvas e todos os discípulos para assim ensiná-los: Não existe, Ó monges, nesse mundo um segundo veículo, absolutamente, nem um segundo Nirvana, muito menos um terceiro. É somente um  meio habilidoso do Tathagata, monges, que vendo as criaturas tão adiantadas no caminho da perdição, deleitando-se no inferior e afundadas na lama dos desejos sensuais, o Tathagata os ensina aquele Nirvana para o qual estejam apegados. Como forma de exemplo, monges, suponhais que haja uma floresta densa de quinhentos yoganas de extensão (que foi) alcançada por uma grande companhia de homens. Têm eles um guia para conduzi-los em suas jornadas à Ilha das Jóias, cujo guia, sendo capaz, esperto, sagaz, bem familiar com as passagens difíceis da floresta, terá de levar toda aquela gente para fora da floresta. entretanto, aquela grande quantidade de pessoas, cansada, exausta, temerosa, e ansiosa, diz: ‘Verdadeiramente, Mestre, guia e líder, sabes que estamos cansados, exaustos, temerosos, e ansiosos; voltemos; essa densa floresta se estende por tão longe.’ O guia, sendo um homem de meios habilidosos, vendo aquelas pessoas ansiosas por voltar, pensa consigo mesmo: Não deve ser o caso que essas pobres criaturas não cheguem até a grande Ilha de Jóias. Portanto, por compaixão, ele utiliza um meio habilidoso. No meio daquela floresta ele produz uma cidade mágica de mais de cem ou duzentos yoganas de comprimento. Em seguida se dirige àquelas pessoas: ‘Não temam , meus caros, não retornem; lá adiante podem ver uma grande cidade onde vocês poderão repousar e se refazer; lá vocês permanecerão no deleite de agradável repouso. Que aquele que quiser, depois de ter descansado ali, prossiga então para a grande Ilha de Jóias.’ Assim, monges, os homens que estão na floresta, são tomados de espanto, e pensam: Estamos fora da floresta; alcançamos o lugar do descanso bem-aventurado; quedemo-nos aqui. Eles entram naquela cidade mágica, querendo crer que alcançaram seus lugares finais, seus destinos, crendo estar salvos e no gozo do repouso. Pensam assim: Estamos no repouso, estamos refrescados. Depois de um tempo, quando o guia percebe que suas fadigas foram debeladas, ele faz com que a cidade mágica desapareça, e diz: ‘Venham, senhores, lá está a grande Ilha de Jóias bem próxima; quanto a essa grande cidade, foi produzida por mim para não outro propósito senão o de vos propiciar alguma medida de descanso.’ Da mesma forma, monges, é o Tathagata, o Arhat etc., o vosso guia, e o guia de todos os outros seres. Verdadeiramente, monges, o Tathagata etc., reflete assim: Grande é essa floresta de males que deve ser transposta, evitada, deixada para trás. Não deve ocorrer que esses seres, após ouvirem o conhecimento do Buda, que eles repentinamente dêem as costas e não mais cheguem até o fim por assim pensarem: ‘Esse conhecimento de Buda é alcançado após inúmeras dificuldades para chegar a se realizar.’ Nessas circunstâncias, sabendo o Tathagata, serem os seres fracos de caráter, faz o mesmo que o guia que produziu a cidade mágica para aquelas pessoas poderem repousar, e depois de descansados, ele lhes diz que a cidade era produção de mágica. Da mesma forma, monges, o Tathagata etc., para dar um repouso aos seres, muito habilmente ensina e proclama dois estágios de Nirvana, a saber, o estágio dos discípulos e aquele dos Pratyekabudas. E, monges quando os seres lá se detêm, então o Tathagata etc., em pessoa revela essas palavras: “Não realizaram suas tarefas, monges, não terminaram o que tinham que cumprir. Mas vede, monges! o conhecimento do Buda está próximo; vejam e se convençam: o que vos parece ser o Nirvana, isso não é o Nirvana. Não, monges, é um meio habilidoso dos Tathagatas etc., que eles exponham três veículos.’ E para explicar esse assunto mais copiosamente, o Senhor naquela ocasião enunciou as seguintes estâncias: 60. O Líder do mundo, Abhignagnanabhibhu, tendo ocupado o terreno da iluminação, continuou por dez kalpas intermediários sem atingir a iluminação, apesar de ver as coisas exatamente em suas essências. 61. Então os deuses, Nagas, demônios e duendes, zelosos por honrar ao Gina, mandaram uma chuva de flores ao lugar onde o Gina atingiu a iluminação. 62. E nos limites do céu eles repicaram o címbalos para venerar e honrar ao Gina, e ficaram envergonhados que o Gina tivesse levado tanto tempo para atingir o lugar mais alto. 63. Depois do lapso de dez kalpas intermediários o Senhor Anabhibhu atingiu a iluminação; então todos os deuses, homens, serpentes e demônios exultaram e ficaram felizes. 64. Os dezesseis filhos do líder dos homens, aqueles heróis, sendo naquela época jovens príncipes, ricos em virtudes, vieram juntos com milhares de kotis de seres vivos para honrar ao eminente chefe dos homens.
    65. Após prestarem saudações aos pés do líder, eles pediram: Revelai a lei e nos refresque, bem como a esse mundo, com a vossa boa palavra, Ó Leão dentre reis. 66. Após longo tempo sois (novamente) enxergado nos dez pontos desse mundo; apareça, grande Líder, enquanto o carros aéreos dos anjos-de-Brahma se movem para revelar um sinal aos seres vivos. 67. Na região leste cinqüenta mil kotis de campos foram sacudidos, e os elevados veículos angélicos que neles se encontravam, se tornaram excessivamente brilhantes. 68. Os anjos de Brahma, percebendo esse sinal, se aproximaram do Chefe dos Líderes do mundo, e cobrindo-o de flores, apresentaram todos os seus veículos a ele. 69. Eles lhe pediram que movesse a roda da lei, e lhe celebraram com suas estâncias e canções. Mas o rei dos reis estava silencioso, (pois refletia): A hora ainda não chegou para vir a ser proclamada a lei. 70. De forma idêntica no sul, oeste, norte, o nadir, zênite, e nos pontos intermediários dos pontos cardeais, haviam milhares de kotis de anjos de Brahma. 71. Cobrindo o Senhor (de flores) sem cessar, eles fizeram saudações aos pés do Líder, apresentaram todos os seus veículos aéreos, celebraram-no, e novamente rogaram: 72. Girai adiante a roda, Ó Vós cuja visão é infinita! Raramente sois visto (no decorrer) de muitos kotis de Aeons. Mostrai a benevolência que observastes em tantas gerações passadas; abri o portão da imortalidade. 73. Ao ouvir seus desejos, aquele cuja visão é infinita, expôs a múltipla lei e as quatro Verdades, extensivamente. Todas as existências (disse ele) vem a ser, sucessivamente, a partir de seus antecedentes. 74. Começando pela Ignorância, o Vidente prosseguiu para falar da morte, da dor sem fim; todos esses males provêm do nascimento. Saibam igualmente que a morte é o fim de tudo o que nasce. 75. Tão logo tinha ele exposto as leis múltiplas, oitenta miríades de kotis de seres que a elas ouviam, rapidamente alcançaram o estágio de discípulos. 76. Em uma segunda ocasião o Gina expôs outros princípios, e numerosos seres como as areias do Ganges, instantaneamente se tornaram purificados e discípulos. 77. Desde aquele momento, a assembléia daquele Líder do mundo foi inumerável; ninguém poderia calcular o quanto exatamente , mesmo que contasse por miríades de kotis de Aeons. 78. Aqueles dezesseis príncipes também, seus próprios caros filhos, que haviam se tornado mendicantes noviços, lhe disseram: ‘Exponha, Ó Chefe, a lei superior; 79. ‘Que todos nós nos tornemos sábios, conhecedores do mundo, tal como vós mesmo o sois, Ó supremo de todos os Ginas, e que todos esses seres possam se tornar como vós, Ó herói, Ó aquele de visão clara. 80. E o Gina, levando em conta a aspiração de seus filhos, os jovens príncipes, explicou a iluminação superior mais elevada, por intermédio de muitas miríades de kotis de ilustrações. 81. Demonstrando com milhares de argumentos e elucidando o conhecimento da sabedoria transcendental, o Senhor do mundo revelou o verdadeiro curso do dever tal qual era seguido pelos sábios Bodhisatvas. 82. Esse Sutra mesmo, de grande extensão, esse bom Lótus Branco da Verdadeira Lei, foi pelo Senhor apresentado em muitos milhares de estâncias, tão numerosas que se igualavam às areias do Ganges. 83. Depois de apresentar esse Sutra, o Gina entrou no mosteiro com o propósito de se entregar à meditação; e durante oitenta e quatro Aeons completos, o Senhor do mundo prosseguia meditando, sentado no mesmo assento. 84. Aqueles noviços, percebendo que o Chefe permanecia no mosteiro sem dali sair, transmitiram a muitos kotis de seres aquele conhecimento do Buda, que está livre de imperfeições e repleto de alegrias. 85. Nos assentos que fizeram preparar, um para cada qual, eles expuserem esse mesmo Sutra sob a tutela do Sugata daquele período. Um serviço do mesmo tipo fizeram para mim. 86. Inumeráveis como as areias dos sessenta mil (rios como o) Ganges foram o seres então orientados; cada um dos filhos do Sugata converteu (ou treinou) incontáveis seres.
    87. Depois do Nirvana completo do Gina, eles iniciaram uma vida de peregrinação, viram kotis de Budas, e juntos com aqueles alunos, eles prestaram homenagem ao mais exaltado dentro os homens. 88. Tendo observado o curso do dever amplo e sublime e também atingindo a iluminação nos dez pontos do espaço, aqueles dezesseis filhos do Gina se tornaram, eles mesmos, Ginas, dois por dois, em cada ponto do horizonte. 89. E todos aqueles que haviam sido discípulos seus tornaram-se discípulos daqueles Ginas, e gradualmente obtiveram o estado da iluminação por vários meios. 90. Eu mesmo era um deles, e todos vós fostes por mim orientados. Portanto sois meus discípulos agora também, e eu vos conduzo à iluminação através de meios habilidosos. 91. Essa é a causa muito antiga, esse o motivo porque eu exponho a lei, pelo qual vos conduzo à iluminação superior. Assim sendo, monges, nada deveis temer. 92. É como se existisse uma horrenda floresta, terrível, deserta, sem qualquer lugar para refúgio ou abrigo, cheia de feras selvagens, sem água, temível para pessoas inexperientes. 93. (Suponha além disso que) muitos milhares de homens vieram à floresta, àquele pedaço vazio de deserto, que é, ao todo, de quinhentas yoganas de extensão. 94. E aquele, que é o guia de todos através daquela floresta rude e horripilante, é uma pessoa dotada, respeitado, inteligente, sábio, bem instruído, e destemido. 95. E aqueles seres, chegando a muitos kotis, sentem-se cansados, e comunicam ao guia: ‘Estamos todos muito cansados, Mestre; não nos sentimos capazes de prosseguir; gostaríamos de um pronto retorno.’ 9a6. Mas ele, guia engenhoso e astuto, procura por algum meio habilidoso através do qual salvar a situação. Mas que terrível! ele pensa, se todos voltarem serão privados das jóias. 97. Portanto agora vou produzir, por meio de poder mágico, uma grande cidade adornada com milhares de kotis de edifícios e embelezada com mosteiros e parques. 98. Deixe-me produzir lagos e canais; (uma cidade) adornada de jardins e flores, dotada de muros e portões, e habitada por um número infinito de homens e mulheres. 99. Após criar essa cidade ele se lhes dirige da seguinte forma: ‘Não temam; e alegrem-se, vocês alcançaram uma excelente cidade; entrem nela e façam seus assuntos rapidamente. 100. ‘Alegrem-se e sintam-se à vontade; já alcançaram todos os limites de toda a floresta’; para dar-lhes tempo para descansar, ele lhes disse isso, e, de fato, todos se recobraram da exaustão. 101. Assim que percebeu que repousaram suficientemente, ele os reúne novamente, e lhes diz: ‘Venham, ouçam o que tenho para lhes dizer; essa cidade, produzi eu pela mágica. 102. ‘Vendo como estavam todos fatigados, eu a fiz, para evitar que voltassem todos para trás, fiz uso desse engenho; agora reunam suas forças para atingir a Ilha.’ 103. Da mesma forma, monges, eu sou o guia, o condutor de milhares de kotis de seres vivos; da mesma forma vejo as criaturas trabalhando e incapazes de quebrar a casca do ovo dos males. 104. Então, reflito sobre o assunto: Esses seres gozaram de repouso, foram tranqüilizados; agora eu os lembrarei da miséria de todas as coisas (e direi): ‘No estado de Arhat todos alcançarão seus objetivos.’ 105. Naquela ocasião, quando tiverem alcançado aquele estágio, e quando vir que todos se tornaram Arhats, então eu os chamarei e explicarei como a lei é de fato. 106. É um artifício dos Líderes, quando eles, os grandes Videntes, mostram três veículos, pois existe somente um veículo, sem segundo; é apenas para ajudar (os seres) que dois veículos são mostrados. 107. Portanto, eu lhes digo agora, monges: Levantai ao máximo suas elevadas energias para atingir o onisciente; por enquanto, não chegaram a possuir o Nirvana completo. 108. Mas quando chegarem a atingir o conhecimento do onisciente e dos dez poderes adequados aos Ginas, vos tornareis Budas, marcados pelos trinta e dois sinais característicos e tereis o descanso para sempre. 109. Tal é o ensinamento dos Líderes: para dar a quietude, eles mencionam o repouso, (mas) quando vêem que(os seres) tiveram algum repouso, eles, sabendo disso não se tratar do descanso final, os iniciam então no conhecimento da onisciência.
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    Saddharma-Pundarika /Predição de Budado dos 500 Monges / Capítulo 8
    CAPÍTULO 8
    PREDIÇÃO DE BUDADO DOS QUINHENTOS MONGES
    Ouvindo do Senhor aquela demonstração de habilidosos meios e a instrução através de enigmático discurso; ao ouvir a predição de Budado dos grandes Discípulos, bem como a historia inicial sobre a devoção antiga e a liderança do Senhor, o Venerável Purna, filho de Maitrayani, tomouse de espanto e maravilhamento, cheio de pureza, emocionado de alegria e encanto. Levantou-se de seu assento, pleno de deleite e alegria, possuído de grande respeito pela lei, e enquanto prostrava-se aos pés do Senhor, fez, consigo mesmo, a seguinte reflexão: Maravilhoso, Ó Senhor; maravilhoso, Ó Sugata; é uma coisa extremamente difícil o que os Tathagatas etc., realizam, o adequarse a esse mundo, tão variado, e pregando a lei a todos os seres, com muitas provas de suas habilidades, e engenhosamente livrando-os quando estão apegados a isso ou aquilo. O que podemos fazer, Ó Senhor, em tal caso? Ninguém, exceto o Tathagata, conhece nossa disposição e nosso percurso anterior. Então, após o haver reverenciado com sua fronte os pés do Senhor, Purna se quedou à parte, fitando o Senhor com olhos fixos e demonstrando dessa forma sua veneração. E o Senhor, vendo a disposição mental do venerável Purna, filho de Maitrayani, dirigiu-se à assembléia completa de monges da seguinte forma: Vocês monges, vejam esse discípulo, Purna, filho de Maitrayani, a quem designei como o maior dos pregadores nessa assembléia, elogiado por suas muitas virtudes, que estudou de várias formas para compreender a verdadeira lei. Ele é alguém que pode entusiasmar, despertar, e estimular os quatro tipos de audiência; incansável ao pregar a lei; tão capaz de pregar a lei quanto de atender aos companheiros seguidores do caminho do dever. Exceto o Tathagata, monges, não existe ninguém capaz de estar à altura de Purna, filho de Maitrayani, quer seja essencialmente ou em atributos. Agora, monges, supõem que ele mantém a minha lei unicamente? Não, monges, não devem vocês achar isso. Pois eu me recordo, monges, que no passado, no tempo dos noventa e nove Budas, o mesmo Purna manteve a verdadeira lei sob a tutela daqueles Budas. Assim mesmo como está ele agora comigo, assim foi ele, em todos os períodos, o maior dos pregadores da lei; foi em todos os períodos um consumado conhecedor do Vazio; adquiriu, em todos os períodos, as quatro distintas qualificações de um Arhat; alcançou, em todos os períodos, a maestria na sabedoria transcendental dos Bodhisatvas. Ele tem sido um pregador da lei firmemente convicto, isento da dúvida e totalmente puro. Sob a tutela daqueles Budas ele observou durante sua existência inteira uma vida espiritual, e por toda parte o chamavam de ‘o Discípulo.’ Por esse meio ele fomentou o interesse de inumeráveis, incalculáveis, centenas de milhares de miríades de kotis de seres, e trouxe seres inumeráveis, incalculáveis, à plena maturidade para a iluminação suprema e perfeita. Em todos os períodos ele assistiu às criaturas na função de um Buda e, em todos os períodos, ele purificou seu próprio campo-de-Buda, sempre tentando trazer as criaturas à maturidade. Foi ele também, monges, o maior dentre os pregadores da lei sob os sete Tathagatas, o primeiro dos quais é Vipasyin, e o sétimo, eu mesmo. E quanto aos Budas, monges, que aparecerão no futuro nesse kalpa-de-Bhadra, ao número de mil menos quatro, sob tutela deles também, deverá esse próprio Purna, filho de Maitrayani, ser o maior dentre os pregadores da lei e sustentáculo da verdadeira lei. Assim, manterá ele a verdadeira lei de inumeráveis e incalculáveis Senhores e Budas no futuro, promoverá o interesse de inumeráveis e incalculáveis seres, e trará inumeráveis e incalculáveis seres à plena maturidade para a iluminação suprema e perfeita. Constante e assiduamente ele estará pronto em purificar seu próprio campo-de- Buda e trará as criaturas à maturidade. Após completar um curso-de-Bodhisatva, ao fim de Aeons inumeráveis e incalculáveis, deverá ele atingir a iluminação suprema e perfeita; deverá ele no mundo ser o Tathagata chamado Dharmaprabhasa, um Arhat etc., agraciado com ciência e conduta, um Sugata etc. Deverá ele aparecer nesse mesmo campo-de-Buda.
    Além disso, monges, nesse tempo futuro, o campo-de-Buda mencionado parecerá formado de milhares de esferas similares às areias do rio Ganges. Será plano, como a palma da mão, consistindo das sete substâncias preciosas, ser sem colinas, e cheio de altos prédios das sete substâncias preciosas. Haverá veículos do deuses postados nos céus; os deuses verão os homens, e os homens verão os deuses. Além disso, monges, naquele tempo, o campo-de-Buda estará isento de lugares corretivos, e de mulheres, pois todos os seres surgirão por nascimento espontâneo. Levarão uma vida espiritual, terão corpos ideais, serão auto-iluminados, mágicos, caminhando no firmamento, esforçados, de boa memória, sábios, possuídos de corpos dourados, e agraciados com as trinta e duas características de um grande homem. E nesse tempo, monges, os seres no campo-de-Buda terão duas coisas com que se alentar, a saber, o deleite na lei e o deleite na meditação. Haverá um número imenso, incalculável de centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas; todos agraciados com grande sabedoria transcendental, realizados nas (quatro) distintas qualidades de um Arhat, capazes de instruir os seres. Ele (aquele Buda) terá um número de discípulos, acima de qualquer contagem, poderosos na mágica, fortes, mestres na meditação das oito emancipações. Imensas serão as boas qualidades que haverá naquele campo-de-Buda. E aquele Aeon deverá se chamar Ratnavabhasa (i.e., radiante de jóias), e aquele mundo, Suvisuddha (i.e., muito puro). Sua duração será de Aeons imensos, incalculáveis; e após a completa extinção daquele Senhor Dharmaprabhasa, o Tathagata etc., sua verdadeira lei deverá permanecer durante um longo tempo, e seu mundo será cheio de Stupas feitas de substâncias preciosas. Tais inconcebíveis boas qualidades, monges, deverá ter o campo-de-Buda daquele Senhor. Assim disse o Senhor, e depois disso, ele, o Sugata, o Mestre, acrescentou as seguintes estâncias: 1. Ouvi monges, e ouvi como o meu filho atingiu seu curso de dever, e como ele, bem treinado e hábil, observou o curso da iluminação. 2. Vendo que esses seres tinham tendências grosseiras e que ficariam surpresos com o elevado veículo, os Bodhisatvas se tornaram discípulos e exerceram o Pratyekabudado. 3. Com muitas centenas de meios habilidosos eles trazem numerosos Bodhisatvas à maturidade plena e declaram: Somos apenas discípulos, verdadeiramente, e estamos longe da iluminação suprema e mais elevada. 4. É aprendendo deles esse curso (do dever) que kotis de seres chegam à maturidade plena, os quais (inicialmente), com pouca disposição e algo preguiçosos, no decurso do tempo, tornam-se todos Budas. 5. Seguem eles um percurso de ignorância (achando): Nós, discípulos, somos de pouca valia de fato! Desanimados eles descem a todos os lugares da existência (sucessivamente), e (assim) limpam seus próprios campos. 6. Demonstram em suas próprias pessoas, que não estão livres da afeição, ódio, e fatuidade; e percebendo (outros) seres se apegando a pontos de vista errôneos, tornam-se, eles mesmos, acomodados àqueles pontos de vista. 7. Seguindo um tal caminho, meus numerosos discípulos, habilmente, salvam aos seres; as pessoas comuns ficariam enlouquecidas se lhes fossem mostrados o curso total da vida (ou história). 8. Purna, aqui presente, monges, meu discípulo, completou anteriormente o seu curso (de dever) sob milhares de kotis de Budas, chegou à conquista dessa verdadeira lei buscando o conhecimento de Buda. 9. E, em todos os períodos, ele foi o mais avançado dentre os discípulos, sábio, orador brilhante, livre de hesitação; ele tem sido, verdadeiramente, sempre capaz de levar alegria e sempre pronto a empreender a tarefa de Buda. 10. Ele foi sempre realizado nas sublimes faculdades transcendentais e agraciado com as qualificações distintas de um Arhat; ele intuía a faculdade e alcance de (outros) seres, e pregou sempre a lei perfeitamente pura. 11. Expondo a mais eminente das verdadeiras leis, ele trouxe milhares de kotis de seres à maturidade completa para esse veículo supremo, o maior de todos, enquanto purificava seu próprio magnífico campo. 12. No futuro, igualmente, ele honrará a milhares de kotis de Budas, adquirirá conhecimento das mais eminentes boas leis e limpará seu próprio campo.
    13. Sempre liberto da timidez ele pregará a lei com milhares de kotis de engenhosas habilidades, e trará muitos seres à completa maturidade para o conhecimento do oni-sapiente que é livre de imperfeições. 14. Após ter prestado homenagem aos chefe dos homens e sempre mantendo as mais eminentes leis, deverá ele, no mundo, ser um Buda auto-gerado, amplamente conhecido pelo nome de Dharmaprabhasa. 15. E seu campo será, permanentemente, muito puro e sempre cravejado das sete substâncias preciosas; seu Aeon deverá ser chamado Ratnavabhasa, e seu mundo, Suvisuddha. 16. Esse tal mundo será permeado de muitos milhares de kotis de Bodhisatvas, mestres realizados nas grandes ciências transcendentais, puros em todos os aspectos, e agraciados com poderes mágicos. 17. Nesse período, o Chefe terá também uma assembléia de milhares de kotis de discípulos, agraciados com poderes mágicos, adeptos na meditação das (oito) emancipações, e realizados nas (quatro) distintas qualificações de um Arhat. 18. E todos os seres, nesse campo de Buda, serão puros e terão uma vida espiritual. Tendo aparecido pelo nascimento espontâneo, serão todos de cor dourada e apresentarão as trinta e duas marcas características. 19. Outra comida não conhecerão além do prazer na lei e o deleite no conhecimento. Não existirão mulheres ali, nem temor de lugares de punição ou de estados miseráveis. 20. Tal será o excelente campo de Purna, que possui todas as boas qualidades; deverá transbordar com todas as coisas boas, uma pequena porção das quais apenas, foram aqui mencionadas. Então, esse pensamento surgiu na mente daqueles mil e duzentos (Arhats) autocontrolados: Estamos tomados de assombro e maravilhamento. (E se) o Tathagata predissesse a nós, diversamente, nosso futuro destino, como o Senhor fez àqueles outros grandes discípulos? E o Senhor, compreendendo em sua própria mente o que se passava nas mentes daqueles grandes discípulos, dirigiu-se ao venerável Maha-Kasyapa: Aqueles mil e duzentos ouvintes a quem vejo agora face a face, a todos aqueles mil e duzentos ouvintes autocontrolados, eu predirei agora seus futuros destinos. Dentre eles, Kasyapa, o monge Kaundinya, um grande discípulo, deverá, após sessenta e duas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas tornar-se um Tathagata, um Arhat etc., com o nome de Samantaprabhasa, agraciado com ciência e conduta, um Sugata etc. etc., mas daqueles (mil e duzentos), Kasyapa, quinhentos deverão tornar-se Tathagatas do mesmo nome. Dali em diante deverão todos aqueles quinhentos grandes discípulos atingir a iluminação suprema e perfeita, todos portando o nome de Samantaprabhasa; a saber, Gaya-Kasyapa, Nadi-Kasyapa, Uruvilva-Kasyapa, Kala, Kalodayin, Aniruddha, Kapphina, Vakkula, Kunda, Svagata, e o resto dos quinhentos (Arhats) autocontrolados. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estâncias: 21. O descendente da família Kundina, meu discípulo aqui presente, deverá no futuro tornar-se um Tathagata, um senhor do mundo, após um intervalo de tempo infindável; ele deverá educar centenas de kotis de seres vivos. 22. Após ver a muitos Budas sem fim, deverá no futuro, depois da passagem de um período de tempo infindável, tornar-se o Gina Samantaprabhasa, cujo campo será completamente puro. 23. Brilhante, agraciado com poderes de um Buda, com uma voz ressonante em todas as direções, atendido por milhares de kotis de seres, ele deverá pregar a iluminação suprema e eminente. 24. Haverá Bodhisatvas muito zelosos, montados em elevados carros alados e rápidos, meditativos, de moral pura e assíduos na prática do bem. 25. Após ouvir a lei do mais elevado dos homens, eles, invariavelmente, irão a outros campos para saudar a milhares de Budas, mostrando-lhes seus grandes respeitos. 26. Mas logo voltarão ao campo do Líder chamado Prabhasa, o Tathagata. Tão grande será o poder do seu curso (de dever). 27. A longevidade daquele Sugata será de sessenta mil Aeons, e depois da extinção completa do poderoso, sua verdadeira lei permanecerá pelo dobro desse período no mundo. 28. E a sua impostura continuará por três vezes esse período. Quando a verdadeira lei daquele santo se exaurir, homens e deuses entristecer-se-ão. 29. Surgirá um número completo de quinhentos chefes, supremos entre os homens, os quais terão o mesmo nome daquele Gina. Samantaprabhasa, e seguir-se-ão um ao outro em sucessão regular.
    30. Todos deverão ter divisões parecidas, poderes mágicos, campos de Buda, e hostes (de seguidores). Suas verdadeiras leis também deverão ser as mesmas e permanecer pelo mesmo período de tempo. 31. Todos deverão ter nesse mundo, inclusive dos deuses, a mesma voz que Samantaprabhasa, o mais elevado dos homens, tal como eu mencionei antes. 32. Movidos pela benevolência e compaixão deverão eles sucessivamente predizer o destino ao Budado de cada um deles, com as palavras: Esse será o meu sucessor imediato, e comandará ele o mundo como eu, no presente, o faço. 33. Assim, Kasyapa, mantém agora em vista esses (Arhats) autocontrolados, não menos que quinhentos (em número), bem como meus outros discípulos e comunica essa disposição aos demais. Ouvindo do Senhor o anúncio de seus próprios futuros destinos, os quinhentos Arhats, contentes, satisfeitos, em elevado espirito e êxtase, repletos de ânimo, alegria, e deleite, foram ao lugar onde sentava-se o Senhor, respeitosamente fizerem reverencia a seus pés com suas cabeças, e assim falaram: Reconhecemos nosso erro, Ó Senhor, ao termos, continua e constantemente, suposto havermos chegado ao Nirvana final, como pessoas tolas, ineptas, ignorantes das regras. Pois, Ó Senhor, enquanto devíamos ter penetrado completamente o conhecimento dos Tathagatas, ficamos contentes com um tal grau insignificante de conhecimento. É, Ó Senhor, como se um homem, tendo chegado à casa de um amigo, ficasse bêbado ou adormecesse, e aquele amigo atasse uma jóia de preço incalculável dentro de sua roupa, com o pensamento: Que essa jóia seja dele. Depois de algum tempo, Ó Senhor, aquele homem se ergue do lugar onde estivera e vai adiante; vai a outro país, onde é assolado por dificuldades intermitentes, e encontra grande dificuldade de conseguir comida e roupa. Com um grande esforço ele consegue obter escassamente um pouco de comida, com a qual, contudo, dá-se por satisfeito. O seu velho amigo, Ó Senhor, o qual amarrara dentro de sua roupa aquela jóia de preço incalculável, encontra-o novamente e lhe diz: Como poderá ser, caro amigo, que esteja encontrando tais dificuldades para conseguir comida e roupa, quando eu, para que tivesses conforto, atei dentro de tua roupa uma jóia de preço incalculável, suficiente para tudo que quisesse? Eu te dei essa jóia, caro amigo, a jóia mesma que amarrei dentro de tua lapela. E ainda estás deliberando: O que foi atado? Por quem? Por que razão e por que propósito? É tolice, caro amigo, estar satisfeito, quando tivestes tantas dificuldades em obter tua comida e roupa. Vai, meu caro amigo, vai, com essa jóia, a alguma grande cidade, troca a jóia por dinheiro e, com esse dinheiro, compre tudo que o dinheiro pode comprar. Da mesma forma, Ó Senhor, já tinha o Tathagata anteriormente, enquanto seguíamos ainda o curso de dever de um Bodhisatva, suscitado em nós, também, a idéia de onisciência, mas nós, Ó Senhor, não percebíamos nem sabíamos disso. Imaginávamos, Ó Senhor, que no estágio final de Arhat, já havíamos atingido o Nirvana. Vivíamos em dificuldades, Ó Senhor, porque nos contentávamos com um grau tão ínfimo de conhecimento. Mas, como nossa forte aspiração pelo conhecimento do todo-sapiente nunca cessou, o Tathagata nos ensina o correto: ‘Não formem uma idéia do Nirvana, monges; há em suas inteligências raízes de bondade que já dantes eu havia plenamente desenvolvido. Existe nisso um meio habilidoso que uso, ao pregar a lei, e com isso, vocês acreditavam haver atingindo o Nirvana já naquele momento.’ E após ter-nos ensinado o correto de tal forma, o Senhor agora prediz o nosso futuro destino ao conhecimento supremo e perfeito. E naquela ocasião os quinhentos (Arhats) autocontrolados, Agnata-Kaundinya e o resto deles, pronunciaram as seguintes estâncias: 34. Estamos alegres e contentes de ouvir essa insuperável palavra de conforto de que estamos destinados à iluminação suprema, mais elevada. Homenagem a vós, Ó Senhor de visão ilimitada. 35. Reconhecemos nossos erros ante a vós; éramos tão infantis, tolos, ignorantes, que estávamos perfeitamente satisfeitos com uma pequena parte do Nirvana, sob a tutela do Sugata. 36. Esse caso é como aquele de um certo homem que entra na casa de um seu amigo, cujo amigo, sendo rico e influente oferece-lhe muita comida, sólida e líquida. 37. Após saciá-lo com alimentos, ele lhe dá de presente uma jóia de grande valor. Prende-a com um nó em seu manto superior e sente-se satisfeito por ter-lhe dado tal jóia. 38. O outro homem, inconsciente disso, vai embora daquela cidade para outra. Ali, ele é vítima de infortúnios e, como um mísero mendicante, procura por comida desesperadamente. 
    39. Ele fica satisfeito com as migalhas que obtém sem pensar em coisa saborosa; quanto à jóia, dela ele se esqueceu completamente, não tendo sequer a menor lembrança de tê-la atada a seu manto superior. 40. Nessas circunstâncias, seu amigo, de novo, encontra-se com ele, o amigo que lhe havia dado a jóia. Este amigo, corretamente, chama-lhe a atenção e mostra onde está a jóia atada dentro de seu manto. 41. Com aquela visão o homem se sente muito feliz. O valor da jóia é tal que ele fica muito rico, com grande poder, e entra em possessão de tudo aquilo que os cinco sentidos podem apreciar. 42. Da mesma forma, Ó Senhor, estávamos inconscientes de nossa aspiração anterior, (a aspiração) em nós instilada pelo Tathagata mesmo, em existências prévias desde o tempo memorial. 43. E vivíamos nesse mundo, Ó Senhor, com compreensão pouca e ignorantes, sob a tutela do Sugata; pois estávamos satisfeitos com um pouco do Nirvana; não almejando nada mais elevado nem mesmo, para tal, dando qualquer consideração. 44. Mas o Amigo do mundo nos mostrou melhor: ‘Isso não é o Descanso abençoado absolutamente; o conhecimento completo dos homens mais elevados, esse é o Descanso abençoado, essa a beatitude suprema.’ 45. Após ouvir essa sublime, grande, esplêndida e incomparável predição, Ó Senhor, estamos extremamente tomados de alegria, quando pensamos na predição (que faremos um ao outro) em sucessão regular.
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    Saddharma-Pundarika /Anúncio do Futuro Destino de Ananda, etc. / Capítulo 9
    CAPÍTULO 9
    ANÚNCIO DO FUTURO DESTINO DE ANANDA, RAHULA E DOS DOIS MIL MONGES
    Naquela ocasião o venerável Ananda fez esta reflexão: Será que nós também receberemos uma predição parecida? Assim pensando, ponderando, desejando, ele se levantou de seu assento, prosternou-se diante dos pés do Senhor e pronunciou as seguintes palavras. E o venerável Rahula também, em quem despertou o mesmo pensamento e mesmo desejo que em Ananda, prosternou-se diante dos pés do Senhor e pronunciou estas palavras: ‘Que seja nossa vez também, Ó Senhor; que seja nossa vez também, Ó Sugata. O Senhor é nosso pai e progenitor, nosso refúgio e proteção. Pois que neste mundo, inclusive dos homens, deuses e demônios, Ó Senhor, somos particularmente destacados, como dizem as pessoas: Estes são os filhos do Senhor, os assistentes do Senhor; estes são os mantenedores do tesouro da lei do Senhor. Portanto, Senhor, pareceria adequado, se o Senhor predissesse nosso destino à iluminação suprema e perfeita. Dois mil outros monges, e mais, tanto aqueles que estavam ainda treinando e aqueles que ainda não estavam, de forma semelhante levantaram-se de seus assentos, envergaram seus mantos sobre um dos ombros, elevaram sua mãos postas em direção ao Senhor e permaneceram fitando-o, todos preocupados com o mesmo pensamento, isto é, deste conhecimento de Buda mesmo: Será que nós também receberemos uma predição de nosso destino à iluminação suprema e perfeita. Então o Senhor se dirigiu ao venerável Ananda nas seguintes palavras: Você, Ananda, deverá no futuro tornar-se um Tathagata com o nome de Sagaravaradharabuddhivikriditabhigna, um Arhat etc., agraciado com ciência e conduta etc. Depois de ter honrado, respeitado, venerado e reverenciado sessenta e dois kotis de Budas, mantido em memória a verdadeira lei daqueles Budas e recebido este mandamento, você chegará à iluminação suprema e perfeita e trará à maturidade plena para a iluminação suprema e perfeita, vinte centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas semelhantes às areias de vinte Ganges. E o seu campo de Buda consistirá de lápis-lazuli e será superabundante. A esfera será chamada de Anavanamita-vaigayanta e o Aeon Manognasabdabhigargita. A duração da vida daquele Senhor Sagaravaradharabuddhivikriditabhigna, o Tathagata etc., será de imenso número de Aeons, cujo termo não deve ser achado por cálculos. Tantas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons incalculáveis durará a vida daquele Senhor. Duas vezes este período, Ananda, depois da extinção completa daquele Senhor, deverá sua verdadeira lei permanecer, e duas vezes novamente este período continuará sua imitação. E além disto, Ananda, muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas, semelhantes às areias do rio Ganges, deverão por todas as direções do espaço declamarem o elogio daquele Tathagata Sagaravaradharabuddhivikriditabhigna, o Arhat, etc. 1. Eu vos anuncio, monges congregados, que Ananda-Bhadra, o mantenedor de minha lei, se tornará no futuro um Gina, depois de ter venerado sessenta kotis de Sugatas. 2. Ele será amplamente renomado com o nome de Sagarabuddhidharin Abhignaprapta, em um campo lindo totalmente limpo, chamado Anavanata Vaigayanti (que quer dizer bandeira triunfal desfraldada). 3. Haverá Bodhisatvas como as areias do Ganges e mais ainda, aos quais ele trará à maturidade plena; ele será um Gina agraciado com grande poder mágico, cuja palavra se espalhará amplamente por todos os cantos do mundo. 4. A duração de sua vida será imensa. Ele será sempre benigno e compassivo para com este mundo. Depois da completa extinção daquele Gina e poderoso santo, sua verdadeira lei durará duas vezes mais a duração deste período.
    5. A imitação continuará duas vezes mais sob o reino daquele Gina. Então, deverão seres numerosos como as areias do Ganges produzir neste mundo o que é a causa da iluminação do Buda. Naquela assembléia havia oito mil Bodhisatvas que tinham acabado de entrar o veículo. A eles este pensamento se apresentou: Nunca antes tínhamos ouvido uma tão sublime predição aos Bodhisatvas, muito menos ainda aos discípulos. Qual será a causa disto? O Senhor, que percebeu em sua mente o que se passava na mente daqueles Bodhisatvas, se lhes dirigiu nestas palavras: Moços de boa família, eu e Ananda ao mesmo tempo, no mesmo instante, concebemos a idéia da iluminação suprema e perfeita na presença do Tathagata Dharmagahanabhyudgataraga, o Arhat, etc. Naquele período, moços de boa família, ele (Ananda) se aplicava assídua e constantemente ao grande estudo, enquanto eu me aplicava à prática incessante. Por isto mesmo eu cheguei mais cedo à iluminação suprema e perfeita, enquanto que Ananda-Bhadra era mantenedor do tesouro da lei dos Senhores Budas; isto quer dizer, moços de boa família, que ele fez uma promessa de trazer Bodhisatvas ao desenvolvimento pleno. Quando o venerável Ananda ouviu do Senhor o anúncio ao seu próprio destino à iluminação suprema e perfeita, ao ficar sabendo das boas qualidades de seu campo de Buda e suas divisões, ao saber da promessa que havia feito no passado, ele se sentiu feliz, alegre, exultante, confiante, deleitado e jubiloso. Naquele momento ele se lembrou da verdadeira lei de muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas e sua própria promessa de antanho. E naquela ocasião o venerável Ananda pronunciou as seguintes estrofes: 6. Maravilhoso, sem limites são os Ginas que nos lembram da lei pregada pelos Ginas extintos e poderosos santos. Agora eu me lembro como se tivesse acontecido hoje ou ontem. 7. Eu estou livre de todas as dúvidas; estou pronto para a iluminação. Tal é minha habilidade, que sou assistente e mantenho a verdadeira lei para a iluminação. Com isto o Senhor se dirigiu ao venerável Rahula-Bhadra nestas palavras: Você, Rahula, será no futuro um Tathagata com o nome de Saptaratnapadmavikrantagamin, um Arhat, etc., agraciado com ciência e conduta, etc. Depois de ter honrado, respeitado, venerado e reverenciado um número de Tathagatas, etc., iguais aos átomos de dez mundos, serás sempre o filho mais velho daqueles Senhores Budas, assim como és meu filho no presente. E, Rahula, a medida da vida daquele Senhor Saptaratnapadmavikrantagamin, o Tathagata, etc., e a abundância de todo tipo de boas qualidades (que pertencerão a ele) serão exatamente os mesmos que o Senhor Sagaravaradharabuddhivikriditabhigna, o Tathagata, etc.; de forma semelhante deverão as divisões do campo de Buda e suas qualidades ser as mesmas que aquelas possuídas por aquele Senhor. E, Rahula, serás o filho mais velho daquele Tathagata Sagaravaradharabuddhivikriditabhigna, o Arhat, etc. Depois chegarás à iluminação suprema e perfeita. 8. Rahula aqui presente, meu filho mais velho, que nasceu para mim enquanto era príncipe real, ele, meu filho, depois de eu ter ganho a iluminação, é um grande vidente, um herdeiro da lei. 9. O grande número de kotis de Budas que ele verá no futuro, é imenso. Para todos aqueles Ginas ele será um filho, lutando pela iluminação. 10. Desconhecido é este curso de dever para Rahula, mas eu conheço sua promessa anterior. Ele glorifica o Amigo do Mundo (dizendo): eu sou, verdadeiramente, o filho do Tathagata. 11. Inumeráveis miríades de kotis de boas qualidades, cuja medida não poderá nunca ser tomada, pertencem a este Rahula, meu filho; pois foi dito: Ele existe porque a iluminação existe. O Senhor novamente olhou aqueles dois mil discípulos, tanto aqueles que ainda estavam praticando quanto aqueles que não mais praticavam, que estavam observando-o com mentes serenas, suaves, plácidas. E o Senhor então se dirigiu ao venerável Ananda: Vê você, Ananda, estes dois mil discípulos, tanto aqueles que ainda estão treinando quanto aqueles que já não mais estão? “Eu vejo, Senhor; eu vejo, Sugata.” O Senhor prosseguiu: Todos aqueles dois mil monges, Ananda, deverão simultaneamente cumprir o curso dos Bodhisatvas e, após honrarem, respeitarem, venerarem, reverenciarem Budas tão numerosos quanto os átomos de cinqüenta mundos, e depois de adquirirem a verdadeira lei, todos eles deverão, em suas últimas existências corpóreas, atingir a iluminação suprema e perfeita ao mesmo tempo, no mesmo momento, no mesmo instante, na mesma conjuntura em todas as direções do espaço, em diferentes mundos, cada qual em seu próprio campo de Buda. Todos eles se tornarão Tathagatas, Arhats, etc., com o nome de Ratnaketuragas. A duração de suas vidas deverá ser de um Aeon completo. A divisão e boas qualidades de seus campos de Buda deverá ser igual; igual deverá ser também o número de suas congregações de discípulos e Bodhisatvas; igual também será suas extinções completas e suas verdadeiras leis deverão prosseguir por um tempo igual. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 12. Estes dois mil discípulos, Ananda, que ora estão diante de mim, a eles, os sábios, eu agora predigo que no futuro deverão se tornar Tathagatas. 13. Depois de terem prestado veneração eminente aos Budas, por intermédio de comparações infinitas e de exemplos, eles deverão, ao se quedarem em suas últimas existências corpóreas, atingir a minha iluminação última. 14. Todos eles deverão, sob o mesmo nome, em todas as direções, no mesmo momento e instante, e sentados ao pé da mais sublime das árvores, tornar-se Budas, depois que tiverem ganho o conhecimento. 15. Todos terão o mesmo nome de Ketus de Ratna, pelo qual se tornarão amplamente conhecidos neste mundo. Seus campos excelentes deverão ser iguais, e iguais à congregação de discípulos e de Bodhisatvas. 16. Fortes em poder mágico, eles deverão simultaneamente, em todas as direções do espaço, revelar a lei neste mundo e simultaneamente se tornarão extintos; suas verdadeiras leis deverão durar igualmente o mesmo tempo. E os discípulos, tanto aqueles que ainda estava treinando quanto aqueles que não estavam, ao ouvirem do Senhor, face a face a predição quanto a eles, ficaram agradados, exultantes, deliciados, alegres, cheios de alegria e deleite e se dirigiram ao Senhor com as seguintes estrofes: 17. Estamos satisfeitos, Ó Luz do mundo, de ouvir esta predição; estamos agradados, Ó Tathagata, com se fossemos salpicados com néctar. 18. Não temos dúvidas, nem incertezas de que nos tornaremos supremos dentre homens; hoje ganhamos a felicidade, porque ouvimos esta predição.
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    Saddharma-Pundarika / O Pregador / Capítulo 10
    CAPÍTULO 10
    O PREGADOR
    O Senhor então se dirigiu aos oitenta mil Bodhisatvas Mahasatvas se voltando a Bhaishagyaraga como seu representativo. Veja você, Bhaishagyaraga, nesta assembléia de muitos deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens, e seres não humanos, monges, monjas, leigos homens e mulheres, devotos do veículo dos discípulos, devotos do veículo dos Pratyekabudas e aqueles do veículo dos Bodhisatvas, quem ouviu este Dharmaparyaya da boca do Tathagata? “Eu ouvi, Senhor; eu ouvi, Sugata.” O Senhor prosseguiu: Bem, Bhaishagyaraga, todos aqueles Bodhisatvas Mahasatvas que, nesta assembléia, ouviram, nem que fosse uma só estrofe, um só verso (ou palavra), ou que mesmo que fosse por um só pensamento que surgisse, aceito este Sutra, a todos estes, Bhaishagyaraga, dentre as quatro classes de minha audiência eu predigo seus destinos à iluminação suprema e perfeita. E todos aqueles, Bhaishagyaraga, que, após a completa extinção do Tathagata, ouvirem este Dharmaparyaya e depois de ouvi-lo, nem que fosse uma só estrofe, alegremente o aceitar, nem que seja com um só pensamento desperto, àqueles também, Bhaishagyaraga, sejam eles moços ou moças de boa família, eu predigo seus destinos à iluminação suprema e perfeita. Aqueles moços ou moças de boa família, Bhaishagyaraga, serão veneradores de muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas. Aqueles moços ou moças de boa família, Bhaishagyaraga, terão feito uma promessa sob centenas de milhares de miríades de kotis de Budas. Eles devem ser considerados como renascendo entre as pessoas de Gambudvipa, por compaixão a todos os seres. Aqueles que tomarem, lerem, tornarem conhecido, recitarem, copiarem, e depois de copiarem, sempre mantiverem em memória e, de tempos em tempos, virem nem que seja uma só estrofe deste Dharmaparyaya; que através deste livro sentirem veneração pelos Tathagatas, tratá-los com o respeito devido ao Mestres, e os honrarem, reverenciarem, venerarem; que venerarem este livro com flores, incenso, guirlandas perfumadas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, música, etc., e com atos de reverência tais como prestar saudação e ficar de mãos postas; em resumo, Bhaishagyaraga, qualquer moço ou moça de boa família que mantiver ou alegremente aceitar nem que seja uma só estofe deste Dharmaparyaya, a estes todos, Bhaishagyaraga, eu predigo seus destinos à iluminação suprema e perfeita. Se algum homem ou mulher, Bhaishagyaraga, perguntar: Como irão estes seres no futuro se tornar Tathagatas, Arhats, etc.? Então este homem ou mulher deve ser referido ao exemplo daquele moço ou moça de boa família. “Quem quer que seja capaz de recitar, ensinar, nem que seja uma só estrofe de quatro linhas, e quem quer que mostre respeito a este Dharmaparyaya, este moço ou moça de boa família deverá no futuro se tornar um Tathagata, etc.; estejam certos disto.” Pois que, Bhaishagyaraga, tal moço ou moça de boa família deve ser considerado como sendo um Tathagata, e por todo o mundo, inclusive os deuses, honra é devida a um tal Tathagata que mantém nem que seja uma só estrofe deste Dharmaparyaya, e muito mais, claro, àquele que apreender, mantiver, compreender, tornar conhecido, copiar e depois de copiar sempre retiver na memória este Dharmaparyaya por completo e inteiro, ou que honrar este livro com flores, incenso, guirlandas perfumadas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, flâmulas, bandeiras, música, mãos postas, prostrações reverentes e saudações. Um tal moço ou moça de boa família, Bhaishagyaraga, deve ser considerado como realizado na iluminação suprema e perfeita; deve ser tido com sendo igual a um Tathagata, que por compaixão e benefício ao mundo, em virtude de uma promessa antiga, faz a sua aparição no Gambudvipa, para tornar este Dharmaparyaya conhecido de todos. Quem quer que, depois de abandonar sua própria idéia primeira da lei e o alto campo de Buda ocupado por si, para tornar conhecido de todos este Dharmaparyaya, depois de meu Nirvana completo, pode ser estimado como tendo aparecido pregando como o Tathagata, uma tal pessoa, Bhaishagyaraga, seja ele um moço ou moça de boa família, deve ser estimando com fazendo a função do Tathagata, como sendo um enviado do Tathagata. Um tal, Bhaishagyaraga, deve ser reconhecido como um moço ou moça de boa família, que comunica este Dharmaparyaya, depois do Nirvana completo do Tathagata, nem que fosse em segredo ou ocultamente, ou para uma só criatura que ele contasse isto. Novamente, Bhaishagyaraga, se alguma criatura viciosa, má, e cruel deva na Idade (presente) falar algo de injurioso contra o Tathagata, e se alguém pronunciar uma só palavra dura, sem fundamentos, ou infundada, àqueles pregadores irrepreensíveis, pregadores da lei e mantenedores deste Sutranta, quer sejam devotos leigos ou padres, eu declaro que este último é um pecado ainda maior. Pois que, Bhaishagyaraga, um tal moço ou moça de boa família deve ser tido como adornado com tudo aquilo que pertence ao Tathagata. Ele leva o Tathagata em seu ombro, Bhaishagyaraga, que depois de ter copiado este Dharmaparyaya e feito um volume dele, o levar em seu ombro. Uma tal pessoa, onde quer que vá, deve ser saudado por todos os seres de mãos postas, deve ser honrado, respeitado, venerado, saudado, reverenciado por deuses e homens com flores, incenso, guirlandas perfumadas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, instrumentos musicais, com comida, dura e macia, com alimento e bebida, com veículos, com montes de jóias belas e especiais. Este pregador da lei deve ser honrado com montes de jóias belas que são presenteadas àquele pregador da lei. Pois que pode acontecer que se ele expuser este Dharmaparyaya, nem que seja uma só vez, inumeráveis, incalculáveis seres que o ouvirem logo se tornarão realizados na iluminação suprema e perfeita. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 1. Aquele que deseja se estabelecer no Budado e aspira ao conhecimento do Não-nascido, deve honrar àquele que mantiver esta doutrina. 2. E aquele que estiver desejoso da onisciência e pensar: Como posso eu de forma mais breve possível ganhar isto? Deve conhecer este Sutra de cor, ou ao menos honrar àquele que o conheça. 3. Ele foi enviado pelo Senhor do mundo para ensinar aos homens, aquele que, por amor à humanidade, recitar este Sutra. 4. Depois de abandonar uma boa posição no mundo, aquele grande homem veio até aqui, aquele que por compaixão pelos homens mantém este Sutra (na memória). 5. É por força de sua posição, que nos últimos tempos ele é visto pregando este Sutra insuperável. 6. Aquele pregador da lei deve ser honrado com flores humanas e divinas e todo tipo de perfume; ser presenteado com roupas divinas e coberto de jóias. 7. Sempre se deve reverentemente saudá-lo com mãos postas, como se ele fosse o Chefe dos Ginas ou o Não-nascido, quem nestes últimos e terríveis dias, mantiver este Sutra do (Buda) Extinto. 8. Deve-se dar comida, dura e macia, alimento e bebida, abrigo num convento, kotis de mantos para honrar o filho do Gina, quando ele tiver proposto, nem que seja uma só vez, este Sutra. 9. Ele faz o trabalho dos Tathagatas e foi enviado por mim para o mundo dos homens, aquele que nos últimos dias copiar, mantiver ou ouvir este Sutra. 10. Aquele que na maldade de seu coração ou com cenho carregado, deva em qualquer momento de um Aeon inteiro pronunciar o que quer que seja de injurioso em minha presença, comete um grande pecado. 11. Mas aquele que abusar ou insultar aqueles guardiões deste Sutranta, quando estiverem expondo este Sutra, eu digo que ele comete um pecado mais grave ainda. 12. Aquele que, lutando pela iluminação superior, me elogiar em um Aeon completo diante de mim com mãos postas, com muitas miríades de kotis de estrofes, 13. Deverá daí derivar um grande mérito, já que ele me glorificou na alegria do seu coração. Mas um maior mérito ainda deverá adquirir aquele que elogiar aqueles pregadores. 14. Aquele que durante dezoito milhares de kotis de Aeons prestar culto àqueles objetos de veneração, com palavras, coisas visíveis, sabores, com perfumes divinos e tipos divinos de toques, 15. Se uma tal pessoa prestando esta veneração aos objetos de veneração durante dezoito milhares de kotis de Aeons, ouvir este Sutra, nem que seja uma só vez, ele obterá uma vantagem incalculável. Eu te anuncio, Bhaishagyaraga, eu te declaro, que muitos são os Dharmaparyayas, que eu propus, estou propondo, e proporei. E dentre todos estes Dharmaparyayas, Bhaishagyaraga, é este justamente que não vai ser aceito por ninguém, que não encontrará eco em ninguém. Este é, de verdade, Bhaishagyaraga, o cerne espiritual esotérico transcendental da lei, preservado pelo poder dos Tathagatas, mas nunca divulgado; é um artigo de credo ainda não tornado conhecido. Pela maioria das pessoas, Bhaishagyaraga, este Dharmaparyaya é rejeitado durante a vida do Tathagata; muito mais ainda o será depois de sua extinção. E contudo, Bhaishagyaraga, é necessário considerar aqueles moços ou moças de boa família que forem vestir os mantos do Tathagata; que forem vistos e abençoados pelos Tathagatas vivendo em outros mundos, que eles terão a força da persuasão individual, a força que está enraizada na virtude, e a força de um voto pio. Todos morarão separados nos mosteiros do Tathagata, Bhaishagyaraga, e terão suas cabeças afagadas pela mão do Tathagata, aqueles moços e moças de boa família, que depois da completa extinção do Tathagata crerem, lerem, escreverem, honrarem este Dharmaparyaya e o recitar aos outros. Novamente, Bhaishagyaraga, em qualquer lugar da terra onde este Dharmaparyaya for exposto, pregado, escrito, estudado, ou recitado em coro, naquele lugar, Bhaishagyaraga, deve-se construir um templo do Tathagata, magnífico, consistindo das substâncias preciosas, alto, e espaçoso; mas não é necessário depositar ali as relíquias do Tathagata. Pois que o corpo do Tathagata está, por assim dizer, depositado coletivamente ali. Qualquer lugar na terra onde este Dharmaparyaya for exposto ou ensinado ou recitado ou ensaiado em coro ou escrito ou mantido em um volume, deve ser honrado, respeitado, reverenciado, cultuado como se fosse uma Stupa, com todo tipo de flores, incenso, perfumes, guirlandas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, bandeirolas triunfais, com todo tipo de canto, música, dança, instrumentos musicais, castanhetas e gritos em coro. E aqueles, Bhaishagyaraga, que se aproximarem de um templo do Tathagata para saudá-lo ou vê-lo, devem ser estimados como estando próximos à iluminação suprema e perfeita. Pois que, Bhaishagyaraga, existem muitos leigos bem com padres que observam o curso de um Bodhisatva sem, contudo, chegarem a ver, ouvir, esclarecer ou venerar este Dharmaparyaya. Enquanto eles não ouvirem este Dharmaparyaya, eles não são eficazes no curso de um Bodhisatva. Mas aqueles que ouvirem este Dharmaparyaya e então o aceitarem, penetrarem, compreenderem, entenderem, estão naquele momento próximos à iluminação suprema e perfeita, por assim dizer, encostados nela. É o caso, Bhaishagyaraga, parecido com aquela pessoa que, necessitado e à cata de água, para obtê-la, faz com que um poço seja perfurado num torrão árido de terra. Enquanto ele vir que a areia escavada está branca e seca, ele conclui: a água ainda está longe. Depois de algum tempo ele percebe que a areia sendo escavada está úmida, misturada com água, enlameada, com gotas pingando, e que os homens que estão trabalhando estão cobertos de lama e limo. Vendo este sinal, Bhaishagyaraga, o homem ficará convencido e certo que a água se aproxima. Da mesma forma, Bhaishagyaraga, estarão aqueles Bodhisatvas Mahasatvas longe da iluminação suprema e perfeita enquanto não ouvirem, nem perceberem, nem penetrarem, nem sondarem, nem ligarem a este Dharmaparyaya. Mas quando os Bodhisatvas Mahasatvas ouvirem, pregarem, penetrarem, estudarem e considerarem este Dharmaparyaya, então, Bhaishagyaraga, eles estarão, por assim dizer, imediatamente próximos à iluminação suprema e perfeita. Deste Dharmaparyaya, Bhaishagyaraga, será acrescentado às criaturas a iluminação suprema e perfeita. Pois que este Dharmaparyaya contém uma explicação do mistério mais elevado, o artigo secreto da lei que os Tathagatas, etc., revelaram para aperfeiçoar os Bodhisatvas Mahasatvas. Qualquer Bodhisatva, Bhaishagyaraga, que ficar assustado, ansioso, com medo deste Dharmaparyaya, deve ser considerado, Bhaishagyaraga, como um novato no veículo. Se contudo, um devoto do veículo dos discípulos ficar assustado, ansioso, com medo deste Dharmaparyaya, uma tal pessoa, devota do veículo dos discípulos, Bhaishagyaraga, deve ser considerado como um homem arrogante. Qualquer Bodhisatva Mahasatva, Bhaishagyaraga, que depois da extinção do Tathagata, nos últimos tempos, no último período apresentar este Dharmaparyaya, às quatro classes de ouvintes, deve fazê-lo, Bhaishagyaraga, depois de ter entrado na casa do Tathagata, depois de ter envergado o manto do Tathagata, e ocupado o púlpito do Tathagata. E qual é a casa do Tathagata, Bhaishagyaraga? É o residir na bondade para com todos os seres; esta é a casa do Tathagata, Bhaishagyaraga, que o moço de boa família tem que entrar. E o que é o manto do Tathagata, Bhaishagyaraga? É a roupa da paciência sublime; este é o manto do Tathagata, Bhaishagyaraga, que o moço de boa família tem que envergar. E o que é o púlpito do Tathagata, Bhaishagyaraga? É entrar no vazio de todas as coisas; este é o púlpito, Bhaishagyaraga, no qual o moço de boa família tem que sentar para apresentar este Dharmaparyaya às quatro classes de ouvintes. Um Bodhisatva tem que propor este Dharmaparyaya com a mente sem vacilações, ante os Bodhisatvas congregados, às quatro classes de ouvintes, que estão lutando pelo veículo dos Bodhisatvas, e eu, permanecendo num outro mundo, Bhaishagyaraga, farei por intermédio de criaturas fictícias as mentes de toda a congregação favoravelmente dispostas àquele moço de boa família, e enviarei monges fictícios, monjas, leigos homens e mulheres para ouvirem o sermão do pregador, e ninguém lá será capaz de o contradizer ou negar. Se depois disto ele se retirar para uma floresta, eu enviarei para lá muitos deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras e grandes serpentes para ouvi-lo pregar, enquanto que eu, permanecendo num outro mundo, Bhaishagyaraga, mostrarei meu rosto àquele moço de boa família, e as palavras e sílabas deste Dharmaparyaya que ele esquecer eu novamente as sugerirei a ele quando ele repetir esta lição. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 16. Que se ouça este Sutra exaltado, evitando toda distração; pois que é rara a ocasião de ouvilo, e raro também acreditá-lo. 17. É o caso parecido com aquele de uma certa pessoa que necessitando de água vai e perfura um poço num torrão de terra árida, e constata que apenas fica saindo areia branca e seca. 18. Vendo isto ele pensa: a água ainda está longe; um sinal que ainda está longe é a areia seca e branca que aparece na escavação. 19. Mas quando mais tarde ele vê repetidamente a areia úmida e macia, ele fica convencido que a água não pode estar longe. 20. Assim também estão longe do Budado aquelas pessoas que não ouviram este Sutra e que fracassaram em meditar sobre ele. 21. Mas aqueles que ouviram e com freqüência meditaram neste profundo rei entre os Sutras, este livro cheio de autoridade para discípulos, 22. São sábios e estão próximos ao conhecimento de Buda, assim mesmo como a umidade da areia é um sinal que indica estar próxima a água. 23. Depois de entrar na casa do Gina, envergar seu manto e assentar no meu assento, o pregador deve, sem medo, expor este Sutra. 24. A força da compaixão ( ou bondade ) é minha casa; as roupas da paciência, meu manto; e o vazio, meu assento; que o pregador se estabeleça aqui e pregue. 25. Quando paus, lanças, pedras ou palavras abusivas e ameaças forem a sorte do pregador, que ele seja paciente, pensando em mim. 26. Meu corpo existiu inteiro em milhares de kotis de regiões; durante um número de kotis de Aeons, além da compreensão eu ensino a lei aos seres. 27. Àquele homem corajoso que proclamar este Sutra depois de minha extinção completa eu também enviarei muitas criações. 28. Monges, monjas, devotos leigos, homens e mulheres, o honrarão bem como as classes da audiência. 29. E se alguém ali o atacar com pedras, paus, palavras ofensivas, ameaças, zombarias, então as criações o defenderão. 30. E quando ele se quedar sozinho, ocupado no estudo, num lugar solitário, na floresta ou nas colinas, 31. Então eu lhe mostrarei meu corpo luminoso e o possibilitarei a lembrar a lição que ele esqueceu. 32. Enquanto ele está vivendo solitário no deserto, eu lhe enviarei deuses e duendes em grande número para que ele tenha companhia. 33. Tais são as vantagens que ele gozará; quer ele esteja pregando às quatro classes, ou vivendo, um solitário, em cavernas da montanha e estudando sua lição, ele me verá. 34. Sua prontidão de discurso não conhece impedimentos; ele compreende os muitos requisitos da interpretação; ele satisfaz a milhares de kotis de seres porque ele é, por assim dizer, inspirado pelo Buda. 35. E os seres que forem confiados aos seus cuidados irão muito cedo se tornar Bodhisatvas, e cultivando sua intimidade eles perceberão Budas numerosos como as areias do Ganges. 
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    Saddharma-Pundarika / Aparição de uma Stupa / Capítulo 11
    CAPÍTULO 11
    APARIÇÃO DE UMA STUPA
    Então apareceu uma Stupa, consistindo de sete substâncias preciosas, do lugar da terra oposto ao Senhor, a assembléia estando no meio, uma Stupa de quinhentas yoganas de altura e proporcional em diâmetro. Depois de sua aparição, a Stupa, um fenômeno meteórico, se quedou no céu brilhando, linda, belamente decorada com cinco mil terraços sucessivos de flores, adornada com muitos milhares de arcos, embelezada por milhares de bandeiras e flâmulas triunfais, dependurada com milhares de guirlandas de jóias e com sinos e relógios, emitindo um perfume de Xanthochymus e sândalo, cujo perfume encheu este mundo todo. Sua fileira de pára-sóis ia tão alto que tocava as casas dos quatro guardiões do horizonte e os deuses. Consistia de sete substâncias preciosas, a saber, ouro, prata, lápis-lazúli, Musaragalva, esmeralda, coral vermelho e pedra Karketana. Esta Stupa de substâncias preciosas, uma vez formada, os deuses do paraíso a cobriram e entremearam de flores Mandara e grande Mandarava. E da Stupa de substâncias preciosas veio esta voz: Excelente, excelente, Senhor Shakyamuni! Bem expuseste este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Assim é, Senhor; assim é, Sugata. Vendo aquela grande Stupa de substâncias preciosas, aquele fenômeno meteórico no céu, as quatro classes de ouvintes se encheram de alegria, deleite, satisfação e felicidade. Instantaneamente eles se levantaram de seus assentos, esticaram suas mãos postas, e permaneceram nesta posição. Então o Bodhisatva Mahasatva Mahapratibhana, percebendo o mundo, inclusive dos deuses, homens, e demônios, cheio de curiosidade, disse ao Senhor: Ó Senhor, qual é a causa, qual a razão de tão magnífica Stupa de substâncias preciosas aparecer no mundo? Quem é que, Ó Senhor, causa este som a sair da Stupa magnífica de substâncias preciosas? Assim indagado, o Senhor falou a Mahapratibhana, o Bodhisatva Mahasatva, da seguinte forma: Nesta grande Stupa de substâncias preciosas, Mahapratibhana, o corpo mesmo do Tathagata está contido em forma condensada; a Stupa é dele; é ele que faz com este som seja emitido. No ponto do espaço abaixo, Mahapratibhana, existem inumeráveis milhares de mundos. Além deste ponto está o mundo chamado Ratnavisudhha, onde existe um Tathagata chamado Prabhutaratna, o Arhat, etc. Este Senhor que viveu há tempos atrás, fez esta promessa: Antes, quando seguia o curso de um Bodhisatva, eu não havia chegado à iluminação suprema e perfeita antes de ouvir este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, servindo para a instrução dos Bodhisatvas. Mas no momento em que ouvi este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, tornei-me plenamente maduro para a iluminação suprema e perfeita. Agora, Mahapratibhana, aquele Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., naquele momento em que sua extinção completa tomaria lugar, anunciou na presença do mundo, inclusive dos deuses: Depois de minha extinção completa, monges, uma Stupa deve ser erigida de substâncias preciosas da forma do corpo mesmo do Tathagata; as demais Stupas, novamente, devem ser feitas dedicadas a mim. Com isto, Mahapratibhana, o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., pronunciou esta benção: Que minha Stupa aqui, esta Stupa de meu corpo mesmo, se levante onde quer que qualquer campo de Buda nas direções do espaço, em todos os mundos, onde o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei for proposto, e que ele se quede no céu acima da congregação reunida quando este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei estiver sendo pregado por algum Senhor Buda ou outro, e que esta Stupa da forma do meu corpo mesmo dê um grito de aplauso àqueles Budas enquanto pregando este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. É aquela Stupa, Mahapratibhana, das relíquias do Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., que, enquanto eu pregava este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei neste mundo de Saha, que se levantou acima desta congregação reunida e se quedando como um meteoro no céu, deu seu aplauso. Então disse Mahapratibhana, o Bodhisatva Mahasatva, ao Senhor: Mostre-nos, Ó Senhor, através de vosso poder o corpo deste Tathagata acima mencionado. Com o que o Senhor respondeu ao Bodhisatva Mahasatva Mahapratibhana como se segue: Este Senhor Prabhutaratna, Mahapratibhana, fez uma promessa pia e séria. Esta promessa consistia no seguinte: Quando os Senhores, os Budas, estando em outros campos de Buda, pregarem este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, então que esta Stupa da forma do meu corpo mesmo esteja próxima ao Tathagata para ouvir dele este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. E quando aqueles Senhores, aqueles Budas quiserem descobrir a forma do meu corpo mesmo e mostrá-lo às quatro classes de ouvintes, então que os corpos dos Tathagatas, feitos pelos Tathagatas em todas as direções, em diferentes campos de Buda, de seus corpos mesmos, e pregando a lei aos seres, sob nomes diferentes em vários campos de Buda, que todos estes corpos dos Tathagatas, feitos do corpo mesmo, se unam, junto com esta Stupa contendo o corpo de meu corpo mesmo, sejam revelados e mostrados às quatro classes de ouvintes. Então, Mahapratibhana, eu fiz muitos corpos do Tathagata que em todas as direções, em vários campos de Buda em milhares de mundos, pregam a lei aos seres. Todos estes eu procurei trazer para aqui. Com isto o Bodhisatva Mahasatva Mahapratibhana disse ao Senhor: Então, Ó Senhor, que reverenciemos e saudemos a todas estas emanações corpóreas do Tathagata e criadas pelo Tathagata. E instantaneamente o Senhor fez fulgir do círculo de cabelo de suas sobrancelhas um raio, que logo que foi enviado, todos os Senhores, os Budas que estavam em direção ao leste em cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de mundos, iguais às areias do rio Ganges, todos se tornaram visíveis, e os campos de Buda ali, consistindo de cristal, se tornaram visíveis, variegados com árvores de jóias, decorados com cordões de bom tecido, repletos com muitas centenas de milhares de Bodhisatvas, cobertos de toldos, preparados com uma rede das sete substâncias preciosas e ouro. E naqueles campos apareceram os Senhores, os Budas, ensinando com vozes doces e gentis a lei aos seres; e aqueles campos de Buda apareciam repletos com centenas de milhares de Bodhisatvas. Era assim também, no sudoeste; também no sul; também no sudeste; também no oeste; também no nordeste; também no norte; também no noroeste, também no nadir; também no zênite; também nas dez direções do espaço; em cada direção eram vistos muitas centenas de milhares de miríades de kotis de campos de Buda, parecidos às areias do rio Ganges, em muitos mundos parecidos às areias do rio Ganges, Senhores Budas em muitas centenas de milhares de miríades de kotis de campos de Buda. Aqueles Tathagatas, etc., nas dez direções do espaço então se dirigiram cada qual à sua tropa de Bodhisatvas: Temos que ir, moços de boa família, ao mundo de Saha próximo ao Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., para humildemente saudar a Stupa das relíquias de Prabhutaratna, o Tathagata, etc. Com isto aqueles Senhores, aqueles Budas foram com seus próprios satélites, cada qual com um ou dois, a este mundo de Saha. Naquele período, este mundo que a tudo abarcava estava adornado com árvores de jóias; consistia de lápis-lazúli, estava coberta com uma rede de sete substâncias preciosas e ouro, perfumada com o incenso oloroso de magníficas jóias, por toda parte coberta de flores de Mandarava e grande Mandarava, decorada com uma rede de pequenos sinos, mostrando um tabuleiro de xadrez dividido por fios de ouro em oito compartimentos, sem cidades, vilarejos, prefeituras, províncias, reinos e capitais reais, sem as montanhas de Kala, sem as montanhas Mukilinda e grande Mukilinda, sem um monte Sumeru, sem um Kakravala (isto é, horizonte) e grande Kakravala (isto é, horizonte estendido), sem outras montanhas principais, sem grandes oceanos, sem rios e grandes rios, sem corpos de deuses, homens e demônios, sem infernos, sem a criação bruta, sem um reino de Yama. Pois deve ser compreendido que naquele período todos os seres em qualquer dos seis estados de existência neste mundo haviam sido removidos para outros mundos, com a exceção daqueles que estava reunidos naquela congregação. Foi então que aqueles Senhores, aqueles Budas, assistidos por um ou dois satélites, chegaram a este mundo de Saha e foram um depois do outro ocupar seus lugares próximo à árvore de jóia. Cada uma das árvores de jóia tinha quinhentas yoganas de altura, tamanho galhos, folhas, folhagem e circunferência proporcionais, e tinha frutos e flores. Ao pé de cada árvore de jóia estava preparado um trono, de cinco yoganas de altura, e adornado com jóias magníficas. Cada Tathagata foi ocupar este trono e ali se sentou na postura do lótus. E assim todos os Tathagatas de toda a esfera se sentaram em lótus ao pé das árvores de jóias. Naquele momento toda a esfera estava repleta de Tathagatas, mas os seres produzidos do corpo mesmo do Senhor Shakyamuni ainda não tinham chegado, de um só ponto do horizonte. Então o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., prosseguiu para fazer espaço para aqueles corpos dos Tathagatas que chegavam um depois do outro. Em todos os lados nas oito direções do espaço apareceram vinte centenas de milhares de miríades de  kotis de campos de Buda de lápis-lazúli, enfeitados com uma rede das sete substâncias precisas e ouro, decorados com uma borda de pequenos sinos, com flores de Mandarava e grandes Mandaravas espalhadas, cobertos com toldos celestes, dependurados com uma lauréola de flores celestes, perfumado com incenso celeste oloroso. Todos aqueles vinte centenas de milhares de miríades de kotis de campos de Buda eram sem cidades, vilarejos, prefeituras, etc.; sem montanhas de Kala, etc.; sem grandes oceanos, etc.; e sem corpos de deuses, etc. Todos aqueles campos de Buda estavam arranjados de tal forma por ele como se para formar apenas um campo de Buda, um só, nivelado, adorável, enfeitado com árvores das sete substâncias preciosas, árvores com quinhentas yoganas de altura e circunferência, com galhos, flores, e frutos em proporção. Ao pé de cada árvore estava preparado um trono, de cinco yoganas de altura e largura, consistindo de gemas celestes, brilhando e lindas. Os Tathagatas chegando um depois do outro ocuparam o trono próximo ao pé de cada árvore e sentaram de pernas cruzadas,. De forma similar o Tathagata Shakyamuni preparou vinte centenas de milhares de miríades de kotis de outros mundos, em todas as direções do espaço, para dar lugar aos Tathagatas que chegavam um depois dos outros. Aqueles vinte centenas de milhares de miríades de kotis de mundos em todas as direções do espaço eram preparados por ele para estarem sem cidades, vilarejos, etc., (como acima). Eles estavam sem corpos de deuses, etc., (como acima); todos aqueles seres haviam sido removidos para outros mundos. Aqueles campos de Buda também eram de lápis-lazúli, etc. (como acima). Todas aquelas árvores de jóias mediam quinhentas yoganas, e próximo a elas estavam tronos, feitos artificialmente medindo cinco yoganas. Então aqueles Tathagatas se sentaram de pernas cruzadas, cada qual num trono ao pé de uma árvore de jóias. Naquele momento os Tathagatas produzidos pelo Senhor Shakyamuni, que no leste estavam pregando a lei aos seres em centenas de milhares de miríades de kotis de campos de Buda, parecidos às areias do rio Ganges, todos chegaram dos dez pontos do espaço e sentaram nas oito divisões do espaço. Com isto trinta kotis de mundos em cada direção foram ocupados por aqueles Tathagatas das oito divisões. Então, sentados em seus tronos, aqueles Tathagatas mandaram seus satélites à presença do Senhor Shakyamuni, e depois de lhes dar sacos com flores de jóias, recomendaram-lhes o seguinte: Vão, moços de boa família, até a montanha de Gridhrakuta, onde o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., se encontra; saúdem-no reverentemente e indaguem, em nosso nome, como está sua saúde, bem estar, conforto, e disposição tanto dele quanto da multidão de Bodhisatvas e discípulos. Cubram-lhes com este monte de jóias e digam o seguinte: Será que o Senhor Tathagata se dignaria a abrir esta grande Stupa de jóias? Foi desta forma que todos aqueles Tathagatas recomendaram a seus assistentes. E quando o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, percebeu que suas criações, sem faltar nenhuma, tinham chegado; percebeu que estavam todos sentados cada qual em seu trono, e percebeu que os satélites daqueles Tathagatas, etc., estavam presentes, ele, em consideração ao desejo expresso por aqueles Tathagatas, etc., levantou-se de seu assento e quedou-se no céu, como um meteoro. E as quatro classes da assembléia se levantaram de seus assentos, esticaram suas mãos postas, e permaneceram fitando o rosto do Senhor. O Senhor então, com seu dedo indicador direito, abriu o meio da grande Stupa de jóias, que parecia um meteoro, e dividiu as duas partes. Da mesma forma que as portas duplas de um grande portão de cidade se separam quando a tranca é aberta, assim o Senhor abriu a grande Stupa, que parecia um meteoro, destrancando ela no meio com seu dedo indicador direito. A grande Stupa de jóias mal tinha sido aberta que o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., foi visto sentado de pernas cruzadas em seu trono, com membros emaciados e corpo pálido, com se estivesse absorto em meditação, e pronunciou estas palavras: Excelente, excelente, Senhor Shakyamuni; bem expuseste este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Eu repito, bem expuseste este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, Senhor Shakyamuni, às quatro classes da assembléia. Eu mesmo, Senhor, vim até aqui para ouvir o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Agora as quatro classes da assembléia, percebendo que o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., que havia estado extinto durante muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons, falando desta forma, se encheram de admiração e assombro. Instantaneamente eles cobriram o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., e o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., com montes de flores divinas e humanas. E então o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., cedeu ao Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., a metade do assento naquele trono mesmo que estava dentro da grande Stupa de jóias e disse: Que o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., sente aqui. Com isto o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., sentou naquela metade do assento junto com o outro Tathagata, de tal forma que ambos os Tathagatas eram vistos como meteoros no céu, sentados no trono no meio da grande Stupa de jóias. E nas mentes daquela quatro classes da assembléia se levantou este pensamento: Estamos longe de ambos os Tathagatas; portanto que nós também, pelo poder do Tathagata, nos levantemos pelos céus. E o Senhor percebeu em sua mente o que se passava nas mentes daquelas quatro classes da assembléia, e instantaneamente, através do poder mágico, estabeleceu as quatro classes como meteoros no céu. Então o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, se dirigiu às quatro classes: Quem dentre vocês, monges, tentará expor este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei neste mundo de Saha? O termo fatal, o momento (da morte), se aproxima; o Tathagata deseja a extinção completa, monges, depois que tiver confiado a vocês este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 1. Aqui vocês vêem, monges, o grande Vidente, Chefe extinto, dentro da Stupa de jóias, que agora veio ouvir a lei. Quem não reuniria suas forças por causa da lei? 2. Mesmo estando extinto durante muitos kotis de Aeons, ele ainda assim veio agora ouvir a lei; por causa da lei ele se move de cá para lá; muito rara (e muito preciosa) é uma tal lei com esta. 3. Este Líder praticou uma promessa quando em existência prévia; mesmo depois de sua completa extinção ele passeia por este mundo todo nos dez pontos do espaço. 4. E todos estes (que aqui vêem) são meus corpos mesmos, aos milhares de kotis, como as areias do Ganges; eles apareceram para que a lei pudesse ser preenchida e para que este Mestre extinto pudesse ser visto. 5. Depois de ter mostrado para cada qual seu campo particular, bem como tendo criado todos os discípulos, homens e deuses, para preservarem a verdadeira lei, tão longo quanto o reino da lei durar, 6. Eu limpei pelo poder mágico muitos mundos, destinados como assentos para aqueles Budas, e transportei todos os seres. 7. Sempre foi meu cuidado mais ansioso como esta linha da lei poderia se manifestar. Assim vocês vêem Budas aqui em número imenso se quedando ao pé das árvores como uma grande multidão de lótus. 8. Muitos kotis de bases de árvores estão iluminadas pelos Líderes sentados nos tronos que estão perpetuamente ocupados por eles e iluminados como a escuridão se ilumina com o fogo. 9. Uma fragrância deliciosa se espalha dos Líderes do mundo por todos os quadrantes, (uma fragrância) através da qual, quando o vento sopra, todos os seres ficam intoxicados. 10. Que aquele após minha extinção que mantenha este Dharmaparyaya rapidamente principie sua declaração na presença dos senhores do mundo. 11. O Vidente Prabhutaratna que, apesar de estar completamente extinto, está desperto, ouvirá o rugido de leão daquele que tomar tal resolução. 12. Eu mesmo, no segundo lugar, bem com os muitos Chefes que para aqui se deslocaram aos kotis, ouviremos esta resolução dos filhos do Gina, que se esforçará para expor esta lei. 13. E então eu também serei para sempre honrado como Prabhutaratna, o Gina não-nascido, que perpetuamente passeia pelos quadrantes e quadrantes intermediários para ouvir uma lei como esta. 14. E estes (outros) Senhores do mundo aqui presentes, por quem este solo está tão variegado e esplêndido, a eles também será acrescentado uma grande e múltipla honra deste Sutra ser exposto. 15. Aqui neste assento vocês me vêem, junto com o Senhor que está ao meu lado, no meio da Stupa; de forma semelhante muitos outros Senhores do mundo aqui presentes, em muitas centenas de campos. 16. Vocês, moços de boa família, atenção por compaixão a todos os seres, esta é a muito difícil tarefa para a qual o Chefe urge vocês. 17. É possível expor muitos milhares de Sutras, como as areias do Ganges, sem muitas dificuldades. 18. Se a pessoa pegasse a montanha Sumeru no punho e a jogasse à distância de kotis de campos, isto não seria muito difícil. 19. Nem seria muito difícil sacudir todo este universo pelo polegar e o jogar a uma distância de kotis de campos.
    20. Nem seria aquele, que depois de se quedar no limite do mundo existente, expusesse a lei e milhares de outros Sutras, não faria algo de tão difícil. 21. Mas manter e pregar este Sutra no período terrível que se sucederá à extinção do Chefe do mundo, isto é difícil. 22. Jogar para baixo a totalidade do elemento do éter depois de tê-lo comprimido em um punho, e deixá-lo para trás depois de tê-lo jogado fora, isto não é difícil. 23. Mas copiar um Sutra com este no período depois de minha extinção, isto é o que é difícil. 24. Coletar todo o elemento terra no fim da unha da pessoa, jogá-lo fora, e então ir embora para o mundo de Brahma, 25. Não é difícil, apesar de requerer uma força que superaria a força de todos fazer um trabalho tão difícil. 26. Algo de mais difícil do que isto é aquele que nos últimos dias depois de minha extinção pronunciar este Sutra, nem que seja por um só momento. 27. Não será muito difícil para ele andar no meio da conflagração do fim do mundo, mesmo que estivesse carregando com ele um fardo de feno. 28. Mais difícil será manter este Sutra depois de minha extinção e ensiná-lo a uma só criatura que seja. 29. É possível manter as oitenta e quatro mil divisões da lei e expô-las, com as instruções e da maneira com que elas foram apresentadas, a Kotis de seres vivos; 30. Isto não é tão difícil; nem é treinar monges no presente, e confirmar meus discípulos nas cinco partes do conhecimentos transcendentes. 31. Mas mais difícil é manter este Sutra, acreditar nele, aderir a ele, e expô-lo repetidamente. 32. Até aquele que confirmar muitos milhares de kotis de Arhats, abençoados com a possessão das seis faculdades transcendentes (Abhyignas), como as areias do Ganges, 33. Não faz algo de tão difícil de longe quanto aquele homem excelente que depois de minha extinção mantiver minha sublime lei. 34. Eu preguei em milhares de mundos, a lei, e hoje também eu a prego para que o conhecimento de Buda possa ser obtido. 35. Este Sutra é declarado com sendo o principal de todos os Sutras; quem o mantiver em memória, mantém o corpo do Gina. 36. Falem, moços de boa família, enquanto o Tathagata estiver ainda em suas presenças, quem entre vocês se esforçará nos tempos que virão em manter este Sutra. 37. Não somente eu ficarei feliz, mas os Senhores do mundo em geral, se alguém mantiver por um momento que seja este Sutra que é tão difícil de manter. 38. Uma tal pessoa será para sempre elogiada por todos os Senhores do mundo, afamado como um herói eminente, e rápido em chegar à sabedoria transcendental. 39. Ele será confiado com a liderança entre os filhos dos Tathagatas, aquele que, depois de ter chegado ao estágio da humildade, da mente flexível, mantiver este Sutra. 40. Ele será o olho do mundo, inclusive dos deuses e dos homens, que falar este Sutra depois da extinção do Chefe dos homens. 41. Ele será venerado por todos os seres, o homem sábio que nos últimos tempos pregar este Sutra nem que for por um só momento. Com isto o Senhor se dirigiu a toda a companhia de Bodhisatvas e ao mundo, inclusive deuses e demônios, e disse: Em tempos de outrora, monges, nos tempos passados, eu, sem cansaço e sem repousar, busquei o Sutra do Lótus da Verdadeira Lei, durante Aeons imensos, imensuráveis; muitos Aeons antes que eu fosse um rei, durante muitos milhares de Aeons. Tendo uma vez tomado a forte resolução de chegar à iluminação suprema e perfeita, minha mente não se desviou de seu objetivo. Eu me esforcei para preencher as seis Perfeições (paramitas), oferecendo doações imensas: ouro, dinheiro, gemas, pérolas, lápis-lazúli, conchas, pedras, corais, ouro e prata, esmeraldas, Musaragalva, pérolas vermelhas; cidades, povoados, prefeituras, províncias, reinos, capitais reais; esposas, filhos, filhas, escravos, homens e mulheres; elefantes, cavalos, carros, até o sacrifício de corpo e vida, de membros e pedaços, mãos, pés, cabeça. E nunca o pensamento de auto-complacência despertou em mim. Naqueles tempos as vidas dos homens durava muito tempo, e então por um tempo de muitas centenas de milhares de anos eu exercia a função de Rei da Lei por causa do dever, não para o prazer. Depois de  instalar no governo o príncipe real mais velho, eu saí procurando a melhor lei nos quatro quadrantes, e havia promulgado com o som do sino a seguinte proclamação: Aquele que me achar a melhor lei ou me indicar o que é útil, para tal pessoa eu me tornarei seu assistente. Naquela época vivia um Vidente; ele me disse: Nobre rei, existe um Sutra, chamado o Lótus Branco da Verdadeira Lei, que é uma exposição da melhor lei. Se você consentir em se tornar meu assistente, eu lhe ensino esta lei. E eu, contente, alegre, exultante e maravilhado com as palavras que ouvi do Vidente, me tornei seu discípulo, e disse: Eu farei para vós o trabalho de um assistente. E assim tendo concordado em me tornar o assistente do Vidente, eu fiz o trabalho do assistente, tal como pegar lenha, combustível, água, raízes, tubérculos, frutos, etc. Também tinha o posto de porteiro. Quando tinha feito este trabalho durante o dia, à noite eu lhe guardava o sono enquanto dormia, e nunca senti fadiga de corpo ou mente. Em tais ocupações passei mais de um milênio. E para uma elucidação mais ampla desta questão o Senhor naquela ocasião pronunciou as seguintes estrofes: 42. Eu me lembro de eras passadas quando eu era um Dharmika, o Rei da Lei, e exercia o comando real por causa do dever, não para me aproveitar, no interesse da melhor lei. 43. Eu proclamei em todas as direções o seguinte: Eu me tornarei um assistente daquele que explicar o Dharma. Naquela época havia um Sábio de visão ampla, um revelador do Sutra chamado da Verdadeira Lei. 44. Ele me disse: Se quiseres conhecer o Dharma, torne-se meu assistente; então eu o explicarei a você. Enquanto ouvia estas palavras me alegrei e cuidadosamente fiz o trabalho todo que um assistente tem que fazer. 45. Nunca senti qualquer cansaço mental ou físico já que havia me tornado um assistente por causa da verdadeira lei. Eu fiz o melhor que pude por causa da verdadeira realidade, não com a visão de ganhar honra ou de gozar prazer. 46. Este rei, contudo, esforçadamente e sem procurar outras coisas, errou em todas as direções durante milhares de kotis de Aeons completos sem ser capaz de obter este Sutra chamado Dharma. Agora monges, qual é a opinião de vocês? Que era um outro que naquele momento, naquela conjuntura era o rei? Não, com certeza, não pensem assim. Pois era eu mesmo, que naquele momento, naquela conjuntura era o rei. Qual é então, suas opiniões, monges? Que era um outro que naquele tempo, naquela conjuntura era o Vidente? Não, com certeza não devem ter este ponto de vista. Pois era Devadatta, ele mesmo, o monge, que naquele tempo, naquela conjuntura era o Vidente. De fato, monges, Devadatta era meu bom amigo. Com a ajuda de Devadatta eu realizei as seis virtudes perfeitas (paramitas). Nobre bondade, nobre compaixão, nobre simpatia, nobre indiferença, os trinta e dois sinais de um grande homem, os oitenta sinais secundários, a cor dourada, os dez poderes, os quatro tipos de ausência de vacilação, os quatro artigos de sociabilidade, as dezoito propriedades incomuns, poderes mágicos, a habilidade de salvar seres em todas as direções do espaço, tudo isto eu tenho depois de ter vindo de Devadatta. Eu anuncio a vocês, monges, eu declaro a vocês: Este Devadatta, o monge, deverá em uma era vindoura, depois de imensos, inumeráveis Aeons, se tornar um Tathagata chamado Devaraga ( que quer dizer Rei dos deuses), um Arhat, etc., no mundo Devasopana ( que quer dizer Escadas dos deuses). A duração da vida daquele Tathagata Devaraga, monges, deverá ser de vinte kalpas intermediários. Ele deverá pregar a lei em extensão e seres iguais às areias do rio Ganges deverão através dele se liberar de todos os males e realizar o Arhatado. Vários seres, também deverão elevar suas mentes ao Pratyekabudado, enquanto que seres iguais às areias do rio Ganges elevarão suas mentes à iluminação suprema e perfeita e se tornar agraciados com a paciência impecável. Além disto, monges, depois da completa extinção do Tathagata Devaraga, sua verdadeira lei deverá durar vinte kalpas intermediários. Seu corpo não deverá ser visto diviso em diferentes partes (e relíquias); permanecerá com uma massa dentro de uma Stupa de sete substâncias preciosas, que deverá medir sessenta centenas de yoganas de altura e quarenta yoganas de extensão. Todos, deuses e homens, deverão venerá-la com flores, incenso, guirlandas perfumadas, ungüentos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, e celebrá-la com estrofes e canções. Aqueles que voltearem aquela Stupa da esquerda para a direita, ou humildemente a saudarem, alguns deles realizarão o Arhatado, outros atingirão o Pratyekabudado; outros, deuses e homens, em números imensos, elevarão suas mentes para a iluminação suprema e perfeita, para nunca mais voltarem.
    Em seguida a isto o Senhor novamente se dirigiu à assembléia de monges: Quem quer que no futuro, monges, seja ele um moço ou moça de boa família, ouvir este capítulo do Sutra do Lótus Branco da Verdadeira Lei, e o fazendo, ser liberado de dúvida, se tornar de mente pura, e crer nele, a uma tal pessoa as portas do infortúnio se fecharão: ele não cairá tão baixo quanto renascer no inferno, entre animais, ou no reino de Yama. Quando ele nascer em campos de Buda nos dez pontos do espaço ele deverá em cada nascimento repetido ouvir este Sutra mesmo, e quando nascido entre Deuses ou homens ele atingirá uma hierarquia eminente. E naquele campo de Buda onde ele nascer ele aparecerá por metamorfose em um lótus de sete substâncias preciosas, rosto a rosto com o Tathagata. Naquele momento um Bodhisatva chamado Pragnakuta, depois de ter vindo por debaixo de um campo de Buda até o Tathagata Prabhutaratna, disse ao Tathagata Prabhutaratna: Senhor, voltemos ao nosso campo de Buda. Mas o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, disse ao Bodhisatva Pragnakuta: Espere um pouco, moço de boa família, primeiro tenha uma discussão com meu Bodhisatva Manjusri, o príncipe real, para averiguar algum aspecto da lei. E naquele mesmo momento, vejam, Manjusri, o príncipe real, levantou-se sentado em um lótus de cem pétalas que era tão grande quanto uma carruagem levada por quatro cavalos, cercado e atendido por muitos Bodhisatvas, do fundo do mar, do reino do Rei Naga Sagara (que quer dizer Oceano). Levantando-se alto no céu ele foi através do ar até a montanha de Gridhrakuta à presença do Senhor. Ali Manjusri, o príncipe real, saiu de seu lótus, reverentemente saudou os pés do Senhor Shakyamuni e de Prabhutaratna, o Tathagata, foi até o Bodhisatva Pragnakuta e, depois de fazer as costumeiras perguntas sobre sua saúde e bem estar, sentou-se a alguma distância. O Bodhisatva Pragnakuta então se dirigiu a Manjusri, o príncipe real, a seguinte pergunta: Manjusri, quantos seres você educou durante sua estadia no mar? Manjusri respondeu: Muitos, inumeráveis, incalculáveis seres eu eduquei, tão inumeráveis que palavras não o podem expressar, nem pensamento conceber. Espere um pouco, moço de boa família, presentemente você verá um exemplo. Tão logo Manjusri, o príncipe real, disse estas palavras e instantaneamente muitos milhares de lótus se soergueram do fundo do mar e foram até o céu, e naqueles lótus estavam sentados muitos milhares de Bodhisatvas, que voaram pelo ar até a montanha de Gridhrakuta, onde eles ficaram, parecendo meteoros. Todos eles haviam sido educados por Manjusri, o príncipe real, à iluminação suprema e perfeita. Os Bodhisatvas dentre eles que haviam anteriormente lutado pelo grande veículo exaltavam as virtudes do grande veículo e as seis virtudes perfeitas (Paramitas). Tais que haviam sido discípulos exaltavam o veículo dos discípulos. Mas a todos reconheceram o vazio de todos as coisas e leis, bem como as virtudes do grande veículo. Manjusri, o príncipe real, disse ao Bodhisatva Pragnakuta: Moço de boa família, enquanto que eu me quedava no fundo do grande oceano eu eduquei por todos os meios aos seres, e aqui tens o resultado. Com isto o Bodhisatva Pragnakuta perguntou a Manjusri, o príncipe real, recitando as seguintes estrofes: 47. Ó abençoado, que pela sua sabedoria é chamado de Sábio, por qual poder você educou todos estes seres inumeráveis? Responda-me, Ó você, deus entre homens. 48. Que lei você pregou, o que Sutra, ao mostrar o caminho da iluminação, de tal forma que aqueles com você agora conceberam a idéia da iluminação? Que, uma vez tendo ganho um lugar seguro, se estabeleceram decisivamente na onisciência? Manjusri respondeu: No fundo do oceano eu expus o Lótus Branco da Verdadeira Lei e nenhum outro Sutra. Pragnakuta disse: Aquele Sutra é profundo, sutil, difícil de compreender; nenhum outro Sutra pode se igualar a este. Existe alguma criatura capaz de compreender esta jóia de Sutra ou de chegar à iluminação suprema e perfeita? Manjusri replicou: Existe, moço de boa família, a filha de Sagara, o Rei Naga, de oito anos de idade, muito inteligente, de faculdades aguçadas, agraciada com prudência em atos corporais, de discurso e mentais, que apreendeu e manteve todos os ensinamentos, em substância e em forma, dos Tathagatas, que adquiriu em um momento mil meditações e provas da essência de todas as leis. Ela não se desvia da idéia da iluminação, tem grandes aspirações, aplica a outros seres a mesma medida que a si mesma; ela está apta a mostrar todas as virtudes e nunca é deficiente nelas. Com um leve sorriso no rosto e na florescência de uma aparência extremamente bela ela fala palavras de bondade e compaixão. Ela está apta a chegar à iluminação suprema e perfeita. O Bodhisatva Pragnakuta disse: Eu percebi como o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, quando lutava pela iluminação, no estado de Bodhisatva, fazia inumeráveis bons trabalhos, e durante muitos Aeons nunca afrouxou em sua árdua tarefa. Em todo o universo não existe um só lugar tão pequeno quanto uma semente de mostarda onde ele não tenha renunciado a seu corpo por todos os seres. Depois disto ele chegou à iluminação. Quem então creria que ela teria sido capaz de chegar ao conhecimento perfeito e supremo em um momento? Naquele momento mesmo apareceu a filha de Sagara, o Rei Naga, diante de si. Depois de reverentemente saudar os pés do Senhor ela se quedou a alguma distância e pronunciou naquela ocasião as seguintes estrofes: 49. Sem manchas, brilhante, e de luz insondável é aquele corpo etéreo, adornado com os trinta e dois sinais característicos, permeando o espaço em todas as direções. 50. Ele está possuído dos sinais secundários, e elogiado por todos os seres, e acessível a todos, como uma praça do mercado. 51. Eu obtive a iluminação de acordo com o meu desejo; o Tathagata pode testemunhar quanto a isto; Eu revelarei a lei extensivamente que libera do sofrimento. Então o venerável Sariputra disse à filha de Sagara, o Rei Naga: Você concebeu a idéia da iluminação, moça de boa família, sem retrogradar, e é agraciada com imensa sabedoria, mas a iluminação suprema e perfeita não é ganha tão facilmente. Pode acontecer, irmã, que uma mulher demonstre energia inquebrantável, faça bons trabalhos por muitos milhares de Aeons, e realize as seis virtudes perfeitas (Paramitas), mas não existe ainda exemplo dela ter chegado ao Budado, e isto porque uma mulher não pode ocupar as cinco hierarquias, que são, 1. O estado de Brahma; 2. O estado de Indra; 3 O estado de um guardião chefe dos quatro quadrantes; 4. O estado de um Kakravartin; 5. O estado de um Bodhisatva incapaz de retrogradar. Agora a filha de Sagara, o Rei Naga, tinha naquele momento uma jóia que em valor superava o valor de todo o universo. Esta jóia, a filha de Sagara, o Rei Naga, presenteou ao Senhor, e o Senhor graciosamente a aceitou. Então a filha de Sagara, o Rei Naga, disse ao Bodhisatva Pragnakuta e ao monge sênior Sariputra: O Senhor aceitou prontamente a jóia com a qual eu o presenteei ou não? O monge sênior respondeu: Tão logo ela foi presenteada por você, tão prontamente também o Senhor a aceitou. A filha de Sagara, o Rei Naga replicou: Se eu estivesse agraciada com poder mágico, irmão Sariputra, eu deveria ter chegado mais cedo à iluminação suprema e perfeita, e não haveria ninguém que recebesse esta jóia. Naquele instante, ante as vistas do mundo todo e do monge sênior Sariputra, o sexo feminino da filha de Sagara, o Rei Naga, desapareceu; o sexo masculino apareceu e ela se manifestou como um Bodhisatva, que imediatamente foi para o Sul para sentar ao pé de uma árvore feita das sete substâncias preciosas, no mundo Vimala (quer dizer, sem manchas), onde ele se mostrou iluminado e pregando a lei, enquanto que enchendo todas as direções do espaço com a radiância dos trinta e dois sinais característicos e todas os sinais secundários. Todos os seres no mundo de Saha observaram aquele Senhor enquanto ele recebia homenagem de todos, deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens, e seres não humanos, e estava engajado em pregar a lei. E os seres que ouviram a pregação daquele Tathagata se tornaram incapazes de retrogradarem na iluminação suprema e perfeita. E aquele mundo Vimala e este mundo de Saha sacudiram de seis maneiras diferentes. Três mil seres vivos do círculo da congregação do Senhor Shakyamuni ganharam a aquiescência na lei eterna, enquanto que trezentos mil seres ganharam a predição de seus futuros destinos à iluminação perfeita e suprema. Então o Bodhisatva Pragnakuta e o monge sênior Sariputra ficaram mudos e nada tiveram a dizer.
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    Saddharma-Pundarika / Esforço / Capítulo 12
    CAPÍTULO 12
    ESFORÇO
    Daquele ponto em diante o Bodhisatva Bhaishagyaraga e o Bodhisatva Mahapratibhana, com um contingente de vinte centenas de milhares de Bodhisatvas, disse diretamente para o Senhor o seguinte: Que o Senhor esteja livre de apreensões a esse respeito; exporemos após a extinção do Tathagata esse Paryaya a (todos) os seres, apesar de estarmos cientes, Ó Senhor, que naquele período haverá seres malignos, tendo poucas raízes de bondade, presunçosos, amantes do lucro e do status, enraizados na falta de pureza, difíceis de dominar, sem boa vontade e cheios de astúcia. Contudo, Ó Senhor naquele período leremos , manteremos, pregaremos, copiaremos, honraremos, respeitaremos, veneraremos, reverenciaremos este Sutra; como o sacrifício de corpo e vida, Ó Senhor, divulgaremos esse Sutra. Que o Senhor fique tranqüilo. Com isso quinhentos monges da assembléia, tanto aqueles que ainda se encontravam em treinamento como os que não se encontravam, disseram ao Senhor: nós também, Ó Senhor, nos esforçaremos para divulgar esse Dharmaparyaya, mesmo que seja em outros mundos. Então todos os discípulos do Senhor, tanto aqueles que se encontravam ainda em treinamento quanto aqueles que não mais estavam, que haviam recebido do Senhor a predição de suas (futuras) iluminações supremas, todos os oito mil monges levantaram suas mãos postas para o Senhor e disseram: Que o Senhor fique tranqüilo. Nós também divulgaremos esse Dharmaparyaya, depois da completa extinção do Senhor, nos últimos dias, no último período, apesar de em outros mundos. Pois que nesse mundo de Saha, Ó Senhor, os seres são presunçosos, possuindo poucas raízes de bondade, sempre viciosas em suas opiniões, maus e naturalmente perversos. Então a nobre senhora Gautami, a irmã da mãe do Senhor, junto com seis mil monjas, algumas estado em treinamento e algumas não, ergueram-se de seus assentos, ergueram suas mãos postas ao Senhor e se quedaram fitando-o. Então o Senhor se dirigiu à nobre senhora Gautami: Por que te quedas tão deprimida, tia do Tathagata? (Ela replicou): eu não fui mencionada pelo Tathagata, nem recebi dele uma predição do meu destino à iluminação suprema e perfeita. (Ele disse): Mas, Gautami, recebeste uma predição com a predição que incluiu toda a assembléia. De verdade, Gautami, daqui em diante, face às trinta e oito centenas de milhares de miríades de kotis de Budas, serás um Bodhisatva e pregadora da lei. Essas seis mil monjas também, parcialmente aperfeiçoadas na disciplina e parcialmente não, deverão junto com os outros se tornarem Bodhisatvas e pregadoras da lei ante todos os Tathagatas. Mais tarde, quando completares o curso do Bodhisatva, te tornarás, com o nome de Sarvasasttvapriyadarsana (i.e. linda de se contemplar por todos os seres), um Tathagata, um Arhat, etc., agraciada com ciência e conduta, etc., etc. E aquele Tathagata Sarvasattvapriyadarsana, Ó Gautami, dará uma predição em sucessão regular à aqueles seis mil Bodhisatvas quanto aos seus destinos à iluminação suprema e perfeita. Então a monja Yasodhara, a mãe de Rahula, pensou assim: Ó Senhor, não mencionastes meu nome. E o Senhor compreendendo em sua própria mente o que se passava na mente da monja Yasodhara lhe afirmou: Eu vos anuncio, Yasodhara, eu vos digo: Você também deverá ante a dez mil kotis de Budas tornar-se um Bodhisatva pregadora da lei, e depois de regularmente completar o curso do Bodhisatva se tornará um Tathagata, chamado Rasmisatasahasraparipurnadhvaga, um Arhat, etc., agraciado com ciência e conduta etc., no mundo Bhadra; e a duração da vida daquele Senhor Rasmisatasahasraparipurnadhvaga deverá ser ilimitada. Quando a nobre senhora Gautami, a monja, com o seu séquito de seis mil monjas, e Yasodhara, a monja, com o seu séquito de quatro mil monjas, ouviram do Senhor os seus futuros destinos à iluminação suprema e perfeita, elas pronunciaram, em espanto e admiração, essa estância:
    1. Ó Senhor, sois o mestre, sois o líder; sois o mestre do mundo, inclusive dos deuses; sois aquele que dá conforto, que sois venerado por homens e deuses. Agora, de verdade nos sentimos contentes. Depois de pronunciarem essa estância as monjas disseram ao Senhor: Nós também, Ó Senhor, nos esforçaremos para divulgar esse Dharmaparyaya nos últimos dias, apesar de em outros mundos. Dali em diante o Senhor fitou as oitenta centenas de milhares de Bodhisatvas que estavam dotados de poderes mágicos e capazes de mover adiante a roda que nunca roda para trás. Tão logo foram aqueles Bodhisatvas observados pelo Senhor, levantaram-se de seus assentos, ergueram as mãos postas ao Senhor e refletiram assim: O Senhor nos convida a tornar conhecido o Dharmaparyaya. Atiçados por esse pensamento eles se perguntaram uns aos outros: O que faremos, moços de boa família, para que esse Dharmaparyaya possa no futuro ser conhecido como o Senhor nos aconselha a fazer? Então aqueles moços de boa família, em conseqüência de suas reverências pelo Senhor e suas próprias promessas sinceras em seus cursos prévios, levantaram um rugido de leão ante o Senhor: Nós, Ó Senhor, iremos no futuro, depois da extinção completa do Senhor, à todas as direções para que os seres possam escrever, manter, meditar, divulgar esse Dharmaparyaya, em virtude de nenhum outro poder além do Senhor. E o Senhor, ficando em um outro mundo, nos protegerá, defenderá e guardará. Então os Bodhisatvas unanimemente, em coro, dirigiram-se ao Senhor com as seguintes estâncias: 2. Esteja tranqüilo Senhor, depois de sua extinção completa, no horrível último período do mundo, nós proclamaremos esse sublime Sutra. 3. Nós sofreremos, pacientemente agüentaremos, Ó Senhor, as injúrias, ameaças, golpes e ameaças armadas nas mãos de todos seres humanos. 4. E aquela horrível última época será maligna, tortuosa, má, bronca, presunçosa, imaginando ter chegado ao limite quando ele estão longe. 5. ‘Queremos apenas habitar no deserto e usar um manto remendado; levamos a vida na maior frugalidade’, assim dirão aos ignorantes. 6. E pessoas ambiciosas, ligadas aos prazeres, pregarão a lei aos leigos e serão honrados com se possuíssem as seis qualidades transcendentes. 7. Homens de mentes cruéis e más, preocupados apenas com cuidados caseiros, entrarão no nosso retiro na floresta e se tornarão nossos caluniadores. 8. Os Tirthikas, que desejam status e lucro, nos acusarão dessas coisas, e — coisa vergonhosa!— pregarão suas próprias ficções. 9. Impulsionados pela cobiça por status e lucro, eles comporão Sutras de suas próprias invenções e aí, no meio da assembléia, nos acusarão de plágio. 10. A reis, príncipes, para a nobreza, bom como para Brahmanes e pessoas comuns, e a monges de outras seitas, 11. Eles falarão mal de nós e pregarão a doutrina de Tirtha. Agüentaremos isso tudo por reverência aos grandes videntes. 12. E aqueles tolos que não nos darão ouvidos, se tornarão (mais cedo ou mais tarde) iluminados, e por isso tudo, agüentaremos até o fim. !3. Naquele período horrendo, terrível de temível revolução geral irão muitos monges demoníacos surgir como nossos caluniadores. 14. Por respeito ao Chefe do mundo nós os agüentaremos, conquanto difícil isso venha a ser; cingidos com a couraça do autocontrole proclamarei eu esse Sutra. 15. Eu não ligo para meu corpo ou vida, Ó Senhor, mas como preservados da sua confiança, nos preocuparemos em atingir a iluminação. 16. O Senhor mesmo sabe que no último período (haverá) maus monges que não compreendem o discurso mistérios. 17. Teremos que aturar olhares críticos, a desaprovação ferina, expulsões de mosteiros, muitos e múltiplos abusos. 18. Contudo cientes do comando do Senhor do mundo, proclamaremos indômitos esse Sutra no meio da congregação. 19. Visitaremos cidades e aldeias por toda parte e transmitiremos àqueles que forem capazes de ouvir, tua confiança depositada, Ó Senhor. 20. Ó Chefe do mundo, nós apresentaremos sua mensagem; fique à vontade portanto, tranqüilo e calmo, grande Vidente. 21. Luz do mundo, conheceis a disposição de todos que aqui vêm de todas as direções, (e sabes que) dizemos a verdade.
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    Saddharma-Pundarika / Vida Pacífica / Capítulo 13
    CAPÍTULO 13
    VIDA PACÍFICA
    Manjusri, o príncipe real, disse ao Senhor: É difícil, Senhor, muito difícil o que esses Bodhisatvas Mahasatvas tentarão por reverência ao Senhor. Como irão esses Bodhisatvas Mahasatvas promulgar esse Dharmaparyaya no fim do tempo, no último período? E o Senhor respondeu a Manjusri, o príncipe real: Um Bodhisatva Mahasatva deve ser firme em quatro coisas. Quais são essas? O Bodhisatva Mahasatva, Manjusri, deve ser firme em sua conduta e esfera própria, se deseja ensinar esse Dharmaparyaya. E como, Manjusri, é um Bodhisatva Mahasatva firme em sua conduta e esfera própria? Quando o Bodhisatva Mahasatva, Manjusri, é paciente, humilde, atingiu o estágio da humildade; quando não é precipitado, nem invejoso; quando, além disso, Manjusri, ele não se apega à lei alguma, absolutamente, e vê as características verdadeiras das leis (ou das coisas); quando se contém de investigar e discutir essas leis, Manjusri; essa é chamada a conduta de um Bodhisatva Mahasatva. E qual é a esfera própria de um Bodhisatva Mahasatva, Manjusri? Quando o Bodhisatva Mahasatva, Manjusri, não serve, nem corteja, nem se dobra ante reis; quando não serve, nem corteja, nem se dobra ante príncipes; quando não se lhes aproxima; quando não serve, nem corteja, nem se dobra ante pessoas de demais seitas, Karakas, Parivragakas, Agivakas, Nirgranthas, nem a pessoas apaixonadas por literatura; quando não serve, nem corteja, nem se dobra ante adeptos de magias mundanas e devotos de filosofias mundanas, nem mantém qualquer intercâmbio com eles; quando não vai visitar Kandalas, impostores, vendedores de porco, criadores de galinha, caçadores de veados, açougueiros, atores e dançarinos, lutadores, nem freqüenta lugares onde outros se agrupam para passar tempo e para esporte; quando não mantém intercurso com eles, a menos que de tempos em tempos para pregar a lei quando eles acodem a ele, e isso livremente; quando não serve, nem corteja, nem se dobra ante monges, monjas, devotos leigos, homens e mulheres, que são adeptos do veículo dos discípulos, nem mantém intercâmbio com essas pessoas; quando não entra em contato com eles passeando, ou no mosteiro, a menos que de tempos em tempos para lhes pregar a lei quando vêm a ele, e mesmo isso livremente. Essa, Manjusri, é a esfera própria de um Bodhisatva Mahasatva. Novamente, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva não aproveita oportunidade alguma favorável para pregar a lei a mulheres aqui e ali, nem está desejoso de ver, freqüentemente, mulheres; nem ele pensa ser adequado visitar famílias e aí fazer cerco a uma menina, virgem, ou jovem esposa, nem as cumprimenta muito calorosamente em retorno. Não prega a lei a um hermafrodita, não mantém intercâmbio com uma tal pessoa, nem cumprimenta muito calorosamente de retorno. Não entra em uma casa sozinho para receber esmolas, a menos que tenha o Tathagata em seu pensamento. E quando acontece pregar a lei a mulheres, ele não o faz por apego à lei, muito menos por apego passional a uma mulher. Quando está pregando, não mostra seus dentes, muito menos uma emoção rápida em sua fisionomia. Ele não se dirige a nenhum noviço, homem ou mulher, a nenhum monja, nenhum monge, nenhum rapaz, nenhuma rapariga, nem fica conversando com eles; não mostra muita pressa em responder às suas indagações, nem se preocupa em responder muito freqüentemente. Essa, Manjusri, é chamada a primeira esfera adequada de um Bodhisatva Mahasatva. Além disso, Manjusri, um Bodhisatva Mahasatva vê a todas as leis (e coisas) como vazias; ele as vê devidamente estabelecidas, permanecendo inalteradas, como são na realidade, não passíveis de serem perturbadas, não se movendo para trás, imutáveis, existindo no sentido mais elevado da palavra (ou no sentido absoluto), tendo a natureza do espaço, fugindo a explicação e expressão por meio do discurso comum, não nascidas, compostas e simples, agregadas e isoladas, não podendo ser expressas por palavras, estabelecidas independentemente, manifestando-se devido a uma perversão da percepção. Dessa forma então, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva vê a todas as leis, e se mantiver esse curso, ele permanece em sua esfera própria. Essa, Manjusri é a segunda esfera própria de um Bodhisatva Mahasatva. E para expor essa questão em maiores detalhes, o Senhor pronunciou as seguintes estâncias: 1. O Bodhisatva que, indômito e inabalável, desejar apresentar esse Sutra no período terrível que se seguirá, 2. Deve manter-se em seu curso (de dever) e na sua esfera própria; deve ser retirado e puro, constantemente evitando intercurso com reis e príncipes. 3. Nem deve ele manter intercâmbio com os serventes do rei, nem com Kandalas, impostores, Tirthikas em geral. 4. Não deve cortejar pessoas presunçosas, mas ensinar àqueles que não apreciam a religião. Deve também evitar monges que sigam preceitos do Arhat, e pessoas imorais. 5. Deve ser constante em evitar uma monja que goste de conversa e de frivolidade; deve também evitar leigas e devotas mulheres de vida notoriamente imprópria. 6. Deve evitar qualquer intercâmbio com tais devotas leigas mulheres que procuram suas felicidades mais elevadas nesse mundo transiente. Essa é chamada a conduta adequada de um Bodhisatva. 7. Mas se alguém chegar a lhe indagar sobre a lei para a iluminação suprema, ele deve, a qualquer momento, falar livremente, sempre firme e destemido. 8. Não manter intercâmbio com mulheres e com hermafroditas; deve também evitar jovens esposas e meninas nas famílias. 9. Nem deve nunca se dirigir a elas para lhes indagar sobre suas saúdes. Deve também evitar contato com vendedores de carneiro e de gado. 10. Com quaisquer pessoas que mantiverem animais de vários tipos para lucrar com eles, e com tais que vendam carne, ele deve evitar ter intercâmbio. 11. Deve evitar sociedade com atores, devassos, músicos, lutadores de artes marciais e outras pessoas desse quilate. 12. Não deve freqüentar prostitutas, nem a outras pessoas sensuais; deve evitar qualquer intercâmbio civil com eles. 13. E quando o sábio tem de pregar a uma mulher, não deve entrar em um apartamento a sós com ela, nem ficar para tagarelar. 14. Quando tem de freqüentemente entrar em uma aldeia a cata de comida, deve ter um outro monge consigo, ou constantemente pensar no Buda. 15. Aqui eu demonstrei a primeira esfera da conduta adequada. Sábios são aqueles que, mantendo esse Sutra em mente, agem de acordo com ele. 16. E quando não se observa nenhum lei, absolutamente, baixa, superior, ou média, composta ou não composta, real ou irreal; 17. Quando o sábio não fala, ‘Isso é uma mulher’, nem diz, ‘Isso é um homem;’ quando, ao procurar, ele não encontra nenhuma lei (ou coisas), porque desde o começo nunca existiram; 18. Isso é chamado a observância dos Bodhisatvas em geral. Agora ouçam-me quando digo o que deveria ser suas esferas próprias. 19. Todas as leis (ou coisas) foram declaradas com sendo não-existentes, não aparecendo, não produzidas, vazias, imóveis, eternas; essa é chamada a esfera própria dos sábios. 20. Foram divididas em existentes e não-existentes, reais e irreais, por aqueles com noções errôneas; outras leis também, de permanência, de ser produzido, de nascimento de algo já produzido, são erroneamente colocadas. 21. Que (o Bodhisatva) seja de mente concentrada, atento, sempre firme como o pico do Monte Sumeru e, em tal estado (mental) veja todas as leis (e coisas) como tendo a natureza do espaço. 22. Permanentemente igual ao espaço, sem essência, inamovível, sem substancialidade. Estas são, verdadeiramente, as leis, todas e para sempre. Essa é chamada a esfera própria dos sábios. 23. O monge, observando essa regra de conduta dada por mim, pode, depois de minha extinção, divulgar esse Sutra no mundo e não sentir ansiedade. 24. Que o sábio, primeiramente, durante algum tempo, treine seus pensamentos, exerça a meditação com absorção completa e, corretamente, realize tudo que é requerido para atingir a percepção espiritual, e então, após levantar-se (de sua meditação profunda), fale com mente imóvel.
    25. Os reis desse mundo e o príncipes, que ouvem a lei, o protegem. Outros também, tanto leigos (ou cidadãos) e Brâmanes, serão achados juntos em sua congregação. Além disso, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva que, após a extinção completa do Tathagata no fim dos tempos, no último período, os últimos quinhentos anos, quando a verdadeira lei estará em estado de decadência, for expor esse Dharmaparyaya, ele deverá estar em um estado (mental) tranqüilo e em seguida pregar a lei, quer ele a saiba de cor ou a tenha aprendido de um livro. Em seu sermão ele não zombará dos demais, nem culpará outros monges pregadores, nem contará escândalos, nem divulgará escândalos. Ele não mencionará por nome demais monges, aderentes ao veículo de discípulos, para divulgar escândalo. Ele nem acalentará sequer sentimentos hostis em relação a eles, porque se encontra em um estado pacificado. Todos que vêm, um após o outro, para ouvir o sermão, ele recebe com benevolência, e prega a lei a eles sem amarguras. Ele se contêm de ser guiado para uma disputa acalorada; mas, se questionado por algo ele não responde da maneira (daqueles que seguem) o veículo de discípulos; ao contrário, ele responde com se aquele tivesse atingido o conhecimento de Buda. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estâncias: 26. O homem sábio está sempre à vontade e, naquele estado, prega ele a lei, sentado em um púlpito elevado, que lhe foi preparado, em um lugar limpo e bonito. 27. Ele enverga um manto vermelho limpo, bom, tingido de boas cores, e uma vestimenta preta de lã, e uma longa roupa de baixo; 28. Tendo devidamente lavado seus pés e passado em sua cabeça e rosto óleos suaves, ele ascende ao púlpito que está equipado com um banco para o pé e coberto de pedaços de finos panos de vários tipos e, em seguida, senta-se. 29. Quando ele assim está sentado no púlpito do pregador a que todos se ajuntaram ao redor de si, e estão atentos, ele procede para dar sutis discursos, agradáveis pela variedade, ante a monges e monjas. 30. Ante a devotos leigos, homens de mulheres, reis e príncipes. O sábio sempre (toma cuidado) de dar um sermão, diversificado em seus conteúdos e doce, livre de animosidade. 31. Se ocasionalmente é indagado algo, mesmo depois de ter começado, explicará a questão novamente em ordem regular, e explicará de tal forma que os seus ouvintes ganhem a iluminação. 32. O sábio é infatigável; nem mesmo o pensamento de fadiga nele aparece; não conhece a indiferença, e dessa forma mostra à assembléia a força da caridade. 33. Dia e noite o sábio prega a lei sublime com miríades de kotis de ilustrações; ele edifica e satisfaz a sua audiência sem nunca pedir nada. 34. Comida sólida, comida macia, alimentação e bebida, roupa, camas, mantos, medicamentos para os doentes, tudo isso não entra em seus pensamentos, nem quer ele nada da congregação. 35. Ao contrario, o sábio está sempre pensando: Como poderíamos eu e esses outros nos tornar Budas? Eu pregarei essa verdadeira lei, da qual depende a felicidade de todos os seres, para o benefício do mundo. 36. O monge que, depois de minha extinção, pregar dessa forma, sem inveja, não se depara com dificuldades, impedimentos, tristeza ou desânimo. 37. Ninguém será capaz de o assustar, bater ou culpar; nunca será expulso, porque está firme na força do autocontrole. 38. O sábio que é pacífico, disposto, como acabo de dizer, possui centenas de kotis de vantagens, tantas que não seria possível enumerá-las mesmo em centenas de Aeons. Novamente, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva que viver depois da extinção do Tathagata no fim dos tempos, quando a verdadeira lei estiver declínio, o Bodhisatva Mahasatva que mantiver esse Sutra não será invejoso, nem falso, nem fraudulento; ele não falará mal de outros discípulos do veículo dos Bodhisatvas, nem os difamará ou humilhará. Ele não apresenta os defeitos dos outros monges, monjas, leigos devotos, homens e mulheres, nem dos adeptos do veículo dos discípulos, nem daqueles do veículo dos Pratyekabudas. Ele não diz: vocês, moços de boa família, vocês estão longe da iluminação suprema e perfeita; vocês estão dando provas de não terem a ela chegado; vocês são por demais caprichosos em seus fazeres e não são capazes de adquirir o verdadeiro conhecimento. Ele não mostra dessa forma os defeitos de nenhum discípulo do veículo dos Bodhisatvas. Nem mostra prazer em disputas sobre a lei, ou se envolve em disputas sobre a lei, e nunca abandona a força da caridade para com todos os seres. Com respeito a todos os Tathagatas ele sente com se fossem seus pais, e em respeito a todos os Bodhisatvas como se fossem seus mestres. E quanto aos Bodhisatvas Mahasatvas em todas as direções do espaço, ele é assíduo em prestar-lhes homenagem pela boa vontade e respeito. Quando ele prega a lei, ele prega, nem mais nem menos que a lei, sem qualquer predileção especial por (qualquer parte da) lei, e ele não mostra mais amor a um do que outro, mesmo por amor à lei. Tal, Manjusri, é a terceira qualidade com a qual o Bodhisatva Mahasatva estará agraciado, aquele que exporá esse Dharmaparyaya após a extinção do Tathagata no fim dos tempos, quando a verdadeira lei estiver em decadência; que viverá à vontade e não estará aborrecido com a exposição desse Dharmaparyaya. E no sínodo ele terá aliados, e ele achará ouvintes para seus sermões, que ouvirão esse Dharmaparyaya, acreditarão, aceitarão, manterão, lerão, penetrarão e o escreverão, causarão a ser escrito e que, depois que tiver sido escrito e um volume feito dele, o honrarão respeitarão, estimarão e venerarão. Isso disse o Senhor, e por conseguinte ele , o Sugata, o Mestre, acrescentou o seguinte: 39. O sábio, o pregador, que deseja expor este Sutra deve, absolutamente, renunciar à falsidade, orgulho, calúnia e inveja. 40. Não deve nunca falar uma palavra vergonhosa com ninguém; nem, caso se encontre em uma disputa sobre crença religiosa; nunca dizer àqueles que estão errados, que não obterão o conhecimento supremo. 41. Ele é sempre sincero, sereno contido; (como) um (verdadeiro) filho do Sugata, ele repetidamente, pregará a lei sem qualquer sentimento de impedimento. 42. “Os Bodhisatvas em todas as direções do espaço, que por compaixão aos seres estão se movimentando no meu mundo, são meus mestres;” (assim pensando) o sábio os respeita como seus mestres. 43. Venerando a memória dos Budas, os supremos entre os homens, ele sempre sentirá por eles como se fossem seus pais e, abandonando toda idéia do orgulho, escapará dos obstáculos. 44. O sábio que ouvir essa lei, deve ser constante em observá-la. Se sinceramente buscar por uma vida pacífica, kotis de seres certamente o protegerão. Além disso, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva, vivendo no tempo da destruição da verdadeira lei, depois da extinção do Tathagata, que é desejoso de manter esse Dharmaparyaya, deve viver tão longe quanto possível de leigos e monges e levar uma vida de caridade. Deve sentir afeição por todos os seres que estão lutando por obter a iluminação e portanto refletir assim: por certo, eles estão muito pervertidos em mente, aqueles seres que não ouvem, nem percebem, nem compreendem a habilidade e o mistério do Tathagata, que não perguntam por ele, nem acreditam nele, nem sequer se inclinam a crer nele. Claro que esses seres não penetram, nem compreendem esse Dharmaparyaya. Contudo irei eu, que alcancei esse conhecimento supremo e perfeito, poderosamente inclinar isto às mentes de todos, qualquer que seja a posição que ocupem, e fazer com que aceitem, compreendam, e cheguem à maturidade completa. Possuindo também esta quarta qualidade, Manjusri, Um Bodhisatva Mahasatva, que expõe a lei depois da extinção do Tathagata, será não-molestado, honrado, respeitado, estimado, venerado por monges, monjas, e devotos leigos, homens e mulheres, por reis, príncipes, ministros, funcionários do rei, por cidadãos e pessoas do campo, por Brâmanes e leigos; os deuses do céu irão, cheios de fé, seguir a sua pista para ouvir a lei, e os anjos seguirão a sua pista para o proteger; quer ele esteja em uma cidade ou em um mosteiro, eles se lhe aproximarão dia e noite para colocar perguntas sobre a lei, e ficarão satisfeitos, encantados com sua explicação. Pois esse Dharmaparyaya, Manjusri, foi abençoado por todos os Budas. Com o Tathagata do passado, presente e futuro, Manjusri, este Dharmaparyaya está para sempre abençoado. Precioso em todos os mundos, Manjusri, é o som, o rumor ou o mencionar desse Dharmaparyaya. É o caso, Manjusri, semelhante ao de um rei, um regente de exércitos, que pela força conquistou seu próprio reino, em conseqüência do que outros reis, seus inimigos, fazem guerra contra ele. Aquele regente de exércitos tem soldados de vários tipos para com inimigos variados lutar. Quando o rei vê aqueles soldados lutando, ele fica impressionado com o seu cavalheirismo, encantado e, em sua admiração, faz a seus soldados várias doações tais como, cidades e terrenos da cidade, aldeias e terrenos da aldeia; roupas e ornamentos de cabeça; ornamentos de mão, colares, fios de ouro, brincos, fileiras de pérola, barras de ouro, ouro, gemas, pérolas, lápis-lazúli, conchas, pedras, corais; ele dá, além  disso, elefantes, cavalos, carros, soldados de infantaria, escravos homens e mulheres, veículos e liteiras. Mas a nenhum ele faz presente sua jóia de coroa, porque aquela jóia fica bem apenas na cabeça de um rei. Se o rei desse aquela jóia da coroa, então todo aquele exército real, consistindo de quatro divisões, ficaria atônito e confuso. Da mesma forma, Manjusri, o Tathagata, o Arhat, etc., exerce o reinado da justiça (e da lei) no mundo triplo que ele conquistou pelo poder de seu braço e poder de sua virtude. Seu mundo triplo é assediado por Mara, o Maligno. Então os Aryas, os soldados do Tathagata, lutam com Mara. Depois, Manjusri, o rei da lei, o senhor da lei, expõe aos Aryas, seus soldados, que ele vê lutando, centenas de milhares de Sutras para encorajar as quatro classes. Ele lhes dá a cidade do Nirvana, a grande cidade da lei; ele os atrai com aquela cidade do Nirvana mas ele não os ensina um tal Dharmaparyaya como esse. Assim, como naquele caso, Manjusri, aquele rei, regente de exércitos, impressionado com o grande valor de seus soldados em batalha lhes dá toda sua propriedade, por fim mesmo a sua jóia de coroa, e assim como aquela jóia de coroa foi mantida pelo rei em sua cabeça até o fim, assim, Manjusri, o Tathagata, o Arhat, etc., que como o grande rei da lei no mundo triplo exerce a sua autoridade com justiça, quando vê discípulos e Bodhisatvas lutando contra o Mara das imaginações ou o Mara das inclinações tortuosas, e quando elevados pela luta eles destruíram a afeição, o ódio, e a fatuidade, superaram o mundo triplo e conquistaram todos os Maras, fica satisfeito e, em sua satisfação ele expõe àqueles nobres soldados (arya) esse Dharmaparyaya, que encontra oposição no mundo inteiro, a descrença de todo o mundo, um Dharmaparyaya nunca dantes pregado, nunca dantes explicado. E o Tathagata confere a todos os discípulos a nobre jóia da coroa, aquela muito exaltada jóia da coroa que traz consciência a todos. Pois esses, Manjusri, é o ensinamento supremo dos Tathagatas; esse é o último Dharmaparyaya dos Tathagatas; esse é o discurso mais profundo da lei, um Dharmaparyaya encontrando oposição por toda parte no mundo. Da mesma forma, Manjusri, como aquele rei da justiça e regente dos exércitos removeu a jóia da coroa que havia mantido por tanto tempo e deu por fim aos soldados, assim Manjusri, o Tathagata agora revela esse mistério longamente mantido da lei excedendo a todos os demais, (mistérios) que deve ser sabido pelos Tathagatas. E para elucidar esta questão mais detalhadamente, o Senhor naquela ocasião pronunciou as seguintes estâncias. 45. Sempre demonstrando a força da caridade, sempre cheios de compaixão por todos os seres, expondo essa lei, os Sugatas aprovaram esse exaltado Sutra. 46. Os leigos, como também monges mendicantes e os Bodhisatvas que viverão no fim dos tempos devem todos mostrar a força da caridade, a menos que aqueles que ouçam a lei acabem rejeitando-a. 47. Mas eu, quando tiver atingido a iluminação e estiver estabelecido no estado de Tathagata, iniciarei (os outros), e depois de tê-los iniciado, pregarei por toda parte essa superior iluminação. 48. É (o caso) como aquele de um rei, regente de exércitos, que dá a seus soldados várias coisas, ouro, elefantes, cavalos, carros, soldados de infantaria; ele dá também cidades e aldeias, como sinal de seu contentamento. 49. Em sua satisfação ele dá alguns ornamentos de mão, prata e fios de ouro; pérolas, gemas, conchas, pedras, coral; ele dá também escravos de variados tipos. 50. Mas quando fica totalmente admirado com a ousadia incomparável de um dentre os soldados, diz ele: Fizeste isso admiravelmente; tirando de sua coroa, lhe faz presente a jóia. 51. De forma semelhante, eu, o Buda, o rei da lei, que tenho a força da paciência e m amplo tesouro de sabedoria, com justiça governo o mundo inteiro, benigno, compassivo e piedoso. 52. E vendo como os seres se acham em dificuldades, pronuncio milhares de kotis de Sutrantas, quando noto o heroísmo daqueles seres vivos que pela pureza mental superam as inclinações contrarias à natureza do mundo. 53. E o rei da lei, o grande médico, que expõe centenas de kotis de Paryayas, quando vê que os seres estão fortes, mostra-lhes esse Sutra, comparável à jóias da coroa. 54. Esse é o último Sutra proclamado no mundo, o mais eminente de todos os meus Sutras, que eu sempre mantive e nunca divulguei. Agora vou torná-lo conhecido; que todos ouçam. 55. Existem quatro qualidades a serem adquiridas por aqueles que no período depois de minha extinção quiserem a iluminação suprema e perfazer o meu comando. Essas qualidades são as seguintes. 56. O sábio não conhece dificuldade, constrangimento, doença; a cor de sua pele não é preta; nem mora ele em uma cidade miserável. 57. O Grande Sábio tem sempre uma aparência agradável, merece ser honrado, como se fosse o Tathagata mesmo, e pequenos anjos serão sempre os seus assistentes. 58. Seu corpo não pode nunca ser ferido por armas, veneno, paus ou pedras, e a língua daquele que contra ele proferir injúrias, será fechada. 59. Ele é um amigo de todos os seres do mundo. Vai pelo mundo como uma luz, dissipando as trevas de muitos kotis de seres, aquele que mantiver esse Sutra após minha extinção. 60. Em seu sono ele vê visões da forma do Buda; ele vê monges e monjas aparecendo em tronos e proclamando a lei múltipla. 61. Ele vê em seu sonho deuses e duendes, (numerosos) como as areias do Ganges, bem como demônios e Nagas de múltiplos tipos, que levantam suas mãos postas e a quem ele expõe a lei eminente. 62. Ele vê em seu sonho o Tathagata pregando a lei a muitos kotis de seres com voz doce, o Senhor de cor dourada. 63. E ele se queda lá, de mãos postas, glorificando o Vidente, o mais elevado dos homens, enquanto que o Gina, o grande médico, está expondo a lei às quatro classes. 64. E ele, alegre de ter ouvido a lei, prazerosamente presta sua homenagem, e depois de ter logo atingido o conhecimento que não escorrega para trás, ele obtém, em sonhos, poderes mágicos. 65. E o Senhor do mundo, percebendo sua boa intenção, anuncia-lhe seu destino de tornar-se um líder entre os homens: Moço de boa família (diz ele), alcançarás aqui no futuro o conhecimento supremo. 66. Terás um amplo campo e quatro classes (de ouvintes) tais com eu que, respeitosamente e de mãos postas, ouviremos de ti a lei vasta e sem erros. 67 Novamente ele vê sua própria pessoa ocupada em meditar sobre a lei em cavernas da montanha; e pela meditação ele atinge o âmago mesmo da lei e, ao obter a absorção completa, vê o Gina. 68. E depois de ver em seu sonho aquele de pele dourada, aquele que mostra cem sinais consagrados, ele ouve a lei, e depois a prega na assembléia. Tal é o seu sonho. 69. E em seu sonho ele também abandona todo seu reino, harém e numerosos parentes; renunciando a todos os prazeres ele deixa a casa (para se tornar um eremita), e recorre ao lugar do terreno da iluminação. 70. Lá, sentado em um trono, ao pé de uma árvore, para procurar a iluminação, ele irá depois do lapso de sete dias, chegar ao conhecimento dos Tathagatas. 71. Tendo alcançado a iluminação, ele se erguerá daquele lugar e moverá adiante a roda sem erros e pregará a lei durante um número inconcebível de milhares de kotis de Aeons. 72. Depois de ter revelado a iluminação perfeita e conduzido a muitos kotis de seres ao descanso perfeito, ele mesmo se extinguirá como uma lâmpada quando óleo se exaure. Tal é aquela visão. 73. Sem fim, Mangughosha, são as vantagens que são, constantemente, daquele que no fim do tempo expõe este Sutra da iluminação superior que eu expliquei perfeitamente.
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    Saddharma-Pundarika / Saída de Bodhisatvas das Fendas da Terra / Capítulo 14
    CAPÍTULO 14
    SAÍDA DE BODHISATVAS DAS FENDAS DA TERRA
    Da multidão de Bodhisatvas Mahasatvas que se reuniram de outros mundos, Bodhisatvas oito (vezes) iguais às areias no rio Ganges levantaram-se então do círculo da assembléia. Com suas mãos postas estendidas para o Senhor para lhe prestar homenagem, eles lhe disseram: Se o Senhor nos permitir, nós também revelaremos, depois da extinção do Senhor, este Dharmaparyaya neste mundo de Saha; leremos, escreveremos, reverenciaremos, e nos devotaremos completamente àquela lei. Portanto, Ó Senhor, consinta em nos outorgar também este Dharmaparyaya. O Senhor respondeu: Não, moços de boa família, porque vos ocuparíeis com esta tarefa? Eu tenho aqui, neste mundo de Saha, milhares de Bodhisatvas iguais às areias de sessenta rios Ganges, formando o séquito de um Bodhisatva; e de tais Bodhisatvas há um número igual às areias de sessenta rios Ganges, cada um destes Bodhisatvas tendo um número igual em seu séquito, que no fim do tempo, no último período depois de minha extinção, manterão, lerão e proclamarão este Dharmaparyaya. Tão logo o Senhor falou estas palavras o mundo de Saha despedaçou-se de todos os lados, e de dentro das fendas surgiram muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas com os corpos dourados e as trinta e duas marcas características de um grande homem, que haviam se quedado no elemento do éter sob esta grande terra, próximo deste mundo de Saha. Estes então, ao ouvirem as palavras do Senhor vieram de sob a terra. Cada um destes Bodhisatvas tinha um séquito de milhares de Bodhisatvas parecidos às areias de sessenta rios Ganges; (cada um tinha) uma tropa, uma grande tropa, como professor de uma tropa. De tais Bodhisatvas Mahasatvas tendo uma tropa, uma grande tropa, como professor de uma tropa, havia centenas de milhares de miríades de kotis, iguais às areias de sessenta rios Ganges, que emigraram das fendas da terra neste mundo de Saha. Muitos mais puderam ser achados de Bodhisatvas Mahasatvas, tendo um séquito de Bodhisatvas iguais às areias de cinqüenta rios Ganges; muito mais ainda poderiam ser encontrados os Bodhisatvas Mahasatvas tendo um séquito de Bodhisatvas iguais às areias de quarenta rios Ganges; de 30 3, 20, 10, 5, 4, 3, 2, 1 rios Ganges; de 1/2, 1/4, 1/6, 1/10, 1/20, 1/30, 1/50, 1/100, 1/1000, 1/100.000, 1/10.000.000, 1/100×10.000.000, 1/1.000X10.000.000, 1/100×1.000×10.000.000, 1/100×1.000×10.000×10.000.000 partes do rio Ganges. Muito mais poderiam ser achados de Bodhisatvas Mahasatvas, um séquito de muitas centenas de milhares de kotis de Bodhisatvas; de um koti de cem milhares, de mil; de 500, de 400; de 300; de 200; de 100; de 50, 40, 30, 20, 10; de 5, 4, 3, 2. Muito mais poderiam ser encontrados de Bodhisatvas Mahasatvas com apenas um seguidor. Muito mais poderiam ser encontrados Bodhisatvas quedando-se isolados. Não poderiam ser enumerados, contados, calculados, comparados, conhecidos pela ciência oculta, os Bodhisatvas Mahasatvas que emergiram das fendas da terra para aparecer neste mundo de Saha. E depois que apareceram sucessivamente foram à Stupa de substâncias preciosas que se quedava no céu, onde o Senhor Prabhutaratna, o extinto Tathagata, estava sentado junto com o Senhor Sakyamuni no trono. Onde saudaram os pés de ambos os Tathagatas, etc., bem como as imagens dos Tathagatas produzidas pelo Senhor Sakyamuni de seu próprio corpo, que todos juntos estavam sentados em tronos ao pé de várias árvores de jóias de todos os lados, em todas as direções, em diferentes mundos. Depois que estes Bodhisatvas saudaram muitas centenas de milhares de vezes, e circungiraram os Tathagatas, etc., da esquerda para a direita, e os celebraram com vários hinos de Bodhisatvas, foram e mantiveram-se a pouca distância, as mãos postas estendidas para honrar o Senhor Sakyamuni, o Tathagata, etc., e o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., E enquanto aqueles Bodhisatvas Mahasatvas, que haviam emergido das fendas da terra, estavam saudando e celebrando os Tathagatas com vários hinos de Bodhisatva, cinqüenta kalpas intermediários ao todo decorreram-se, durante os quais cinqüenta kalpas intermediários o Senhor Sakyamuni permaneceu em silêncio, bem como as quatro classes da audiência. Então o Senhor produziu um tal efeito de poder mágico que as quatro classes pensaram que não mais do que uma tarde se havia escorrido, e eles viram este mundo de Saha assumir a aparência de centenas de milhares de mundos repletos de Bodhisatvas. Os quatro Bodhisatvas Mahasatvas que eram os chefes daquele grande hoste de Bodhisatvas, a saber, eram o Bodhisatva Mahasatva chamado Visishtakaritra (i.e. de conduta eminente), o Bodhisatva Mahasatva chamado Anantakaritra (i.e. de conduta sem fim), o Bodhisatva Mahasatva chamado Visuddha-karitra (i.e. de correta conduta), e o Bodhisatva Mahasatva chamado Supratishthitakaritra (i.e. de conduta muito estável), estes quatro Bodhisatvas Mahasatvas quedando-se à frente da grande hoste, da grande multidão de Bodhisatvas, levantaram suas mãos postas para o Senhor e dirigiram-se a ele assim: Está o Senhor gozando de boa saúde? Goza de bem estar e está se sentindo à vontade? Estão os seres decorosos, dóceis, obedientes, corretamente perfazendo suas tarefas, de tal forma que não criem dificuldade para o Senhor? E aqueles quatro Bodhisatvas Mahasatvas dirigiram-se ao Senhor com as seguintes duas estâncias: 1. Sente-se o Senhor do mundo, o Iluminado, à vontade? Sente-se livre de doenças corpóreas, Ó Perfeito? 2. As criaturas, esperamos, são decorosas, dóceis, cumprindo as ordens do Senhor do mundo, para não causarem dificuldades. E o Senhor respondeu aos quatro Bodhisatvas Mahasatvas que estavam à frente daquela grande hoste, daquela grande multidão de Bodhisatvas: Assim é, moços de boa família, eu estou com boa saúde, bem estar, e à vontade. E estas criaturas minhas são decorosas, dóceis, obedientes, fazendo bem o que é ordenado; elas não causam dificuldade quando eu as corrijo e isto, moços de boa família, porque estas criaturas, devido a terem sido já preparadas sob os antigos, perfeitamente iluminados Budas, não têm senão que me ouvir e ver para confiar em mim, para compreender e sondar o conhecimento de Buda. E aqueles que cumpriram os seus deveres no estágio de discípulos foram agora introduzidos por mim ao conhecimento de Buda e bem instruídos na verdade mais elevada. E naquele momento os Bodhisatvas Mahasatvas pronunciaram as seguintes estâncias: 3. Excelente, excelente, Ó grande Herói! Estamos contentes de ouvir que aqueles seres estão decorosos, dóceis, fazendo bem os seus deveres; 4. E que ouvem o vosso conhecimento profundo, Ó Líder, e que depois de o ouvir confiaram nele e o compreenderam. Isto dito, o Senhor declarou a sua aprovação aos quatro Bodhisatvas Mahasatvas que estavam à frente daquela grande multidão de Bodhisatvas Mahasatvas dizendo: Bem feito, moços de boa família, bem-feito que assim congratulem o Tathagata. E naquele momento o seguinte pensamento surgiu na mente do Bodhisatva Mahasatva Maitreya e das oito centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas similares às areias do rio Ganges: Nunca dantes vimos uma hoste tão grande, uma multidão tão grande de Bodhisatvas; nunca dantes ouvimos falar de uma tal multidão, que depois de surgir das fendas da terra quedou-se na presença do Senhor para honrá-lo, respeitá-lo, venerá-lo, reverenciá-lo e cumprimentá-lo com jubilosas saudações. De onde vêm estes Bodhisatvas para aqui se reunirem? Então o Bodhisatva Mahasatva Maitreya, sentindo dentro de si dúvida e perplexidade, e inferindo de seus próprios pensamentos aqueles dos oitocentos milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas, iguais às areias do rio Ganges, levantaram suas mãos postas em direção ao Senhor e o questionaram sobre a questão pronunciando as seguintes estâncias: 5. Aqui estão muitos milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas, sem número, a quem nunca vimos dantes; diz-nos, Ó supremo dos homens! 6. De onde e como vêm estas poderosas pessoas? De onde vêm aqui com a forma de grandes corpos? 7. Todos são grandes Videntes, sábios e fortes em memória, cuja aparência exterior é linda de se ver; de onde vêm? 8. E cada um daqueles Bodhisatvas, ó Senhor do mundo, tem um enorme séquito, como as areias do Ganges. 9. O séquito de (cada) glorioso Bodhisatva é igual às areias de sessenta Ganges ao todo. Todos estão lutando pela iluminação. 10. De tais heróis e poderosos possuidores de uma tropa de seguidores são iguais às areias de sessenta Ganges.
    11. Há outros, ainda mais numerosos, com um séquito ilimitado, como as areias de cinqüenta, quarenta, e trinta Ganges; 12. 13. Que têm um séquito igual às (areias de) vinte Ganges. Ainda mais numerosos são os poderosos filhos do Buda, que cada um tem um séquito (igual às areias) de dez, de cinco Ganges. De onde, Ó líder, reuniu-se uma tal assembléia aqui? 14. Há outros que têm cada um séquito de discípulos igual às areias de quatro, três, ou dois Ganges. 15. Há outros mais numerosos ainda; seria impossível calcular o seu número em milhares de kotis de Aeons. 16. (Iguais a ) meio Ganges, um terço, um décimo, um vigésimo, é o séquito daqueles heróis, aqueles poderosos Bodhisatvas. 17. Há outros ainda que são incalculáveis; seria impossível contá-los mesmo em centenas de kotis de Aeons. 18. Muitos mais ainda há, com séquitos infindáveis; eles têm em seu atendimento kotis e kotis e novamente kotis, e também metade de kotis. 19. Outros, novamente, grandes Videntes, além da computação, Bodhisatvas muito sábios são vistos em uma postura respeitosa. 20. Têm mil, cem, ou cinqüenta assistentes; em centenas de kotis de Aeons não se seria capaz de contá-los. 21. O séquito de (alguns destes) heróis consiste de vinte, de dez, cinco, quatro, três, ou dois; aqueles são incontáveis. 22. Quanto àqueles que vão sozinhos e vêm a seus descansos sozinhos, vieram agora aqui em tal número a ser além da computação. 23. Mesmo que alguém com uma vara mágica em sua mão tentasse durante um número de Aeons iguais às areias do Ganges contá-los, ele não alcançaria o termo. 24. De onde vêm todos estes nobres, enérgicos heróis, aqueles poderosos Bodhisatvas? 25. Quem os ensinou a lei (ou dever)? E por quem foram eles destinados à iluminação? Ao comando de quem acatam eles? O comando de quem mantêm eles? 26. Explodindo de todos os pontos do horizonte através de toda a extensão da terra eles emergem, aqueles grandes sábios agraciados com faculdades mágicas e sabedoria. 27. Este mundo de todos os lados está sendo perfurado, Ó vidente, pelos sábios Bodhisatvas, que neste momento estão emergindo. 28. Nunca dantes vimos nada como isto. Dizei-nos o nome deste mundo, Ó Líder. 29. Repetidamente viajamos em todas as direções do espaço, mas nunca vimos estes Bodhisatvas. 30. Nunca vimos um só vosso infante, e agora, de súbito, estes se nos deparam. Conte-nos a história deles, Ó Vidente. 31. Centenas, milhares, dez milhares de Bodhisatvas, todos igualmente cheios de curiosidade, veneram o homem mais elevado. 32. Explica-nos, Ó incomparável, grande herói, que não conhece limites, de onde vêm estes heróis, estes sábios Bodhisatvas? Enquanto isto os Tathagatas etc., que haviam vindo de centenas de milhares de miríades de kotis de mundos, eles, criações do Senhor Sakyamuni, que estavam pregando a lei a seres em outros mundos; que estavam todos em volta do Senhor Sakyamuni, o Tathagata, etc. Estavam sentados de pernas cruzadas em magníficos tronos de jóias, ao pé de árvores de jóias, em todas as direções do espaço; bem como os satélites daqueles Tathagatas, ficaram tomados de espanto ante a visão daquela grande hoste, daquela grande multidão de Bodhisatvas emergindo das fendas da terra e estabelecidos no elemento do éter, e eles (os satélites) perguntaram cada qual a seu próprio Tathagata; de onde, ó Senhor, vêm tantos Bodhisatvas Mahasatvas, tão inumeráveis, tão incontáveis? Com o que aqueles Tathagatas etc., responderam variadamente a seus satélites: Esperai um pouco, moços de boa família, este Bodhisatva Mahasatva aqui, chamado Maitreya, acabou de receber do Senhor Sakyamuni uma revelação sobre o seu destino à iluminação suprema e perfeita. Ele perguntou ao Senhor Sakyamuni, o Tathagata, etc., sobre isto, e o Senhor Sakyamuni, o Tathagata etc., vai explicá-lo; então saberemos. Nisto então o Senhor dirigiu-se ao Bodhisatva Maitreya: Bem feito, Agita, bem feito; é um assunto sublime, Agita, sobre o qual me indagais. Então o Senhor se dirigiu à hoste inteira de Bodhisatvas: Atentai todos, moços de boa família; fiquem bem preparados e firmes em vossos postos, vós, e a hoste inteira de Bodhisatvas; o Tathagata, o Arhat, etc., vai agora exibir a visão do conhecimento do Tathagata, moços de boa família, a liderança do Tathagata, o trabalho do Tathagata, o esporte do Tathagata, o poder do Tathagata, a energia do Tathagata. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estâncias: 33. Atentai todos , moços de boa família; eu vou pronunciar uma palavra infalível; parem de disputar sobre isso, ó sábios: a ciência do Tathagata está além da reflexão. 34. Sede todos firmes e reflexivos; permanecei atentos todos. Hoje ouvireis uma lei ainda desconhecida, a maravilha dos Tathagatas. 35. Nunca duvideis, vós sábios, pois eu vos fortalecerei, eu sou o Líder que diz a verdade infalível, e o meu conhecimento é ilimitado. 36. Profundas são as leis conhecidas do Sugata, além da reflexão e além da argumentação. Estas leis eu vou revelar; vós, ouvi quais e com são. Depois de pronunciar estas estâncias o Senhor dirigiu-se ao Bodhisatva Mahasatva Maitreya: eu vos anuncio, Agita, eu vos declaro: estes Bodhisatvas Mahasatvas, Agita, tão inumeráveis, incalculáveis, inconcebíveis, incomparáveis, incontáveis, a que nunca vistes dantes, que justo agora saíram das fendas da terra, estes Bodhisatvas Mahasatvas, Agita, eu despertei, excitei, animei, desenvolvi plenamente para a iluminação suprema perfeita depois de ter eu mesmo chegado à iluminação suprema e perfeita neste mundo. Eu, além disto, amadureci plenamente, estabeleci, confirmei, instruí, aperfeiçoei estes moços de boa família em seus estados de Bodhisatvas. E estes Bodhisatvas Mahasatvas, Agita, ocupam neste mundo de Saha, o domínio do elemento do éter abaixo. Pensando apenas na lição que têm que estudar, e devotados a compreendê-la perfeitamente, estes moços de boa família não têm gosto por ajuntamentos sociais, nem por multidões agitadas; eles não adiam suas tarefas e são esforçados. Estes moços de boa família, Agita, deleitam-se na reclusão, gostam da reclusão. Estes moços de boa família não residem na vizinhança imediata de deuses ou homens, não sendo amigos de multidões agitadas. Estes moços de boa família acham o seu luxo no prazer da lei, e aplicam-se ao conhecimento de Buda. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estâncias: 37. Estes Bodhisatvas, imensos, inconcebíveis, além da medida, agraciados com poderes mágicos, sabedoria e leitura, progrediram no conhecimento por muitos kotis de Aeons. 38. Fui eu que os trouxe à maturidade para a iluminação, e é no meu campo que eles têm seus domínios; por mim apenas foram eles trazidos à maturidade; estes Bodhisatvas são meus filhos. 39. Todos se devotaram a uma vida de renúncia e são assíduos em evitar lugares de balbúrdia; andam desapegados, estes meus filhos, seguindo os preceitos em seus percursos elevados. 40. Moram no elemento do éter, na porção inferior do campo, aqueles heróis que, sem cansaço, estão lutando dia e noite para atingir o conhecimento superior. 41. Todos esforçados, de boa memória, inamovíveis na força enorme de suas inteligências, aqueles serenos sábios pregam a lei, todos radiantes, como sendo meus filhos. 42. Desde o tempo em que atingi esta iluminação superior (ou mais avançada), na cidade de Gaya, ao pé da árvore, eu coloquei em andamento a roda da lei que a tudo supera, eu os trouxe todos à maturidade para a iluminação suprema. 43. Estas palavras que aqui digo são infalíveis, realmente verdadeiras; creiam-me, todos vocês que me ouvem: verdadeiramente, eu atingi a iluminação suprema, e é por mim apenas que todos foram trazidos à maturidade. O Bodhisatva Mahasatva Maitreya e aquelas numerosas centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas foram tomados de espanto, surpresa e maravilhamento, (e pensaram): com é possível que dentro de um momento tão breve, dentro do lapso de um tempo tão curto, tantos Bodhisatvas, tão incontáveis, tenham sido despertos e amadurecidos plenamente para atingir a iluminação suprema e perfeita? Então o Bodhisatva Mahasatva Maitreya indagou do Senhor: Como então, Ó Senhor, o Tathagata, após ter partido, quando príncipe real, de Kapilavatsu, a cidade dos Sakyas, chegou à iluminação suprema e perfeita no cume do terreno da iluminação, não longe da cidade de Gaya, há mais de quarenta anos atrás, Ó Senhor? Como então foi que o Senhor, o Tathagata, dentro de um período tão curto, foi capaz de completar a tarefa sem fim de um Tathagata, de exercitar a lideranças de um Tathagata, a energia de um Tathagata? Como foi que o Tathagata, dentro de um período tão curto, foi capaz de despertar e trazer à maturidade para a iluminação suprema e perfeita esta hoste de Bodhisatvas, esta multidão de Bodhisatvas, uma multidão tão grande que seria impossível contar toda ela, mesmo que se fosse continuar contando durante centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons? Estes Bodhisatvas, tão inumeráveis, Ó Senhor, tão incontáveis, tendo por longo tempo seguido um curso de vida espiritual e plantado as raízes da bondade sob muitas centenas de milhares de Budas, tornaram-se no decorrer de muitas centenas de milhares de Aeons, finalmente amadurecidos. É justo como se alguém moço e jovem, um moço de cabelo preto na flor da idade, de vinte e cinco anos de idade, apresentasse centenários como seus filhos, e dissesse: “Aqui, moços de boa família, vedes os meus filhos;’ e aqueles macróbios declarassem: “Este é nosso pai, aquele que nos gerou.’ Agora, Senhor, o discurso daquele homem seria incrível, difícil de ser acreditado pelo público. É o mesmo caso com o Tathagata, que apenas recentemente chegou à iluminação suprema e perfeita, e com estes Bodhisatvas Mahasatvas, tão imensos em número, que durante muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons, tendo observado seu curso de vida espiritual, desde há longo tempo, chegaram à certeza quanto ao conhecimento de Tathagata; que são capazes de mergulhar e de sair de centenas de milhares de tipos de meditação; que são adeptos nas preparatórias à nobre sabedoria transcendental; que são inteligentes no terreno de Buda, capazes no Conselho (eclesiástico) e nos deveres do Tathagata; que são a maravilha e a admiração do mundo; que possuem grande vigor, força, e poder. E o Senhor diz: Desde o começo mesmo eu despertei, trouxe à maturidade, e os desenvolvi plenamente para serem aptos a esta posição de Bodhisatva. Fui eu que demonstrei esta energia e vigor depois de ter chegado à iluminação suprema perfeita. Mas Ó Senhor, como poderíamos ter fé nas palavras do Tathagata, quando ele afirma: O Tathagata diz a verdade infalível? O Tathagata deveria saber que os Bodhisatvas que acabaram de entrar no veículo estão aptos a terem dúvidas sobre esta questão; depois da extinção do Tathagata aqueles que ouvirem este Dharmaparyaya não o aceitarão, nem crerão, nem confiarão. Daí, Ó Senhor, eles planejarão atos tendendo a arruinar a lei. Portanto, Ó Senhor, condescenda a nos explicar esta questão, para que estejamos livres da perplexidade, e que os Bodhisatvas que no futuro a ouvirem, sejam moços de boa família ou moças, não caiam em dúvida. Naquela ocasião o Bodhisatva Mahasatva Maitreya se dirigiu ao Senhor nas seguintes estâncias: 44. Quando nasceste em Kapilavatsu, o lar dos Sakyas, o deixastes e atingistes a iluminação na cidade de Gaya. Isto é um breve tempo atrás, Ó Senhor do mundo. 45. E agora tendes uma tão grande multidão de seguidores, estes sábios que por muitos kotis de Aeons perfizeram os seus deveres, se quedaram firmes no poder mágico, firmes, bem disciplinados, realizados na forças da sabedoria; 46. Estes, que são não-conspurcados como o lótus é pela água; que hoje vieram aqui depois de saírem das entranhas da terra, e todos se quedam de mãos postas, respeitosos e fortes em memória, os filhos do Mestre do mundo. 47. Como acreditarão estes Bodhisatvas nesta grande maravilha? Expeli toda dúvida, dizei a causa, e mostrai como a questão verdadeiramente é. 48. É como se houvesse alguém, um jovem, de cabelo preto, de vinte anos de idade ou um pouco mais, que apresentasse como seus filhos alguns macróbios, 49. E os últimos, cobertos de rugas e de cabelos brancos, declarassem, que o moço fosse seu pai. Mas um tal (moço) nunca tendo filhos de tal aparência, seria difícil de crê-lo, Ó Senhor do mundo, que fossem filhos de alguém tão jovem. 50. Da mesma forma, Ó Senhor, somos incapazes de conceber como estes numerosos Bodhisatvas de boa memória e especialistas em sabedoria , que foram bem instruídos dentro de kotis de Aeons; 51. Que são firmes, de inteligência aguçada, encantadores e agradáveis à visão, livres de hesitação nas decisões da lei, elogiados pelos líderes do mundo; 52. E em liberdade moram nos bosques; que desapegados no elemento do éter, constantemente mostram as suas energias, que são filhos do Sugata lutando por este terreno de Buda; 53. Com será isto acreditado quando o líder do mundo estiver completamente extinto? Depois de ouvi-lo da própria boca do Senhor não mais sentiremos qualquer dúvida. 54. Possam os Bodhisatvas nunca chegarem à tristeza tendo dúvidas quanto a esta questão. Concedei-nos, Ó Senhor, uma narração tão verdadeira como estes Bodhisatvas forma trazidos à maturidade por vós.
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    Saddharma-Pundarika / Duração da Vida do Tathagata / Capítulo 15
    CAPÍTULO 15
    DURAÇÃO DA VIDA DO TATHAGATA
    Então o Senhor se dirigiu a toda assembléia de Bodhisatvas: Acreditem em mim, moços de boa família, creiam que o Tathagata diz uma palavra veraz. Uma segunda vez o Senhor se dirigiu aos Bodhisatvas: Creiam em mim, jovens cavalheiros de boa família, creiam que o Tathagata diz uma palavra veraz. Uma terceira e última vez o Senhor se dirigiu aos Bodhisatvas: Creiam em mim, moços de boa família, creiam que o Tathagata diz uma palavra veraz. Então toda a assembléia de Bodhisatvas com Maitreya, o Bodhisatva Mahasatva os encabeçando, esticaram sua mãos postas e disseram ao Senhor: Exponha esta questão, Ó Senhor; exponha isto, Ó Sugata; nós creremos na palavra do Tathagata. Um segunda vez toda a assembléia, etc. etc. Uma terceira vez toda a assembléia, etc. etc. O Senhor, considerando que os Bodhisatvas repetiram seus pedidos por três vezes, se dirigiu a eles assim: Ouçam então, moços de boa família. A força de uma resolução forte que eu tomei é de tal ordem, moços de boa família, que este mundo, inclusive deuses, homens e demônios, reconhece: Agora o Senhor Shakyamuni, depois de ter partido do lar dos Shakyas, chegou à iluminação suprema e perfeita, no cume do terraço da iluminação na cidade de Gaya. Mas, moços de boa família, a verdade é que muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons atrás eu cheguei à iluminação suprema e perfeita. Para dar um exemplo, moços de boa família, que existam átomos de terra de quinhentos milhares de miríades de kotis de mundos; que exista então algum homem que pegue um destes átomos de pó e então vá para a direção leste por cinqüenta centenas de milhares de miríades de kotis de mundos além, e ali deposite aquele átomo de pó; que da mesma forma o homem carregue de todos aqueles mundos toda a massa de terra, e que da mesma forma, e pela mesma ação como a anterior, que ele deposite todos aqueles átomos na direção leste. Agora, o que achariam, moços de boa família, que alguém poderia imaginar, pesar, contar ou determinar (o número) daqueles mundos? O Senhor tendo dito isto, o Bodhisatva Mahasatva Maitreya e toda a assembléia de Bodhisatvas replicou: São incalculáveis, Ó Senhor, aqueles mundos, incontáveis, além do alcance do pensamento. Nem mesmo todos os discípulos e pratyekabudas, Ó Senhor, com seus conhecimentos de Arya, seriam capazes de imaginar, pesa-los, conta-los, ou determiná-los. Para nós também, Ó Senhor, que somos Bodhisatvas nos quedando no lugar de onde não podemos retrogradar, este ponto está fora da esfera de nossa compreensão; tão inumeráveis, Ó Senhor, são aqueles mundos. Isto dito, o Senhor falou àqueles Bodhisatvas Mahasatvas o seguinte: eu vos anuncio, moços de boa família, eu vos declaro: Conquanto numerosos sejam aqueles mundos onde aquele homem depositou os átomos de pó e onde ele não o fez, não existem, moços de boa família, em todos aquelas centenas de milhares de miríades de kotis de mundos tantos átomos de pó quanto existem centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons desde que eu cheguei à iluminação suprema e perfeita. Desde o momento, moços de boa família, quando eu comecei a pregar a lei aos seres neste mundo de Saha e em centenas de milhares de miriades de kotis de outros mundos, e (quando) os outros Tathagatas, Arhats, etc., tais como o Tathagata Dipankara e o resto que eu mencionei no lapso de tempo (pregando), (daquele momento) eu, moços de boa família, para o Nirvana completo daqueles Tathagatas, etc., criei tudo aquilo com o objetivo expresso de habilmente pregar a lei. Novamente, moços de boa família, o Tathagata, considerando os diferentes graus de faculdade e força das gerações que se sucedem, revela em cada (geração) seu próprio nome, revela um estado no qual o Nirvana não foi ainda alcançado, e de diferentes formas ele satisfaz as necessidades das (diferentes) criaturas através de variados Dharmaparyayas. Este sendo o caso, moços de boa família, o Tathagata declara aos seres, cujas disposições são tão variadas e que possuem tão poucas raízes de bondade, tantas propensões para o mal: Eu sou moço de idade, monges; tendo deixado a casa do meu pai, monges, eu cheguei há pouco à iluminação suprema e perfeita. Quando, contudo, o Tathagata, que há tanto tempo atrás chegou à iluminação perfeita, diz que apenas há pouco tempo chegou à iluminação perfeita, ele o faz para conduzir os seres à maturidade completa e os conduzir para dentro. Portanto todos estes Dharmaparyayas foram revelados; e é para a educação dos seres, moços de boa família, que o Tathagata revelou todos os Dharmaparyayas. E, moços de boa família, a palavra que o Tathagata prega em prol da educação dos seres, quer seja sob sua própria aparência ou sob a de um outro, quer seja sob sua própria autoridade ou sob a máscara de um outro, tudo o que o Tathagata declara, todos aqueles Dharmaparyayas falados pelo Tathagata são verdadeiros. Não pode haver questão de inverdade da parte do Tathagata quanto a este respeito. Pois que o Tathagata vê o mundo triplo como ele realmente é: não é nascido, nem morre; não é concebido, não salta para a existência; não se move num redemoinho, nem se torna extinto; não é verdadeiro, nem irreal ; não é existente, nem não existente; não é assim, nem de outra forma, nem é falso. O Tathagata vê o mundo triplo, não como os ignorantes, pessoas comuns, ele vê coisas que estão sempre presentes a ele; de fato, para o Tathagata, em sua posição, não há leis que estejam ocultas. Neste respeito qualquer palavra que o Tathagata falar é verdadeira, não falsa. Mas para produzir as raízes de bondade nos seres, que seguem objetivos tão diferentes e que se comportam de acordo com noções diferentes, ele revela vários Dharmaparyayas com vários princípios fundamentais. O Tathagata então, moços de boa família, faz o que tem que fazer. O Tathagata que há tanto tempo atrás se iluminou perfeitamente é ilimitado na duração de sua vida, que é eterna. Sem estar extinto, o Tathagata faz um show de estar extinto, em prol daqueles que tem que ser educados. E mesmo agora, moços de boa família, eu não realizei meu antigo curso de Bodhisatva, e a medida de minha vida não se esgotou. Não, moços de boa família, eu ainda terei duas vezes mais centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons antes que a medida de minha vida se complete. Eu anuncio a extinção final, moços de boa família, apesar de eu mesmo não me tornar finalmente extinto. Pois que desta forma, moços de boa família, eu trago (todos) os seres à maturidade, a menos que os seres em quem a bondade não está firmemente enraizada, que não são santos, miseráveis, ansiosos por prazeres sensuais, cegos e obscurecidos pelo filme de pontos de vista errados, devam, me vendo com muita freqüência, comecem a achar: “O Tathagata está ficando,” e achem que tudo não passa de um jogo de crianças; (a menos que) pensando “estamos próximos ao Tathagata” eles deixem de se esforçar para escapar do mundo triplo e não concebam quão precioso o Tathagata é. Por isto, moços de boa família, o Tathagata habilmente pronuncia estas palavras: A aparição dos Tathagatas, monges, é preciosa (e rara). Pois que no decurso de muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons seres podem ter visto ou não ao Tathagata. Por isto e por esta razão, moços de boa família, eu digo: A aparição dos Tathagatas, monges, é preciosa (e rara). Estando mais e mais convencidos de que a aparição dos Tathagatas é preciosa (ou rara) eles se sentirão surpresos e tristes, e enquanto que não vendo o Tathagata eles sentirão uma vontade de vê-lo. As boas raízes desenvolvidas de seus pensamentos sinceros quanto ao Tathagata reverterão para sempre para seus benefícios, bem e felicidade; em consideração que o Tathagata anuncia a extinção final, apesar dele mesmo não se tornar finalmente extinto, em prol dos seres que tem que ser educados. Tal, moços d boa família, é a forma de ensinar do Tathagata; quando o Tathagata fala desta forma, de sua parte não existe falsidade alguma. Suponhamos um caso parecido, moços de boa família. Existe algum médico, sábio, inteligente, prudente, hábil ao tratar todo tipo de doenças. Este homem tem muitos filhos, dez, vinte, trinta, quarenta, cinqüenta ou cem. O médico, tendo viajado, enquanto estava fora, seus filhos ficaram doentes de um veneno ou infeção. Sofrendo com dores terríveis causadas por aquele veneno ou infeção que os consome, eles rolam no chão. Seu pai, o médico, chega em casa no momento em que seus filhos estão sofrendo daquele ataque de veneno. Alguns deles têm noções perversas, outros têm noções corretas, mas todos sofrem a mesma dor. Ao verem seu pai eles alegremente o cumprimentam e dizem: Salve, caro pai, que voltaste em segurança e bem de saúde! Agora nos livre de nosso mal, quer seja causado por veneno ou contaminação; que nós possamos viver, caro pai. E o médico, vendo seus filhos aflitos com doenças, cheios de dores e rolando pelo chão, prepara um grande remédio, tendo a cor, cheiro e gosto requeridos, mói o remédio em uma pedra e dá uma porção para cada um de seus filhos, com as seguintes palavras: Tomem este grande remédio, filhos meus, que tem a cor, gosto e cheiro requeridos. Pois que tomando este grande remédio, meus filhos, vocês se livrarão deste veneno ou contaminação; vocês se recuperarão e ficarão saudáveis. Dentre aquelas crianças do médico que têm noções corretas, depois de ver a cor do remédio, depois de cheirar o cheiro e provar do sabor, eles rapidamente o consomem e em conseqüência disto se livram logo e completamente de suas doenças. Mas os filhos que têm noções pervertidas alegremente cumprimentam seu pai e dizem: Salve, caro pai, que voltaste para nós em segurança e com saúde; nos cure. Assim falam eles, mas não tomam do remédio oferecido, e isto porque, devido à perversidade de suas noções, aquele remédio não os agrada, nem em cor, nem em gosto, nem cheiro. Então o médico reflete da seguinte forma: Estes meus filhos devem ter adquirido noções pervertidas devido à contaminação ou ao veneno, já que eles nem tomam do remédio, nem me cumprimentam. Por isto eu induzirei estes meus filhos a tomarem do remédio com algum meio habilidoso. Com este desejo ele diz o seguinte àqueles filhos: Eu estou velho, moços de boa família, decrépito, avançado em anos, e o término de minha vida se aproxima; mas não fiquem tristes, moços de boa família, não se sintam arrasados; aqui eu preparei um grande remédio para vocês; se vocês quiserem, podem tomá-lo. Tendo os advertido desta forma, ele habilmente vai a uma outra parte do país e deixa seus filhos doentes saberem que ele partiu desta vida, isto é, que ele morreu. Eles ficam extremamente tristes e o lamentam extremamente: Então ele está morto, nosso pai e protetor; aquele que nos gerou; ele, que era sempre tão bondoso! Agora estamos sem um protetor. Plenamente conscientes que se tornaram órfãos e não tendo mais refúgio, eles mergulham continuamente na tristeza, pelo que suas noções pervertidas dão lugar à noções corretas. Eles reconhecem que o remédio tem a cor, cheiro e gosto corretos então instantaneamente eles o consomem, e com isto são libertos de seus males. Então, sabendo que aqueles seus filhos estão livres do mal, o médico novamente se mostra. Agora, moços de boa família, qual é suas opiniões? Será que alguém acusaria aquele médico de ter mentido por ter usado um tal meio habilidoso? Não, certamente que não, Senhor; certamente que não, Sugata. Ele prosseguiu: Da mesma forma, moços de boa família, eu cheguei à iluminação suprema e perfeita já desde um imenso, incalculável número de centenas de milhares de kotis de Aeons, mas de vez em quando eu mostro tais meios habilidosos aos seres, com a intenção de educá-los, sem que por isto haja a este respeito qualquer falsidade de minha parte. Para expor esta questão mais extensivamente o Senhor naquela ocasião pronunciou as seguintes estrofes: 1. Já faz um número inconcebível de milhares de kotis de Aeons, que não podem ser medidos, que eu ganhei a iluminação superior e nunca deixei de ensinar a lei. 2. Eu despertei muitos Bodhisatvas e os estabeleci no conhecimento de Buda. Eu trouxe miríades de kotis de seres, sem fim, à maturidade plena em muitos kotis de Aeons. 3. Eu mostro o lugar da extinção, eu revelo a todos os seres um meio habilidoso para educálos, apesar de não me tornar extinto naquele momento, e naquele mesmo lugar eu continuo a pregar a lei. 4. Ali eu me comando, bem como a todos os seres, eu. Mas homens de mentes pervertidas, em suas ilusões, não me vêem ali. 5. Na opinião que meu corpo se tornou completamente extinto, eles prestam veneração, de muitas formas às minhas relíquias, mas eles não me vêem. Eles sentem (contudo) uma certa aspiração pela qual suas mentes se tornam corretas. 6. Quando tais criaturas corretas, gentis e suaves deixam seus corpos, eu então ajunto a multidão de discípulos e me mostro aqui no Gridhrakuta. 7. E então eu falo assim a eles, neste mesmo lugar: eu não estava completamente extinto naquele momento; nada mais foi senão um meio habilidoso meu, monges; repetidamente nasço no mundo dos vivos. 8. Honrado por outros seres, eu lhes mostro minha iluminação superior, mas vocês não obedeceriam minha palavra a menos que o Senhor do mundo entrasse no Nirvana. 9. Eu percebo como os seres estão aflitos, mas eu não lhes mostro meu ser mesmo. Que primeiro eles tenham uma aspiração para me ver; então eu lhes revelarei minha verdadeira lei. 10. Tal tem sido sempre minha firme resolução durante um número inconcebível de milhares de kotis de Aeons, e eu não deixei este Gridhrakuta por outros lugares. 11. E quando seres percebem este mundo e imaginam que está ardendo, até mesmo então meu campo de Buda está cheio de deuses e homens. 12. Eles dispõem de muitos divertimentos, kotis de jardins de prazeres, palácios, e carros aéreos; (este campo) está embelezado por colinas de gemas e por árvores cheias de flores e frutos.
    13. E voando, deuses tocam instrumentos musicais e vertendo uma chuva de Mandaravas pelas quais eles me cobrem, aos discípulos e outros sábios que estão lutando pela iluminação. 14. Assim é o meu campo aqui, para todo o sempre; mas outros o imaginam queimando; em suas visões este mundo é terrível, miserável, repleto com um número de males. 15. Sim, muitos kotis de anos eles podem passar sem ter sequer mencionado meu nome, a lei, ou minha congregação. Este é o fruto de ações pecaminosas. 16. Mas quando seres gentis e suaves nascem neste mundo dos homens, eles imediatamente me vêem revelando a lei, devido às suas boas obras. 17. Eu nunca falo a eles da infinidade de minha ação. Portanto, eu estou, verdadeiramente, existindo desde há muito tempo, e contudo declaro: Os Ginas são raros (ou preciosos). 18. Tal é o poder glorioso de minha sabedoria que não conhece limites, e a duração de minha vida é tão grande quanto o infinito; eu a adquiri depois de ter seguido o curso devido. 19. Não experimentem dúvidas quanto a isto, Ó sábios, e abandonem toda a incerteza: a palavra que eu aqui falo é verdadeira; minha palavra nunca é falsa. 20. Pois assim mesmo como aquele médico hábil em engenhos, para o benefício de seu filhos cujas noções se tornaram pervertidas, disse que ele havia morrido apesar de estar ainda vivo, e assim mesmo como nenhum homem razoável acusaria aquele médico de falsidade; 21. Assim eu sou o pai do mundo, o Não-nascido, o Curador, o Protetor de todos os seres. Sabendo que eles são perversos, enfatuados e ignorantes eu não ensino o descanso final, eu mesmo não estando no descanso. 22. Que razão deveria eu ter para continuamente me manifestar? Quando homens se tornam descrentes, ignorantes, sem sabedoria, sem cuidados, chegados a prazeres sensuais, e na falta de compreensão incorrem em infortúnio, 23. Então eu, que conheço o curso do mundo, declaro: Eu sou tal e tal,(e considero): Como posso eu os inclinar para a iluminação? Como podem eles se tornarem companheiros nas leis de Buda?
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    Saddharma-Pundarika / Da Piedade / Capítulo 16
    CAPÍTULO 16
    DA PIEDADE
    Enquanto esta exposição da duração da vida do Tathagata estava sendo dada, seres inumeráveis, incontáveis lucraram dela. Então o Senhor se dirigiu ao Bodhisatva Mahasatva Maitreya: Enquanto esta exposição da duração da vida do Tathagata estava sendo dada, Agita, sessenta e oito centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas, comparáveis às areias do Ganges, adquiriram a faculdade de se estabelecer na lei que não tem origens. Mil vezes mais Bodhisatvas Mahasatvas obtiveram Dharani; e outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de um terço de macrocosmo, obtiveram ao ouvir este Dharmaparyaya a faculdade de pontos de vista desimpedidos. Outros Bodhisatvas Mahasatvas novamente, iguais aos átomos de pó de dois terços de um macrocosmo, obtiveram ao ouvir este Dharmaparyaya o Dharani que faz centenas de milhares de kotis de revoluções. Novamente, outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de um macrocosmo inteiro, moveram, ao ouvir este Dharmaparyaya, a roda da radiância sem manchas. Outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de um pequeno universo, chegaram, ao ouvir este Dharmaparyaya, tão longe que eles atingirão a iluminação suprema e perfeita depois de oito nascimentos. Outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de quatro mundos de quatro continentes, se tornaram, ao ouvir este Dharmaparyaya, tais que necessitariam quatro nascimentos antes de ganhar a iluminação suprema e perfeita. Outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de três mundos, quatro continentes, se tornaram, ao ouvir este Dharmaparyaya, tais que requereriam três nascimentos antes de ganhar a iluminação suprema e perfeita. Outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de dois mundos de quatro continentes, se tornaram, ao ouvir este Dharmaparyaya tais que requereriam dois nascimentos antes de atingir a iluminação suprema e perfeita. Outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de um mundo de quatro continentes, se tornaram, ao ouvir este Dharmaparyaya tais que requereriam apenas um nascimento antes de ganhar a iluminação suprema e perfeita. Outros Bodhisatvas Mahasatvas, iguais aos átomos de pó de oito macrocosmos consistindo de três partes, conceberam, ao ouvir este Dharmaparyaya a idéia da iluminação suprema e perfeita. Tão logo o Senhor havia dado esta exposição determinando a duração e períodos da lei, que caiu do céu superior uma grande chuva de flores de Mandarava e grande Mandarava que cobriu e maravilhou todos as centenas de milhares de miríades de kotis de Budas que estavam sentados em seus tronos ao pé das árvores de jóias em centenas de milhares de miríades de kotis de mundos. Também cobriu e maravilhou o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc. e o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., este último sentado plenamente extinto em seu trono, bem como toda aquela assembléia de Bodhisatvas e as quatro classes de audiência. Uma chuva de pó celeste de sândalo e agallochum foi vertida do céu, enquanto que mais acima no firmamento os grande tambores ressoavam, sem serem batidos, com um som agradável, doce e profundo. Peças duplas de belo pano celeste caíram às centenas de milhares do céu superior; colares, meio colares, colares de pérolas, gemas, jóias, nobre jóias, e nobre gemas foram vistas alto no firmamento penduradas de todos os lados em todas as direções do espaço, enquanto que por todos lado milhares de incensórios de jóias contendo incenso de valor e preço incalculáveis, se moviam por si mesmos. Bodhisatvas Mahasatvas foram vistos segurando acima de cada Tathagata, alto, uma fileira de guarda-chuvas de jóias se prolongado tão alto quanto o mundo de Brahma. Assim agiram os Bodhisatvas Mahasatvas em respeito a todos as inumeráveis centenas de milhares de miríades de kotis de Budas. Cada um por sua vez celebrou aqueles Budas em estrofes apropriadas, hinos sagrados louvando os Budas. E naquela ocasião o Bodhisatva Mahasatva Maitreya pronunciou as seguintes estrofes: 1. Maravilhosa é a lei que o Sugata expôs, a lei que nunca dantes havíamos ouvido; quão grande é a majestade dos Líderes, e quão infinita a duração de suas vidas!
    2. E ouvindo uma tal lei como esta que foi dada pelo Sugata cara a cara, milhares de kotis de seres, os filhos genuínos do Líder do mundo, todos se encheram de alegria. 3. Alguns atingiram o ponto da iluminação suprema e de onde não há retorno, outros se quedaram num estágio inferior; alguns atingiram o lugar de terem pontos de vista desimpedidos, e outros obtiveram milhares de kotis de Dharanis. 4. Outros, numerosos como átomos, ganharam o conhecimento de Buda supremo. Outros, novamente, após oito nascimentos se tornarão Ginas vendo o infinito. 5. Dentre aqueles que ouvirem esta lei do Mestre, alguns obterão a iluminação e verão a verdade após quatro nascimentos, outros após três, outros após dois. 6. Alguns dentre eles se tornarão todo sapientes após um nascimento, na existência seguinte. Tal será o resultado perfeito de conhecer a duração da vida do Chefe. 7. Inumeráveis, incontáveis como os átomos de oito campos, são os kotis de seres que ouvindo esta lei conceberam a idéia da iluminação superior. 8. Tal o efeito produzido pelo grande Vidente, quando ele revela este estado de Buda que é sem fim e que não tem limite, que é tão imenso como o elemento do éter. 9. Muitos milhares de kotis de anjos, Indras e anjos de Brahma, como as areias do Ganges, se ajuntaram aqui de milhares de kotis de campos distantes e verteram uma chuva de Mandaravas. 10. Eles se movem no céu como pássaros, e espalharam pó fragrante de sândalo e agallochum, cobrindo cerimoniosamente o Chefe dos Ginas com ela. 11. Alto acima, címbalos sem serem tocados emitiram sons doces; milhares de kotis de panos brancos volteiam por sobre os Chefes. 12. Milhares de kotis de incensórios de jóias de incenso sem preço se movem por si mesmos de todos os lados para honrar o poder do Senhor do mundo. 13. Inumeráveis Bodhisatvas sábios seguram miríades de kotis de guarda-chuvas, elevados e feitos de nobre jóias, como guirlandas, ao mundo de Brahma. 14. Os filhos do Sugata, em suas grandes alegrias, pregaram belas flâmulas triunfais em cima dos paus das bandeiras para honrarem os Líderes que eles celebraram em milhares de estrofes. 15. Tal fenômeno maravilhoso, extraordinário, prodigioso, esplêndido, Ó líder, está sendo mostrado por todos aqueles seres que ficam alegres pela exposição da duração da vida (do Tathagata). 16. Grande é a questão agora correndo nos dez pontos do espaço, e grande o som levantado pelos Líderes; milhares de kotis de seres vivos ficaram refrescados e abençoados com virtude para a iluminação. Com isto o Senhor se dirigiu ao Bodhisatva Mahasatva Maitreya: Aqueles seres, Agita, que durante a exposição deste Dharmaparyaya, na qual a duração da vida do Tathagata foi revelada, que tenham entretido, seja apenas um só pensamento de confiança, ou tiveram fé nele, quão grande mérito eles produzirão, sejam eles moços ou moças de boa família? Ouça então, e preste atenção, quão grande mérito eles produzirão com isto. Suponha o caso, Agita, que algum moço ou moça de boa família, desejoso pela iluminação suprema e perfeita, durante oitocentos milhares de miríades de kotis de Aeons pratique as cinco perfeições da virtude (Paramitas), a saber, perfeita doação, perfeita moralidade, perfeito autocontrole, perfeita energia, perfeita meditação—a perfeita sabedoria estando excluída; suponha, por outro lado, o caso, Agita, que um moço ou moça de boa família, ao ouvir este Dharmaparyaya contendo a exposição da duração da vida do Tathagata, conceba seja um só pensamento de confiança ou creia nele; então aquela acumulação de mérito anterior, aquela acumulação do bem conectada com as cinco perfeições da virtude, (aquela acumulação) que chegou à sua realização plena nas oitocentos centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons, não é igual à centésima parte da acumulação de mérito do segundo caso; não é igual a uma milésima parte; não admite cálculos, nem contagem, nem estimativa, nem comparação, nem aproximação, nem ensinamento secreto. Aquele que está possuído de uma tal acúmulo de mérito, Agita, seja ele um moço ou uma moça de boa família, não perderá a iluminação suprema e perfeita; não, não é possível que isto aconteça. E naquela ocasião O Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 17. Que aquele que procure este conhecimento, o conhecimento de Buda superior, se dedique a praticar neste mundo as cinco virtudes perfeitas (paramitas):
    18. Que ele, após oito milhares de kotis de Aeons completos, continue a dar oferendas aos Budas e discípulos; 19. Presenteando os Pratyekabudas e kotis de Bodhisatvas dando carne, comida e bebida, roupa e abrigo; 20. Que ele construa na terra refúgios e mosteiros de sândalo, e agradáveis jardins de recantos cheios de trilhas e calçadas; 21. Que ele após fazer tais presentes, vários e diversificados, durante milhares de kotis de Aeons, dirija sua mente para a iluminação; 22. Que ele então, por causa do conhecimento de Buda, mantenha sem quebrar os preceitos morais puros que foram recomendados pelos Budas perfeitos e reconhecidos pelos sábios; 23. Que além disto ele desenvolva a virtude do autodomínio, seja forte no estágio da humildade, seja constante, de boa memória, e pacientemente agüente muitas censuras; 24. Que ele, além disto, em prol do conhecimento do Buda, agüente as palavras de desprezo de descrentes, que estão enraizadas no orgulho; 25. Que ele, sempre zeloso, esforçado, estudioso, de boa memória, sem qualquer outra preocupação em mente, pratique meditação, durante kotis de Aeons; 26. Que ele, quer vivendo na floresta ou entrando numa vida errante, vá por aí, evitando a preguiça e torpor, por kotis de Aeons. 27. Que ele, como um filósofo, um grande filósofo, que encontra sua alegria na meditação, na concentração mental, passe oito mil kotis de Aeons; 28. Que ele energicamente busque a iluminação com o pensamento de ganhar o todo sapiente, e então chegue ao grau mais elevado de meditação; 29. Então o mérito ligado àqueles que praticam as virtudes descritas acima, durante milhares de kotis de Aeons, 30. (É menor que aquele) de um homem ou mulher, que após ouvir a duração de minha vida, seja por um só momento creia nela; este mérito é sem fim. 31. Aquele que renunciando a dúvida, o vacilo e apreensão, crer, mesmo que seja por um curto momento, obterá uma tal recompensa. 32. Os Bodhisatvas também, que praticaram aquelas virtudes durante kotis de Aeons, não ficarão surpresos ao ouvirem desta inconcebivelmente comprida vida minha. 33. Eles inclinarão suas cabeças (e pensarão): ‘Que eu também no futuro me torne uma tal pessoa e liberte kotis de seres vivos! 34. ‘Assim como o Senhor Shakyamuni, o Leão da raça Shakya, depois de ter ocupado seu assento no terraço da iluminação, levantou seu rugido de leão; 35. ‘Assim também eu no futuro possa estar sentado no terraço da iluminação, honrado por todos os mortais, para ensiná-lo tão longa vida!’ 36. Aqueles que possuírem a intenção firme como esta e tiverem aprendido os princípios, compreenderão o mistério e não sentirão insegurança. Novamente, Agita, aquele que após ouvir este Dharmaparyaya, que contém uma exposição da duração da vida do Tathagata, a apreende, penetra e compreende, produzirá um acúmulo de mérito imensurável que levará ao conhecimento de Buda; desnecessário dizer que aquele que ouvir um tal Dharmaparyaya como este ou causar com que outros o ouçam; que o mantém na memória, o lê, compreende ou faz com que outros o compreendam; que o escreve ou faz com que seja escrito, o coleta ou o tenha coletado num volume, o honra, respeita, venera com flores, incenso, guirlandas perfumadas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, lâmpadas (acesas) de óleo, lâmpadas de ghee, ou lâmpadas cheias de óleo perfumado, produzirão um acúmulo de mérito muito maior que levará ao conhecimento de Buda. E, Agita, como um teste se este moço ou moça de boa família que ouve esta exposição da duração da vida do Tathagata decisivamente crê nele pode ser tomado o seguinte. Eles me perceberão ensinando a lei aqui no Gridhrakuta, cercado por uma hoste de Bodhisatvas, atendido por uma hoste de Bodhisatvas, no centro da congregação dos discípulos. Eles perceberão aqui meu campo de Buda no mundo de Saha, consistindo de lápis-lázuli e formando uma planície plana; formando um tabuleiro de xadrez de oito compartimentos com fios de ouro; separado com árvores de jóias. Eles perceberão as torres que os Bodhisatvas usam com moradias. Com este teste, Agita, a pessoa pode saber se um moço ou moça de boa família tem uma crença firme. Além disto, Agita, eu declaro que um moço de boa família que, depois da extinção completa do Tathagata, não rejeitar, mas alegremente aceitar este Dharmaparyaya ao ouvi-lo, que um tal moço de boa família também é sincero em sua crença; muito mais ainda aquele que o mantiver de memória ou o ler. Aquele que depois de coletar este Dharmaparyaya em um volume e o levar no ombro, leva o Tathagata no seu ombro. Tal moço ou moça de boa família, Agita, não precisa fazer Stupas para mim, nem mosteiros; não necessita dar à congregação de monges medicamentos para os doentes, ou (outros) requisitos. Pois que, Agita, um tal moço ou moça de boa família construiu (espiritualmente) para a veneração de minhas relíquias Stupas das sete substâncias preciosas até o mundo de Brahma de altura, e com uma circunferência proporcional, com os pára-sóis que ali pertencem, com flâmulas triunfais, com sinos repinicando e cestas; mostrou muitos sinais de respeito àquelas Stupas de relíquias com flores celestes e terrestres diversas, incenso, guirlandas perfumadas, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, bandeirolas, com címbalos variados e doces, agradáveis, e de som claro, e tambores, afinados, ruídos, sons de instrumentos musicais e castanhetas, com canções, e danças variadas, de muitos e inumeráveis tipos; fez estes atos de veneração durante muitos, inumeráveis milhares de kotis de Aeons. Aquele que mantém em memória este Dharmaparyaya depois de minha extinção completa, que o lê, escreve, divulga, Agita, também terá construído mosteiros, grandes espaçosos, extensos, feitos de madeira de sândalo vermelha, com trinta e dois pináculos, oito andares, que dêem para mil monges, adornados com jardins e com flores, tendo caminhos equipados com abrigos, completamente abastecidos com carne, comida e bebida e medicamentos para os doentes, bem equipado com todos os confortos. E aqueles numerosos, inumeráveis seres, digamos cem ou mil ou dez mil ou um koti ou cem kotis ou mil kotis, ou centenas de milhares de kotis ou dez milhares vezes cem milhares de kotis, eles devem ser considerados com formando a congregação de discípulos que me vêem face a face, e deve ser considerados como aqueles a quem eu abençoei plenamente. Aquele que, depois de minha extinção completa, mantiver este Dharmaparyaya, o ler, promulgar, ou escrever, ele, eu repito, Agita, não necessita construir Stupas de relíquias, nem venerar a congregação; não é necessário dizê-lo, Agita, que o moço ou moça de boa família que, mantendo este Dharmaparyaya, o coroar com caridade em doações, moralidade, autodomínio, energia, meditação, ou sabedoria, produzirá um acúmulo de mérito muito maior; é de fato, imenso, incalculável, infinito. Assim como o elemento do éter, Agita, é sem fim, para o leste, sul, oeste, norte, em baixo, em cima, e nos quarteirões intermediários, assim imensos e incalculáveis acúmulos de mérito, que conduzem ao conhecimento de Buda, serão produzidos por aquele moço ou moça de boa família que mantiver, ler, escrever, ou fizer com que seja escrito, este Dharmaparyaya. Ele será zeloso em venerar os templos do Tathagata; ele louvará os discípulos do Tathagata, louvará as centenas de milhares de miríades de kotis de virtudes dos Bodhisatvas Mahasatvas, e as exporá aos demais; ele será realizado em autodomínio, será moral, de bom caráter, agradável de convívio, e tolerante, modesto, não invejoso de outros, não encolerizado, nem vicioso mentalmente, de boa memória, esforçado e sempre ocupado, devotado à meditação lutando por chegar ao estado de Buda, dando grande valor à meditação abstrata, com freqüência engajado na meditação abstrata, hábil em resolver questões e em evitar centenas de milhares de miríades de kotis de perguntas. Qualquer Bodhisatva Mahasatva, Agita, que, depois da completa extinção do Tathagata, mantiver este Dharmaparyaya, terá as boas qualidades que eu acabei de descrever. Um tal moço ou moça de boa família, Agita, deve ser considerado como indo ao terraço da iluminação; aquele moço ou moça de boa família marcha em direção ao pé da árvore da iluminação para ganhar a iluminação. E onde aquele moço ou moça de boa família, Agita, se quedar, sentar, ou andar, ali se deve erigir um templo, dedicado ao Tathagata, e o mundo, inclusive dos deuses, deveria dizer: Esta é uma Stupa das relíquias do Tathagata. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 37. Uma massa de mérito imensa, como eu mencionei com freqüência, deverá ser daquele que, depois da extinção completa do Líder dos homens, mantiver este Sutra. 38. Ele terá prestado veneração a mim, e construído Stupas de relíquias, feitas de substâncias preciosas, variegadas, belas e esplêndidas; 39. De altura chegando ao mundo de Brahma, com fileiras de pára-sóis, grandes de circunferência, lindos e decorados com flâmulas triunfais; 40. Ressoando com límpidos sons de sinos, e decorada com bandas de seda, enquanto que sininhos, movidos pelo vento formam um outro ornamento no (templo das) relíquias do Gina. 41. Ele terá demonstrado uma grande honra a elas com flores, perfumes, e óleos; com música, roupas, e o (som) repetido de címbalos. 42. Ele fará com que doces instrumentos musicais sejam tocados naquelas relíquias, e lâmpadas com óleo perfumado sejam mantidas acesas em toda parte no templo. 43. Aquele que no período de depravação mantiver e ensinar este Sutra, ele terá me prestado uma veneração tão infinita e variada. 44. Ele erigiu muitos kotis de excelentes mosteiros de madeira de sândalo, com trinta e dois pináculos, e de oito andares de altura; 45. Cheios de leitos, com comida dura e macia; mobiliado com cortinas excelentes, e tendo milhares de quartos. 46. Ele terá dado eremitérios e caminhos embelezados com jardins de flores; muitos objetos elegantes de várias formas e variados. 47. Ele demonstrou veneração variada ao conjunto de discípulos em minha presença, aquele que, depois de minha extinção, tiver mantido este Sutra. 48. Que a pessoa seja a melhor possível, muito maior mérito obterá aquele que mantiver ou escrever este Sutra. 49. Que a pessoa faça com que isto seja escrito e que o encaderne bem em um volume; que ele sempre venere o volume com flores, guirlandas, óleos. 50. Que ele sempre o coloque próximo a uma lâmpada cheia de óleo perfumado, junto com lótus desabrochados e oferendas adequadas de Michelia Champaka. 51. Aquele que prestar uma tal veneração aos livros produzirá uma massa de méritos que não pode ser medida. 52. Da mesma forma que não se pode medira o elemento do éter, em nenhuma das dez direções, da mesma forma não há medidas a esta massa de méritos. 53. Quanto mais não será o caso com aquele que é paciente, humilde, devotado, moral, estudioso, e dedicado à meditação; 54. Que não irascível, não é traiçoeiro, que é reverente para com o santuário, sempre humilde com os monges, não convencido, nem negligente; 55. Sábio e sensível, não zangado ao ser indagado uma pergunta; aquele que, cheio de compaixão para com os seres vivos, dá tal instrução como é necessária. 56. Se houver uma tal pessoa que (ao mesmo tempo) mantiver este Sutra, ele possuirá uma massa de mérito que não pode ser medida. 57. Se alguém encontrar uma tal pessoa como aquela descrita, um mantenedor deste Sutra, deve se prestar homenagem a ele. 58. Deve se lhe presentear com flores divinas, o cobrir com roupas divinas, e inclinar a cabeça para saudar seus pés, tendo a convicção que ele é o Tathagata. 59. Vendo uma tal pessoa pode se fazer a reflexão que ele está se dirigindo em direção ao pé da árvore para chegar à iluminação suprema e abençoada para o bem de todo o mundo, inclusive dos deuses. 60. E onde quer que um tal sábio esteja andando, de pé, ou sentado, ou deitado; sempre que o herói pronunciar nem que seja uma só estrofe deste Sutra; 61. Ali devemos construir uma Stupa para o mais elevado dos homens, uma (Stupa) esplêndida, linda, dedicada ao Senhor Buda, o Chefe, e então venerá-la de formas variadas. 62. Aquele lugar na terra que foi ocupado por mim mesmo; ali eu mesmo andei, e ali eu sentei; onde aquele filho do Buda ficou, eu fiquei.
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    Saddharma-Pundarika / Indicação do Mérito da Aceitação Alegre / Capítulo 17
    CAPÍTULO 17
    INDICAÇÃO DO MÉRITO DA ACEITAÇÃO ALEGRE
    Com isto o Bodhisatva Mahasatva Maitreya disse ao Senhor: Ó Senhor, aquele que, depois de ouvir este Dharmaparyaya sendo pregado, alegremente o aceita, seja aquela pessoa um moço de boa família ou uma moça, quanto mérito, Ó Senhor, será produzido por um tal moço ou moça de boa família? E naquela ocasião o Bodhisatva Mahasatva Maitreya pronunciou este estrofe: 1. Quão grande será o mérito daquele que, depois da extinção do grande Herói, ouvir este exaltado Sutra e alegremente o aceitar? E o Senhor disse ao Bodhisatva Mahasatva Maitreya: Se alguém, Agita, seja um moço de boa família ou uma moça, depois da extinção completa do Tathagata, ouvir este Dharmaparyaya sendo ensinado, seja um monge ou uma monja, um devoto leigo homem ou mulher, um homem de compreensão madura ou um menino ou menina; se o ouvinte alegremente o aceitar, e aí depois do sermão se soerguer para ir a outro lugar, a um mosteiro, casa, floresta, rua, aldeia, cidade, ou província, com o objetivo expresso de expor a lei tal qual ele a entendeu, tal como a ouviu, e de acordo com a medida de seu poder, a uma outra pessoa, sua mãe, pai, parente, amigo, conhecido, ou qualquer outra pessoa; se o último, depois de a ouvir, alegremente a aceitar, e, em conseqüência comunica a outro; se o último, depois de a ouvir, alegremente a aceitar, e a comunicar a outro; se este outro, novamente, depois de ouvi-la, alegremente a aceita, e assim por diante em sucessão até que o número de cinqüenta seja atingido; então, Agita, a qüinquagésima pessoa a ouvir e alegremente aceitar a lei assim ouvida, seja um moço de boa família ou uma moça, terá adquirido um acúmulo de mérito relacionado com a aceitação alegre, Agita, que eu vou demonstrar-vos. Ouvi, e o aprendei bem; eu vos direi. É, Agita, como se os seres existindo nas quatrocentas centenas de milhares de Asankyeyas de mundos, em qualquer um dos seis estados de existência, nascido de ovo, de ventre, de umidade quente, ou de metamorfose, quer tenham forma ou não, sejam conscientes ou inconscientes, nem conscientes nem inconscientes, sem pés, de dois pés, de quatro pés, ou de muitos pés, tantos seres quantos estejam contidos no mundo das criaturas, ——, ( como se) tivessem todos estes seres unidos em um lugar. Além disto, suponhamos que algum homem apareça, um amante da virtude, um amante do bem, que dá àquele corpo todo os prazeres, esportes, divertimentos, e gozos que eles desejam, gostam e apreciam. Ele dá a cada qual deles Gambudvipa para os seus prazeres, esportes, divertimentos e gozos; lhes dá barras de ouro, ouro , prata, gemas, pérolas, lápis-lázuli, conchas, pedras, coral, carruagens atreladas com cavalos, com bois, com elefantes; dá-lhes palácios e torres. Deste forma, Agita, aquele mestre de beneficência, aquele grande mestre de beneficência continua a dar seus presentes durante oitenta anos ao todo. Então, Agita, aquele mestre de beneficência, aquele grande mestre de beneficência reflete assim: Todos estes seres eu permiti que se divertissem e se deleitassem, mas agora estão cobertos de rugas e de cabelos brancos, velhos, decrépitos, de oitenta anos de idade, e próximos aos términos de suas vidas. Deixe-me então iniciá-los na disciplina da lei, revelada pelo Tathagata, e os instrui. Com isto, Agita, o homem exorta a todos aqueles seres, e dali em diante os inicia na disciplina da lei revelada pelo Tathagata, e os faz adotá-la. Aqueles seres aprendem a lei dele, em um momento, um instante, um lapso de tempo, todos se tornam Srotaapannas, obtém o fruto da hierarquia de Sakridagamin e de Anagamim, até que se tornam Arhats, livres de todas as imperfeições, adeptos na meditação com as oito emancipações. Agora, qual é a vossa opinião, Agita, irá aquele mestre de beneficência, aquele grande mestre de beneficência, por causa de suas ações, produzir grande mérito, imenso, incalculável mérito? Com o que o Bodhisatva Mahasatva Maitreya disse em reposta ao Senhor: Certamente, Senhor; certamente, Sugata; aquela pessoa, Senhor, irá produzir muito mérito por causa disto, porque dá aos seres tudo que é necessário à felicidade; quanto mais se os estabelecer no Arhatado!
    Isto dito, o Senhor disse ao Bodhisatva Mahasatva Maitreya o seguinte: Eu te anuncio, Agita, eu te declaro; (pegue) de um lado o mestre de beneficência, o grande mestre de beneficência, que produz mérito dando a todos os seres nas quatrocentas centenas de milhares de Asankhyeyas de mundos tudo que é necessário à felicidade e os estabelecendo no Arhatado; (pegue) do outro lado a pessoa que, classificada como qüinquagésima na série de tradição oral da lei, ouve, seja apenas uma só estrofe, uma só palavra deste Dharmaparyaya e alegremente a aceita; se (compararmos) a massa de méritos ligada com a aceitação alegre e a massa de méritos ligada à caridade do mestre de beneficência, do grande mestre de beneficência, então o maior mérito será daquele que, classificado em qüinquagésimo lugar nas série de tradição oral da lei, depois de ouvir seja apenas uma só estrofe, uma só palavra, deste Dharmaparyaya, alegremente a aceita. Contra esta acumulação de mérito, Agita, esta acumulação das raízes da bondade ligadas àquela aceitação alegre, a acumulação de méritos primeiro ligada à caridade daquele mestre de beneficência, daquele grande mestre de beneficência, e ligada à confirmação no Arhatado, não chega a 1/100 parte, nem a 1/100.000 parte, nem a 1/10.000.000 parte, nem a 1/1.000.000.000 parte, nem a 1/1.000×10.000.000, nem a 1/100.000×10.000.000, nem a 1/100.000×10.000×10.000.000 parte; não admite cálculos, nem contas, nem espaçamento, nem comparação, nem aproximação, nem ensinamento secreto. Tão imenso, incalculável, Agita, é o mérito que uma pessoa, classificada como a qüinquagésima na série da tradição da lei, produz por alegremente aceitar, seja apenas uma só estrofe, uma só palavra deste Dharmaparyaya; quanto mais então (produzirá) aquele, Agita, que ouve este Dharmaparyaya em minha presença e aí alegremente o aceita? Eu declaro, Agita, que a sua acumulação de mérito será ainda mais imensa, mais incalculável. E além disto, Agita, se um moço de boa família, ou uma moça, com a intenção de ouvir este discurso sobre a lei, vai de casa a um mosteiro, e lá ouve este Dharmaparyaya por um só momento, quer de pé ou sentado, então aquela pessoa, meramente pela massa de mérito resultante daquela ação, irá, depois do término de sua vida (presente), e no tempo de sua segunda existência quando receber um (outro) corpo, se tornar possuidor de carruagens atreladas com bois, cavalos, ou elefantes, de liteiras, veículos puxados por búfalos, e de carros aéreos celestes. Se além disto aquela mesma pessoa naquela pregação sentar-se, seja por um só momento, para ouvir este Dharmaparyaya, ou persuadir a outro para sentar-se ou partilhar com ele seu assento, ele irá pela acumulação de mérito resultante daquela ação ganhar assentos de Indra, assentos de Brahma, assentos de um Kakravartin. E, Agita, se alguém, um moço de boa família, ou moça, disse a uma outra pessoa: Venha, amigo, e ouça o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, e se aquela outra pessoa devido àquela exortação for persuadida a ouvir, seja por um só momento, então o primeiro irá pela virtude daquela raiz de bondade, consistindo daquela exortação, obter a vantagem de uma ligação com Bodhisatvas que adquiriram Dharani. Ele tornar-se-á o oposto do bronco, obterá faculdades aguçadas, e terá sabedoria; no curso de centenas de milhares de existências ele não terá nunca uma boca fétida, nem ofensiva; não terá doenças na língua, nem na boca; não terá dentes escuros, nem dentes desiguais, amarelos, encravados, quebrados, ou podres; seus lábios não serão pendidos, nem virados para dentro, nem com brechas, nem mutilados, nem feios; o seu nariz não será chato, nem disforme; seu rosto não será comprido, nem disforme, nem desagradável. Ao contrário, Agita, sua língua, e dentes, e lábios serão delicados e bem formados; seu nariz comprido; seu rosto perfeitamente redondo; as sobrancelhas bem formadas; a testa bem formada. Receberá um órgão muito completo de masculinidade. Terá a vantagem que o Tathagata dê sermões inteligíveis a ele e breve entrará em contato com os Senhores Budas. Vê, Agita, quanto bem é produzido pela incitação, seja só por um momento de uma só criatura; quanto mais então por aquele que reverentemente ouve, reverentemente lê, reverentemente prega, reverentemente promulga a lei! E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estofes: 2. Ouvi quão grande é o mérito daquele que, o qüinquagésimo em uma série (de tradição), ouve uma só estrofe deste Sutra, e com a mente plácida alegremente o adota. 3. Suponha que haja um homem com o hábito de fazer doações a miríades de kotis de seres, a quem eu aqui indiquei como uma comparação; a todos eles os satisfaz durante oito anos. 4. Então vendo que a velhice se lhes aproxima, que suas testas estão enrugadas e suas cabeças cinzas (ele pensa): Céus, como todos os seres decaem! Deixe-me portanto admoestá-los (falando) da lei. 5. Ele os ensina a lei aqui na terra e aponta o estado do Nirvana no além. ‘Todas as existências'(diz ele) ‘são como uma miragem; apressai-vos a ficarem nauseados com toda existência.’ 6. Todos os seres, ouvindo a lei desta pessoa caridosa, se tornam imediatamente Arhats, livres de imperfeições, e vivendo suas últimas vidas. 7. Muito mais mérito do que por aquela pessoa, será adquirido por aquele que através da tradição contínua ouça seja só uma estrofe e alegremente a receber. A massa de mérito do primeiro não é tanto quanto uma pequena parcela da do último. 8. Tão grande será o mérito da pessoa, sem fim, imensurável, devido a se ter ouvido meramente uma só estrofe, na tradição regular; quanto mais então se a vir face a face. 9. E se alguém exorta seja apenas uma só criatura e diz: Vá, ouça a lei, pois este Sutra é raro em muitas miríades de kotis de Aeons; 10. E se a criatura assim exortada ouvir este Sutra mesmo que seja por um momento, vejam que fruto virá desta ação. Ele nunca terá uma doença de boca; 11. Sua língua não ficará nunca ferida; seus dentes nunca cairão, não estarão jamais pretos, amarelos, desiguais; seus lábios nunca se tornarão feios; 12. Seu rosto não é disforme, nem magro, nem comprido; seu nariz não é chato; é bem formado, bem como sua testa, dentes, lábios e face redonda. 13. Seu aspecto é sempre agradável aos homens; sua boca não é nunca fétida, constantemente emite um cheiro doce como o lótus. 14. E se algum homem sábio, para ouvir este Sutra, vai de sua casa para um mosteiro e lá o ouve, seja só por momento, com uma mente plácida, vejam o que resulta disto. 15. O seu corpo é muito bem formado; ele anda em carruagens puxadas a cavalo, aquele sábio, monta em carruagens elevadas de elefantes e variegadas com gemas. 16. Ele possui liteiras cobertas de ornamentos e carregados por numerosos homens. Tal é o fruto abençoado de ter ido ouvir a pregação. 17. Devido à realização deste trabalho pio, ele obterá, quando sentando-se na assembléia, assentos de Brahma, assentos de reis.
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    Saddharma-Pundarika / Vantagens de um Pregador Religioso / Capítulo 18
    CAPÍTULO 18
    VANTAGENS DE UM PREGADOR RELIGIOSO
    O Senhor então se dirigiu ao Bodhisatva Mahasatva Satatasamitabhiyukta (i.e. sempre e constantemente esforçado). Quem quer que seja, moço de boa família, que mantiver, ler, ensinar, escrever este Dharmaparyaya ou o tiver escrito, seja aquela pessoa um moço de boa família ou uma moça, obterá oitocentas boas qualidades de vista, mil e duzentas de audição, oitocentas de olfato, mil e duzentas da paladar, oitocentas de corpo e mil e duzentas de mente. Com estas muitas centenas de boas qualidades o todo dos seis órgãos será perfeito, completamente perfeito. Por causa do olho natural, carnal obtido de seus pais ser perfeito, ele verá a todo o universo triplo por fora e por dentro, com suas montanhas e bosques cerrados, até o grande inferno de Aviki e até à extremidade da existência. E isto verá ele com o seu olho natural, bem como as criaturas ali encontradas, e ele saberá o fruto de seus trabalhos. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 1. Ouvi de mim que boas qualidades pertencerão àquele que sem hesitação e sem desânimo pregar este Sutra à assembléia congregada. 2. Primeiramente então, o seu olho (ou órgão da visão) possuirá oitocentas boas qualidades pelas quais estará correto, límpido e despreocupado. 3. Com sua vista carnal obtida de seus pais ele verá a todo mundo por dentro e por fora. 4. Ele verá o Meru e o Sumeru, todo o horizonte e outras montanhas, bem como os mares. 5. Ele, o herói, vê a tudo, até o inferno de Aviki e acima à extremidade da existência. Tal é a sua vista carnal. 6. Mas ele não obteve ainda o olho divino, não tendo sido produzido em si; tal como aqui descrito é o alcance de sua vista carnal. Além disto, Satatasamitabhiyukta, o moço de boa família, ou moça que proclame este Dharmaparyaya e o pregue a outros, está possuído das mil e duzentas boas qualidades do ouvido. Os vários sons que são emitidos no universo triplo, até o grande inferno de Aviki e acima até os limites da existência, dentro e fora, tais como os sons de cavalos, elefantes, vacas, pessoas do campo, cabras, carros; os sons de choro e lamentação; de horror, de trombetas de concha, sinos, címbalos; de brincar e cantar; de camelos, de tigres; de mulheres, homens, meninos e meninas; da justiça (piedade) e da injustiça (impiedade); do prazer e da dor; de homens ignorantes e aryas; sons agradáveis e desagradáveis; sons de deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres não-humanos; de monges, discípulos, Pratyekabudas, Bodhisatvas, e Tathagatas; tantos sons quantos são emitidos no mundo triplo, dentro e fora, todos estes ele ouve com o seu órgão natural de audição quando perfeito. Ainda assim ele não possui o ouvido divino, apesar de perceber os sons das diferentes criaturas, compreender, discernir os sons daquelas diferentes criaturas, e quando, com o seu órgão natural de audição, ele ouve os sons daquelas criaturas, o seu ouvido não é dominado por nenhum daqueles sons. Tal, Satatasamitabhiyukta, é o órgão de audição que o Bodhisatva Mahasatva adquire; contudo ele não possui ainda o ouvido divino. Assim falou o Senhor; e ele, o Sugata, o Mestre, prosseguiu acrescentando: 7. O órgão de audição de tal pessoa se torna (ou, é) limpo e aperfeiçoado, apesar de ser ainda natural; com ele percebe os diferentes sons, sem exceção, neste mundo. 8. Ele percebe os sons de elefantes, cavalos, carros, vacas, cabras e ovelhas; de barulhos entre os tambores, címbalos, tambores, alaúdes, flautas, alaúdes Vallaki. 9. Ele pode ouvir o canto, encantador e doce e, ao mesmo tempo, é constante o bastante para não ser seduzido por isto; ele percebe os sons de kotis de homens, o que quer que e onde quer que eles estejam falando.
    10. Ele, além disto, sempre ouve as vozes dos deuses e Nagas;; ele ouve as melodias, doces e tangentes, da canção, bem como as vozes de homens e mulheres, meninos e meninas 11. Ele ouve os gritos de habitantes de montanhas e ravinas; as notas suaves de Kalavinkas, cucos, pavões, faisões e outros pássaros. 12. Ele também (ouve) os gritos que cortam o coração daqueles que estão sofrendo dores nos infernos, e os berros emitidos pelos Espíritos, perturbados como estão pelas dificuldades de obter comida; 13. De forma semelhante os diferentes gritos produzidos por demônios e os habitantes do oceano. Todos estes sons o pregador é capaz de ouvir de seu lugar na terra, sem ser dominado por eles. 14. De onde ele está estacionado aqui na terra ele também ouve os diferentes e múltiplos sons através dos quais os habitantes dos reinos dos brutos conversam uns com os outros. 15. Ele apreende todos os sons, sem quaisquer exceções, com os quais os numerosos anjos vivendo no mundo de Brahma, os Akanishthas e Abhasvaras, chamam-se uns aos outros. 16. Ele igualmente ouve o som que os monges na terra levantam quando se ocupam de ler, e quando pregando a lei às congregações, depois de se ordenarem sob o comando dos Sugatas. 17. E quando os Bodhisatvas aqui na terra têm uma leitura juntos e levantam suas vozes nos sínodos gerais, ele os ouve variamente. 18. O Bodhisatva que prega este Sutra deverá, uma vez, também ouvir a lei perfeita que o Senhor Buda, o que controla os homens, anuncia às assembléias. 19. Os numerosos sons produzidos por todos os seres no mundo triplo, neste campo, dentro e fora, (abaixo até) o Aviki e acima até a extremidade da existência, são ouvidos por ele. 20. (Em resumo), ele percebe as vozes de todos os seres, o seu ouvido estando aberto. Estando em possessão de seus seis sentidos, ele discernirá as diferentes fontes (do som), e isto enquanto o seu órgão de audição for aquele natural. 21. O ouvido divino ainda não está operando nele; o seu ouvido continua no estado natural. Tais como aqui descritas são as boas qualidades do sábio que deverá ser um mantenedor deste Sutra. Além disto, Satatasamitabhiyukta, o Bodhisatva Mahasatva que mantiver, proclamar, estudar, escrever este Dharmaparyaya se torna possuidor de um perfeito órgão de olfato com oitocentas boas qualidades. Por intermédio daquele órgão ele percebe os diferentes odores que podem ser achados no mundo triplo, dentro e fora, tais como cheiros fétidos, cheiros agradáveis e desagradáveis, a fragrância de diversas flores, como o jasmim de muitas flores, o jasmim Arábico, Michelia Champaka, trombetas; de forma idêntica os diferentes cheiros de flores aquáticas, como o lótus azul, o lótus vermelho, a flor do açucena branco e o lótus branco. Ele percebe o odor das frutas e flores de várias árvores que dão frutos e flores, tais como o sândalo, Xanthochymus, Tabernaemontana, agallochum. As múltiplas centenas de milhares de misturas de perfumes que ele percebe e discerne, sem mover-se de seu lugar. Ele percebe os diversos cheiros das criaturas, como elefantes, cavalos, vacas, cabras, animais, bem como o cheiro vindo do corpo de vários seres vivos na condição de brutos. Ele percebe os cheiros exalados pelos corpos de mulheres e homens, de meninos e meninas. Ele percebe, mesmo à distância, o cheiro das relvas, arbustos, ervas, árvores. Ele percebe aqueles cheiros tais como realmente são, e não fica surpreso ou chocado com eles. Quedando-se nesta terra mesma ele percebe o odor de deuses e a fragrância de flores celestes, tais como Erythrina, Bauhinia, Mandarava, e grandes Mandaravas, Mangusha e grandes Mangusha. Ele cheira o perfume dos pós divinos do sândalo e agalochum, bem como daquele de centenas de milhares de misturas de diferentes flores divinas. Ele cheira o odor exalado pelos corpos dos deuses, tais como Indra, o chefe dos deuses, e com isto sabe se (o deus) está em folguedos, jogando, e se divertindo em seu palácio Vaigayanta ou está contando a lei aos deuses do paraíso no salão da assembléia dos deuses, Sudharma, ou está utilizando o parque de prazeres para folguedos. Ele sente o odor proveniente do corpo dos vários outros deuses, bem como aquele proveniente das meninas e esposas dos deuses, dos jovens e senhoritas dentre os deuses, sem ficar surpreso ou chocado com estes odores. Ele igualmente sente o odor exalado pelos corpos de todos os Devanikayas, Brahmakayikas e Mahabrahmas?. Da mesma forma ele percebe os cheiros vindo de discípulos, Pratyekabudas, Bodhisatvas, e Tathagatas. Ele sente o cheiro advindo dos assentos dos Tathagatas e assim descobre onde aqueles Tathagatas, Arhats, etc. moram. E por nenhum de todos estes diferentes odores é o seu órgão de olfato obstruído, bloqueado, ou dificultado; e, se necessário, ele poderia dar um relato daqueles cheiros de todos sem que sua memória fosse prejudicada com isto. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 22. O seu órgão de olfato está completamente correto, e ele percebe os vários e múltiplos cheiros, bons e maus, que existem neste mundo. 23. A fragrância do jasmim de muitas flores, jasmim Arábico, Xanthochymus, sândalo, agallochum, de várias flores e frutos. 24. Ele percebe igualmente os cheiros exalados por homens, mulheres, meninos e meninas, a uma distância considerável, e pelo cheiro ele sabe onde eles estão. 25. Ele reconhece imperadores, regentes de exércitos, governadores de província, bem como príncipes reais e ministros e todas as damas do harém pelo seu (cheiro) peculiar. 26. É pelo odor que o Bodhisatva descobre as múltiplas jóias das coisas, tais como são achadas na terra e tais que sirvam como jóias para mulheres. 27. Aquele Bodhisatva sabe igualmente, pelo odor, de vários tipos de ornamentos que as mulheres usam para os seus corpos, mantos, coroas e óleos. 28. O sábio que mantiver este Sutra exaltado reconhecerá, pelo poder de um órgão que cheira bem, uma mulher de pé, sentada, ou deitada: ele descobrirá o esporte vadio e o poder mágico. 29. Ele percebe imediatamente onde ele está, a fragrância de óleos perfumados, e os diferentes odores de flores e frutos e com isto sabe de que fonte o odor provem. 30. O homem que discerne, reconhece pelo odor as numerosas árvores de sândalo em pleno desabrochar nas encostas das montanhas, bem como todas as criaturas que lá se quedam. 31. Todos os seres vivendo no compasso do horizonte ou morando nas profundezas do mar ou no seio da terra, o homem que discerne sabe distinguir por seu cheiro (peculiar). 32. Ele discerne os deuses e demônios, e os filhos dos demônios; ele descobre os folguedos dos demônios e o seu luxo. Tal, verdadeiramente, é o poder de seu órgão de olfato. 33. Pelo cheiro ele descobre as moradias dos quadrúpedes nas florestas, leões, tigres, elefantes, cobras, búfalos, vacas, crocodilos. 34. Ele infere pelo cheiro, se a criança que aquela mulher, lânguida da gravidez, traz no ventre é menino ou menina. 35. Ele pode perceber se um mulher está grávida com uma criança morta; ele discerne se ela está sujeita a dores de parto e, além disto, se, as dores sendo removidas, deverá dar à luz a uma criança saudável. 36. Ele adivinha os vários desígnios dos homens, ele cheira (por assim dizer) um cheiro de desígnios; ele descobre o cheiro de pessoas passionais, más, hipócritas, ou quietas. 37. Aquele Bodhisatva pelo cheiro percebe tesouros escondidos no chão, dinheiro, ouro, barras de ouro, prata, arcas e potes de metal. 38. Colares de dois tipos, gemas, pérolas, jóias belas sem preço ele conhece pelo cheiro, bem como as coisas sem preço e brilhantes em geral. 39. Aquele grande homem de seu lugar mesmo na terra cheira as flores aqui acima (no céu) como os deuses, tais como Mandaravas, Mangushakas, e aquelas crescendo na árvore de coral. 40. Pelo poder de seu órgão do olfato, ele, sem deixar seu lugar na terra, percebe como e de quem são os carros aéreos, de tamanhos grandes, pequenos e médios, e outras formas brilhantes faiscando ( pelo firmamento). 41. Ele percebe igualmente o paraíso, os deuses (no salão) de Sudharma e no muito glorioso paraíso de Vaigayanta, e os anjos que lá estão se divertindo. 42. Ele percebe, aqui na terra, um ar deles; pelo cheiro ele conhece os anjos, e onde cada um deles está agindo, quedando-se, ouvindo, ou andando. 43. Aquele Bodhisatva descobre pelo cheiro as ninfas que estão decoradas com muitas flores, enfeitadas de coroas e ornamentos e de vestimentas completas; ele sabe se elas estão partindo ou se quedando naquele momento. 44. Pelo cheiro ele apreende os deuses Brahmanes, e Brahmakayas se movendo em carros aéreos alados, acima das extremidades da existência; ele sabe se eles estão absortos em meditação ou despertaram dela.
    45. Ele percebe os anjos Abhasvara caindo (e faiscando) e aparecendo, mesmo aqueles que ele nunca viu antes. Tal é o órgão de olfato do Bodhisatva que mantiver este Sutra. 46. O Bodhisatva também reconhece a todos os monges sob o comando do Sugata, que estão estrenuamente ocupados em suas andanças e acham o seus deleites em suas lições e leituras. 47. Inteligente como é, ele discerne aqueles dentre os filhos do Gina que são discípulos e aqueles que estão acostumados a viver ao pé de árvores, e ele sabe que o monge tal e tal se queda em tal e tal lugar. 48. O Bodhisatva sabe pelo cheiro se outros Bodhisatvas são de boa memória, meditativos, se deleitando em suas lições e leituras, e assíduos em pregar às congregações. 49. Em qualquer ponto do espaço o Sugata, o grande Vidente, tão benigno e doador, revela a lei em meio a uma multidão de discípulos que o atende, o Bodhisatva pelo odor o reconhece como o Senhor do universo. 50. Ficando na terra, o Bodhisatva também percebe aqueles seres que ouvem a lei e se alegram com ela, e toda a assembléia do Gina. 51. Tal é o poder de seu órgão de olfato. Contudo não é o órgão divino que ele possui, mas (o natural) antes da faculdade do olfato perfeito e divino. Além disto, Satatasamitabhiyukta, o moço de boa família ou a moça que mantiver, ensinar, proclamar este Dharmaparyaya deverá ter um órgão do gosto possuído de mil e duzentas boas faculdades da língua. Todos os sabores que ele degustar apresentarão um gosto divino e raro. E ele prova de uma tal forma que ele não degusta nada desagradável; e mesmo os sabores desagradáveis que são tomados por sua língua apresentarão um sabor divino. E o que quer que pregue na assembléia, as criaturas ficarão satisfeitas com isto; ficarão contentes, perfeitamente contentes, cheias de deleite. Uma voz doce, suave, agradável, profunda procede dele, uma voz amável que vai ao coração, como aquela que encantará e maravilhará os seres; e aqueles a quem ele prega, depois de terem ouvido a sua voz doce, tão suave e melodiosa, serão, mesmo (que sejam) deuses, da opinião que deveriam ir e vê-lo, venerá-lo, servi-lo. E os anjos e as ninfas serão de opinião, etc. Os Indras, Brahmas, e Bhramakayikas serão de opinião, etc. Os Nagas e meninas Nagas serão da opinião etc. Os Garudas e suas moças serão de opinião, etc. Os Kinnaras e suas moças, as grandes serpentes e suas moças, os duendes e suas moças, os diabos e suas moças serão de opinião que deveriam ir e vê-lo, venerá-lo, servi-lo, e ouvir o seu sermão, e todos lhe mostrarão honra, respeito, estima, devoção, reverência e veneração. Monges e monjas, leigos devotos homens e mulheres, estarão igualmente desejosos de vê-lo. Reis, príncipes reais, e pessoas importantes, (ou ministros) também estarão desejosos de vê-lo. Reis regendo exércitos e imperadores possuindo os sete tesouros, junto com príncipes reais, ministros, damas do harém, e seus séquitos estarão desejosos de vê-lo e prestar-lhe a sua homenagem. Tão doce será o discurso dado por aquele pregador, tão verdadeiras e de acordo com o ensinamento do Tathagata serão suas palavras. Outros também, Brâmanes e leigos, cidadãos, pessoas do campo, sempre e constantemente seguirão aquele pregador até o fim de sua vida. Mesmo os discípulos do Tathagata estarão desejosos de vê-lo; igualmente os Pratyekabudas e os Senhores Budas. E onde quer que aquele moço de boa família ou moça deva ficar, lá ele (ou ela) pregará com a face dada para o Tathagata, e ele (ou ela) será um veículo valoroso das qualidades de Buda. Tal, tão agradável, tão profunda será a voz da lei que sair dele. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 52. Seu órgão de gosto será muito excelente e ele nunca degustará nada de sabor inferior; tão logo os sabores sejam postos em sua boca, eles se tornam divinos, e possuídos de gosto divino. 53. Ele tem uma voz suave e diz palavras doces, agradáveis de ouvir, encantadoras, prazerosas; no meio da assembléia ele está acostumado a falar com uma voz profunda, melodiosa. 54. E quem quer que ouça quando está pregando um sermão com miríades de kotis de exemplos, sente uma grande alegria e o mostra uma imensa veneração. 55. Os deuses, Nagas, demônios, e duendes sempre anseiam por vê-lo, e respeitosamente ouvem sua pregação. Todas aquelas boas qualidades são suas. 56. Se ele quisesse, poderia tornar sua voz ouvida por todo o mundo; sua voz é (tão) boa, doce, profunda, suave, e persuasiva. 57. Os imperadores na terra, junto com suas crianças e esposas, vão a ele com o propósito de honrá-lo, e ouvem o tempo todo o seu sermão de mãos postas.
    58. Ele é constantemente seguido por duendes, multidões de Nagas, Gandharvas, diabinhos, homens e mulheres, que o honram, respeitam, e veneram. 59. Brahma mesmo se torna o seu servente obediente; os deuses Isvara e Mahesvara, bem como Indra e as numerosas ninfas celestes, se lhes aproxima. 60. E os Budas, benignos e compassivos para com o mundo, junto com seus discípulos, ouvindo sua voz, protegem-no mostrando os seus rostos, e sentem satisfação ao ouvi-lo pregar. Além disto, Satatasamitabhiyukta, o Bodhisatva Mahasatva que mantiver, ler, promulgar, ensinar, escrever este Dharmaparyaya terá as oitocentas boas qualidades de corpo. Será puro, e mostrará uma tonalidade tão límpida quanto lápis-lázuli; será agradável à visão das criaturas. Naquele corpo perfeito ele verá todo o universo triplo; os seres que no mundo triplo aparecem e desaparecem; que são nobres ou desprezíveis, de boa ou má cor, em condição afortunada ou desafortunada, bem como os seres morando no plano circular do horizonte e do grande horizonte, nas montanhas principais Meru e Sumeru, e os seres morando abaixo do Aviki, e acima às extremidades da existência; todos eles ele os verá em seu próprio corpo. Os discípulos, Pratyekabudas, Bodhisatvas, e Tathagatas morando no universo triplo, e a lei ensinada por aqueles Tathagatas e os seres servindo aos Tathagatas, ele os verá a todos em seu próprio corpo, porque ele recebe o corpo mesmo de todos aqueles seres, e isto por causa da perfeição de seu corpo. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 61. Seu corpo torna-se perfeitamente puro, límpido, como se consistisse de lápis-lázuli; aquele que mantiver este sublime Sutra é sempre uma visão agradável para (todos) os seres. 62. Como na superfície de um espelho uma imagem é vista, assim em seu corpo o mundo. Sendo não-nascido, ele não vê a outros seres. Tal é a perfeição de seu corpo. 63. Verdadeiramente, todos os seres que estão neste mundo, homens, deuses, demônios, duendes, os habitantes do inferno, os espíritos, e a criação bruta são vistos refletidos naquele corpo. 64. Os carros aéreos dos deuses até o limite da existência, as rochas, a barra do horizonte, o Himalaia, Sumeru, e o grande Meru, todos são vistos naquele corpo. 65. Ele vê também a Budas em seu corpo, junto com os discípulos e outros filhos do Buda; de forma semelhante os Bodhisatvas que levam uma vida solitária, e aqueles que pregam a lei às congregações. 66. Tal é a perfeição de seu corpo, apesar de não ter ainda obtido um corpo divino; a propriedade natural de seu corpo é assim. Além disto, Satatasamitabhiyukta, o Bodhisatva Mahasatva que depois da extinção completa do Tathagata mantiver, ensinar, escrever, ler este Dharmaparyaya terá um órgão mental possuidor de mil e duzentas boas qualidades de intelecto. Com este perfeito órgão mental ele reconhecerá, mesmo se ouvir uma só estrofe, os seus vários significados. Compreendendo plenamente a essência ele achará nela o texto para pregar por um mês, por quatro meses, não, por um ano inteiro. E o sermão que pregar não desvanecerá de sua memória. As máximas populares da vida cotidiana, quer sejam ditados ou conselhos ele saberá conciliar com as regras da lei. Quais forem os seres neste universo triplo que estejam sujeitas ao torvelinho mundano, em quaisquer das seis condições da existência, ele saberá os seus pensamentos, ações e movimentos. Ele saberá e discernirá seus movimentos, propósitos, e objetivos. Apesar de não ainda ter atingido o estágio de um Arya, seu órgão intelectual será completamente perfeito. E tudo que ele pregar depois de ter pensado na interpretação da lei será realmente verdadeiro; ele fala o que todos os Tathagatas disseram, tudo o que foi declarado nos Sutras dos Ginas anteriores. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 67. O seu órgão mental é perfeito, lúcido, certo e despreocupado. Com ele descobre as várias leis, inferiores, superiores e medianas. 68. Ao ouvir o conteúdo de uma só estrofe, o sábio apreende seus múltiplos significados e ele é capaz de por um mês, quatro, meses, ou mesmo um ano, prosseguir expondo tanto o seu sentido convencional como o verdadeiro. 69. E os seres vivendo neste mundo dentro ou fora, deuses, homens, demônios, duendes, Nagas, brutos, 70. Os seres estacionados em quaisquer das seis condições de existência, todos os seus pensamentos o sábio conhece instantaneamente. Estas são as vantagens de manter este Sutra. 71. Ele também ouve o som sagrado da lei que o Buda, agraciado com cem sinais auspiciosos, prega por todo o mundo, e ele apreende o que o Buda diz. 72. Ele pensa muito na lei suprema, e costuma esmiuçar este assunto; ele nunca hesita. Estas são as vantagens de manter este Sutra. 73. Ele conhece as conexões e os nós; ele discerne em todas as leis, antíteses; ele conhece os significados e interpretações e as expões de acordo com o seu conhecimento. 74. O Sutra que desde há longo foi exposto pelos velhos Mestres do mundo é a lei que ele, nunca hesitando, está sempre pregando na assembléia. 75. Tal é o órgão mental daquele que mantém ou lê este Sutra; ele ainda não tem o conhecimento da emancipação , mas aquele que o precede. 76. Aquele que mantiver este Sutra do Sugata se queda no nível de um mestre; ele poderia pregar a todas as criaturas e é hábil em kotis de interpretações.
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    Saddharma-Pundarika / Sadaparibhuta / Capítulo 19
    CAPÍTULO 19
    SADAPARIBHUTA
    O Senhor então se dirigiu ao Bodhisatva Mahasatva Mahasthamaprapta. De uma forma semelhante, Mahasthamaprapta, se poderia inferir do que foi dito que aquele que rejeita um tal Dharmaparyaya como este, que abusa dos monges, monjas, devotos leigos homens e mulheres que mantiverem este Sutra, os insulta, tratando-os com palavras falsas e ásperas, experimentará tristes resultados, de uma tal forma que é difícil colocar em palavras. Mas aqueles que mantiverem, lerem, compreenderem, amplamente ou expuserem a outros, experimentarão felizes resultados, tais como eu já os mencionei: atingirão uma tal perfeição do olho, ouvido, nariz, língua, corpo e mente como eu já descrevi. Nos dias de antanho, Mahasthamaprapta, em um período passado, antes de incalculáveis Aeons, não, mais que incalculáveis, imensos, inconcebíveis, e mesmo longo tempo antes disto, apareceu no mundo um Tathagata, etc., chamado Bhishmagargitasvararaga, agraciado com ciência e conduta, um Sugata, etc., no Aeon de Vinirbhoga, no mundo Mahasambhava. Agora, Mahasthamaprapta, aquele Senhor Bhishmagargitasvararaga, o Tathagata, etc., naquele mundo Vinirbhoga, mostrou a lei em presença do mundo, inclusive deuses, homens, e demônios; a lei contendo as quatro nobres verdades e começando da corrente de causas e efeitos, tendendo a superar o nascimento, a decrepitude, a doença, a morte, a tristeza, a lamentação, dor, arrependimento, desânimo, e finalmente conduzindo ao Nirvana, ele os mostrou aos discípulos; a lei relacionada com as seis Perfeições da virtude e terminando no conhecimento do Onisciente, depois de atingir a iluminação suprema e perfeita, ele a mostrou aos Bodhisatvas. A longevidade daquele Senhor Bhishmagargitasvararaga, o Tathagata, etc., durou quarenta centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons iguais às areias do rio Ganges. Depois de sua completa extinção sua verdadeira lei permaneceu centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons iguais aos átomos (contidos) em Gambudvipa, e a impostura da verdadeira lei continuou durante centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons iguais aos átomos de pó nos quatro continentes. Quando a impostura da verdadeira lei do Senhor Bhishmagargitasvararaga, o Tathagata, etc., depois de sua extinção completa desapareceu no mundo Mahasambhava, Mahasthamaprapta, outro Tathagata Bhishmagargitasvararaga, o Arhat, etc., apareceu, agraciado com ciência e conduta. Assim em sucessão, Mahasthamaprapta, apareceram naquele mundo Mahasambhava vinte centenas de milhares de miríades de kotis de Tathagatas, etc., chamados Bhishmagargitasvararaga. Naquele tempo, Mahasthamaprapta, depois da completa extinção do primeiro Tathagata dentre todos aqueles de nome Bhishmagargitasvararaga, o Tathagata, etc., agraciado com ciência e conduta, etc., quando sua verdadeira lei desapareceu e a impostura da verdadeira lei estava desaparecendo; quando o reino (da lei) estava sendo oprimido por monges orgulhosos, havia um monge, um Bodhisatva Mahasatva, chamado Sadaparibhuta. Por que razão, Mahasthamaprapta, era aquele Bodhisatva Mahasatva chamado Sadaparibhuta? Era, Mahasthamaprapta, porque aquele Bodhisatva Mahasatva tinha o hábito de exclamar a todo o monge ou monja, leigos devotos, homens e mulheres, quando se lhes aproximava: Eu não vos desprezo, veneráveis. Não mereceis desprezo, pois todos observais o curso de dever de Bodhisatvas e vos tornareis Tathagatas, etc. Desta forma, Mahasthamaprapta, aquele Bodhisatva Mahasatva, quando monge, não ensinava ou estudava; o única coisa que fazia era, sempre que avistava de longe um monge ou monja, um devoto leigo homem ou mulher, se lhes aproximava e dizia: Eu não vos desprezo, irmãos. Não mereceis desprezo pois todos observais o curso de dever de Bodhisatvas e vos tornareis Tathagatas, etc. Assim, Mahasthamaprapta, o Bodhisatva Mahasatva naquela época costumava se dirigir a todo monge ou monja, devotos leigos, homens e mulheres. Mas todos ficavam extremamente irritados e zangados com isto, mostravam-lhe o seu desprazer e lhe abusavam e insultavam: porque ele, sem ser perguntado, declara que não sente desprezo por nós? Só ao fazer isto ele nos mostra desprezo.
    Ele se faz desprezível predizendo a nós nosso futuro destino à iluminação suprema e perfeita; nós não ligamos para o que não é verdadeiro. Muitos anos, Mahasthamaprapta, decorreram durante os quais aquele Bodhisatva Mahasatva estava sendo abusado, mas ele não ficava zangado com ninguém, nem sentia malignidade, e àqueles que, quando ele se os dirigia da maneira acima comentada, jogavam nele um pau ou uma pedra, ele exclamava em voz alta de longe: Eu não desprezo vocês. Aqueles monges e monjas, devotos homens e mulheres, sendo sempre assim chamados por ele, com aquela frase, lhe deram o apelido de Sadaparibhuta (sempre desprezado, nunca desprezado, tem sentido duplo). Nestas circunstâncias, Mahasthamaprapta, o Bodhisatva Mahasatva Sadaparibhuta ouviu por acaso este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei quando o fim de sua vida estava chegando, e o momento de morrer se aproximando. Era o Senhor Bhishmagargitasvararaga, o Tathagata, etc., que expunha este Dharmaparyaya em vinte vezes vinte centenas de milhares de miríades de kotis de estrofes, o qual o Bodhisatva Mahasatva Sadaparibhuta ouviu de uma voz nos céus, quando se aproximava o momento de sua morte. Ao ouvir aquela voz do céu, sem que ninguém estivesse falando, ele apreendeu este Dharmaparyaya e obteve as perfeições já mencionadas: a perfeição da vista, da audição, do gosto, de corpo e de mente. Ao atingir estas perfeições ele ao mesmo tempo fez uma promessa de prolongar sua vida por vinte centenas de milhares de miríades de kotis de anos, e promulgou este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. E todos aqueles seres orgulhosos, monges, monjas, devotos homens e mulheres a quem ele havia dito: Eu não desprezo vocês, e que lhe haviam lhe dado o nome de Sadaparibhuta, se tornaram seus seguidores para ouvir a lei, depois de terem constatado a força e alcance de suas faculdades mágicas sublimes, de sua promessa, de sua prontidão de humor, e de sua sabedoria. A todos aqueles e muitas centenas de milhares de miríades de kotis de outros seres foram por ele despertados para a iluminação suprema e perfeita. Depois disto, Mahasthamaprapta, aquele Bodhisatva Mahasatva desapareceu daquele lugar e propiciou a vinte centenas de kotis de Tathagatas, etc., todos tendo o mesmo nome de Kandraprabhasvararaga, sob todos os quais ele promulgou este Dharmaparyaya. Em virtude de sua raiz prévia de bondade, ele, do decurso do tempo, propiciou vinte centenas de milhares de miríades de kotis de Tathagatas, etc., todos portando o nome de Dundubhisvararaga, e sob todos ele obteve este mesmo Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei e o promulgou às quatro classes. Em virtude de sua raiz prévia de bondade ele, novamente, no decurso do tempo, propiciou vinte centenas de milhares de miríades de Tathagatas, etc., todos tendo nome de Meghasvararaga, e sob todos ele obteve este mesmo Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei e o promulgou às quatro classes. E sob todos eles ele era possuidor das acima mencionadas perfeições de vista, audição, gosto, olfato, corpo e mente. Agora, Mahasthamaprapta, aquele Bodhisatva Mahasatva Sadaparibhuta, depois de ter honrado, respeitado, estimando, venerado, reverenciado e cultuado tantas centenas de milhares de miríades de kotis de Tathagatas, e depois de ter agido da mesma forma em relação a muitas centenas de milhares de miríades de kotis de outros Budas, obteve sob todos eles este mesmo Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, e devido a sua prévia raiz de bondade ter chegado à sua maturidade plena, ganhou a iluminação suprema e perfeita. Talvez, Mahasthamaprapta, você tenha alguma dúvida, incerteza, ou reticência e pensará que aquele, que naquele tempo, naquela conjuntura era o Bodhisatva Mahasatva chamado Sadaparibhuta era um, e ele, que ora sob o reino daquele Senhor Bhishmagargitasvararaga, o Tathagata, etc., geralmente chamado Sadaparibhuta pelas quatro classes, por quem tantos Tathagatas eram propiciados, era algum outro. Mas não deves pensar assim. Pois que sou eu mesmo que naquele tempo, naquela conjuntura era o Bodhisatva Mahasatva Sadaparibhuta. Não tivesse anteriormente apreendido e mantido este Dharmaparyaya, Mahasthamaprapta, eu não teria tão cedo chegado à iluminação suprema e perfeita. É justamente porque eu mantive, li, preguei este Dharmaparyaya (derivado) dos ensinamentos dos antigos Tathagatas, etc., Mahasthamaprapta, que eu cheguei tão cedo à iluminação suprema e perfeita. Quanto às centenas de monges, monjas, devotos homens e mulheres, Mahasthamaprapta, sob quem aquele Senhor, o Bodhisatva Mahasatva Sadaparibhuta promulgou este Dharmaparyaya dizendo: Eu não vos desprezo; todos vocês observam o curso de dever dos Bodhisatvas; vocês todos se tornarão Tathagatas, etc., e em quem despertou um sentimento de malignidade para com aquele Bodhisatva, eles, em vinte centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons, nunca viram um Tathagata, nem ouviram o chamado da lei, nem o chamado da assembléia, e por dez mil Aeons sofreram dores terríveis no grande inferno de Aviki.
    Depois disto, liberados da proibição, eles, pela habilidade daquele Bodhisatva Mahasatva foram todos trazidos à plena maturidade para a iluminação suprema e perfeita. Talvez, Mahasthamaprapta, você tenha alguma dúvida, incerteza ou reticência quanto a quem naquele tempo, naquela conjuntura eram as pessoas zombando e rindo daquele Bodhisatva Mahasatva. Eles eram, nesta mesma assembléia, os quinhentos Bodhisatvas chefiados por Bhadrapala, as quinhentas monjas seguidos de Simhakandra, os quinhentos devotos leigos seguindo Sugataketana, que todos eles foram tornados inflexíveis para a iluminação suprema e perfeita. Tão grandemente útil é manter e pregar este Dharmaparyaya, que tende a resultar para os Bodhisatvas Mahasatvas na iluminação suprema e perfeita. Segue-se que, Mahasthamaprapta, os Bodhisatvas Mahasatvas devem, após a completa extinção do Tathagata, constantemente manter, ler e promulgar este Dharmaparyaya. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 1. Eu me lembro um período passado, quando o rei Bhishmasvara, o Gina, viveu, muito poderoso, e reverenciado por homens e deuses, o líder dos homens, deuses, duendes e gigantes. 2. E naquele momento, em seguida à extinção completa daquele Gina, quando a decadência da verdadeira lei estava muito avançada, havia um monge, um Bodhisatva, chamando pelo nome de Sadaparibhuta. 3. Outros monges e monjas que não acreditavam senão naquilo que viam, ele se lhes aproximaria (e diria): Eu nunca os desprezarei, pois vocês observam o curso que conduz à iluminação suprema e perfeita. 4. Era seu costume sempre dizer estas palavras, o que não lhe trazia senão abuso e provocações da parte deles. No momento em que sua morte era iminente ele ouviu este Sutra. 5. O sábio, então, não expirou; ele tomou uma resolução por uma vida muito longa, e promulgou este Sutra sob o reino daquele líder. 6. E aquelas muitas (pessoas) que apenas reconheciam a evidência da percepção sensória foram trazidas por ele à iluminação plena e maturidade. Então, desaparecendo daquele lugar, ele propiciou a milhares de kotis de Budas. 7. Devido a sucessivas boas ações feitas por ele, e a sua constante promulgação deste Sutra, aquele filho do Gina ganhou a iluminação. Aquele Bodhisatva então sou eu mesmo, Shakyamuni. 8. E aquelas pessoas que apenas acreditavam em percepções dos sentidos, aqueles monges, monjas, devotos homens e mulheres, que por aquele sábio foram encorajados para a iluminação, 9. E que viram muitos kotis de Budas, são os monges que estão aqui diante de mim, — não menos que quinhentos, —monjas, e devotas mulheres. 10. Todos eles foram trazidos por mim à maturidade completa e depois de minha extinção todos eles, cheios de sabedoria, manterão este Sutra. 11. Não uma só vez em muitos, inconcebivelmente muitos kotis de Aeons, foi um tal Sutra como este ouvido. Houve, verdadeiramente, centenas de kotis de Budas, mas eles não elucidaram este Sutra. 12. Que então, aquele que ouviu esta lei exposta pelo não-nascido ele mesmo, e que repetidamente o propiciou, promulgar este Sutra depois de minha extinção deste mundo.
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    Saddharma-Pundarika / O Poder Transcendental dos Tathagatas / Capítulo 20
    CAPÍTULO 20
    CONCEITO DO PODER TRANSCENDENTAL DOS TATHAGATAS
    Com isto aquelas centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas iguais aos átomos de pó de um macrocosmo, que haviam saído das fendas da terra, todos saudaram o Senhor com suas mãos postas, e lhe disseram: Todos nós, Ó Senhor, iremos, após a completa extinção do Tathagata, promulgar este Dharmaparyaya por toda parte, em todos os campos de Buda do Senhor, sempre que ou quando quer que) o Senhor esteja completamente extinto. Estamos ansiosos para obter este sublime Dharmaparyaya, Ó Senhor, para que o mantenhamos, leiamos, o publiquemos e o escrevamos. Com isto as centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas, encabeçados por Manjusri; os monges, monjas, leigos devotos, homens e mulheres vivendo neste mundo; deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grande serpentes, homens e seres não humanos, e os muitos Bodhisatvas Mahasatvas iguais às areias do rio Ganges, disseram ao Senhor: Também nós, Ó Senhor, promulgaremos este Dharmaparyaya após a completa extinção do Tathagata. Enquanto que permanecendo em um corpo invisível no céu, Ó Senhor, nós enviaremos uma voz, e plantaremos as raízes da bondade de tais seres que ainda não plantaram raízes de bondade. Então o Senhor se dirigiu ao Bodhisatva Mahasatva Visishtakaritra, seguido de uma tropa, uma grande tropa, uma mega tropa, que era o primeiro mesmo daqueles Bodhisatvas Mahasatvas mencionados acima, seguidos de uma tropa, uma grande tropa, uma mega tropa: Muito bem, Visishtakaritra, muito bem; assim deveis todos fazer; é por causa deste Dharmaparyaya que o Tathagata lhes trouxe à maturidade. Com isto o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., e o totalmente extinto Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., ambos sentados no trono no centro da Stupa, começaram a sorrir um para o outro, e de suas bocas abertas esticaram-se suas línguas, de tal forma que com suas línguas eles atingiram o mundo de Brahma, e destas duas línguas refulgiram muitas centenas de milhares de miríades de kotis de raios. De cada um destes raios saíram muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas, com corpos de cor de ouro e possuídos com os trinta e dois sinais característicos de um grande homem, e sentados em tronos consistindo no interior de lótus. Aqueles Bodhisatvas espalhados em todas as direções em centenas de milhares de mundos, e enquanto que em todos os lados se quedavam nos céus, pregavam a lei. Assim como o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., produziu um milagre de mágica com sua língua, assim também, Prabhutaratna, o Tathagata, etc., e os demais Tathagatas, etc., que, após terem vindo de centenas de milhares de miríades de kotis de outros mundos, estavam sentados em tronos no sopé da árvore de jóias, com suas línguas produziram um milagre de mágica. O Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., e todos aqueles Tathagatas, etc., produziram aquele efeito mágico durante plenamente mil anos. Depois do lapso daquele milênio aquele Tathagatas, etc., recolheram de volta suas línguas, e todos simultaneamente, no mesmo momento, no mesmo instante, fizeram um grande ruído como se expectorassem e estalassem os dedos, por cujo som todas as centenas de milhares de miríades de kotis de campos de Buda em todas as direções do espaço foram movidos, removidos, mexidos, totalmente mexidos, sacudidos, sacudidos em frente, sacudidos ao lado, e todos os seres, em todos aqueles campos de Buda, deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grande serpentes, homens, e seres não humanos perceberam, pelo poder do Buda, do lugar onde se quedavam, este mundo de Saha. Eles perceberam as centenas de milhares de miríades de kotis de Tathagatas sentados cada qual em seu trono ao sopé da árvore de jóia, e o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., e o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., totalmente extinto, sentado no trono no centro da Stupa de magníficas substâncias preciosas, junto com o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc.; eles perceberam, finalmente, todas as quatro classes da audiência. Com esta visão se sentaram tomados de espanto, admiração e maravilhamento. E ouviram uma voz do céu chamando: Veneráveis, além de uma distância de um imenso, incalculável número de centenas de milhares de miríades de kotis de mundos, existe um mundo chamado Saha; ali existe um Tathagata chamado Shakyamuni, o Arhat, etc., que justo agora está revelando aos Bodhisatvas Mahasatvas o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, um Sutranta de grande extensão, que serve para instruir Bodhisatvas, e pertencendo na verdade a todos os Budas. Aceitem-no alegremente com todos seus corações, e prestem homenagem ao Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., e o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc. Ouvindo uma tal voz do céu todos aqueles seres exclamaram do lugar onde se quedavam, com as mãos postas: Homenagem ao Senhor Shakyamuni, o Tathagata. Então eles jogaram em direção ao mundo de Saha várias flores, incenso, lauréis perfumados, óleos, ouro, roupas, pára-sóis, flâmulas e bandeiras triunfais, bem como ornamentos, colares, adornos, jóias, e gemas de todos os tipos, para venerar o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, e este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Aquelas flores, incenso, etc.., e todos aqueles colares, etc., desceram para este mundo de Saha, onde formaram uma grande cobertura de flores dependuradas no céu acima dos Tathagatas ali sentados, bem como naqueles em centenas de milhares de miríades de outros mundos. Com isto o Senhor se dirigiu aos Bodhisatvas Mahasatvas liderados por Visishtakaritra: Inconcebível, moços de boa família, é o poder dos Tathagatas, etc., Para transmitir este Dharmaparyaya, moços de boa família, eu poderia prosseguir por centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons explicando as múltiplas virtudes deste Dharmaparyaya através de diferentes princípios da lei, sem chegar a um fim para estas virtudes. Neste Dharmaparyaya eu resumidamente ensinei todas as leis de Buda, toda a superioridade, todo o mistério, toda a profunda condição dos Budas. Portanto, moços de boa família, vocês, devem, depois da completa extinção do Tathagata, com reverência mantê-lo, lê-lo, promulgá-lo, cultuá-lo e venerá-lo. E sempre que na terra, moços de boa família, este Dharmaparyaya for tornado conhecido, lido, escrito, meditado, exposto, estudado ou coletado em um volume, seja num mosteiro ou em casa, no deserto ou em uma cidade, ao pé de uma árvore ou num palácio, numa construção ou numa caverna, naquele lugar se deve erigir um templo dedicado ao Tathagata. Pois um tal lugar deve ser visto como o terraço da iluminação; tal lugar deve ser visto como aquele onde todos os Tathagatas chegaram à iluminação suprema e perfeita; naquele lugar todos os Tathagatas movem adiante a roda da lei; naquele lugar se pode dizer que todos os Tathagatas atingiram a extinção completa. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes: 1. Inconcebível é o poder de promover o bem do mundo possuído por aqueles que, firmemente estabelecidos no conhecimento transcendental, por intermédio de suas visões ilimitadas mostram suas faculdades mágicas para alegria de todos os seres vivos na terra. 2. Eles estendem suas línguas sobre todo o mundo, emitindo milhares de raios para o espanto daqueles a quem este efeito de mágica é mostrado e que estão se dirigindo à iluminação suprema. 3. Os Budas fazem um barulho de expectoração e de estalar os dedos, (e com isto) chamam a atenção de todo o mundo, todas as partes do mundo nas dez direções do espaço. 4. Aquelas e outras qualidades miraculosas eles mostram em suas benevolências e compaixões (com o intento) de que todos os seres, alegremente excitados naquele momento, possam (também) manter este Sutra depois da completa extinção do Sugata. 5. Mesmo que eu continuasse por milhares de kotis de Aeons fazendo o elogio daqueles filhos do Sugata que mantiveram este Sutra eminente depois da extinção do Líder do mundo, 6. Eu não teria terminado a enumeração de suas qualidades; inconcebíveis como as qualidades do espaço infinito são os méritos daqueles que constantemente mantém este Sutra sagrado. 7. Eles me percebem bem como àqueles chefes, e o Líder do mundo agora extinto; (eles percebem) todos aqueles numerosos Bodhisatvas e às quatro classes. 8. Uma tal pessoa agora aqui me propicia e a todos aqueles líderes, bem como aos extintos chefes dos Ginas e aos demais em todas as direções. 9. Os Budas do futuro e do passado estacionados nos dez pontos do espaço todos serão vistos e venerados por aquele que mantiver este Sutra. 10. Aquele que mantiver este Sutra, a lei verdadeira, sondará o mistério do mais elevado dos homens; em breve compreenderá a qual verdade foi chegada no terraço da iluminação.  11. A rapidez de sua apreensão será sem limites; como o vento ele não encontrará impedimentos em lugar algum; ele conhece o propósito e a interpretação da lei, aquele que mantém este Sutra exaltado. 12. Ele irá, depois de alguma reflexão, sempre descobrir as conexões dos Sutras falados pelos líderes; mesmo após a completa extinção do líder ele perceberá o verdadeiro significado dos Sutras. 13. Ele se parece com o sol e com a lua; ele ilumina tudo ao redor de si, e enquanto que percorre a terra em muitas diferentes direções desperta muitos Bodhisatvas. 14. Os sábios Bodhisatvas que, depois de ouvirem a enumeração de tais vantagens, mantiverem este Sutra depois de minha extinção completa, sem dúvida chegarão à iluminação.
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    Saddharma-Pundarika / Encantamentos / Capítulo 21
    CAPÍTULO 21
    ENCANTAMENTOS
    om isto o Bodhisatva Mahasatva Bhaishagyaraga se levantou de seu assento, e tendo seu manto superior sob um ombro e fixando o joelho direito no chão levantou suas mãos postas ao Senhor e disse: Quão grande, Ó Senhor, é o mérito pio que será produzido por um moço de boa família, ou uma jovem senhorita que mantiver este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, quer seja de memória ou em um livro? Com o que o Senhor disse ao Bodhisatva Mahasatva Bhaishagyaraga: Suponha, Bhaishagyaraga, que algum homem de boa família ou uma jovem senhorita, honre, respeite, reverencie, venere centenas de milhares de miríades de kotis de Tathagatas iguais às areais de oitenta rios Ganges; você acha, Bhaishagyaraga, que um moço ou moça de boa família produzirá com isto muito mérito pio? O Bodhisatva Bhaishagyaraga replicou: Sim, Senhor; sim, Sugata. O Senhor disse: Eu te anuncio, Bhaishagyaraga, eu te declaro: qualquer moço ou moça de boa família, Bhaishagyaraga, que mantiver, ler, compreender, e na prática seguir, nem que seja uma só estrofe deste Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, aquele moço ou moça de boa família, Bhaishagyaraga, produzirá com isto um mérito muito mais piedoso. Então o Bodhisatva Mahasatva Bhaishagyaraga imediatamente disse ao Senhor: Àqueles moços ou moças de boa família, Ó Senhor, que mantiverem este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei em suas memórias ou em um livro, nós daremos palavras talismânicas para sua guarda, defesa e proteção; tais como, anye manye mane mamane kitte karite same, samitavi, sante, mukte, muktatame, same avishame, samasame, gaye, kshaye, akshine, sante sani, dharani alokabhashe, pratyavekshani, nidhini, abhyantaravisishte, utkule mutkule, asade, parade, sukankshi, asamasame, buddhavilokite, dharmaparikshite, sanghanirghoshani, nirghoshani bhayabhayasodhani, mantre mantrakshayate, rutakaussalye, akshaye, akshavanantaya, vakule valoda, amanyataya. Estas palavras de encantamentos e mágicas, foram pronunciadas pelos reverendos Budas (em número) igual às areias de sessenta e dois rios Ganges. Todos estes Budas ficariam ofendidos por qualquer um que atacasse tais pregadores, tais mantenedores do Sutranta. O Senhor expressou sua aprovação ao Bodhisatva Mahasatva Bhaishagyaraga dizendo: Muito bem, Bhaishagyaraga, com estas palavras talismânicas pronunciadas por compaixão a todos os seres, o bem comum dos seres é promovido; suas guardas, defesas e proteção está garantida. Com isto o Bodhisatva Mahasatva Pradanasura disse ao Senhor: Eu também, Ó Senhor, darei para o benefício de tais pregadores, palavras talismânicas, que qualquer um que esteja aguardando por uma ocasião para surpreender tais pregadores, não possa achar como, seja ele um demônio, gigante, duende, feiticeiro, pequeno demônio ou fantasma; que nenhum destes quando procurando e espionando por uma ocasião para surpreender possa achar tal ocasião. E então o Bodhisatva Mahasatva Pradanasura instantaneamente pronunciou as seguintes palavras de um encantamento: gvale mahagvale, ukke mukke, ade adavati, tritye, trityavati, itini vitini kitini, tritti trityavati svaha. Estas palavras talismânicas, Ó Senhor, foram pronunciadas e aprovadas pelos Tathagatas, etc. (em número) igual às areias do rio Ganges. E todos estes Tathagatas ficariam ofendidos por qualquer um que atacasse tais pregadores. Com isto Vaisravana, um dos quatro regentes dos pontos cardeais, disse ao Senhor: Eu também, Ó Senhor, pronunciarei palavras talismânicas para o bem e o benefício daqueles pregadores, por compaixão a eles, para suas guardas, defesas e proteção: atte natte vanatte anade, nadi kunadi svaha. Com estes encantamentos Ó Senhor, eu guardarei aqueles pregadores por uma período de cem yoganas. Assim estarão aqueles moços ou moças de boa família, que mantiverem este Sutranta, a salvos e seguros. Naquele encontro estava presente Virudhaka, um outro dos quatro regentes dos pontos cardeais, sentado, cercado e atendido por centenas de milhares de miríades de kotis de Kumbhandas.
    Ele se levantou de seu assento, colocou seu manto superior em um ombro, levantou suas mãos postas ao Senhor e lhe falou como se segue: Eu também, Ó Senhor, pronunciarei palavras talismânicas para o benefício das pessoas em geral e para guardar, defender, proteger tais pregadores que estiverem qualificados, que mantiverem este Sutranta como mencionado; ou seja, agane gane gauri gandhari kandali matangi pukkasi sankule vrusali svaha. Estas palavras talismânicas, Ó Senhor, foram pronunciadas por quarenta e duas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas. Todos aqueles Budas ficariam ofendidos por qualquer um que atacasse tais pregadores que estiverem qualificados. Com isto as gigantas chamadas Lamba, Vilamba, Kutadanti, Pushpadanti, Makutadanti, Kesini, Akala, Maladhari, Kunti, Sarvassattvogahari, e Hariti, todas com suas crianças e seguidores foram ao lugar onde se encontrava o Senhor e com uma voz lhe disseram: Nós também, ó Senhor, daremos guarda, defesa e proteção a tais pregadores que mantiverem este Sutranta; nós lhes daremos segurança, que ninguém que esteja procurando por uma ocasião para lhes surpreender possa achá-la. E as gigantas todas simultaneamente, em um coro, deram ao Senhor as seguintes palavras de encantamentos: iti me, iti me, iti me, iti me, iti me; nime, nime, nime, nime, nime; ruhe ruhe ruhe ruhe ruhe; stuhe stuhe stuhe stuhe stuhe, svaha. Ninguém dominará e machucará tais pregadores; nenhum duende, gigante, fantasma, demônio, pequeno demônio, feiticeiro, espectro, gnomo; nenhum espírito que cause epilepsia, nenhum feiticeiro da raça dos duendes, nenhum feiticeiro da raça não-humana, nenhum feiticeiro da raça humana; nenhum feiticeiro que produza malária terciária, malária quaterna, malária cotidiana. Mesmo que em seus sonhos ele tenha visões de mulheres, homens, meninos ou meninas, será impossível que eles os prejudiquem. E as gigantas simultaneamente e num coro se dirigiram ao Senhor com as seguintes estrofes: 1. A cabeça daquele que, após ouvir este encantamento, atacar um pregador, se dividirá em sete pedaços, como um broto de Symplocos Racemosa. 2. Ele irá no caminho dos parricidas e matricidas, quem atacar um pregador. 3. Ele irá no caminho de um moleiro de óleo e de um batedor de sésamo, quem atacar um pregador. 4. Ele irá no caminho daqueles que usam pesos e medidas falsas, quem atacar um pregador. Com isto as gigantas encabeçadas por Kunti disseram ao Senhor: Nós também, Ó Senhor, daremos proteção a tais pregadores; nós lhe garantiremos a segurança; nós os protegeremos contra assalto e veneno. Com isto o Senhor disse àquelas gigantas: Muito bem, irmãs, muito bem; fazeis bem em garantir guarda, defesa e proteção àqueles pregadores, mesmo àqueles que não mantiverem mais que o nome simplesmente deste Dharmaparyaya; quanto mais àqueles que mantiverem este Dharmaparyaya por inteiro e completo, ou que, tendo um texto dele num volume, o honrar com flores, incenso, guirlandas fragrantes, óleos, pós, roupas, bandeiras, flâmulas, lâmpadas com óleo de sésamo, lâmpadas com óleo perfumado, lâmpadas com óleo perfumado de Kampaka, com óleo de perfume de Varshika, como óleo perfumando de lótus, com óleo perfumado de jasmim; que por tais maneiras múltiplas de centenas de milhares de formas de veneração honrarem, respeitarem, reverenciarem, saudarem (este Sutra), merecem serem guardadas por você e por suas seguidoras, Kunti! E enquanto que este capítulo dos encantamentos estava sendo exposto, sessenta e oito mil seres vivos receberam a faculdade de aquiescência na lei que não tem origem.
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    Saddharma-Pundarika / A Devoção Antiga de Bhaishagyaraga / Capítulo 22
    CAPÍTULO 22
    A DEVOÇÃO ANTIGA DE BHAISHAGYARAGA
    Com isto o Bodhisatva Mahasatva Nakshatraragasankusumitabhigna falou da seguinte maneira ao Senhor: Por que, Ó Senhor, é que o Bodhisatva Bhaishagyaraga continua seu caminho neste mundo de Saha, enquanto que ele está plenamente consciente das muitas centenas de milhares de miríades de kotis de dificuldades que ele terá pela frente? Que o Senhor, o Tathagata, etc., queira nos dizer qualquer parte do caminho do dever do Bodhisatva Mahasatva Bhaishagyaraga, que ouvindo isto os deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres não humanos, bem como os Bodhisatvas Mahasatvas de outros mundos aqui presentes, e estes grandes discípulos aqui presentes, possam ficar contentes, deleitados, cheios de alegria. E o Senhor, respondendo àquele pedido do Bodhisatva Mahasatva Nakshatraragasankusumitabhigna, lhe disse o seguinte: Desde épocas remotas, moço de boa família, numa época que já lá se foi, num tempo (tantos) Aeons atrás como existem grãos de areia no rio Ganges, apareceu no mundo um Tathagata, etc., com o nome de Kandravimalasuryaprabhasasri, agraciado com ciência e conduta, um Sugata, etc. etc. Agora aquele Tathagata, etc., Kandravimalasuryaprabhasasri tinha uma grande assembléia de oitenta kotis de Bodhisatvas Mahasatvas e uma assembléia de discípulos iguais às areias de setenta e dois rios Ganges. Seu reino espiritual estava isento do sexo feminino, e seu campo de Buda não tinha inferno, nem criação bruta, nem fantasmas, nem demônios; era plano, limpo, macio como a palma da mão. Seu chão consistia de lápis-lazuli celeste e estava adornado com árvores de jóias e madeira de sândalo; incrustado com uma multidão de jóias, com longas bandas de seda penduradas e com incenso de incensórios feitos de jóias. Debaixo de cada árvore de jóias, a uma distância não menor que o alcance de uma flecha, foi feita uma pequena casa de jóias, e em cima daquelas pequenas casas de jóias se quedava cem kotis de anjos realizando um concerto de instrumentos musicais e castanhetas, para honrar aquele Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, o Tathagata, etc., enquanto aquele Senhor expunha extensivamente este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei aos grande discípulos e Bodhisatvas, dirigindo-se ao Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana. Agora, Nakshatrara-gasankusumitabhigna, a duração da vida daquele Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, o Tathagata, etc., durou quarenta e dois mil Aeons e, de forma semelhante, aquela dos Bodhisatvas Mahasatvas e grandes discípulos. Foi sob o reino espiritual daquele Senhor que o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana se aplicou a este difícil caminho. Ele perambulou doze mil anos estrenuamente engajado em contemplação. Depois da expiração daqueles doze mil anos, ele adquiriu o Samadhi chamado Sarvarupasandarsana (que quer dizer visão de todas as formas). Tão logo ele ganhou aquele Samadhi e satisfeito, alegre, jubiloso, contente e deleitado, ele fez a seguinte reflexão: É devido a este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei que eu adquiri o Samadhi do Sarvarupasandarsana. Então ele fez uma outra reflexão: Deixe-me ir prestar homenagem ao Senhor Kandravima-lasuryaprabhasasri e a este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Tão logo ele havia entrado em tal meditação e uma grande chuva de flores Mandarava e grande Mandarava cariam do céu superior. Uma chuva de sândalo Kalanusarin se formou, e uma chuva de sândalo Uragasara caiu. E a natureza daquelas essências era tão nobre que um karhsa dela valia todo o mundo de Saha. Depois de um tempo, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana se levantou daquela meditação com memória e plena consciência, e assim refletiu: Esta amostra de poder mágico não fará tanta honra ao Senhor e Tathagata quanto o sacrifício de meu próprio corpo o fará. Então o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana instantaneamente começou a comer Agallochum, Olibanum, e a resina de Boswellia Thurifera, e a beber o óleo de Kampaka. Então, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriya-darsana
    passou doze anos, sempre e constantemente, comendo aquelas substâncias fragrantes e a beber o óleo de Kampaka. Depois da expiração daqueles doze anos o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana enrolou seu corpo em roupas divinas, as embebeu em óleo, fez sua (última) promessa e, depois disto queimou seu próprio com corpo com o objetivo de prestar veneração ao Tathagata e a este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Então, Nakshatraraga-sankusumitabhigna, oitenta mundos iguais às areias do rio Ganges ficaram brilhantes como fulgor das chamas do corpo ardente do Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana, e os oitenta senhores Budas iguais às areias do Ganges naqueles mundos, todos gritaram seus aplausos e (exclamaram): Bem feito, bem feito, moço de boa família, este é o verdadeiro heroísmo que os Bodhisatvas Mahasatvas deveriam desenvolver; esta é a verdadeira veneração do Tathagata, a verdadeira veneração da lei. Não há veneração com flores, incenso, lauréis perfumados, óleos, pós, roupas, pára-sóis, bandeiras, flâmulas; não há veneração com presentes materiais ou com sândalo de Uragasara que se o iguale. Este, moço de boa família, é o presente mais sublime, mais elevado que abandonar a realeza, que abandonar caros filhos e esposa. Sacrificar o próprio corpo da pessoa, moço de boa família, é o mais distinguido, o principal, o melhor, o muito melhor, a veneração mais sublime da lei. Depois de pronunciar este discurso, Nakshatraragasankusumitabhigna, aqueles Senhores Budas voltaram ao silêncio. O corpo de Sarvasattvapriyadarsana continuou a queimar por doze mil anos sem acabar de queimar. Depois da expiração daqueles doze mil anos, o fogo se extinguiu. Então, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana, tendo prestado tal veneração ao Tathagata, desapareceu daquele lugar, e reapareceu sob o reino (espiritual) daquele mesmo Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, o Tathagata, etc., na casa do rei Vimaladatta, por nascimento de aparição, e sentado de pernas cruzadas. Imediatamente após sua aparição o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana se dirigiu a seu pai e mãe na seguinte estrofe: 1. Este, Ó rei exaltado, é o caminho pelo qual eu adquiri a meditação; eu atingi um feito heróico, preenchi um grande voto sacrificando meu próprio e caro corpo. Depois de pronunciar esta estrofe, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana disse a seu pai e mãe: Mesmo agora, pai e mãe, o Senhor Nakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., está ainda vivendo, existindo, permanecendo neste mundo, o Senhor, venerando quem eu adquiri o encantamento de conhecer todos os sons e este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, consistindo de oitenta centenas de milhares de miríades de kotis de estrofes, de cem Niyutas, de Vivaras, de cem Vivaras, as quais eu ouvi daquele Senhor. Portanto, pai e mãe, eu gostaria de ir àquele Senhor e o venerar novamente. Instantaneamente, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriya-darsana se soergueu por sete talas alto no céu e sentou de pernas cruzadas em cima de uma torre das sete substâncias preciosas. Então, ele foi à presença daquele Senhor, e tendo se lhe aproximado, humildemente lhe saudou, circundando-lhe sete vezes da esquerda para a direita, esticou suas mãos postas em direção ao Senhor, e depois de assim lhe prestar sua homenagem se lhe dirigiu na seguinte estrofe: 2. Ó vós cujo rosto é tão imaculado e brilhante; vós, rei e sábio! Como vosso brilho se infunde em todas as direções! Depois de antigamente ter lhe prestado homenagem, Ó Sugata, agora eu venho novamente lhe ver, Ó Senhor. Depois de ter pronunciado esta estrofe, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana disse ao Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, o Tathagata, etc.: Estás então ainda vivo, Senhor? Com o que o Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, o Tathagata etc. replicou: A hora de minha extinção final, moço de boa família, chegou; o momento de minha morte chegou. Portanto, moço de boa família prepare meu leito; eu vou entrar na extinção completa. Então, Nakshatraragasan-kusumitabhigna, o Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri disse ao Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana: Eu confio a você, moço de boa família, minha maestria; eu confio a você aqueles Bodhisatvas Mahasatvas, aqueles grandes discípulos, esta iluminação de Buda, este mundo, estes carros de jóias, estas árvores de jóias, e aqueles anjos, meus serventes. Eu confio a você também, moço de boa família, minhas relíquias após minha extinção completa. Deves prestar uma grande veneração às minhas relíquias, moço de boa família, e também as distribuir e construir muitos milhares de Stupas. E, Nakshatraragasankusumitabhigna, depois que o Senhor Kandravimala-suryaprabhasasri, o Tathagata, etc., deu estas instruções ao Bodhisatva Mahasatva Sarvasattva-priyadarsana, ele, na última vigília da noite, entrou na extinção final absoluta.
    Com isto, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriya-darsana, percebendo que o Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, o Tathagata, etc., havia expirado, fez uma pira de madeira de sândalo de Uragasara e queimou o corpo do Tathagata. Quando ele percebeu que o corpo estava queimando até as cinzas e o fogo extinto, ele pegou os ossos e chorou, se lastimou e lamentou. Depois de ter chorado, se lastimado e lamentado, Nakshatraragasan-kusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana fez com fossem construídas oitenta e quatro mil urnas das sete substâncias preciosas, e depositou nelas os ossos do Tathagata, fundou oitenta e quatro mil Stupas, chegando em altura ao mundo de Brahma, adornadas com uma fileira de pára-sóis, e equipadas com faixas de sedas e sinos. Depois de fundar aquelas Stupas ele fez a seguinte reflexão: Eu prestei honra às relíquias do Senhor Kandravimalasuryaprabhasasri, mas eu prestarei àquelas relíquias uma honra mais elevada e mais distinta. Então, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana se dirigiu àquela assembléia inteira de Bodhisatvas, àqueles grandes discípulos, àqueles deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres não humanos: Vocês todos, moços de boa família, unanimemente prometam prestar veneração às relíquias do Senhor. Imediatamente depois disto, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana, na presença daquelas oitenta e quatro mil Stupas, queimou seu próprio braço que estava marcado por cem sinais auspiciosos, e assim prestou veneração àquelas Stupas contendo as relíquias do Tathagata, durante setenta e dois mil anos. Depois de prestar veneração, ele educou incontáveis centenas de milhares de miríades de kotis de discípulos daquela assembléia, em conseqüência do que todos aqueles Bodhisatvas adquiriram o Samadhi chamado Sarvarupasandarsana. Então, Nakshatraragasankusumitabhigna, toda a assembléia de Bodhisatvas e todos os grandes discípulos, vendo o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana destituído de um membro, disseram, com lágrimas em seus olhos, chorando, se lastimando e lamentando: o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana, nosso mestre e instrutor, está agora destituído de um membro, destituído de um braço. Mas o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana se dirigiu àqueles Bodhisatvas, grandes discípulos, e anjos nos seguintes termos: Não chorem, se lastimem ou lamentem, moços de boa família, vendo meu ser destituído de um braço. E todos os Senhores Budas que existem, que são, que vivem nos mundos sem fim, e sem limites em todas as direções do espaço, eu tomo como testemunha. Ante seus rostos eu fiz uma promessa da verdade, e por aquela verdade, por aquela palavra de verdade, eu deverei, depois do sacrifício de meu próprio braço, em honra ao Tathagata, ter um corpo de cor dourada. Por esta verdade, por esta palavra da verdade, que este meu braço se torne tal com era anteriormente, e que esta grande terra sacuda em seis diferentes maneiras, e que os anjos no céu vertam uma chuva de flores. Tão logo, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana fez aquela promessa de verdade, e todo o triplo macrocosmo foi sacudido de seis diferentes formas, e do céu acima caiu uma grande chuva de flores. O braço do Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana se tornou novamente o que era antes, e pelo poder de conhecimento e pelo poder do mérito pio, pertencendo àquele Bodhisatva Mahasatva. Talvez Nakshatraragasan-kusumitabhigna, você tenha alguma dúvida, incerteza ou insegurança, (e pensará) que o Bodhisatva Mahasatva Nakshatraragasankusumitabhigna naquela época e naquele momento eram outros. Mas não deve pensar assim; pois que o Bodhisatva Mahasatva Bhaishagyaraga aqui, era, naquele tempo e naquela época, o Bodhisatva Mahasatva Nakshatraragasan-kusumitabhigna. Tantas centenas de milhares de miríades de kotis de coisas difíceis, Kandravimalasuryaprabhasasri, e sacrifícios de seu corpo este Bodhisatva Mahasatva Nakshatraragasankusumitabhigna realizou. Agora, Nakshatraragasankusu-mitabhigna, o moço ou moça de boa família lutando no veículo dos Bodhisatvas em direção ao objetivo e aspirando pela iluminação suprema e perfeita, que naqueles altares do Tathagata queimarem um dedão, um dedo, um polegar, um membro inteiro, um tal moço ou moça de boa família, eu te asseguro, produzirá muito mais mérito pio, muito mais resultados do que abandonar um reino, filhos, filhas e esposas, todo o mundo triplo com seus bosques, oceanos, montanhas, fontes, córregos, tanques, poços e jardins. E, Nakshatraragasankusumitabhigna, o moço ou moça de boa família, lutando no veículo dos Bodhisatvas pelo objetivo, que depois de encher com as sete substâncias preciosas este mundo triplo inteiro deva dá-lo como oferenda a todos os Budas, Bodhisatvas, discípulos, Pratyekabudas, aquele moço ou moça de boa família, Nakshatraragasankusumitabhigna, não produz tanto mérito pio quanto aquele moço ou moça de boa família que mantiver, nem que seja um só verso deste Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Eu positivamente declaro que o acúmulo de mérito deste último é maior do que se a pessoa, depois de encher todo o mundo triplo com as sete substâncias preciosas, o der como oferenda a todos os Budas, Bodhisatvas, discípulos ou Pratyekabudas. Assim mesmo como o grande oceano, Nakshatraragasankusumitabhigna, supera todas as fontes, rios e lagos, assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei supera todos os Sutras falados pelo Tathagata. Assim como o Sumeru, o rei das montanhas, Nakshatraragasankusumitabhigna, supera a todas as elevações nos pontos cardeais, círculos e grande horizontes, assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei supera, como o rei de todos os Sutrantas falados pelo Tathagata. Como a lua, Nakshatraragasankusumitabhigna, como luminária, tem o primeiro lugar entre todos os asterismos, assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei tem o primeiro lugar entre todos os Sutrantas falados pelo Tathagata, apesar dele superar centenas de milhares de miríades de kotis de luas. Assim como a órbita do sol, Nakshatraragasankusumitabhigna, dispersa a sombria escuridão, assim, Nakshatraragasan-kusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei dispersa toda a sombria escuridão de trabalhos que não são sagrados. Como Indra, Nakshatraragasankusumitabhigna, é o chefe dos deuses do paraíso, assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei é o principal dos Sutrantas falados pelo Tathagata. Como Brahma Sahampati, Nakshatraragasankusumitabhigna, é o rei de todos os deuses Brahmakayika e tem a função de um apoio no mundo de Brahma, assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei exerce a função de um pai para todos os seres, quer estejam sob treinamento ou que já o deixaram para trás, a todos os discípulos, Pratyekabudas, e àqueles que no veículo dos Bodhisatvas estão lutando pelo objetivo. Como o Srotaâpanna, Nakshatraragasankusumitabhigna, bem como o Sakridagamin, Anagamin, Arhat, e Pratyekabuda, excedem os ignorantes e o vulgo, assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei deve ser estimado como excedendo e superando todos os Sutrantas falados pelo Tathagata; e tais que mantenham este rei dos Sutras, Nakshatraragasankusumitabhigna, devem ser estimados como superando os demais (que não o fazem). Como um Bodhisatva deve ser tido como superior a todos os discípulos e Pratyekabudas, assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei é tido como superior a todos os Sutrantas falados pelo Tathagata. Assim mesmo como o Tathagata é o rei coroado da lei de todos os discípulos, pratyekabudas e Bodhisatvas, assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya é um Tathagata para aqueles que no veículo dos Bodhisatvas estão lutando para atingir o objetivo. Este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, Nakshatrara-gasankusumitabhigna, salva a todos os seres de todo o medo, os libera de todas as dores. É como um poço para os sedentos, como um fogo para aqueles que estão sofrendo de frio, como uma roupa para os nus, como um líder da caravana para os mercadores, como uma mãe para seus filhos, como um barco para aqueles que atravessam, como um sanguessuga para os doentes, como uma lâmpada para aqueles que estão envoltos no escuro, como uma jóia para aqueles que querem riqueza, como o oceano para os rios, como uma tocha para debelar a escuridão. Assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei livra de todos os males, extirpa todas as doenças, libera dos estreitos laços do redemoinho mundano. E aquele que ouvir este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, que o escrever ou fizer com que seja escrito, produzirá um acúmulo de mérito pio cujo termo não pode ser calculado sequer com o conhecimento de Buda; tão grande é o acúmulo de mérito pio que será produzido por aquele moço de boa família, ou moça que depois de ensinar ou o aprender, o escrever ou o coletar em um volume, o honrar, respeitar, venerar, cultuar com flores, incenso, guirlandas fragrantes, óleos, pós, pára-sóis, bandeiras, flâmulas, flâmulas triunfais, com música, com as mãos postas, com lâmpadas queimando com ghee, óleo perfumado, óleo de Kampaka, óleo de jasmim, óleo de flor de trombeta, óleo de Varshika, ou óleo duplo de jasmim. Grande será o mérito pio, Nakshatraragasankusumitabhigna, a ser produzido por um moço de boa família ou uma moça, lutando para chegar ao objetivo no veículo dos Bodhisatvas, que mantiver este capítulo da devoção antiga de Bhaishagyaraga, que o ler e aprender. E, Nakshatraragasankusumitabhigna, se uma mulher, depois de ouvir este Dharmaparyaya, o apreender e o mantiver, então esta existência será sua última existência com uma mulher. Qualquer mulher, Nakshatraragasankusumitabhigna, que nos últimos quinhentos anos de um milênio ouvir e penetrar este capítulo da Devoção Antiga de Bhaishagyaraga, renascerá, depois de desaparecer da terra, no mundo Sukhavati, onde o Senhor Amitayus, o Tathagata, etc., mora, existe, vive cercado por uma hoste de Bodhisatvas. Ali ele (que anteriormente era uma mulher) aparecerá sentado num trono consistindo do interior de um lótus; Nenhum tipo de afeto, ódio, enfatuação, orgulho, inveja, raiva, malignidade o vexará. Com seu nascimento, ele também receberá as cinco faculdades transcendentes, bem como aquiescência na lei eterna, e, uma vez em possessão disto, Nakshatraragasankusumitabhigna, ele como um Bodhisatva Mahasatva, verá Tathagatas iguais às areias de setenta e dois rios Ganges. Tão perfeito será seu órgão de visão que, por intermédio dele, ele verá aqueles Senhores Budas, e estes Senhores Budas o aplaudirão (e dirão): Bem feito, bem feito, moço de boa família, que depois de ouvir este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei que foi promulgado pela proclamação espiritual do Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., você estudou, meditou, examinou, esmiuçou, o expôs a outros seres, outras pessoas. Este acúmulo de mérito pio, moço de boa família, não pode ser queimado pelo fogo, nem levado pela água. Mesmo mil Budas não seriam capazes de determinar este acúmulo de mérito pio, moço de boa família. Você dominou a oposição do Maligno, moço de boa família. Você, moço de boa família, emergiu vitorioso da batalha da existência mundana, esmagou os inimigos que te perturbavam. Você, moço de boa família, foi supervisionado por milhares de Budas; seu igual, moço de boa família, não pode ser encontrado no mundo, inclusive os deuses, com a exceção única do Tathagata; não existe nenhum outro, seja ele discípulo, Pratyekabuda, ou Bodhisatva, capaz de te superar em mérito pio, conhecimento, sabedoria ou meditação. Tal poder de conhecimento, Nakshatraragasankusumitabhigna, será adquirido por aquele Bodhisatva. Qualquer um, Nakshatraragasankusumitabhigna que, ao ouvir este capítulo da antiga devoção de Bhaishagyaraga, o aprovar, emitirá de sua boca um hálito tão doce quanto aquele do lótus. E de seus membros, uma fragrância como aquela da madeira de sândalo. Tais vantagens temporais como eu acabei de indicar justo agora pertencerão àquele que aprovar este Dharmaparyaya. Por isto então, Nakshatraragasankusumitabhigna, eu te transmitirei este capítulo da Antiga Devoção do Bodhisatva Mahasatva Sarvasattvapriyadarsana, de tal forma que no fim do tempo, no último período, na parte final do milênio possa ocorrer aqui no Gambudvipa e não ser perdido; de tal forma que nem Mara, o Maligno, nem seres celestes chamados Marakayikas, Nagas, duendes, fantasmas, possam ter a oportunidade de o machucar. Portanto, Nakshatraragasankusumitabhigna, eu transmito este Dharmaparyaya; será como um medicamento para as criaturas sofredoras e doentes do Gambudvipa. Nenhuma doença atingirá aquele que ouvir este Dharmaparyaya, nenhuma decrepitude, nenhuma morte fora de hora. Sempre que uma pessoa lutando para atingir o objetivo no veículo dos Bodhisatvas vir um tal monge que estiver mantendo este Sutranta, então ele deve espargi-lo com pó de sândalo e lótus azuis, e refletir assim: Este moço de boa família vai atingir o terraço da iluminação; ele espalhará o feixe de capim no terraço da iluminação; ele colocará em fuga o partido de Mara, soprará a concha em trombeta da lei, ressoará o tambor da lei, atravessará o oceano da existência. Assim, Nakshatraragasankusumitabhigna, deve um moço de boa família, lutando por atingir o objetivo no veículo dos Bodhisatvas, refletir, ao ver um monge que mantém este Sutra, e ele adquirirá tais vantagens como foram indicadas pelo Tathagata. Enquanto este capítulo da Antigo Devoção de Bhaishagyaraga estava sendo exposto, oitenta e quatro Bodhisatvas atingiram o encantamento ligado com habilidade em todos os sons. E o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., indicou sua aprovação (dizendo): Bem feito, bem feito, Nakshatraragasankusumitabhigna; você fez muito bem ao indagar o Tathagata, que está agraciado com tantas qualidades e propriedades inconcebíveis.
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    Saddharma-Pundarika / Gadgadasvara / Capítulo 23
    CAPÍTULO 23
    GADGADASVARA
    Naquele momento o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., projetou um raio de luz do círculo de cabelo entre suas sobrancelhas, um dos sinais característicos de um grande homem, por cujo raio de luz centenas de milhares de miríades de kotis de campos de Buda, iguais às areias de dezoito rios Ganges, se tornaram iluminados. Além destes campos de Buda, iguais, etc., está o mundo chamado Vairokanarasmipratimandita (que quer dizer embelezado pelos raios do sol). Ali mora, vive, existe um Tathagata chamado Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, que, cercado e atendido por uma grande e imensa assembléia de Bodhisatvas, pregava a lei. Imediatamente, o raio de luz projetado do círculo de cabelo entre as sobrancelhas do Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., encheu o mundo Vairokanarasmipratimandita com um grande lustro. Naquele mundo Vairokanarasmipratimandita, havia um Bodhisatva Mahasatva chamado Gadgadasvara, que havia plantado raízes de bondade, que havia anteriormente visto raios semelhantes emitidos por muitos Tathagatas, etc., e que havia adquirido muitos Samadhis, tais como Samadhi Dhvagagrakeyura (que quer dizer bracelete na parte final do mastro da bandeira), Saddharma-pundarika (que quer dizer Lótus Branco da Verdadeira Lei), Vimaladatta (que quer dizer dado por Vimala), Nakshatraragavikridita (que quer dizer esporte do rei dos astros, o deus da lua), Anilambha, Gnanamudra (que quer dizer o selo da ciência), Kandraprakipa (que quer dizer luz da lua), Sarvarutakausalya (que quer dizer habilidade com todos os sons), Sarvapunyasamukkaya (que quer dizer compêndio ou coleção de toda a piedade) Prasadavati (que quer dizer a dama favoravelmente disposta), Riddhivikridita (que quer dizer esporte de mágica), Gnanolka (que quer dizer tocha do conhecimento), Vyuharaga (que quer dizer rei das expansões ou especulações), Vimalaprabha (que quer dizer lustro sem máculas), Vimalagarbha (que quer dizer parte interna imaculada), Apkritsna, Suryavarta (que quer dizer volta do sol); resumindo, ele havia adquirido muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Samadhis iguais às areias do rio Ganges. Agora, o fulgor do raio chegou até o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara. Então o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara se levantou de seu assento, envergou seu manto superior em um ombro, fixou seu joelho direito no chão, esticou suas mãos postas em direção ao Senhor Buda, e disse ao Tathagata Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna: Ó Senhor, eu gostaria de ir ao mundo de Saha para ver, saudar e assistir ao Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc.; para ver e saudar Manjusri, o príncipe real; para ver os Bodhisatvas Bhaishagyaraga, Pradanasura, Nakshatraragasankusumitabhigna, Visishtakaritra, Vyuharaga, Bhaishagyaragasamudgata. Então o Senhor Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., disse ao Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara: Ao ir ao mundo de Saha, moço de boa família, não deves formar uma opinião baixa dele. Aquele mundo, moço de boa família, tem suas vantagens e desvantagens, consiste de terra, está cheio de montanhas de Kala cheios de esgotos. O Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., é baixo de altura, e assim também são os Bodhisatvas Mahasatvas, enquanto que tu, moço de boa família, tens um corpo de quarenta e duas centenas de milhares de yoganas de altura, e eu mesmo tenho um corpo de sessenta e oito centenas de milhares de yoganas de altura. E, moço de boa família, você Gadgadasvara é simpático, elegante, de aparência agradável, agraciado com o pleno desabrochar de uma cor extremamente boa e abundantemente agraciado com centenas de milhares de sinais sagrados. Portanto então, moço de boa família, quando fores ver o mundo de Saha, não conceba uma impressão desfavorável do Tathagata, nem dos Bodhisatvas, nem daquele campo de Buda. Assim avisado, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara disse ao Senhor Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc.: Eu assim o farei, Senhor, como o Senhor comanda; Eu irei àquele mundo de Saha em virtude da resolução do Senhor, do poder do Senhor, da força do Senhor, da vontade do Senhor, e com a visão do Senhor. Com o que o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, sem deixar aquele campo de Buda e sem deixar seu assento, mergulhou em meditação tão profunda que imediatamente depois disto, de repente, apareceram diante do Tathagata nas montanhas de Gridhrakuta no mundo de Saha oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis de lótus de talos de ouro, com folhas de prata e com flores da tonalidade de lótus rosados e Butea Frondosa. Vendo a aparição desta massa de lótus o Bodhisatva Mahasatva Manjusri, o príncipe real, indagou do Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc.: Por que causas e por quem, Ó Senhor, foram produzidos estas oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis de lótus de talos de ouro com folhas de prata e com flores da tonalidades do lótus rosados e Butea Frondosa? Com o que o Senhor respondeu a Manjusri, o príncipe real: É, Manjusri, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, que, acompanhado e atendido por oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas chegou do leste, do mundo de Vairokanarasmipratimandita, o campo de Buda do Senhor Kamala-dalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., neste mundo de Saha para ver, saudar, me assistir, e ouvir este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Então Manjusri, o príncipe real, disse ao Senhor: Que massa de raízes de bondade, Ó Senhor, tem este moço de boa família coletado, o que ele merece ganhar tal distinção? E que meditação é esta, Ó Senhor, que o Bodhisatva pratica? Que nós também aprendamos esta meditação, Ó Senhor, e pratiquemos esta meditação. E que nós vejamos aquele Bodhisatva, Senhor; vejamos qual é a cor, forma externa, caráter, figura e comportamento daquele Bodhisatva. Que o Senhor conceda produzir um sinal que o Bodhisatva Mahasatva seja trazido através dele a este mundo de Saha. Então o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., disse ao Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., que estava completamente extinto: Produza um tal sinal, Senhor, para que o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara seja trazido através dele a este mundo de Saha. E o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., que estava completamente extinto, instantaneamente produziu um sinal para advertir ao Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara (e disse): Venha, moço de boa família, a este mundo de Saha; Manjusri, o príncipe real, saudará sua vinda. E o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, após humildemente saudar os pés do Senhor Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., e depois de lhe circundar três vezes da esquerda para direita, desapareceu do mundo Vairokanarasmipratimandita , junto com oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas que o cercaram e seguiram, e chegaram a este mundo de Saha, entre um agito de campos de Buda, uma chuva de lótus, um ruído de centenas de milhares de miríades de kotis de instrumentos musicais. Seu rosto mostrava olhos parecidos a lótus azuis, seu corpo era da cor de ouro, sua pessoa marcada por centenas de milhares de sinais sagrados; ele brilhava com lustro, refulgia com radiância, tinha membros marcados por sinais característicos, e um corpo compacto como o de Narayana. Montado numa torre feita de sete substâncias preciosas, ele se movia pelo céu a uma altura de sete Talas (ou amplitudes), cercado de uma multidão de Bodhisatvas na direção deste mundo de Saha, e se aproximou do Gridhrakuta, o rei das montanhas. Na sua chegada, ele desceu da torre e foi com um colar de pérolas que valia centenas de milhares, ao lugar onde o Senhor estava sentado. Depois de humildemente saudar os pés do Senhor, e o circundar sete vezes da esquerda para a direita, ele lhe ofereceu o colar de pérolas como presente em homenagem, com o que ele disse ao Senhor: O Senhor Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., indaga da saúde, bem estar e boa disposição do Senhor; se está se sentindo livre de aflição e à vontade. Aquele Senhor também me pediu para indagar: Há algo que você esteja sofrendo, ou doença a que esteja se submetendo? Os humores no corpo, não estão em um estado desfavorável? Suas criaturas estão decentes de maneiras, tratáveis e fáceis de curar? Seus corpos estão limpos? Não estão eles passionais demais, eu espero, não estão irascíveis, nem com falta de sabedoria no que fazem? Não estão invejosos, Senhor, nem ciumentos, nem ingratos aos seus pais e mães, nem ímpios, nem heterodoxos, nem de mente insubmissa, nem sem controle nos desejos sexuais? São os seres capazes de resistir ao Maligno? Veio o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., que está completamente extinto, ao mundo de Saha para ouvir a lei, sentado no meio de uma Stupa feita das sete substâncias precisas? E quanto a isto, Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., o Senhor Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, indaga: Há algo que o Senhor Prabhutaratna, etc., esteja sofrendo, ou doença a que esteja se submetendo? O Senhor Prabhutaratna, etc., vai ficar muito tempo? Estamos também, Ó Senhor, desejosos de ver as relíquias de ossos daquele Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc. Possa o Senhor portanto por favor nos mostrar as relíquias de ossos do Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc.
    Então o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., disse ao Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., que estava completamente extinto: Senhor, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara aqui, deseja ver o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., que está completamente extinto. Com isto o Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., falou ao Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara como se segue: Bem feito, bem feito, jovem cavalheiro, que aqui vieste com o desejo de ver o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc.; de ouvir este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, e de ver Manjusri, o príncipe real. Subseqüentemente o Bodhisatva Mahasatva Padmasri disse ao Senhor: Que raiz de bondade o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara plantou anteriormente? E na presença de qual Tathagata? E o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., disse ao Bodhisatva Mahasatva Padmasri: Nos dias de antanho, moço de boa família, num período passado apareceu no mundo um Tathagata chamado Meghadundubhisvararaga (que quer dizer rei do som de tambores das nuvens), perfeitamente iluminado, agraciado com ciência e conduta, um Sugata, etc., no mundo Sarvabhuddhasandarsana (que quer dizer vista ou mostra de todos os Budas), no Aeon Priyadarsana. Àquele Senhor Meghadundubhisvararaga o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara prestou homenagem fazendo ressoar centenas de milhares de instrumentos musicais durante doze mil anos. Ele o presenteou também como oitenta e quatro mil vasos das sete substâncias preciosas. Sob a pregação do Tathagata Meghadundubhisvararaga, moço de boa família, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara obteve tal beleza como ele ora ostenta. Talvez, moço de boa família, você tenha alguma dúvida, incerteza ou insegurança, (e pensará) que naquele tempo, naquela época, havia um outro Bodhisatva Mahasatva chamado Gadgadasvara, que prestava aquela homenagem ao Senhor Meghadundubhisvararaga , o Tathagata, e o presenteava com oitenta e quatro mil vasos. Mas, moço de boa família, não pense assim. Pois era o mesmo Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, moço de boa família, que prestava aquele homenagem ao Senhor Meghadundubhisvararaga, o Tathagata, e o presenteava com os oitenta e quatro mil vasos. Assim, moço de boa família, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara assistiu a muitos Budas, e plantou boas raízes sob muitos Budas, e preparou o solo sob cada um deles. E este Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara havia previamente visto Senhores Budas similares às areias do rio Ganges. Vês, Padmasri, a aparência do Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara agora? Padmasri replicou: Eu vejo, Senhor; Eu vejo, Sugata. O Senhor disse: Agora, Padmasri, este Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara pregou este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei sob as muitas formas que ele assume; às vezes sob a forma de Brahma, às vezes sob aquela de Indra, às vezes sob aquela de Shiva, às vezes sob aquela de Kubera, às vezes sob aquela de um rei, às vezes sob aquela de um duque, às vezes soba aquela de um mercador chefe, às vezes sob aquela de um cidadão, às vezes sob aquela de um Brâmane. Às vezes novamente o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara prega este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei sob a forma de um monge, às vezes sob aquela de uma monja, às vezes sob a forma de um devoto leigo, às vezes sob a forma de uma devota mulher, às vezes sob aquela da esposa de um mercador chefe, às vezes sob aquela da esposa de um cidadão, às vezes sob a de um menino, às vezes sob a forma de uma menina. Com tantas variações da forma em que se mostra, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara prega este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei aos seres. Ele assumiu até a forma de um duende para pregar deste Dharmaparyaya a tais que seriam convertidos por um duende. A alguns ele pregou este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei sob a forma de um demônio, a alguns sob aquela de um Garuda, a alguns sob forma de um Kinnara, a alguns sob a forma de uma serpente. Mesmo aos seres em quaisquer dos estados desafortunados, nos infernos, na criação bruta, no reino de Yama, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara é um arrimo. Até mesmo aos seres no útero neste mundo de Saha este Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, depois de se metamorfosear em uma mulher, pregou deste Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. De verdade, Padmasri, o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara é o arrimo dos seres que vivem neste mundo de Saha. Sob tantas formas, assumidas à vontade, este Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara pregou este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei aos seres. E contudo, não há diminuição de sabedoria, nem diminuição de poder mágico naquele bom homem. Tantas, moço de boa família, são as manifestações de conhecimento pelas quais este Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara se fez conhecido neste mundo de Saha. Em outros mundos também, parecidos às areias do rio Ganges, ele pregou a lei, sob a forma de um Bodhisatva a tais que seriam convertidos por um Bodhisatva; sob a foram de um discípulo a tais que seriam convertidos por um discípulo; sob a forma de um Pratyekabuda àqueles que seriam convertidos por um Pratyekabuda; sob a forma de um Tathagata a tais que seriam convertidos por um Tathagata. Não, ele se mostrará àqueles que seriam convertidos por uma relíquia do Tathagata como uma relíquia, e àqueles que seriam convertidos pela extinção completa ele se mostrará completamente extinto. Tal é o poderoso conhecimento, Padmasri, que possui o Bodhisatva Mahasatva. Depois disto o Bodhisatva Mahasatva Padmasri disse ao Senhor: O Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara então plantou boas raízes, Senhor. Que meditação seria, Senhor, pela qual o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, com firmeza, sem temores, converteu (ou educou) tantas criaturas? Com o que o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., replicou ao Bodhisatva Mahasatva Padmasri: É, moço de boa família, a meditação chamada Sarvarupasandarsana. Pela estabilidade nela é que o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara promoveu tão imensamente o bem de todos os seres. Enquanto este capítulo de Gadgadasvara estava sendo exposto, todos as oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas Mahasatvas que, junto com o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, haviam vindo a este mundo de Saha, obtiveram a meditação Sarvarupasandarsana, e quanto ao número de Bodhisatvas Mahasatvas neste mundo de Saha que obtiveram a meditação Sarvarupasandarsana, estava além do cálculo. Então o Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara, depois de ter prestado ampla e grande veneração ao Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., e à Stupa das relíquias do Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., novamente montou na torre feita das sete substâncias preciosas, entre um agito dos campos, a chuva dos lótus, o ruído das centenas de milhares de miríades de kotis de instrumentos musicais, e com os oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas cercando-o e seguindo-o, retornaram aos seus próprios campos de Buda. Lá chegando ele contou ao Senhor Kamaladalavimalanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc.: Ó Senhor, eu promovi no mundo de Saha o bem dos seres; eu vi e saudei a Stupa das relíquias do Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc.; eu vi e saudei o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc.; eu vi Manjusri, o príncipe real, bem como o Bodhisatva Bhaishagyaraga, que está possuído de um poderoso conhecimento e impetuosidade, e o Bodhisatva Mahasatva Pradanasura; e estes oitenta e quatro centenas de milhares de miríades de kotis de Bodhisatvas Mahasatvas, todos obtiveram a meditação chamada Sarvarupasandarsana. E enquanto o relato desta ida e vinda do Bodhisatva Mahasatva Gadgadasvara estava sendo explanada, quarenta de dois mil Bodhisatvas adquiriram a faculdade de aquiescência em coisas futuras, e o Bodhisatva Mahasatva Padmasri adquiriu a meditação chamada o Lótus Branco da Verdadeira Lei.
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    Saddharma-Pundarika / As Transformações de Avalokitesvara / Capítulo 24
    CAPÍTULO 24
    CAPÍTULO CHAMADO AQUELE DO OMNILATERAL, DE MIL BRAÇOS E MÃOS CONTENDO UMA DESCRIÇÃO DAS TRANSFORMAÇÕES DE AVALOKITESVARA.
    Então o Bodhisatva Mahasatva Akshayamati levantou-se de seu assento, envergou seu manto superior em um obro, esticou suas mãos postas em direção ao Senhor, e disse: Por qual razão, Ó Senhor, é o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara chamado Avalokitesvara? Assim ele indagou, e o Senhor respondeu ao Bodhisatva Mahasatva Akshayamati: Todas as centenas de milhares de miríades de kotis de seres, moço de boa família, que neste mundo estão sofrendo problemas irão, se ouvirem a menção do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, ser libertos daquela massa de dificuldades. Aqueles que mantiverem o nome deste Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, moço de boa família, irão, se tombarem em uma grande massa de fogo, ser livrados dela pela virtude do lustro do Bodhisatva Mahasatva. No caso, moço de boa família, que seres, levados pela corrente de rios, devam implorar ao Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, todos os rios darão passagem. No caso, moço de boa família, em que muitas centenas de miríades de kotis de seres, navegando num navio no oceano, devam ver seus tesouros, ouro, gemas, pérolas, lápis-lázuli, conchas, pedras, corais, esmeraldas, Musaragalvas, pérolas vermelhas, e outros bens perdidos, e o navio por uma súbita e terrível tempestade, seja jogado na ilha das Gigantas e, se naquele navio um só ser implorar por Avalokitesvara, todos irão ser salvos daquela ilha das Gigantas. Por tal razão, moço de boa família, o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara é chamado Avalokitesvara. Se alguém for sofrer a pena capital e esta pessoa implorar por Avalokitesvara, moço de boa família, as espadas dos carrascos todas se quebrariam. Além disto, moço de boa família, se todo o triplo chilocosmos estivesse cheio de duendes e de gigantes, eles iriam, em virtude do nome do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, ser chamados a perder a faculdade de vista para seus desígnios malvados. Se alguma criatura, moço de boa família, ficar preso em algemas de madeira ou de ferro, correntes, ou ataduras, seja ele culpado ou inocente, então aquelas ataduras, correntes ou algemas cederiam tão logo o nome do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara fosse pronunciado. Tal, moço de boa família, é o poder do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara. Se todo este chilocosmo triplo, moço de boa família, estivesse cheio de patifes, inimigos e ladrões armados com espadas, e se um mercador, líder de uma caravana, marchasse com uma caravana rica em jóias; se então eles percebessem aqueles ladrões, patifes, e inimigos armados de espadas e, em suas ansiedades e pânicos, achassem que estavam perdidos; se, além disto, aquele mercador chefe falasse à caravana da seguinte forma: Não fiquem com medo, cavalheiros, não estejam amedrontados; invoquem, todos vocês, em uníssono o nome de Avalokitesvara com as seguintes palavras: Adoração, adoração ao doador da segurança, ao Avalokitesvara Bodhisatva Mahasatva! Então, meramente pela pronúncia daquele nome, a caravana seria livrada de todo o perigo. Tal, moço de boa família, é o poder do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara. No caso em que seres ajam sob o impulso da paixão impura, moço de boa família, eles irão, depois de adorar o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, estar livres da paixão. Aqueles que agirem no impulso do ódio, irão, após adorarem o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, estar livres do ódio. Aqueles que agirem sob o impulso da enfatuação irão, após adorarem o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, estar livres da enfatuação. Tão poderoso, moço de boa família, é o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara. Se uma mulher, desejosa de ter filhos homens, moço de boa família, adorar o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, ela terá um filho, belo, simpático e lindo; um possuído das características de uma criança do sexo masculino, geralmente amado e vitorioso, um que plantou as boas raízes. Se uma mulher quiser ter uma filha, uma bela, simpática e linda filha nascerá para ela; uma possuída das (boas) características de uma menina, geralmente amada e vitoriosa, uma que plantou as boas raízes. Tal, moço de boa família, é o poder do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara. Aqueles que adorarem o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara derivarão daí um lucro sem erros. Suponha, moço de boa família, (de um lado) alguém que adore o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara e que venere o seu nome; (do outro lado) um outro que adore um número de Senhores Budas iguais a sessenta e duas vezes as areias do rio Ganges, reverenciando seus nomes e venerando tantos Senhores Budas durante suas estadias, existências, e vidas, dando roupas, tigelas de mendicância, camas, remédios para os doentes; quão grande é então em sua opinião, moço de boa família o acúmulo de mérito pio que aquele moço ou moça produzirá em conseqüência disto? Assim indagado, o Bodhisatva Mahasatva Akshayamati disse ao Senhor: Grande, Ó Senhor, grande, Ó Sugata, é o mérito pio que aquele moço ou moça irá produzir em conseqüência disto. O Senhor prosseguiu: Agora, moço de boa família, o acúmulo de mérito pio produzido por aquele moço prestando homenagem a tantos Senhores Budas, e o acúmulo de mérito produzido por aquele que faça nem que seja um só ato de adoração ao Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara e respeite seu nome, são iguais. Aquele que adora um número de Senhores Budas iguais a sessenta e duas vezes as areias do rio Ganges e respeite seus nomes, e aquele que adore o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara e respeite seu nome, têm um acúmulo igual de mérito pio; ambas as massas de mérito pio não são fáceis de serem destruídas mesmo em centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons. Tão imensa, moço de boa família, é o mérito pio resultante de respeitar o nome do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara. Novamente o Bodhisatva Mahasatva Akshayamati disse ao Senhor: Como, Ó Senhor, é que o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara freqüenta este mundo de Saha? E como é que ele prega a lei? E qual é o alcance da habilidade do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara? Assim indagado, O Senhor replicou ao Bodhisatva Mahasatva Akshayamati: Em alguns mundos, moço de boa família, o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara prega a lei aos seres na forma de um Buda; em outros ele o faz na forma de um Bodhisatva. A alguns seres ele mostra a lei na forma de um Pratyekabuda; a outros ele o faz na forma de um discípulo; a outros novamente sob a forma de Brahma, Indra ou um Gandharva. Àqueles que seriam convertidos por um duende, ele prega a lei assumindo a forma de um duende; àqueles que seriam convertidos por Isvara, ele prega a lei na forma de Isvara; àqueles que seriam convertidos por Mahesvara, ele prega a lei assumindo a forma de Mahesvara. Àqueles que seriam convertidos por um Kakravartin, ele mostra a lei assumindo a forma de um Kakravartin; àquele que seria convertido por um demônio, ele prega a lei assumindo a forma de um demônio; àqueles que seriam convertidos por Kubera, ele mostra a lei pregando na forma de um Kubera; àqueles que seriam convertidos por Senapati, ele prega a lei na forma de Senapati; àquele que seriam convertidos assumindo a de um Brâmane, ele prega na forma de um Brâmane; àqueles que seriam convertidos por Vagrapani, ele prega na forma de Vagrapani. Com tais qualidades inconcebíveis, moço de boa família, está o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara agraciado. Portanto então, moço de boa família, honre o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara. O Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara, moço de boa família, dá segurança àqueles que estão ansiosos. Por isto ele é chamado de Abhayandada (Que quer dizer Aquele que dá segurança) neste mundo de Saha. Além disto, o Bodhisatva Mahasatva Akshayamati disse ao Senhor: Será que nós devemos dar um presente de piedade, uma decoração de piedade, Ó Senhor, ao Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara? O Senhor replicou: Faça assim, se você achar que é oportuno. Então o Bodhisatva Mahasatva Akshayamati pegou de seu pescoço um colar de pérolas, que valia centenas de milhares (de peças de ouro) e o presenteou ao Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara como uma decoração de piedade, com as palavras: Receba de mim esta decoração de piedade, bom homem. Mas ele não o aceitou. Então o Bodhisatva Mahasatva Akshayamati disse ao Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara: Por compaixão a nós, moço de boa família, aceite este colar de pérolas. Então o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara aceitou o colar de pérolas por compaixão ao Bodhisatva Mahasatva Akshayamati e às quatro classes e por compaixão aos deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres não humanos. Então ele dividiu (o colar) em duas partes e ofereceu uma parte ao Senhor Shakyamuni, e a outra à Stupa de jóias do Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., que havia se tornado completamente extinto. Com tais capacidades de transformação, moço de boa família, o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara está se movendo neste mundo de Saha. E naquela ocasião o Senhor pronunciou as seguintes estrofes. 1. Kitradhvaga indagou de Akshayamati a seguinte pergunta: Porque, filho do Gina, é Avalokitesvara assim chamado? 2. E Akshayamati, aquele oceano de visão profunda, depois de considerar como se quedava a questão, disse a Kitradhvaga: Atente à conduta de Avalokitesvara. 3. Perceba de minha indicação como, por numerosos inconcebíveis Aeons, ele realizou seu voto sob muitos milhares de kotis de Budas. 4. Ouvindo, vendo, regularmente e constantemente, irá infalivelmente destruir todo o sofrimento, a existência (mundana) e o pesar dos seres vivos aqui na terra. 5. Se a pessoa for jogada num poço de fogo, por um inimigo malévolo com o objetivo de lhe matar, ele tem somente que pensar em Avalokitesvara e o fogo se extinguirá com se fosse apagado com água. 6. Se acontecesse que se caísse num oceano horrendo, o lar dos Nagas, monstros marinhos, e demônios, ele não tem senão que pensar em Avalokitesvara, e ele nunca afundará no rei das águas. 7. Se alguém for precipitado da borda de um precipício no Meru, por uma má pessoa com o objetivo de matá-lo, ele não tem senão que pensar em Avalokitesvara e ele irá, como o sol, pairar nos céus. 8. Se pedras de raios e tempestades forem atiradas em direção à cabeça de alguém para matá-lo, não serão capazes de ferir um só cabelo de seu corpo. 9. Se alguém for cercado por uma multidão de inimigos armados de espadas, que têm a intenção de matá-lo, ele não deve senão pensar em Avalokitesvara, e eles imediatamente se tornarão bondosos. 10. Se alguém, entregue ao poder de carrascos, está já no lugar da execução, ele deve apenas pensar em Avalokitesvara, e suas espadas se farão em pedaços. 11. Se a pessoa estiver presa em algemas de madeira ou de ferro, ele deve apenas pensar em Avalokitesvara, e seus ligamentos rapidamente se soltarão. 12. Encantamentos poderosos, magia negra, ervas, fantasmas e espectros, perniciosos à vida, revertem para onde se originaram, quando se pensa em Avalokitesvara. 13. Se alguém estiver cercado por duendes, Nagas, demônios, fantasmas ou gigantes, que estiverem no hábito de se apropriarem do vigor corpóreo, ele não tem senão de pensar em Avalokitesvara, e eles não poderão jamais machucar um só cabelo de seu corpo. 14. Se alguém estiver cercado por feras temíveis de aguçados dentes e garras, ele não tem senão de pensar em Avalokitesvara, e eles todos fugirão em todas as direções. 15. Se alguém estiver cercado de cobras maliciosas e assustadoras por causas das chamas e fogos (que emitem), ele não deve senão pensar em Avalokitesvara, elas rapidamente perderão seus venenos. 16. Se um raio pesado fulgurar de uma nuvem cheia de raios e trovões, que se pense somente em Avalokitesvara, e o fogo dos céus rapidamente, instantaneamente será debelado. 17. Ele (Avalokitesvara), com seu conhecimento poderoso, percebe a todos os seres que estão aflitos com muitas centenas de dificuldades e afligidos por muitas tristezas, e é com isto o salvador do mundo, inclusive dos deuses. 18. Como ele é perfeitamente hábil no poder da magia, e possuído de um vasto conhecimento e habilidade, ele se mostra em todas as direções e em todas as regiões do mundo. 19. O nascimento, a decrepitude e a doença chegarão a um fim para aqueles que se encontram nos estados miseráveis da existência, no inferno, na criação bruta, no reino de Yama, para todos os seres (em geral). Então Akshayamati na alegria de seu coração pronunciou as seguintes estrofes: 20. Ó vós cujos olhos são límpidos, cujos olhos são bondosos, distintos pelo conhecimento e pela sabedoria, cujos olhos estão tão cheios de piedade e de benevolência; vós, tão adorável por vosso lindo rosto e lindos olhos! 21. Vós que sois puro, cujo brilho é sem máculas, cujo conhecimento está livre da escuridão, vós, brilhando como o sol, que não baterás em retirada, radiante como a chama do fogo, espalhais em teu curso alado vosso lustros pelo mundo. 134 Saddharma-Pundarika / As Transformações de Avalokitesvara / Capítulo 24 22. Ó vós que vos alegrais na bondade, tendo sua fonte na compaixão, grande nuvem de boas qualidades e de mente benevolente, vós apagais o fogo que vexa aos seres vivos, verteis o néctar, a chuva da lei. 23. Na briga, disputa, guerra, batalha, em qualquer grande perigo, a pessoa tem apenas que pensar em Avalokitesvara, que irá dispersar a maldosa tropa de inimigos. 24. Se deve pensar em Avalokitesvara, cujo som é como o da nuvem, e do tambor, que troveja como uma nuvem de chuva, que tem uma boa voz como Brahma, (uma voz) que atravessa toda a gama de tons. 25. Pense, Ó pense com tranqüilidade em Avalokitesvara, aquele ser puro; ele é um protetor, um refúgio, um recurso na morte, desastre, e calamidade. 26. Ele que possui a perfeição de todas as virtudes, e percebe a todos os seres com compaixão e benevolência, ele, um oceano de virtudes, a Virtude mesma, ele Avalokitesvara, é digno de adoração. 27. Ele, tão compassivo para com o mundo, irá uma vez se tornar um Buda, destruindo todos os perigos e tristezas; Eu humildemente reverencio Avalokitesvara. 28. Este Senhor universal, chefe dos reis, que é uma rica mina de virtudes monásticas, ele, universalmente venerado, atingiu a iluminação pura e suprema, após trilhar seu curso (de dever) durante muitas centenas de Aeons. 29. Uma vez se quedando à direita, de outra feita à esquerda do Chefe Amitabha, a quem ele está abanando, ele, em virtude da meditação, como um fantasma, em todas as regiões faz honra ao Gina. 30. No oeste, onde o mundo puro Sukhakara está localizado, está o Chefe Amitabha, o domador dos homens, que ali fixou residência. 31. Ali não existem mulheres; o intercurso sexual ali é totalmente desconhecido; ali os filhos do Gina, saltando para a existência por nascimento de aparição, estão sentados em flores de lótus imaculadas. 32. E o Chefe Amitabha, ele mesmo, está sentado em um trono na pura e bela flor de um lótus e brilha como o rei de Sala. 33. O líder do mundo, cujo estoque de mérito foi elogiado, não tem igual no mundo triplo. Ó supremo dentre homens, que nós prontamente nos tornemos como vós! Como isto o Bodhisatva Mahasatva Dharanindhara levantou-se de seu assento, colocou seu manto superior em um ombro, fixou seu joelho direito na terra, esticou suas mãos postas em direção ao Senhor e disse: Eles devem estar possuídos de não poucas boas raízes, Ó Senhor, os que virem este capítulo do Dharmaparyaya sobre o Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara e este miraculoso poder de transformação do Bodhisatva Mahasatva Avalokitesvara. E enquanto este capítulo do Omnilateral estava sendo exposto pelo Senhor, oitenta e quatro mil seres vivos naquela assembléia sentiram suas mentes atraídas àquela iluminação suprema e perfeita, com a qual nada mais se pode comparar.
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    Saddharma-Pundarika / Devoção Antiga / Capítulo 25
    CAPÍTULO 25
    DEVOÇÃO ANTIGA
    Com isto o Senhor se dirigiu a toda a assembléia de Bodhisatvas: Nos tempos de antanho, moços de boa família, numa época passada, incalculável, mais que incalculáveis Aeons atrás, naquele tempo apareceu no mundo um Tathagata chamado Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, um Arhat, etc., agraciado com ciência e conduta, etc. etc., no Aeon Priyadarsana, no mundo Vairokanarasmipratimandita. Agora, havia moços de boa família, sob o reino espiritual do Tathagata Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna um rei chamado Subhavyuha. Este rei Subhavyuha, moços de boa família, tinha uma esposa chamada Vimaladatta, e dois filhos, um chamado Vimalagarbha, o outro, Vimalanetra. Estes dois meninos, que possuíam poder mágico e sabedoria, se aplicavam ao curso do dever dos Bodhisatvas, isto é, aos Paramitas perfeitos de doação, moralidade, paciência, energia, meditação, sabedoria, e habilidade; eles eram realizados em benevolência, compaixão, simpatia alegre e equanimidade e em todos os trinta e sete constituintes do verdadeiro conhecimento. Eles haviam perfeitamente dominado a meditação chamada Vimala (que quer dizer sem manchas), a meditação Nakshatraragaditya, a meditação Vimalanirbhasa, a meditação Vimalabhasa, a meditação Alankalasura, a meditação Mahategogarbha. Agora naquele tempo, naquele período, o dito Senhor pregava o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei por compaixão aos seres viventes e para o rei Subhavyuha. Então, moços de boa família, os dois jovens príncipes Vimalagarbha e Vimalanetra foram à sua mãe, a quem eles disseram, depois de esticarem suas mãos postas: Gostaríamos de ir, mãe ao Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasan-kusumitabhigna, o Tathagata, etc., e isto, mãe, porque o Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranaksha-traragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., expõe, em grande extensão, ante o mundo, inclusive os deuses, o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Gostaríamos de ouvi-lo. Com o que a rainha Vimaladatta disse aos dois jovens príncipes Vimalagarbha e Vimalanetra: Seu pai, moços cavalheiros, o rei Subhavyuha, favorece os Brâmanes. Portanto vocês não conseguirão permissão para ir ver o Tathagata. Então os dois jovens príncipes Vimalagarbha e Vimalanetra, esticando suas mãos postas, disseram à sua mãe: Apesar de termos nascido numa família que adere a doutrinas falsas, nos sentimos como filhos do rei da lei. Então, moços de boa família, a rainha Vimaladatta disse aos jovens príncipes: Bem, jovens cavalheiros, por compaixão por seu pai, o rei Subhavyuha, mostrem algum milagre, para que ele possa ficar favoravelmente disposto a vocês e com isto permita que vocês vejam o Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc. Imediatamente os jovens príncipes Vimalagarbha e Vimalanetra se levantaram na atmosfera a uma altura de sete árvores Tal e realizaram tais milagres que foram permitidos pelo Buda, por compaixão com seu pai, o rei Subhavyuha. Eles prepararam no céu um leito e levantaram poeira; eles também emitiram da parte inferior de seus corpos uma chuva de água e da parte superior, uma massa de fogo; então novamente eles emitiram da parte superior de seus corpos uma chuva de água e da parte inferior, uma massa de fogo. Enquanto que no meio tempo no firmamento, ora eles aumentavam, ora diminuíam. Então eles desapareceram do céu apenas para voltar da terra e reaparecer no ar. Tais, moços de boa família, foram os milagres produzidos pelo poder mágico dos jovens príncipes, com o que seu pai, o rei Subhavyuha, foi convertido. Vendo o milagre produzido pelo poder mágico dos dois jovens príncipes, o rei Subhavyuha ficou contente, em altos espíritos, deleitado, alegre, contente e feliz, e, com as mãos postas elevadas, disse aos meninos: Quem é seu mestre, moços cavalheiros? De quem sois alunos? E os dois jovens príncipes responderam ao rei Subhavyuha: Existe, nobre rei, existe e vive um Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, um Tathagata, etc.; sentado no assento da lei, ao pé da árvore da iluminação; ele extensivamente revela o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei para o mundo, inclusive os deuses. Aquele Senhor é nosso Mestre, Ó nobre rei; somos seus discípulos. Então, moços de boa família, o rei Subhavyuha disse aos jovens príncipes: Eu gostaria de ver vosso Mestre, moços cavalheiros; eu mesmo irei à presença daquele Senhor. Depois que os dois jovens príncipes desceram do céu, moços cavalheiros, eles foram até suas mães e com as mãos postas esticadas para ela, disseram: mãe, convertemos nosso pai para o conhecimento supremo e perfeito; agimos como mestres para com ele; portanto deixe-nos ir agora; desejamos entrar na vida monástica junto com aquele Senhor. E naquela ocasião, moços de boa família, os jovens príncipes Vimalagarbha e Vimalanetra se dirigiram à sua mãe com as seguintes duas estrofes: 1. Permita-nos, Ó mãe, sair de casa e abraçar a vida sem lar; sim, nos tornaremos ascéticos, pois que é raro de se encontrar com um Tathagata. 2. Como a flor da figueira agrupada, não, mais raro ainda é o Gina. Que partamos; renunciaremos ao mundo; o momento favorável é precioso (e difícil de ser encontrado). Vimaladatta disse: 3. Agora eu dou a permissão para que partam; vão, meus filhos, eu dou minha permissão. Eu mesma renunciarei a este mundo, pois que é raro de se encontrar com um Tathagata. Tendo pronunciado estas estrofes, moços de boa família, os dois jovens príncipes disseram aos seus pais: Que vocês também, pai e mãe, venham junto conosco, ao Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., para vê-lo, humildemente saudá-lo e assisti-lo, e para ouvir a lei. Pois que, pai e mãe, a aparição de um Buda é rara de se encontrar como a flor da figueira agrupada, como o pescoço de uma tartaruga entrar ou encaixar num buraco de uma madeira flutuante vagando pelos vastos mares. Por isto, pai e mãe, somos muito felizes nisto, de termos nascido na época de um tal profeta. Portanto, pai e mãe, nos deixem partir; gostaríamos de ir nos tornar praticantes na presença do Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., pois que ver o Tathagata é algo de muito raro. Um tal rei da lei é raramente encontrado; uma tal ocasião favorável é raramente encontrada. Agora, naquela conjuntura, moços de boa família, as oitenta e quatro mil mulheres do harém do rei Subhavyuha se tornaram dignas de serem receptáculos deste Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. O jovem príncipe Vimalanetra praticou este Dharmaparyaya, enquanto que o jovem príncipe Vimalagarbha, durante muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons, praticou a meditação Sarvasattvalpapagahana, com o objetivo de que todos os seres abandonassem todos os males. E a mãe dos dois jovens príncipes, a rainha Vimaladatta, reconheceu a harmonia entre todos os Budas e as questões tratadas por eles. Então, moços de boa família, o rei Subhavyuha, tendo sido convertido à lei do Tathagata, por meio dos dois jovens príncipes, tendo sido iniciado e trazido à plena maturidade nele, junto com todos seus parentes e séquito; a rainha Vimaladatta, com toda a multidão de mulheres em seu séquito e os dois jovens príncipes, os filhos do Rei Subhavyuha, acompanhados por quarenta e dois mil seres vivos, junto com as mulheres do harém e os ministros, todos foram juntos e unanimemente ao Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc. Chegando ao lugar onde se encontrava o Senhor, eles humildemente saudaram seus pés, circundaram-no três vezes da esquerda para direita e se quedaram a alguma distância. Então, moços de boa família, o Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., percebendo o rei Subhavyuha, que havia chegado com seu séquito, o instruiu, encorajou, excitou e confortou com um sermão. E o rei Subhavyuha, moços de boa família, depois de ter sido bem e devidamente instruído, encorajado, excitado e confortado pelo sermão daquele Senhor, ficou tão contente, alegre, deleitado, feliz, exultante e encantado, que pôs seu diadema na cabeça de seu irmão mais moço e o estabeleceu no governo, enquanto que ele mesmo, com seus filhos, parentes e séquito, bem como a rainha Vimaladatta e seu numeroso séquito de mulheres, os dois jovens príncipes acompanhados por quarenta e dois mil seres vivos todos foram juntos e unanimemente e saíram de casa, abraçando a vida sem lar, encorajados como estavam por suas fés na pregação do Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc. Tendo se tornado um asceta, o Rei Subhavyuha, com seu séquito, permaneceu durante oitenta e quatro mil anos se aplicando a estudar, meditar, e perfeitamente penetrar este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Ao fim daqueles oitenta e quatro mil anos, moços de boa família, o rei Subhavyuha adquiriu a meditação chamada Sarvagunalankaravyuha (que quer dizer disposição dos ornamentos de todas as boas qualidades). Tão logo ele adquiriu aquela meditação, ele se levantou sete Tals no céu, e enquanto se quedava no ar, moços de boa família, o rei Subhavyuha disse ao Senhor Galadharagargitaghoshasus-varanakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc.: Meus dois filhos, Ó Senhor, são meus mestres, já que é devido ao milagre produzido por seus poderes mágicos que eu fui salvo daquele grande monte de doutrinas falsas, que fui estabelecido na Lei do Senhor, trazido à plena maturidade nela, apresentado a ela e encorajado a ver o Senhor. Eles agiram como verdadeiros amigos para mim, Ó Senhor, aqueles dois jovens príncipes que, como filhos, nasceram em minha casa, certamente para me lembrar de minhas prévias raízes de bondade. Com estas palavras o Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., falou ao rei Subhavyuha: É como dizes, nobre rei. De fato, nobre rei, tais moços ou moças de boa família que possuem raízes de bondade e irão em qualquer existência que seja, qualquer estado, descendência, renascimento ou lugar, facilmente encontrar verdadeiros amigos, que com eles farão o papel de mestre, que os advertirão, plenamente os prepararão para obter a iluminação suprema e perfeita. É uma posição exaltada, nobre rei, o trabalho de um verdadeiro amigo que desperta um outro para ver o Tathagata. Vês estes dois jovens príncipes, nobre rei? Eu vejo, Senhor; eu vejo, Sugata, disse o rei. O Senhor prosseguiu: Agora, esses dois jovens cavalheiros, nobre rei, prestarão veneração a sessenta e cinco (vezes o número de) Tathagatas, etc., iguais às areias do Ganges; eles manterão este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, por compaixão aos seres que sustentam doutrinas falsas e com o objetivo de produzir naqueles seres um sincero buscar pela doutrina correta. Com isto, moços de boa família, o rei Subhavyuha desceu dos céus e, tendo levantado suas mãos postas, disse ao Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc.: Por favor, Senhor, condescenda em me dizer, de que conhecimento o Tathagata está possuído, de tal forma que a protuberância em sua cabeça está brilhando; que os olhos do Senhor estão tão límpidos; que entre as sobrancelhas o Urna (círculo de cabelo) está brilhando, parecendo o branco da lua; que em sua boca uma fileira de dentes brancos e bem dispostos está resplandecendo; que o Senhor tem lábios vermelhos como o de Bimba e olhos tão bonitos. Enquanto o rei Subhavyuha, moços de boa família, celebrou o Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., enumerando tantas boas qualidades e centenas de milhares de miríades de kotis de outras boas qualidades além destas, ele disse ao Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc.: É maravilhoso, Ó Senhor, como é valioso o ensinamento do Tathagata, e com quantas virtudes inconcebíveis a disciplina religiosa proclamada pelo Tathagata está acompanhada; como são benéficos os preceitos morais proclamados pelo Tathagata. Daqui em diante, Ó Senhor, não mais seremos escravos de nossa mente; não mais seremos escravos de falsas doutrinas; não mais escravos da temeridade; não mais escravos de pensamentos maldosos que despertam em nós. Estando possuídos de tantas boas qualidades, Ó Senhor, eu não desejo me afastar da presença do Senhor. Após humildemente saudar os pés do Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., o rei se levantou até o céu e ali se quedou. Com isto, o rei Subhavyuha e a rainha Vimaladatta do céu, jogaram um colar de pérolas que valia cem mil (peças de ouro) para o Senhor; e tão logo aquele colar de pérolas desceu para a cabeça do Senhor, que assumiu a forma de uma torre com quatro colunas, regular, bem construída e linda. No cume da torre apareceu um leito coberto com muitas centenas de milhares de peças de fino pano e no leito foi vista a imagem de um Tathagata sentado de pernas cruzadas. Então o seguinte pensamento se apresentou ao rei Subhavyuha: O conhecimento de Buda deve ser muito poderoso e o Tathagata agraciado com inconcebíveis boas qualidades que esta imagem do Tathagata se mostra no cume de uma torre, uma imagem tão bonita, linda, possuída de uma extrema abundância de boas cores. Então o Senhor Galadharagargitaghoshasusvaranakshatraragasankusumitabhigna, o Tathagata, etc., se dirigiu às quatro classes (e indagou): Vêem monges, o rei Subhavyuha que, se quedando no céu, está emitindo o rugido de um leão? Eles responderam: Vemos, Senhor. O Senhor prosseguiu: Este rei Subhavyuha, monges, depois de ter se tornado um monge sob meu comando deverá se tornar um Tathagata no mundo , com o nome de Salendraraga, agraciado com ciência e conduta, etc. etc., no mundo Vistirnavati; sua época será chamada Abhyudgataraga. Aquele Tathagata Salendraraga, monges, o Arhat, etc., terá uma enorme congregação de Bodhisatvas, uma imensa congregação de discípulos. O dito mundo Vistirnavati será plano como a palma da mão, e consistirá de lápis-lázuli. Então ele será um, inconcebivelmente grande, Tathagata, etc. Talvez, moços de boa família, vocês tenham alguma dúvida, incerteza ou insegurança (e pensarão) que o rei Subhavyuha naquele tempo, naquela conjuntura era um outro. Mas não deveis pensar assim; pois que era aquele mesmo Bodhisatva Mahasatva Padmasri aqui presente, que naquele tempo, naquela conjuntura era o rei Subhavyuha. Talvez, moços de boa família, vocês tenham alguma dúvida, incerteza ou insegurança (e pensarão) que a rainha Vimaladatta naquele tempo, naquela conjuntura, era uma outra. Mas não devem pensar assim; pois que é aquele mesmo Bodhisatva Mahasatva chamado Vairokanarasmipratimanditaraga, que naquele tempo, naquela conjuntura era a rainha Vimaladatta, que por compaixão ao rei Subhavyuha e aos seres, havia assumido o estado de ser esposa do rei Subhavyuha. Talvez, moços de boa família, vocês tenham alguma dúvida, incerteza, ou insegurança (e pensarão) que os dois jovens príncipes eram outros. Mas não devem pensar assim; pois que era Bhaishagyaraga e Bhaishagyaragasamudgata, que naquele tempo, naquela conjuntura eram os filhos do rei Subhavyuha. Com tais inconcebíveis qualidades, moços de boa família, eram os Bodhisatvas Mahasatvas Bhaishagyaraga e Bhaishagyaragasamudgata agraciados, eles, os dois bons homens, tendo plantado boas raízes sob muitas centenas de milhares de miríades de kotis de Budas. Aqueles que venerarem o nome destes dois bons homens deverão se tornar dignos de receber homenagem do mundo, inclusive dos deuses. Enquanto este capítulo da Devoção Antiga estava sendo exposto, a visão espiritual de oitenta e quatro mil seres vivos, em respeito à lei, foi purificada para se tornar sem nuvens e imaculada.
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    Saddharma-Pundarika /Encorajamento de Samantabhadra / Capítulo 26
    CAPÍTULO 26
    ENCORAJAMENTO DE SAMANTABHADRA
    Então o Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra, no leste, cercado e seguido por Bodhisatvas Mahasatvas superando todo o cálculo, e entre o estremecimento dos campos, uma chuva de lótus, o tocar de centenas de milhares de miríades de kotis de instrumentos musicais, precedidos da grande pompa de um Bodhisatva, a grande mostra de transformação típica de um Bodhisatva, a grande magnificência de um Bodhisatva, o grande poder de um Bodhisatva, o grande lustro de um glorioso Bodhisatva, a grande marcha triunfal de um Bodhisatva, a grande mostra miraculosa de um Bodhisatva, uma grande visão fantasmagórica dos deuses, Nagas, duendes, Gandharvas, demônios, Garudas, Kinnaras, grandes serpentes, homens e seres não humanos, que, produzidos por sua mágica, lhe cercavam e seguiam; Samantabhadra, então, o Bodhisatva, entre tais milagres inconcebíveis realizados pela mágica, chegou neste mundo de Saha. Ele se dirigiu para onde o Senhor se encontrava no Gridhrakuta, o rei das montanhas e, se aproximando, ele humildemente saudou os pés do Senhor, fez sete circunduções da esquerda para a direita, e disse ao Senhor: Eu vim aqui, Ó Senhor, do campo do Senhor Ratnategobhyudgata, o Tathagata, etc., porque estou ciente, Senhor, que aqui neste mundo de Saha está sendo ensinado o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, para ouvir aquilo da boca do Senhor Shakyamuni, eu vim até aqui acompanhado por estas centenas de milhares de Bodhisatvas Mahasatvas. Possa o Senhor anuir em expor, extensivamente, este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei a estes Bodhisatvas Mahasatvas. Assim requisitado, o Senhor disse ao Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra: Estes Bodhisatvas, moço de boa família, são, de fato, rápidos de compreensão, mas este é o Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, isto é, uma verdade não misturada, nua e crua. Então os Bodhisatvas exclamaram: De fato, Senhor; de fato, Sugata. Então, para confirmar no Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, as mulheres dentre os monges, monjas, e devotos leigos reunidos na assembléia, o Senhor novamente falou ao Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra: Este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, moço de boa família, será confiado a uma mulher se ela estiver possuída dos quatro requisitos, a saber: ela se quedará sob a superintendência dos Senhores Budas; ela terá plantado boas raízes; ela se absterá à massa de regulamentações disciplinares; ela terá, para salvar aos seres, os pensamentos fixados na iluminação suprema e perfeita. Estes são os quatro requisitos, moço de boa família, dos quais uma mulher deverá estar possuída, a quem este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei for confiado. Então o Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra disse ao Senhor: No fim dos tempos, no fim do período, na segunda metade do milênio, eu protegerei os monges que mantiverem este Sutranta; Eu tomarei conta de sua segurança, desviarei golpes e anularei o veneno, de tal forma que ninguém deitando armadilhas para aqueles pregadores os possa surpreender, nem Mara, o Maligno, nem os filhos de Mara, os anjos chamados Marakayikas, as filhas de Mara, os seguidores de Mara e todos os servidores de Mara; que nenhum deus, duende, fantasma, demônio, espectro, feiticeiro montando armadilhas para aqueles pregadores os possa ensarilhar. Incessantemente e constantemente, Ó senhor, eu protegerei um tal pregador. E quando um pregador que se aplicar a este Dharmaparyaya der uma andada, então, Ó Senhor, eu montarei num elefante branco de seis presas e, com uma hoste de Bodhisatvas me dirigirei ao lugar onde aquele pregador estiver andando, para proteger este Dharmaparyaya. E quando aquele pregador, se aplicando a este Dharmaparyaya, se esquecer, nem que seja ma só palavra ou sílaba, então eu montarei o elefante branco de seis presas, mostrarei meu rosto àquele pregador e repetirei este Dharmaparyaya inteiro. E quando o pregador tiver visto meu corpo mesmo e ouvido de mim este Dharmaparyaya inteiro, ele, contente, em altos espíritos, deleitado, encantado, feliz, alegre, e jubiloso, fará o seu máximo para estudar este Dharmaparyaya, e imediatamente depois de me perceber ele adquirirá a meditação e obterá encantamentos, chamados de talismãs de preservação, o talismã de centenas de milhares de kotis e o talismã de habilidade em todos os sons. Novamente, Senhor, os monges, monjas, leigos devotos homens e mulheres, que no fim dos tempos, no fim do período, na segunda metade do milênio, estudarem este Dharmaparyaya, quando estiverem andando durante três semanas, (ou) vinte e um dias, a eles eu mostrarei meu corpo, com cuja visão todos os seres se alegram. Montado naquele mesmo elefante branco de seis presas, e cercado por uma hoste de Bodhisatvas eu, no vigésimo primeiro dia me dirigirei ao lugar onde os pregadores estiverem caminhando; ali eu os despertarei, excitarei e estimularei, e os darei encantamentos através dos quais aqueles pregadores se tornarão invioláveis, de forma que nenhum ser, nem humano, nem não humano, será capaz de os surpreender, e nenhuma mulher capaz de os fazer cair. Eu os protegerei, tomarei conta de sua segurança, desviarei golpes e destruirei o veneno. Além disto, eu darei, Ó Senhor, àqueles pregadores palavras de encantamentos talismânicos, tais como Adande dandapati, dandavartani dandakusale dandasudhari dhari sudharapati, buddhapasyani dharani, avartani samvartani sanghaparikshite sanghanirghatani dharmaparikshite sarvasattvarutakausalyanugate simhavikridite. O Bodhisatva Mahasatva, cujo órgão de audição ouvir estas palavras talismânicas, Senhor, estará consciente que o Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra está por trás disto. Além disto, Senhor, os Bodhisatvas Mahasatvas a quem este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei for confiado, enquanto ele dure no Gambudvipa, aqueles pregadores, Senhor, devem ter o seguinte ponto de vista: É devido ao poder e à grandeza do Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra que este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei seja confiado a nós. Aquelas criaturas que escreverem e mantiverem este Sutra, Ó Senhor, irão participar do curso de dever do Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra; eles pertencerão àqueles que plantaram boas raízes sob muitos Budas, Ó Senhor, e cujas cabeças são afagadas pelas mãos do Tathagata. Aqueles que escreverem e mantiverem este Sutra, Ó Senhor, me darão prazer. Aqueles que escreverem este Sutra, Ó Senhor, e o compreenderem, irão, ao desaparecerem deste mundo, depois de o haver escrito, renascer na companhia dos deuses do paraíso, e naquele nascimento irão se aproximar deles, imediatamente, oitenta e quatro mil ninfas celestes. Adornados com uma alta coroa, eles irão, como anjos, morar entre aquelas ninfas. Tal é a massa de mérito resultante de escrever este Dharmaparyaya; quanto maior ainda será a massa de mérito colhida por aquele que o recitar, estudar, meditar sobre ele, e o lembrar! Portanto, moços de boa família, a pessoa deve honrar este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei e o escrever com a maior atenção. Aquele que o escrever com atenção plena, será sustentado pelas mãos de mil Budas, e no momento de sua morte ele verá outros mil Budas face a face. Ele não afundará para um estado miserável e, depois de desaparecer deste mundo, ele entrará na companhia dos deuses de Tushita, onde o Bodhisatva Mahasatva Maitreya está residindo, e onde, marcado pelas trinta e duas sublimes características, cercado por uma hoste de Bodhisatvas e atendido por centenas de milhares de miríades de kotis de ninfas celestes, ele está pregando a lei. Portanto, então, moços de boa família, um sábio moço ou moça de boa família deve respeitosamente escrever este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, respeitosamente recitá-lo, respeitosamente estudá-lo, respeitosamente o entesourar em sua mente. Escrevendo, recitando, estudando este Dharmaparyaya, e o entesourando em sua mente, moços de boa família, ele irá adquirir inumeráveis boas qualidades. Segue-se que um moço ou moça de boa família sábio deve manter este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei. Eu mesmo, ó Senhor, irei superintender este Dharmaparyaya, que através de minha superintendência ele possa se espalhar aqui no Gambudvipa. Então o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., expressou sua aprovação ao Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra. Muito bem, muito bem, Samantabhadra. É uma coisa feliz que você esteja tão disposto a prover o bem e a felicidade das pessoas em geral, com compaixão pelas pessoas, para o benefício, bem e felicidade do grande corpo dos homens; que estejas agraciado com tais inconcebíveis qualidades, com uma mente tão cheia de compaixão, com intenções tão inconcebivelmente bondosas, de tal forma que, por vontade própria, tomarás aqueles pregadores sob tua proteção. Os moços de boa família que reverenciarem o nome do Bodhisatva Mahasatva Samantabhadra podem estar convencidos que eles viram Shakyamuni, o Tathagata, etc.; que eles ouviram este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei do Senhor Shakyamuni; que eles prestaram homenagem ao Tathagata Shakyamuni; que eles aplaudiram a pregação do Tathagata Shakyamuni. Eles terão alegremente aceito este Dharmaparyaya; o Tathagata terá deitado sua mão em suas cabeças e eles terão vestido o Senhor Shakyamuni com suas roupas. Aqueles moços e moças de boa família, Samantabhadra, devem ser estimados como tendo aceito o comando do Tathagata. Eles não encontrarão prazer em filosofias mundanas; ninguém que goste demasiado de poesia os agradará; nem dançarinos, atletas, vendedores de carne, açougueiros de carneiros, vendedores de galinhas, açougueiros de porcos, ou dissipadores os agradarão. Depois de ter ouvido, escrito, mantido, ou lido tais Sutrantas como este, eles não encontrarão deleite nestas pessoas. Eles devem ser estimados como estando possuídos de uma correção natural; eles terão a mente correta por si mesmos, possuirão o poder de fazer o bem por si mesmos e darão uma impressão agradável aos outros. Tais serão os monges que mantiverem este Sutranta. Nenhum apego passional os impedirá, nenhum ódio, nenhuma enfatuação, nenhuma inveja, nenhum ciúme, nenhuma hipocrisia, nenhum orgulho, nenhum convencimento, nenhuma mentira. Aqueles pregadores, Samantabhadra, estarão contentes com o que eles receberem. Ele, Samantabhadra, que no fim dos tempos, no fim do período, na segunda metade do milênio, vir um monge mantendo este Dharmaparyaya do Lótus Branco da Verdadeira Lei, deve assim pensar: Este moço de boa família atingirá o terraço da iluminação; este moço conquistará a tropa do malvado Mara, moverá adiante a roda da lei, baterá o tambor da lei, soprará a trombeta e a concha da lei, espalhará a chuva da lei e ascenderá ao trono real da lei. Os monges que no fim dos tempos, no fim do período, na segunda metade do milênio, mantiverem este Dharmaparyaya, não serão cobiçosos, nem avaros de mantos e de veículos. Aqueles pregadores serão honestos e possuídos das três emancipações; eles se refrearão de negócios mundanos. Tais pessoas, que conduzem ao erro, monges que conhecerem este Sutranta, nascerão cegos; e tais que abertamente os difamem, terão um corpo cheio de manchas neste mundo mesmo. Aqueles que zombam e caçoam de monges que copiarem este Sutranta, terão dentes quebrados e separados uns dos outros; lábios horrendos, um nariz chato, mãos contorcidas e pés também, olhos que piscam; um corpo pútrido, um corpo coberto com furúnculos fedorentos, erupções, ferimentos e urticária. Se alguém disser uma palavra maldosa, verdadeira ou falsa, a estes escritores, leitores e mantenedores deste Sutranta, deve ser considerado um pecado capital. Portanto então, Samantabhadra, as pessoas devem, mesmo de longe, se levantarem de seus assentos diante dos monges que mantiverem este Dharmaparyaya e mostrarem a mesma reverência que ao Tathagata. Enquanto este capítulo do Encorajamento de Samantabhadra estava sendo exposto, centenas de milhares de kotis de Bodhisatvas Mahasatvas, iguais às areias do rio Ganges, adquiriram o encantamento talismânico Avarta.
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    Saddharma-Pundarika / O Período / Capítulo 27
    CAPÍTULO 27
    O PERÍODO
    Então o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., se levantou do púlpito, pegou os Bodhisatvas, tomou de suas mãos direitas com sua própria mão direita, que havia se tornado forte com o exercício da mágica e falou naquela ocasião como se segue: Em suas mãos, moços de boa família, eu transfiro e transmito, confio e deposito esta iluminação suprema e perfeita chegada por mim após centenas de milhares de miríades de kotis de incalculáveis Aeons. Sim, moços de boa família, façam o melhor possível de tal forma que possa crescer e se espalhar. Uma segunda vez, uma terceira vez o Senhor falou com a hoste de Bodhisatvas após tê-los tomado pela mão direita: Em suas mãos, moços de boa família, eu transfiro e transmito, confio e deposito esta suprema e perfeita iluminação chegada por mim após centenas de milhares de miríades de kotis de Aeons incalculáveis. Recebam-na, moços de boa família, mantenham-na, leiam-na, sondemna, ensinem-na, promulguem-na, e preguem-na a todos os seres. Eu não sou avaro, moços de boa família, nem mesquinho; eu estou confiante e com vontade de dividir o conhecimento de Buda, de transmitir o conhecimento do Tathagata, o conhecimento do não-nascido. Eu sou um doador abundante, moços de boa família e vocês, moços de boa família, sigam o meu exemplo; me imitem em mostrar liberalmente este conhecimento do Tathagata, e na habilidade, e preguem este Dharmaparyaya aos moços de moças de boa família que sucessivamente se juntarem ao redor de vocês. E com a pessoas que em nada acreditam, despertem-nos para aceitar esta lei. Fazendo isto, moços de boa família, vocês quitarão suas dívidas para com os Tathagatas. Assim falados pelo Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., os Bodhisatvas, cheios de deleite e alegria, e com um sentimento de grande respeito, inclinaram, curvaram, e dobraram seus corpos em direção ao Senhor e, com a cabeça inclinada e as mãos postas esticadas, eles falaram em uníssono ao Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., as seguintes palavras: Faremos isto, Ó Senhor, o que o Tathagata comandar; nós realizaremos o comando de todos os Tathagatas. Que o Senhor esteja tranqüilo quanto a isto, e perfeitamente confiante. Uma segunda vez, uma terceira vez a assembléia inteira de Bodhisatvas falou em uníssono as mesmas palavras: Que o Senhor esteja tranqüilo quanto a isto e perfeitamente confiante. Nós faremos, Ó Senhor, o que o Tathagata nos comanda; realizaremos o comando de todos os Tathagatas. Com isto o Senhor Shakyamuni, o Tathagata, etc., dispensou todos aqueles Tathagatas, etc., que haviam vindo à reunião de outros mundos e desejou a eles uma existência feliz com as palavras: Possam os Tathagatas, etc., viver com felicidade. Então ele restaurou a Stupa de substâncias preciosas do Senhor Prabhutaratna, o Tathagata, etc., ao seu lugar e lhe desejou também uma existência feliz. Assim falou o Senhor. Os incalculáveis, inumeráveis Tathagatas, etc., que tinham vindo de outros mundos e estavam sentados em seus tronos ao pé das árvores de jóias, bem como Prabhutaratna, o Tathagata, etc., e toda a hoste de Bodhisatvas chefiados por Visihtakaritra, os inumeráveis, incalculáveis Bodhisatvas Mahasatvas que haviam saído das fendas na terra, os grandes discípulos, as quatro classes, o mundo, inclusive os deuses, homens, demônios, e Gandharvas, em êxtase aplaudiram as palavras do Senhor. 

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